Delilah escrita por Holly Hobbie


Capítulo 1
Capítulo Único - Delilah


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas lindas! Primeiramente, muito obrigada por tirarem um tempinho para ler esta história, vocês são demais ♥

Ahn, acho que é só... Asuahsuha.

Espero que gostem, boa leitura!

~Holly



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Delilah

 

É uma espécie diferente de perigo

E meus pés estão rodopiando

Nunca soube que era uma dançarina

Até Delilah me mostrar

— Delilah, Florence + The Machine

 

 

12 de junho, 1981

Querida Delilah:

Ontem à noite, levaste-me para sair, apesar de meus incessantes protestos. Eu gostaria de ficar em casa — pelo menos achava que sim —, mas não me deste ouvidos: me vestiste com roupas tuas — elas cheiram a cigarros mentolados e ao teu perfume de jasmim —, pegaste-me pela mão e dirigiste, comigo no banco do carona, ao teu lado, até o centro da cidade.

O clube no qual insististe para que entrássemos era escuro e, honestamente, um tanto malcheiroso, mas a música é boa. Foi o que disseste, Delilah, e como sempre, eu acreditei. Estava certa em tê-lo feito, também. Tu nunca mentiste para mim.

Disse a ti que não dançaria. Pegaria uma bebida, dirigir-me-ia a um dos cantos do salão e, escorada à parede, assistiria às pessoas, criando em minha cabeça histórias sobre as desilusões amorosas dos homens e sobre o porquê daquelas mulheres terem de se prostituir para viver.

Minha mente dançaria ao som de The Police e Stray Cats e eu seguraria meu copo vermelho de plástico sem beber um gole sequer de seja-lá-o-que-for que tu tivesses dito ao bartender que era o que eu queria. E esperaria, Delilah, até que tu decidisses que era hora de ir.

Não estava em clima de festa — eu nunca estou, é verdade, mas ontem era um dia ruim.

Estava magoada.

Tu nunca te magoas, essa é uma das muitas coisas que admiro em ti. Se algo ruim acontece, tu sais para dançar, e dança até que teus pés não mais te suportem, e fica tudo bem. Nunca achei que isso fosse funcionar para mim. Em minha concepção, devemos sentir a dor para poder esquecê-la, e não guardá-la em nosso peito, tentando ignorá-la.

Mas, por incrível que pareça, quando seguraste minha mão, recusando-te a deixar-me em paz, e arrastaste-me até a pista de dança, a lembrança do garoto qualquer que me havia decepcionado evaporou em meio à fumaça que escapava da máquina ao canto do salão e contornava os pés e pernas dos dançantes.

Honestamente, sequer me recordo seu nome neste momento, enquanto escrevo esta carta à luz do dia, ainda vestindo tua camiseta, teu cachecol ao redor de meu pescoço.

Tu, Delilah, obliviou de mim todo o mal, toda a tristeza do mundo, com teu sorriso, com tua pele negra, com os caracóis escuros que emolduram teu rosto. Com tua forma de dançar e como me fizeste mover meu corpo de acordo com a batida sem ao menos ter de tentar.

Pois, tratando-se de ti, Delilah, meu corpo obedece. Tratando-se de ti, minha mente se desfaz, desvirando-se em mil para tentar compreender teus caprichos, tuas misteriosas manias, teus profundos olhos castanhos.

Então, a verdade inundando-me a consciência, sinto vergonha (a música já não mais toca em minha cabeça, mas tu ainda danças, em câmera lenta, à minha frente) por não ter percebido antes. Por ter-me enganado durante tanto tempo, inventando amores que me distraem de ti.

Pois amar-te, Delilah, é perigoso. Para mim e para ti, em questões sentimentais — será que, um dia, poderias me amar de volta? — e sociais: e se nos direcionassem olhares de ódio na rua? O que meu pai diria? E tua mãe, como teria coragem de pôr os pés na igreja?

O fato, Delilah, é que apaixonar-me por ti — durante todo esse tempo. Durante uma fração de segundo — pareceu-me como, em público, despir-me: tornar-me vulnerável, sujeita às mais diversas críticas, ao mesmo tempo em que liberto-me das correntes que, desde tão cedo, prendem-me ao chão.

Enquanto minhas lágrimas de alegria e angústia borram minha letra desta carta, não tenho certeza se serei corajosa o suficiente para enviá-la a ti, colocá-la dentro de tua bolsa ou deslizá-la por debaixo de tua porta e, portanto, não tenho certeza de que irá recebê-la.

Mas, Delilah, digo-te uma coisa: obrigada por mostrar-me como devo mover meus pés na pista. Em minha vida, era tudo o que eu precisava.

Disso, e de você.

Com o mais puro amor,

Gwen.


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Notas finais do capítulo

Espero do fundo do coração que tenham gostado!

Se tiverem um tempinho para escrever um review, muito obrigada, mas se não, agradeço por lerem!

Mil beijos!

~Holly