Por você. escrita por StardustWink


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Gente, Charlotte é muito bom. O plot é muito bom. Sinto que morrerei. E, além de tudo isso, eu passei a ///adorar/// esse ship. Eles são uma coisa linda, sério ;v;

Poooooor esse motivo, e devido ao epi novo que me matou, eu consegui uma inspiração para escrever uma coisinha de yuunao, hehe~ Coisa de nada, uma future!fic pós-anime que envolve eu prevendo coisas, algumas leves confusões e o yuu tendo que ser a pessoa que corre atrás pela primeira vez na vida :v Adoro.

E é, gente, vão ter spoilers do episódio 9 aqui - difícil não mencionar aquele plot twist na fic - então cuidado!

Enfim, espero gostem! ♥



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- Eu gosto de você.

Ele comprimiu os punhos, encarando os olhos azuis de Nao - assim como o céu, límpidos e infinitos e assustadores - enquanto ela tentava processar o que o garoto à sua frente acabara de dizer.

Yuu nunca estivera nessa situação antes. Quer dizer, sua aparência (e aproveitamento de suas habilidades) já tinham o garantido diversas declarações feitas ao mesmo; mas ele nunca havia tratado uma à sério como no momento, parado em frente à garota que salvara sua vida tantas vezes sentindo como se seu coração fosse sair pela garganta.

Sério, seu rosto parecia que iria pegar fogo se continuasse esquentando. Ela não iria falar nada? Como sequer conseguia ficar tão calma numa situação como essa?!

Ele não devia ter agido com o seu instinto. Só que haviam conseguido salvar Ayumi, tudo parecia estar finalmente dando certo, e ele acabara sendo impulsionado por todas as implicações feitas sobre os dois e seus próprios sentimentos para falar aquilo, do nada. Pelo menos tinha esperado até ficarem sozinhos na sala do conselho estudantil para fazer isso.

O garoto engoliu em seco. Tinha a impressão de que acabara de fazer algo estúpido. Nao provavelmente iria chutá-lo do mesmo modo que fazia com Takajou a qualquer momento...

- Você não devia falar mentiras assim, Otosaka-kun.

Yuu piscou, surpreso quando o chute não veio, para depois perceber o que ela dissera.

...Ok, ele poderia esperar todas as reações, menos essa.

- C-como assim mentiras? Eu estou falando sério, Tomori! - Ele conseguiu responder, parte de seu nervosismo se convertendo em irritação, rosto ainda vermelho. A garota continuava o fitando intensamente, quase o julgando, e não parecia nem um pouco convencida do que dissera.

- Você pode achar que está falando sério, sim, - Ela começou, cruzando os braços e não esperando que ele continuasse, - Mas não é isso que você sente de verdade.

- E como você pode ter tanta certeza disso? - Yuu conseguiu perguntar em meio à sua indignação. Que garota irritantemente teimosa. Como ela poderia sequer sugerir coisas assim quando ele passava horas e horas com a imagem dela sorrindo voltando para a sua cabeça; com seus olhos brilhantes de quando estava animada ou com seu temperamento calmo e mesmo assim determinado que ele passara a admirar? Como ela poderia simplesmente descartar aquilo como uma mentira?

- Porque sim, Otosaka. - Os olhos dela se tornaram frios, por um momento. - Você se sente grato pelas vezes que eu te ajudei e acabou confundindo isso com amor. Acontece.

- Não é isso! Eu- - Tudo bem que parte do fato dele ter se apaixonado por ela fora isso, mas era também mais, muito mais. E, ainda assim...

Olhando para a expressão fria que a garota estava o direcionando naquele momento... Ele percebeu. Tomori não acreditaria nele. Seu olhar já deixava isso mais do que óbvio.

Como ele esperaria isso de alguém com o passado como o dela? Confiar em alguém era algo que ela não fazia. O que tinha o feito pensar que ele podia ser tão especial para ela como ela se tornara para ele?

Com o seu silêncio, a garota finalmente suspirou, pegando sua câmera de sua mesa de presidente. Ela virou-se, passando por ele sem olhar para trás.

- Não se atrase para voltar, o intervalo já está acabando.

Yuu ouviu a porta bater por trás de si, e esmurrou a mesa com força.

Aquilo não deveria ter acontecido desse jeito.

xxx

Como esperado, ele não conseguiu se comportar como sempre perto dela depois daquele fracasso. Parcialmente por que estava com raiva de que Nao poderia pensar que ele não estivesse falando sério de seus próprios sentimentos, e porque estava frustrado com o fato de que não sabia como a faria acreditar nele.

Naquelas horas, o garoto bonito e inteligente que ele era provavelmente faria algo ousado para provar seu amor, como salvá-la de um acidente de carro... Só que aquilo não funcionaria duas vezes, e ele tinha mudado para melhor o suficiente para não querer colocar nem ela nem mais ninguém em perigo por algo idiota.

Yuu poderia beijá-la, também... Mas provavelmente iria levar um soco por isso.

Além do mais, por mais que ele já tivesse chegado à conclusão de que Nao não o odiava, ele sabia agora que seus sentimentos não eram correspondidos. Como o mesmo sequer a faria se apaixonar por ele? Isso era possível?

Seu mau humor acabara por ser notado pelos outros, pois Yusa estava o olhando preocupada e acabara de sugerir um de seus encantamentos para fazê-lo se sentir melhor.

- AH, AÍ ESTÁ, O NÚMERO #1, ENCANTAMENTO PARA SE SENTIR-

Takajou foi eficientemente cortado pela mesma garota de antes, cujos olhos azuis claros agora queimavam com um vermelho intenso.

- Dá para ficar quieto e perceber a situação?! - Ela exclamou para ele, que enrijeceu os ombros. Em seguida, Misa virou-se para ele com os braços cruzados. - Mas sério, você não parece bem. Preciso queimar alguém?

- Nah, obrigado. - O garoto respondeu, suspirando. Não tinha como pedir ajuda de ninguém naquele caso, por mais que quisesse. Sua melhor chance era provavelmente seu irmão mais velho, e ele estava dentro de uma caverna muito bem escondida no momento.

Ele direcionou um olhar breve para a cadeira de Nao, vazia, e voltou seus olhos para a sua.

- Então é sobre a Tomori, huh.

A voz de Misa tão perto o fez pular de sua cadeira, virando-se para os olhos dela a centímetros dos seus. Tinha certeza de que, se vissem a cena, noventa por cento do corpo estudantil masculino estaria com vontade de matá-lo por chegar tão perto. Podia até sentir a aura negra vindo de Takajou.

- C-c-como você-?!

- Você fica olhando para a cadeira dela como um idiota apaixonado, e estava a evitando mais cedo hoje. Não foi difícil de perceber. - A loira deu de ombros, se afastando e sentando-se em uma carteira.

Isso provavelmente foi o suficiente para o garoto de óculos perder sua aura maligna, pois ele andou até o outro lado de sua carteira.

- Ah, então vocês finalmente decidiram começar a sair, Otosaka-kun? - Takajou parecia mais calmo agora, ajeitando os óculos e o direcionando um olhar curioso.

Os olhos dele pairaram sobre o rosto dos dois amigos, e Yuu suspirou em seguida. Fora por coisas como essa que ele tinha criado esperanças falsas mais cedo.

- Ela me rejeitou.

Os dois o encararam por alguns segundos. Depois...

- EEEEEH?! - Takajou pulou para frente, uma mão segurando os óculos. - Então você fez alguma coisa, afinal?!

- Você não ouviu o que eu disse? - Ele perguntou, arqueando uma sobrancelha para a aparente surpresa do amigo.

- Então ela te rejeitou? - Misa levou uma das mãos para o queixo. - Estranho. Eu e Yusa tínhamos certeza que ela gostava de você.

- Pelo visto, vocês estavam com uma percepção errada. - Yuu respondeu, levantando de sua cadeira. Ele realmente não estava com vontade de falar do fato de que seus sentimentos não eram correspondidos no momento.

-... Mas, talvez...

A voz de Misa parecia ter um quê de descoberta, o que o fez virar seu rosto; mas assim que a loira iria continuar a falar, outra pessoa entrou pela sala de aula.

- Ah, vocês estão aí. - Nao não parecia ter ouvido a conversa que eles tinham, pois entrou como se aquilo fosse um dia normal como todos os outros. Bom, para ela provavelmente era, ele pensou com um pouco de rancor.

- Tomori-san! - Misa parecia ter deixado sua irmã voltar, pois ela possuía olhos azuis novamente e encarava a presidente do conselho ainda levemente atordoada.

- Nós temos um novo caso. Vamos logo. - A garota não gastou tempo em ser direta, percorrendo os olhos pelos membros do conselho presentes. Quando aterrissaram nos dele, Yuu não conseguiu manter o olhar.

Ele acompanhou os outros para sair da porta sem olhar de novo na direção dela, orbes azuis queimando por suas costas.

xxx

O dia se arrastou cansativo, da mesma maneira como ele se sentia assim que entrou pela porta do dormitório. Nem a felicidade que sempre aflorava em seu peito ao saber que ele tinha alguém o esperando de novo foi o suficiente para aumentar seu ânimo, e o garoto despejou sua mochila na mesa com um suspiro.

- Ah, Yuu-nii-chan, bem vindo de volta!

Ayumi começou, colocando a cabeça para fora do corredor, só para parar quando percebeu o rosto do irmão.

- A-aconteceu alguma coisa? - Ela fez um rosto triste, chegando perto do mesmo com as mãos na frente do peito.

- Não é nada, Ayumi, não se preocupa. - Yuu tentou um de seus sorrisos falsos usuais, mas sua irmã pareceu ignorá-lo completamente. Isso, ou ela havia percebido que estava mentindo... Mas, considerando o incidente com o molho de pizza, aquilo não podia ser verdade.

- Mas eu tenho certeza que aconteceu, nii-chan! - A menina insistiu, tombando a cabeça para o lado. -... Você brigou com a Tomori nee-san ou algo assim?

Em um segundo, o rosto dele coloriu-se em vermelho. Ele era mesmo tão óbvio?!

-... Como você adivinhou. - O garoto não se preocupou em parecer surpreso; pelo visto, Nao tinha o deixado previsível até para sua irmãzinha.

- Ah, é que ela quase sempre vem jantar aqui esses dias, então eu estranhei... - A mais nova comentou, e só aí ele percebeu. Era verdade; Yuu passara a convidar Nao para jantar com eles quase todas as ocasiões, já que o quarto dela de dormitório não era tão longe. Só que ter a presença dela ao seu lado se tornara tão comum que ele nem tratara aquilo como especial.

...Mas, naquele dia, a distância entre os dois fora tão grande que ele se esquecera de fazer o convite.

Ela não aceitaria, provavelmente. Yuu lembrou a si mesmo, não depois do que houve nessa manhã.

- Vocês brigaram mesmo, nii-chan? - Ayumi o fitou preocupada, o que o trouxe de volta à realidade. - Mas o que houve? V-vocês tiveram sua primeira briga de casal ou algo assim?

- Tomori e eu não estamos saindo. - Ele suspirou para ela, desviando-se para buscar algo na geladeira. Por que exatamente todos eles achavam isso? Aquela garota nem levara sua declaração a sério, quanto mais sentir alguma coisa por ele! - E ela não gosta de mim desse jeito. Me pergunto porque você sequer pensa isso.

- B-bom, por que... - A menina direcionou seus olhos para o chão, antes de continuar. - Ela parece mais à vontade perto de você, Yuu-nii-chan.

O garoto, que acabara de pegar o leite, congelou na porta da geladeira.

Aquilo era idiota. Nao não deixava sua guarda baixar para absolutamente ninguém, incluindo ele. A única pessoa que ela realmente confiara fora Shunsuke, e Yuu não havia feito nada para que ela possivelmente fosse confiar nele daquela maneira-

Um garoto loiro sentado numa cama de hospital, olhos nebulosos. Nao, ele murmura.

Ah.

Yuu... Não era a única pessoa que conhecia o irmão dela. A garota não parecia ter problemas em compartilhar a história dele se fosse preciso. Mas ele podia reconhecer que havia a ajudado, podia ter o muito obrigada que ela murmurara para ele naquele dia como verdadeiro. Ele havia feito a diferença para Nao naquele ponto, e não era também a única vez que fizera alguma coisa.

Como da vez, no acampamento, quando eles ficaram juntos observando as estrelas. Quando ela o salvou de si mesmo, mesmo que aquilo fosse por Ayumi. Quando foram no show juntos, quando discutiam; tantas e tantas vezes, quando os olhos dela brilhavam ou ela o dava um fora ou quando ela era apenas Nao, a presidente do conselho estudantil odiada por toda a escola que o salvara de sua vida fútil de popularidade e o fizera se apaixonar por ela enquanto isso.

Ela confiava nele. Nao confiava sim nele, por mais que não havia confiado em sua declaração.

E Yuu fora lá e a ignorara o dia inteiro porque não tentara o suficiente. A garota devia estar jantando sozinha em seu apartamento agora.

-... Eu sou um idiota. - Ele murmurou para a geladeira, e suspirou para a exclamação de surpresa e confusão de sua irmã mais nova.

Estava tomando as atitudes erradas. Se quisesse que Nao se apaixonasse por ele ou pelo menos acreditasse que ele estava apaixonado por ela, o jeito de fazer isso não era evitá-la porque se sentia humilhado, mas sim prová-la.

Não do jeito que o Otosaka Yuu do passado faria, mas o que ele queria fazer. Ajudá-la com seu irmão fora só um passo do caminho pra provar o quão importante ela era para o mesmo. E se ela continuasse com a ideia de que aquilo era só por ele estar grato, então Yuu teria mesmo que fazer algo estúpido como beijá-la mesmo se fosse receber um chute em seguida.

Ele passou o resto da noite normal, formulando um plano em sua cabeça.

Dessa vez, ele não aceitaria um olhar frio como resposta.

xxx

Era engraçado como a vida gostava de jogar imprevistos na sua cara. Yuu só estava por lá porque tinha ido atrás de Nao depois de não vê-la na sala, e acabou se deparando com a tal garota sendo empurrada contra uma parede, com duas outras a cercando pelos lados.

Ele sentiu um deja-vu do dia que a vira naquela situação pela primeira vez, e algo pesado se instalou em seu estômago. Não fizera nada para parar aquelas garotas da outra vez; parcialmente porque não conhecia Nao o suficiente e não queria se meter em seus assuntos pessoais.

Mas ele sabia que se alguma delas fosse tocar em um fio de cabelo de Nao agora, Yuu não conseguiria se perdoar pelo resto de sua vida.

Ele direcionou os olhos para elas, por instinto, procurando um plano que conseguisse as nocautear sem ter que se meter - e parou. Se fizesse aquilo, só pioraria as coisas para Nao - principalmente porque ele sabia que ela se achava merecedora daquela situação, então atacar aquelas garotas era...

...Se ele não podia fazer do jeito indireto, então...

- Ei, vocês duas, o que acham que estão fazendo? - Ele deu um passo à frente na direção da parede, torcendo para que sua voz não parecesse tão nervosa quanto ele estava agora. Para alguém acostumado com fazer as coisas sigilosamente e sem danificar sua reputação, ele estava quase se jogando na frente do fogo cruzado.

As coisas que você faz pela garota que ama.

As duas viraram quase que imediatamente, e ele também percebeu os olhos azuis que o encaravam da mesma direção. Yuu engoliu em seco, mas permaneceu imóvel.

- Você é do conselho, não é...? - Uma delas perguntou, parecendo indecisa, mas a outra de cabelo curto a cortou em seguida.

- Nós temos assuntos privados para tratar com a presidente, então vá embora. - Ela o encarou com desdém, como numa ameaça.

Ah, assuntos muito pendentes, como deixá-la com um olho roxo e andando manca por alguns dias. Ele comprimiu os punhos, e de repente não dava mais a mínima para uma possível reputação.

- Desculpa, mas eu também tenho assuntos pendentes para tratar com ela. Agora. - Dessa vez, ele não precisou se preocupar com o tom vacilante de sua voz.

- Mas você não sabe o que ela fez-!?

- Eu não vou repetir.

Algo no modo como as duas garotas pararam de tentar protestar e só saíram correndo pela direção que ele viera o disseram que ele deveria estar com um rosto assustador no momento.

Yuu suspirou, olhando de relance para a direção onde aquelas duas

haviam desaparecido, e se voltou para Nao, que permanecia encostada contra a parede, olhos nunca o deixando.

- Você não devia ter feito isso.

Ele piscou, mais franziu o cenho em seguida. Ela tinha os olhos frios e impassíveis iguais aos da vez em que ele tentara se declarar, mas Yuu não iria mais vacilar perante a eles outra vez.

- Eu entendo que você ache que mereça isso, mas eu não vou deixar isso acontecer na minha frente, Tomori.

Ela deu uma risada irônica, desencostando da parede.

- Da última vez, você parecia bem satisfeito em só ficar olhando.

Yuu sentiu uma pontada com isso, mas não desistiu.

- Eu ainda estava no processo de não ser mais um idiota da última vez.

- É, mas pelo menos você não tinha desilusões na sua cabeça. - Ela suspirou, cruzando os braços, o fuzilando com suas orbes cor do céu. - Eu não preciso da sua pena, Otosaka-kun. Mas se isso pode fazer você se livrar desses sentimentos de gratidão que você tem por mim, então nos considere quites.

Ah, ele estava irritado agora. De novo com aquela coisa de que ele estava confundindo amor com gratidão; com pena? Yuu trincou os dentes, dando passos até ela até que não houvesse quase nenhuma distância entre ambos.

Ele poderia ter a beijado. Seria a ocasião perfeita, sua mente o lembrou, tanto para provar que a amava quanto para dar um gran finale a uma cena como aquela. Mas ela parecia tão pequena na sua frente, quando a olhava de perto, e ele pôde notar o hematoma que começava a se formar em seu rosto; aquelas duas já haviam começado antes do mesmo chegar. Se ele não estivesse lá para impedir, teriam dado uma surra em Nao de novo. Assim como de todas as outras vezes. E ela sempre aguentava tudo aquilo sem nem reagir...

Quando se deu conta do que estava fazendo, já havia a puxado de encontro a seu peito, enterrando o rosto no cabelo branco como a neve da garota. Não suportava pensar que poderia ter chegado tarde. Não suportava que ela tivesse que passar por tudo isso, mesmo sabendo da culpa que ela sentia. Não suportava que aquela idiota pudesse pensar tão pouco de si mesma, mesmo escondendo-se tão bem por trás de seu rosto despreocupado.

Ele pôde ouvir quando ela parou de respirar, por um segundo, mas não sentiu mãos o empurrando para trás ou retornando o abraço. Ela só permaneceu imóvel enquanto o garoto continuava a segurando para perto de si, como se houvesse congelado.

Yuu chegou perto do ouvido dela, voz trêmula de todas as coisas que imaginara nos últimos segundos.

- Não é pena, sua idiota. Eu disse que gosto de você, não disse?

Dessa vez, ela arquejou em surpresa, e duas mãos o empurraram para longe. Ele encarou atônito o rosto dela - olhos arregalados, boca aberta e um tom de rosa colorindo suas bochechas - e tentou se lembrar de como respirar. Nunca havia conseguido a tirar do sério daquela maneira, e não sabia o que fazer agora que havia o feito.

- T-tomori-

Mas ela se recuperou rapidamente, fechando a cara para ele antes de andar com passos fortes na direção do prédio da escola.

Yuu a observou partir, e encarou o chão com raiva. É claro que não seria tão fácil assim.

xxx

Naquele dia, quando Nao só falara com ele quando absolutamente necessário de um modo que beirava ao profissional, o garoto soube que não deveria tê-la abraçado sem mais nem menos. Era brincar demais com sua sorte, até para ele. Sabia que ela não gostava que se metessem com aquele assunto, e ele tinha ido lá e feito justamente isso.

Não que ele estivesse arrependido, claro. Se arrepender de não ter deixado Nao levar uma surra de duas garotas seria algo que ele nunca faria, ela o odiando ou não.

Então, quando a campainha da casa deles tocou naquela noite e ele se deparou justamente com ela, o encarando com a tranquilidade de sempre com aqueles olhos impossivelmente azuis, seu cérebro quase entrou em curto circuito.

- Boa noite.

- T-tomo-? O que você-? - Ele tentou perguntar, mas estava surpreso demais para falar algo que fizesse sentido. A garota à sua frente arqueou uma sobrancelha, mas fingiu que não percebera seu nervosismo.

- Podemos conversar? Lá fora.

Yuu piscou para ela, se sentindo mais confuso do que antes. Ouviu a voz de Ayumi da cozinha, provavelmente perguntando quem era, e conseguiu se concentrar o suficiente para responder que iria sair por alguns minutos.

Nao não o conduziu para muito longe; ambos apenas andaram para a parte lateral do prédio, depois da escada de incêndio, quando ninguém estaria lá na hora para incomodá-los. O garoto manteve seus olhos na silhueta dela durante todo o percurso, sentindo-se mais confuso a cada segundo que passava.

Estaria ela aqui para dar uma bronca nele? Talvez se vingar do que o mesmo tinha feito naquela manhã, o chamar de pervertido ou coisa parecida? Ele nem estava vestindo algo legal; só aquele casaco vermelho velho que usara para fugir de casa da outra vez. Por que ele tinha a pior sorte de todas?

No entanto, tudo o que Nao fez quando parou foi se virar e, quando ele também parou, continuar o olhando.

- Uh... - Aqueles olhos o estavam deixando nervoso novamente; seu rosto estava começando a esquentar. - Sobre o que você quer falar...?

Ela não respondeu; ao invés disso, deu um passo para frente. Ele franziu o cenho, prestes a perguntar de novo, mas sua voz morreu em sua garganta quando ela levantou sua mão para o peito dele.

O quê...?

- T-tomori? - Ele a chamou, tentando capturar os olhos dela para si novamente, mas a mesma parecia fitar sua mão delicada posta por cima do casaco dele como num transe.

- Shh. Estou provando uma teoria. - Ela respondeu, sem se mover. Isso não o fez perder a curiosidade, porém; ele provavelmente estava ainda mais desconfiado. E, além disso, ela tinha chegado ainda mais perto... Ainda estava com o uniforme da escola, mas sua pele parecia macia como sempre e seu cabelo caia em curvas por seus ombros. Será que ele ainda cheirava a baunilha como naquela manhã? Provavelmente sim, mas ele estava com a súbita vontade de ter certeza...

- Seu coração está batendo mais rápido. - Ela murmurou, o que o acordou de seus pensamentos. O garoto sentiu seu rosto esquentar ainda mais, boca se abrindo para negar isso, mas parou; ele havia se declarado para ela, então qual o problema? Não iria provar que estava falando a verdade se ficasse sendo teimoso assim.

-... É claro que está. - Ele respondeu, baixinho, desviando os olhos.

O que aconteceu em seguida subitamente tirou toda a concentração que ele havia conseguido tomar de volta.

- Hmm. - Nao olhou para o rosto dele novamente; mas, dessa vez, ela estava sorrindo. Ele estava prestes a perguntar o que estava acontecendo quando seu rosto subitamente se aproximou, uma mão o puxou pela gola do casaco e lábios macios e quentes encontraram os seus.

Ele não conseguiu se mover pelos primeiros segundos, não entendendo como Nao passara de chamá-lo de mentiroso por dizer que gostava dela para beijá-lo sem mais nem menos, mas aí sua mente alcançou seu corpo e ele decidiu que não se importava. Subiu uma mão para segurar a nuca dela, capturando ondas de cabelo branco e segurando-as contra seus dedos, sua outra mão envolvendo-a pela cintura e a puxando de encontro a ele.

Ela não parecia ter muita experiência - assim como ele, para ser honesto - mas seus lábios se moviam como se soubessem o que estavam fazendo, então ele a deixou tomar a dianteira dessa vez, grunhindo do fundo de sua garganta e entortando seu rosto para poder beijá-la mais fundo.

Yuu teve certeza ali e naquele momento que sair com Yumi ou qualquer outra madonna que conseguiria com seus poderes nunca seria tão perfeito quanto ter a garota mais odiada da escola nos braços. A vida era realmente imprevisível.

O garoto se afastou quando a falta de ar se tornou insuportável, ainda mantendo a garota à sua frente perto de si - ele não a deixaria ir tão cedo, agora - encarando-a enquanto seus olhos azuis se abriam e o fitavam.

- Então... você pode me dizer o que acabou de acontecer? - Ele perguntou, quando achou sua voz. Nao arqueou uma sobrancelha novamente, um semblante de um sorriso em seu rosto.

- Nós nos beijamos, oras. - Ela respondeu.

A sobrancelha dele tremeu, mas o mesmo respirou fundo. Estava contente demais no momento para ficar realmente irritado.

- Sim, mas... Por que você fez isso? Há algumas horas atrás você nem acreditava que eu podia gostar de você.

- Bom... - Isso parecia ter a pego de surpresa, pois suas bochechas se coloriram de rosa de novo. - Eu me enganei. - Ela estreitou os olhos. - Me enganei, certo?

- É claro que sim, idiota. - Ele respondeu no mesmo segundo. Sua mão no pescoço dela desceu para seus ombros. - Como você descobriu?

Ela dirigiu os olhos para o chão, mão apertando mais o tecido do casaco dele contra as mãos.

- Quando você me abraçou. Você parecia desesperado o suficiente, então.

Ele sentiu seu rosto esquentar mais, e quase a afastou.

- E-eu não estava-

- ...E, além do mais, eu acho que não estava sendo justa com você.

O tom de voz dela o fez parar. Nao mantinha seu rosto virado para baixo, sério.

- Eu... Não gosto de confiar nas pessoas. Soosuke foi o único e eu achava o suficiente, então nunca achei necessário me aproximar muito. Mas...

Yuu começou a fazer círculos com a mão que a segurava pela cintura, e ela parou por um segundo para mandar um olhar para ele. O mesmo não parou, no entanto, então ela continuou.

- Quando você disse que gostava de mim, eu... Acreditei em você. Aquilo soava idiota, e eu não achava que seria possível, mas eu realmente achei que você estava falando a verdade. - Ela admitiu, e ele tentou não deixar transparecer o quão feliz estava ao ouvir que ela tinha o ouvido, no fim das contas. -... Mas eu não podia me deixar levar. Você provavelmente não sabia o que estava dizendo, também.

- É claro que eu sabia. - Ele protestou, franzindo a testa. Ela apenas o direcionou um olhar beirando ao entretido.

- Eu sei. Eu te beijei, não foi? - Ela respondeu, e o mesmo corou com isso. Sorrindo mais uma vez, ela continuou.

- Eu realmente achei que você tinha se confundido. Quer dizer, você me ignorou o dia todo ontem. - Nao pausou, e sua voz ficou mais suave. - Só que hoje... Bom, ficou difícil de pensar isso. Então eu decidi testar.

- Bom, isso explica porque você me trouxe até aqui para me agarrar. - Yuu encarou os olhos dela novamente. -... Você realmente me beijou para comprovar uma teoria?

- É claro que não! Eu não sou insensível a esse ponto, sabia. - Ela fez cara feia, irritada. Ah, então agora você não é insensível? Era o que ele queria dizer, mas estava com medo de estragar o momento.

- Então por que fazer isso?

- Eu já gostava de você. Quer dizer, é normal; você é bonito, determinado quando quer e me ajudou muito. Foi uma reação natural, eu acho. - Ela deu de ombros, e ele tentou não parecer tão satisfeito ao saber que Nao o achava bonito. Droga, ele sabia que era bonito, porque ficar tão extático por uma coisa que já sabia? - Mas eu não planejava seguir com esses sentimentos... Não quando sabia que você não sentia o mesmo e eu não poderia confiar em você.

- Você acha que pode agora?

- Eu já confiava em você antes mesmo de querer fazer isso, não acho que precise de muito esforço. - Ela deu de ombros novamente, sorrindo do jeito que estava fazendo ele se apaixonar por ela como da primeira vez, e dirigiu-se para o chão. - E... Bom, você gosta de mim. Seria estúpido deixar essa chance de lado.

Ele não pôde evitar; sorriu que nem um idiota. Tinha desejado tanto fazê-la acreditar nele nessas últimas horas que tê-la admitindo isso o deixara mais feliz do que nunca. E isso queria dizer que ele poderia beijar ela de novo, certo? Porque ele realmente queria fazer isso agora.

E enquanto seu personagem charmoso, calmo e irresistível não deixaria se levar tanto por impulsos, Yuu descobriu que seu verdadeiro eu não estava dando a mínima.

O garoto a puxou novamente para perto, beijando-a de novo e de novo até que ela começou a bater em seus ombros, rosto levemente irritado e bochechas tingidas de um vermelho vivo.

- Ei, nós estamos do lado de fora! O que você pensa que está fazendo?

- Você parecia não estar ligando para isso quando me arrastou aqui para me agarrar, Nao.

Ele deixou o sorriso convencido em seu rosto ser substituído por um vermelho que pincelou suas bochechas assim que percebeu como havia a chamado, mas a garota apenas piscou, como se nada tivesse acontecido.

- É, tem razão. - Ela se afastou dele; que, ainda sem graça demais para falar alguma coisa, só ficou a olhando.

A garota virou-se para trás, seus olhos brilhando divertidos mesmo com seu rosto sério, parando perto da escada.

- Ainda assim, é melhor voltar. Você ainda me deve um jantar, Yuu.

E, por mais surpreso que ela o chamando pelo primeiro nome o deixara, o garoto não gastou um segundo para andar até ela, um sorriso no rosto, convencido e feliz e mais tudo que aquela garota o fazia sentir só estando ao seu lado.

- É, acho que eu devo.

Não é nem preciso dizer que Ayumi teve uma bela surpresa ao vê-los aparecerem de mãos dadas no apartamento.

Fim!


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Notas finais do capítulo

Eu sou a pessoa mais melosa do universo, me odeiem ldfjldgjdflgkfjdgl Ah, mas esse ship merece!!!

Não tenho muito mais coisa para falar por aqui; mas se as chances forem favoráveis, eu posso voltar para a tag com mais coisas no futuro owo!!

Até lá, nos vemos depois~