Eyes of the Future escrita por QueenOfVampires


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

HEY PEOPLE!
Último capítulo... E parece que dessa vez é o último MESMO! Não fiquem tristes! Eu amei escrever todas as três partes dessa história e estou muito feliz com o final que dei... Espero que vocês gostem também... E só mais um pedido, não me matem tá? kkkkkk
Boa leitura!



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Quando o ruivo disse que havia mais demônios do que daríamos conta, meu coração acelerou. Eu não podia morrer no futuro! Balthazar não deixaria isso acontecer... Deixaria? E quanto ao Oliver? Eu não queria vê-lo morrer por minha causa! Ah, mas ele não ia morrer ali.

– Vem! – o puxei pelo braço, peguei o machado dentro do quarto e corri para o final do corredor.

Nós entramos na sala 7B, a tranquei e comecei a vasculhar as estantes reviradas. Alguns arquivos estavam incompletos, mas para o meu alívio, os armários estavam quietinhos no lugar deles. Puxei os dois que abriam a área secreta e os empurrei para o lado.

– Wow! De onde saiu isso? – Oliver entrou logo depois de mim.

– Não toque em nada! – o instruí – Essas correntes prendem qualquer criatura.

– Quantos mistérios têm nesse lugar? – ele andou, analisando tudo ao redor e parou de frente à uma cadeira que estava no centro – Devia ser um bom local para sentar e pensar...

– Na verdade, você está vendo a cadeira em que estive sentada enquanto me curavam.

– Nossa! Item de colecionador! – o ruivo exclamou ironicamente.

– Muito engraçado... Procure sal e água benta por aí! – pedi enquanto soltava as correntes das paredes e pegava as algemas próximas ao centro da armadilha.

– Nós vamos lutar contra eles?

– Você disse que ficaram mais poderosos... Mas eles ainda têm medo das mesmas coisas.

– Meghan, são muitos!

– Que podem nos encurralar aqui! – rolei os olhos – Eu conheço bem o local, sei como ter vantagem.

– Mas...

– Você confia em mim ou não?

Oliver arregalou aqueles olhos azuis maravilhosos, ele não esperava por essa pergunta.

– Claro! – respondeu com um sorriso gentil – Eu confio em você, ruiva.

– Então vamos pegar alguns demônios! – joguei as correntes por cima dos ombros e peguei o machado – E descobrir quem está por trás disso tudo.

Deixei a passagem para a área da armadilha aberta, no caso de precisarmos guardar alguém, e me aproximei da porta. Colei o ouvido à ela e tentei ouvir algum passo, respiração ou qualquer coisa que indicasse que havia alguém ali.

– Não tem ninguém no corredor. – Oliver disse.

– Ah! Eu esqueço que você tem uns certos poderes... – abri a porta, coloquei a cabeça para fora e olhei os dois lados – Vamos lá.

– Tem certeza que não posso tocar nessas correntes? – ele perguntou em um sussurro.

– Tenho.

– Você precisa mesmo desse machado?

– Claro! – aumentei o tom de voz e me arrependi instantaneamente.

Três demônios saíram do quarto do Jordan e correram em nossa direção. Joguei as correntes no chão e parti para cima deles, acertei o que vinha na frente com o cabo do machado, peguei a faca da Ruby na cintura e enfiei direto no pescoço.

Oliver acertou os outros dois de uma vez, os jogando no final do corredor, fez duas espadas surgirem de dentro de suas mangas, assim como Cass fazia, e começou a lutar contra as criaturas. Peguei um par de algemas com correntes e fui até eles, o ruivo duelava contra os dois, que traziam facas enormes, feito um profissional. Quando consegui me aproximar, chutei a parte de trás do joelho de um dos demônios e quando ele caiu, o algemei rapidamente, levando em conta a sorte pelos cadeados continuarem em perfeito estado.

– O que vai fazer? – Oliver questionou, enquanto acertava a espada no peito do demônio que sobrara.

– Guardar uma informação...

Primeiro a criatura tentou resistir aos puxões que dei nas correntes, mas bastou ameaçá-lo com a faca que ele andou rapidinho para a sala e para dentro da armadilha, sentando tranquilamente na cadeira.

– Não ficarei aqui por muito tempo... – o demônio rosnou e mostrou os olhos negros para mim.

– Estou contando com isso! – dei uma piscadela e me voltei para a saída.

No entanto, eu não esperava que cinco demônios estariam lá me observando, todos com sorrisos maquiavélicos estampados na cara. Como se fossem arrancar cada pedaço meu... Pensei em gritar pelo Oliver, mas pelos barulhos no corredor, ele estava ocupado.

– Vai à algum lugar, senhorita? – um dos demônios, que estava no corpo de um homem de meia idade, falou.

– Sim! Vou para cima de vocês, amiguinhos! – virei a estante mais próxima em cima das criaturas e enquanto elas tentavam desviar e se proteger, encontrei a arma de emergência que o Dean mantinha ali, carregada com balas de sal.

– Sua vadia! – um demônio no corpo de uma mulher gritou com o braço preso embaixo da estrutura, no entanto o puxou, fazendo um barulho horrendo de pele rasgando, foi bem nojento. O sangue escorrendo, a pele pendurada... Oh céus! E eu achando que já tinha visto de tudo.

– Fiquem longe de mim, bitches! – exclamei dando um tiro em cada um.

Os demônios caíram para trás, resmungando com a dor. Mas aquilo não os parou e todos avançaram para cima de mim, disparei mais algumas vezes, porém a ferocidade das criaturas foi maior e elas não recuaram. Ao tentar dar passos para trás, o desgraçado que estava amarrado na cadeira colocou o pé e me fez cair no chão.

– Ah! – exclamei ao notar que a arma escapou da minha mão – Não... OLIVER! – gritei pelo ruivo, mas não obtive resposta.

O demônio que estava na frente puxou meu cabelo e me jogou contra a parede, em seguida me ergueu pelo pescoço, apertando tão forte que o fôlego sumiu instantaneamente. Meus pés não tocavam o chão e por mais que os mexesse em todas as direções, não conseguia acertar ninguém.

Foi então que, quando senti que estava perdendo a consciência, vi Oliver saltando por cima dos cinco demônios e cravando a espada na nuca do que me agarrava, seus olhos brilhavam intensamente, e eu podia jurar que tinha visto asas em suas costas! Não eram tão grandes quanto as dos anjos, mas eram asas!

Eu caí no chão quando senti o aperto em meu pescoço afrouxar e tentei regularizar a respiração. Olhei para frente e vi um nephilim acabando com quatro demônios usando nada mais que uma espada angelical. A raiva contida em seus atos era totalmente visível, tanto que ele gritou algo em enoquiano antes de enfiar a lâmina na testa do último demônio, deduzi ser um xingamento que apenas anjos entenderiam.

– Meghan? – ele correu até mim – Você está bem?

– Não... Eu vi... Asas! – murmurei ao encará-lo – Nephilins não têm asas.

– Ah... É, eu esqueci de falar que eu não sou como os outros! – o ruivo simplesmente deu de ombros – Mas não é hora para isso.

Quando levantei, a primeira coisa que fiz foi dar meu melhor soco no demônio preso.

– Qual o seu problema? – ele rosnou depois de cuspir sangue.

– Isso foi por colocar o pé e me fazer cair! – dei outro soco – Isso é por existir! – e outro soco – E isso é porque eu estou muito irritada com toda a situação e quero descontar em alguém!

– Ok! Vamos sair daqui, ainda não acabamos nem com a metade deles! – Oliver me segurou pelos ombros e me guiou para fora da sala – Use sua raiva nos próximos.

E antes mesmo que pudéssemos sair do corredor, surgiram mais dez demônios, isso mesmo! Não cinco ou sete... Foram DEZ MALDITOS DEMÔNIOS!

– Isso é sério? – choraminguei.

– Com licença, queridinhos! – uma voz totalmente desconhecida surgiu de trás da horda diabólica.

Os demônios abriram espaço e uma pequena mulher, magra, com longos cabelos ruivos e cacheados, um sorriso irônico, olhos verdes levemente familiares e usando um vestido roxo fabuloso apareceu. Quem era aquela criatura?

– Ora ora, eu podia jurar que não nos veríamos novamente! – ela falou com sua voz carregada no sotaque escocês. – Meghan, você não mudou nadinha!

– Oi? Já nos conhecemos? – ergui uma sobrancelha.

– Veio de um passado muito distante, quem diria? – ela se aproximou – Vamos nos conhecer, então... Isso é, se você voltar viva para sua época.

– Escuta aqui, senhora. – puxei o machado que estava no canto – Você vai me dizer quem você é ou terei que ir aí e te fazer falar?

– A mesma personalidade... – ela riu e balançou a cabeça negativamente – Meu nome é Rowena.

– Nunca ouvi falar. – dei de ombros.

– Mas você conhece meu filho tão bem.

– Seu filho?! – olhei para o Oliver, desejando que meu cérebro tivesse processado a informação de maneira errada.

– Ei! Não olhe para mim! – ele entendeu o que eu estava pensando e ergueu as mãos de forma defensiva.

– Oh! Por favor! Olhe para mim e me diga se tenho cara de gerar um pinguim. – Rowena debochou – Seu nome era Fergus, mas você o conhecia como... O Rei do Inferno.

– Crowley?!

– Ah sim! Esse mesmo!

– Certo... E o que exatamente você é?

– Apenas a bruxa mais poderosa que andou por esse planeta destruído.

– Então você é a responsável por tudo isso? – Oliver questionou.

– Sim! – ela se aproximou – Eu soube de toda a história que meu filho viveu, seu fracasso já esperado... Superado por caçadores? Ridículo! No entanto, ele governava o Inferno e isso sim foi um motivo para um pequeno orgulho.

– E como você tomou o controle?

– Depois que ele sumiu, eu cheguei e tomei conta! Simples como tirar doce de uma criança! Ele até tentou retomar, mas não tinha mais o respeito dos súditos e foi... Morto. – Rowena arregalou um sorriso sádico – Todos preferem uma dama no poder.

– Ele era seu filho! – exclamei.

– Ele era um fracassado! – ela esbravejou, exatamente como o Crowley fazia. Baixinhos irritados... Tão fofos quando não tentam te matar.

– O que você está fazendo aqui?

– Soube que minha caçadora favorita estava na cidade e deduzi matar a saudade... E matar a caçadora também.

– Boa sorte tentando. – estreitei o olhar.

– Por favor, não irei mover um dedo... – Rowena voltou a atenção para os demônios – Me tragam o corpo quando acabarem, garotos.

E dizendo isso, ela sumiu entre todos. Os demônios nos encararam e marcharam na nossa direção. Corremos para o lado oposto, entramos em vários corredores, nos escondemos em alguns quartos e os despistamos. Quando chegamos à sala, consideramos sair do bunker, mas eles poderiam nos seguir para outro lugar com humanos e isso seria péssimo.

– E agora? – ele me perguntou.

– Vamos para a garagem...

E ao me virar em direção à primeira sala, me deparei com todos eles nos encarando. Respirei fundo e vi que tinha apenas duas opções: Matar loucamente ou morrer... E sinceramente, não gostava muito da segunda opção.

– Vamos acabar com eles, ruiva. – Oliver me lançou um sorriso confiante e passou por mim.

Ele se jogou contra as criaturas e eu o acompanhei, ficamos de costas um para o outro e assim garantimos a defesa e o ataque. Decepei duas cabeças com o machado ao mesmo tempo em que o ruivo enfiava as duas espadas em dois dos que nos atacavam. Acertei um chute no estômago do demônio que ocupava o corpo de uma loira com roupa de garçonete e a joguei para trás, Oliver a matou rapidamente, assim como outros dois demônios e eu cuidei dos três que sobraram com facilidade... Nem tanto assim, me rendeu alguns hematomas que doeriam bastante mais tarde.

Quando demos conta que todos estavam mortos, nos entreolhamos e sorrimos. Foi exaustivo, mas acabamos com um pequeno exército de demônios e isso era maravilhoso.

– Ainda temos aquele preso no calabouço. – Oliver relembrou.

– Deixa ele apodrecendo lá... Vamos voltar para casa, não sinto minhas pernas mais. – implorei.

– Tudo bem... Você vai levar o machado junto?

– Não, ele pertence à este lugar. – coloquei o machado próximo à estante que ele ficava – E eu já tenho o meu.

– É isso aí... Vamos lá.

Saímos pela porta caída, olhando ao redor por precaução. Eu estava destruída, cansada, com o cabelo em estado desastroso e quase tendo um ataque! Mas estava feliz, acabei com vários demônios de uma vez e tinha o nome de quem causou toda aquela revolta.

– Só quero um banho... – resmunguei, me apoiando nos ombros do ruivo.

– Somos dois.

Nós já estávamos indo em direção ao Jeep, quando escutei barulho de asas batendo e um tilintar bem específico, seguidos pela voz mais linda que já escutei em toda a minha vida.

– Eu vou te esganar, Balthazar!

– Cass? – me virei rapidamente e lá estava o meu anjo, com sua expressão agressiva, segurando Balthazar pelo pescoço – Cass!

– Meghan? – ele me notou ali e largou o anjo.

Dei um passo em sua direção, mas ele foi mais rápido e, praticamente, me atacou, me abraçando com um certo exagero na força, mas eu nem estava me importando, só curti aquele aconchego tão familiar e único.

Castiel segurou meu rosto entre suas mãos e me beijou como se não houvesse amanhã, e talvez não houvesse, sem se preocupar com o que estava acontecendo ao nosso redor ou com quem estava ali. Foi o beijo mais intenso, desesperado e cheio de saudades que ele havia me dado.

– Eu... Senti tanto a sua falta! – ele murmurou quando finalmente me largou – Me desculpe por não ter vindo antes, você está bem? – começou a analisar meu corpo, procurando por algum machucado.

– Ah! Pelo amor do Pai! Eu nunca a deixaria se machucar! – Balthazar, ainda tentando normalizar a respiração, exclamou.

– Vamos voltar para casa, todos estão preocupados. – o anjo o ignorou e continuou olhando nos meus olhos.

– Espera, eu... – me soltei de Castiel e voltei-me para o Oliver.

Estranhamente, ele nos olhava com lágrimas nos olhos. Claro! Devia ser como ver um filme após ler um livro. Um pequeno sorriso tentava brotar em seus lábios, mas ele o segurava firmemente.

– Quem é esse? – Castiel questionou.

– Esse é o Oliver, ele é caçador e Nephilim.

– Nephilim?!

– Não se exalte, não é grande novidade por aqui. – dei duas batidinhas no ombro do Cass e fui até o ruivo – Você vai ficar bem?

– Eu vou sim! – Ele respondeu com convicção.

– Por favor, me diga quem são seus pais... Eu não posso te deixar ter esse futuro... E se você existir, eu quero te conhecer!

– Meghan, meus pais não vão me deixar ter esse futuro... Eu tenho certeza. – ele revirou os olhos e depois voltou para mim – E você vai me conhecer.

– Como eu vou te achar na estrada?

– Eu não acho que estarei na estrada...

– Mas...

– Meghan! – Ele me interrompeu, então colocou a mão por dentro da gola da camisa e puxou uma corrente.

Uma corrente com pingente de um sino com asas.

Sino com asas.

– Não... – olhei para ele, dentro dos seus olhos e depois para o Cass.

O anjo estava paralisado, encarando o ruivo e instintivamente levou sua mão até sua corrente com pingente de sino com asas, era a mesma corrente.

– Deixe de drama, Cassie! – Balthazar debochou – Vai conhecer seu filhote mais de perto.

– Você sabia? – o questionei.

– Talvez... – Balth deu de ombros.

– E você? – voltei para o Oliver.

– No começo não... Até você me falar o seu nome.

– Por isso você teve aquela reação tão... Estranha.

– É, eu tentei me conter... Você não queria saber sobre si mesma, sendo que eu já tinha contado tudo!

– Oh nossa! Foi culpa minha...

– Não! – ele me puxou e me abraçou com força – Não comece a se culpar, eu sempre quis te conhecer... Não estrague o momento.

– Mas eu...

– Calada! – Oliver exclamou e então sussurrou – Apenas o mantenha do jeito que ele é. Ele pode te salvar... Se você deixar.

– Oliver, por favor... Você precisa me dizer exatamente o que vai acontecer. – pedi tentando segurar a emoção.

– Acho que você deve descansar... – ele se afastou e me entregou duas folhas de papel dobradas que estavam no bolso da sua jaqueta – Uma é a receita do Ollieburger e a outra tem tudo que eu quis falar e você não quis saber.

– Mas eu queria ficar mais tempo com você...

– Se você ficar aqui, quem vai impedir tudo isso de acontecer? – ele revirou os olhos – E mais importante, como eu vou nascer?

– Mas e se eu não puder impedir? Eu não quero que você tenha esse futuro...

– Volte e leia a carta...

– Tudo bem. – assenti, voltei meu olhar para o Cass e ele ainda estava paralisado, com a cabeça pendida para o lado e cara de dúvida.

– Me disseram que ele fazia muito essa cara... E eu não levei a sério. – Oliver deu uma leve risada.

– Cas? – o chamei.

– Ele é nosso filho... – foi tudo que ele respondeu.

– Tá meio lento para assimilar as coisas hoje... Vamos voltar para casa antes que ele entre em combustão instantânea, principalmente se descobrir com quantas coisas eu lutei nesses últimos dias. – fui até o anjo e segurei seu queixo.

– Como foi? – ele voltou a atenção para mim.

– Nada! – dei um selinho nele e olhei novamente para o ruivo – Foi bom te conhecer.

– Nos veremos de novo... Em breve.

– Ei! Não tão breve assim... Ainda tenho que casar em Vegas!

– O quê?! – Castiel arregalou os olhos.

– Ai, Cass... Temos muito que conversar depois.

– Sim, conversarão em casa! – Balthazar veio até nós – Não se preocupem com o primogênito de vocês, eu cuidarei dele aqui... Vocês têm que voltar agora.

– Mas...

– Meghan, sem drama! – Oliver riu – Até mais tarde... E até mais tarde, Castiel. – ele acenou para o Cass, que retribuiu sem perder a expressão de choque.

– Vão! – Balth empurrou o ombro do meu anjo e ele voltou a si, nos levando de volta para a frente do bunker e dessa vez na época certa.

Olhei ao redor, tão feliz em vê-lo inteiro, o clima estava mais leve e ao fundo dava para ouvir o barulho da cidade movimentada. Antes que eu pensasse em entrar, Castiel me puxou novamente e me beijou, prendendo meu corpo contra o dele e quase esmagando minhas costelas com o aperto.

– Cass... – murmurei tentando escapar do beijo – Não estou respirando...

– Me desculpe! Eu achei que você estava morta... Balthazar te escondeu bem em um futuro tão distante.

– Ah sim... Por que ele me mandou para lá?

– Segundo ele, para descobrir quem está armando tudo isso.

– É, ele fez bem. – respirei fundo – Vocês nem imaginam o quanto é... Bizarro.

– Você precisa descansar antes, vamos entrar...

– Espera! – pedi e o segurei pelo braço – Não quer conversar antes?

– Sobre?

– Acabamos de descobrir que teremos um filho...

– Bom, você pode mudar o futuro... Sei bem como se sente em relação à isso. – ele desviou o olhar – Não precisamos tê-lo se você não quiser.

– Mas... Eu quero! – comprimi os lábios – Ele é fofo, forte... Ele sabe cozinhar! Ele é tão inteligente, Cass! – falei animadamente – Oh Céus! Agora eu entendo porque achei os olhos dele tão lindos!

– Você quer? Tem certeza?

– Sim! Não! Depende...

– Certo... Você precisa descansar um pouco. – ele balançou a cabeça negativamente e me empurrou para dentro do bunker.

– ELES VOLTARAM! – Audrey gritou ao me ver descendo as escadas.

Logo todos vieram correndo até mim. Depois de tanto tempo convivendo apenas com Oliver, quase esqueci como era ter tanta gente dentro de casa, até o Bobby estava lá.

– Garota, você não cansa de nos assustar desse jeito? – ele perguntou e me puxou para um abraço.

– Não, tio... É contra meus instintos!

– Desse jeito vai me matar do coração, idjit. – Bobby resmungou.

E então eu lembrei automaticamente de algumas coisas que Oliver me disse, me senti até burra de não ter associado antes.

“- Você é tão rude às vezes.

– É, dizem que puxei isso do meu avô.

“- Sua família inteira era de caçadores?

– Só o lado da minha mãe.”

Ele falava da minha própria família o tempo todo, ele tinha características de todos ali e eu nunca reparei. À medida que cada um me cumprimentava e me abraçava, eu notava o que ele levava de todos que o criaram.

Ele tinha a arrogância fofa do Bobby, a inteligência do Sam, a teimosia da Claire, com certeza o paladar do Dean, a fome de conhecimento da Sophie, a confiança da Audrey, a coragem do Jordan e o senso de humor do Gabriel. Ele tinha um pedacinho de cada um, era como ter minha família inteira dentro de uma pessoa só.

A parte do Cass estava dentro dos olhos, mesmo sem ter convivido com o anjo nem por um segundo, ele tinha toda a alma do pai dentro de seus olhos.

Depois de todos os cumprimentos, apressei-me para tomar um banho, vestir roupas confortáveis e ler a carta que ele havia me deixado. Quando me joguei na cama e a peguei, Castiel apareceu ao meu lado.

– O que é isso?

– Carta do Oliver... Acho que agora é a hora de saber de tudo...

– Isso é mesmo uma boa ideia? – Cass sentou ao meu lado – É melhor descansar.

– Eu não sei se devo ler, mas estou realmente curiosa. – abri a primeira e comecei a ler, sendo acompanhada pelo anjo.

Oi Megh! Então... Que estranho! Não sei se já conversamos sobre isso, se tivemos tempo, mas... Você é a minha mãe! Êê! Viva! Parabéns!

Tá, não tem graça, eu sei! Por favor, não surte... É sério. Eu decidi te contar isso porque talvez seja a única maneira de impedir boa parte das coisas que acontecerão à nossa família, eu sei que você os ama muito e notei isso quando você recebeu a notícia que o vovô estava morto, então, têm coisas que você realmente precisa saber.

A primeira de todas é que eu não sou um nephilim comum. Quando você estava grávida de mim, muitos demônios tentaram te matar, problemas pessoais, creio eu, então todos os nerds da família passaram a buscar uma forma de proteger nós dois, até que finalmente a encontraram. Precisaria da graça de um anjo e acho que você já imagina quem foi o voluntário, isso mesmo, Castiel. Ele mesmo tirou a própria graça, e eu sei o quanto isso dói porque já tentei tirar a mesma de mim, e ela foi injetada no seu ventre usando uma seringa metálica bem medieval e sinistra... Ah! E não, eu não sou um anjo como ele, nem de longe! A graça serve apenas para proteção, ou seja, sou vaso ruim e não quebro facilmente... Dito isso, saiba que não precisa se preocupar tanto assim comigo.

Depois disso, não demorou muito para que o matassem. Mas pelo o que sei, o que importou na época foi nos manter vivos e isso aconteceu até o fatídico dia do meu nascimento. Você estava sozinha em seu carro na estrada para Sioux Falls quando aconteceu, todos os outros estavam bem ocupados e ninguém esperava que eu fosse nascer naquele momento... Com exceção dos demônios e Cães do Inferno que te seguiram. Eu estava fora de você e comigo estava a graça que nos protegia. Sempre me disseram que fui muito amado a ponto de ter sido protegido pelos meus pais mesmo depois da morte dos dois. Então, rezando para que não aconteça, já quero agradecê-los por isso. Tio Gabriel chegou o mais rápido que pôde no local, matou todos que nos cercavam, mas já era tarde demais para você.

Eu cresci na estrada porque o bunker se tornou um lugar cheio de lembranças ruins e dolorosas, a Claire cuidou de mim a vida toda, como uma boa irmã mais velha... Assim como tio Dean foi para o tio Sam e os dois foram para você... Pois é, não me faltaram histórias de dormir sobre minha família e até hoje me sinto uma pessoa muito sortuda por ter feito parte de tudo e por ter tido essas pessoas ao meu lado, também carrego a dor da perda de cada um até hoje, porque de certa forma me sinto culpado por existir... Talvez meu pai nunca tivesse aberto mão da graça, você não estaria desprotegida naquela estrada... Então peço perdão por isso. Sei que ainda não aconteceu nada para você, mas me perdoe, certo?

Megh, essa carta não é só para contar minha história... É para te pedir que mesmo que as coisas desabem, mesmo que o mundo acabe diante dos seus olhos, impeça o Castiel de tirar a graça! Não deixe nem por um segundo que ele acredite que não pode nos proteger sendo o anjo que ele é. E se por acaso vocês decidirem que eu realmente devo existir, lembrem-se que já serei forte sozinho e não precisam de sacrifícios para garantir nada. Esse pouco tempo com você só me provou o que eu já sabia e só me fez ter mais orgulho da pessoa que você é.

Oliver Harper.”

Depois de ler a assinatura, notei que meu rosto estava encharcado por lágrimas, assim como minha blusa. Oh céus! Eu realmente desabei naquele momento. Castiel me abraçou sem dizer nada, apenas segurou meu corpo para que eu não caísse de lado. Mesmo sendo um anjo, sua respiração estava mais acelerada que o normal... É, ele havia pego uns costumes bem humanos.

– Meghan... – ele começou a falar, mas o interrompi.

– O que nós fizemos?

– Tecnicamente, ainda faremos...

– Pela mãe do guarda... – revirei os olhos, me soltei do abraço dele e enxuguei as lágrimas – Não podemos deixar isso acontecer! Não podemos deixar nada disso acontecer!

Pulei da cama e marchei pelo corredor do bunker, batendo em todas as portas fechadas, chamando todos os presentes para a sala.

– O que é isso? – Dean resmungou.

– Reunião de emergência. – esperei que todos se acomodassem à minha frente.

– Achei que você iria descansar... – Sophie comentou.

– Descanso quando essa coisa que está acontecendo aí fora acabar! Eu tenho o nome da pessoa que está causando tudo e acreditem quando eu digo que por mais complicado que esteja, vai piorar! – joguei a carta em cima da mesa – Eu tive uma pequena ajuda no futuro... E eu prometi a mim mesma que não deixaria as coisas chegarem ao ponto que estavam lá.

– Que determinação, ruivinha... – Audrey ergueu uma sobrancelha – Devemos te mandar pra lá mais vezes.

– Finalmente, qual a situação? Quem está fazendo tudo isso? – Bobby perguntou impaciente.

– Uma bruxa chamada Rowena... Ela é, acreditem se quiserem, mãe do Crowley.

– O quê?! – todos da sala questionaram em uma só voz.

– É isso mesmo, eu a conheci. Ela é baixinha, tem o mesmo sotaque e a mesma “classe” do filho... A diferença é que ela não hesitaria por um milésimo de segundo antes de nos fazer mal, tanto que matou a própria cria.

– O Crowley está morto? – Sam indagou.

– Creio que ainda não... Mas não deve demorar! E quando ela tomar o controle do Inferno... Não vai ser nada legal.

– E o que estamos esperando mesmo? – Gabriel, que estava encostado na porta, mascando chiclete, perguntou.

– Nada! – andei até o último armário e peguei o meu machado – Podemos ir quando quiserem.

– Ir para onde? – Castiel veio até mim – Meghan, você ficou louca?

– Não! Eu lutei com dois wendigos e uns dez demônios nesses últimos dias... Estou com o corpo cheio de adrenalina!

– Eu voto por irmos atrás dessa tal Rowena. – Claire levantou-se, ela estava com a carta na mão – Eu não quero ter que cuidar de um pirralho que é a mistura do Cass e da Meghan... Deve ser bizarro.

– Ah... É! Esqueci de falar... – dei uma pequena pausa – Quem me ajudou foi o meu filho.

– O quê?! – novamente o coro tomou conta da sala.

Respirei fundo e expliquei tudo sobre o Oliver para todos, alguns continuaram boquiabertos e outros assimilaram mais rapidamente. Era um grande choque, muitas informações e muitas possibilidades para controlar... Mas pela primeira vez estávamos em vantagem.

Depois de organizarmos tudo, Sam e Sophie pesquisaram todos os lugares com maior atividade demoníaca no país, com isso feito, nos separamos e partimos. Pela primeira vez, Sophie quis cair na estrada e eu soube que ali começaria sua vida de caçadora... Isso não era algo que deveria mudar.

Castiel não parou de me olhar durante boa parte do percurso, lógico que isso me deixou incomodada. Não é que eu não gostasse do seu olhar, mas ele estava fazendo aquela carinha intrigada.

– O que foi, Cass?

– Ainda estou processando umas informações... Você falou algo de casamento?

– Falei... Aparentemente vai acontecer em dois anos.

– Ah! Interessante...

– Por quê?

– Eu... Planejei o pedido há semanas atrás.

– Oi?

– É...

– Castiel, não é a hora! Por favor, estamos no meio de um trabalho! – falei desesperadamente, aquele pedido poderia acabar com minha concentração.

– Agora entendo porque irá demorar tanto tempo. – ele olhou pela janela e riu levemente.

– Idiota... – dei um empurrão nele.

Toda aquela experiência me ensinou algo muito importante, que eu não tinha o direito de reclamar quando as pessoas tentassem me defender. Por mais que desse errado ou fosse exagerado, eles faziam isso porque se importavam e o mínimo que eu deveria fazer era retribuir. Ninguém precisava saber como eu realmente me sentia por dentro naquele momento, bastava dizer que pela primeira vez eu me sentia pronta para enfrentar algo desse tamanho e estava louca para saber o que iria acontecer.

– Alô? – a voz do anjo atendendo o celular me tirou dos meus pensamentos – Ah... Tudo bem, estamos à caminho.

– Boas notícias?

– Sam e Audrey atropelaram um demônio que tentou impedi-los à caminho de Indiana.

– Oh! Isso vai ser interessante...

Acelerei e peguei à estrada que levava ao oeste, seguindo rumo à Indiana para o começo de mais uma grande caçada.

No meio do caminho, quando tudo parecia tranquilo, uma voz vinda do banco traseiro me assustou e me fez derrapar na estrada quase causando um acidente.

– Olá, garota...

– Crowley? – olhei pelo retrovisor, ele estava todo machucado, com vários cortes no rosto.

– Faz tempo, não é?

– Maldito... – Castiel falou entre dentes, tirando a espada da manga e ameaçando acertá-lo, mas o impedi – Meghan!

– Tem 10 segundos para me impedir de soltar o braço desse anjo... Comece a falar. – ordenei.

– Eu posso ajudar com... A minha mãe.

Posso dizer que foi uma viagem longa, tensa e cheia de... Ideias.


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Notas finais do capítulo

Fim? Maybe...
Então, primeiro eu acho que algumas pessoas estão organizando uma revolta contra mim por causa desse final... Mas quem me conhece sabe que eu AMO finais abertos e que deixam mil possibilidades para vocês, meus leitores divos, imaginarem o que vai acontecer depois.
Mas vamos às informações... Rowena? SIM! Não podia deixar essa diva passar sem dar o ar da graça na Eyes.
Oliver? É, acho que muita gente desconfiava disso... Outras eu tive que manipular a mente para eliminar as desconfianças... Sorry pessoinhas que eu enrolei! Sério, não me matem!
E essa carta-rasga-coração? É... Só para que vocês soubessem o que rolou com os pais do Oliver de verdade... E consequentemente qual foi o futuro do Cass e da Meghan.
E por fim, NOSSO DIVO! CROWLEY! A aparição bombástica no final...
Bom, como eu disse antes, provavelmente esse será o fim definitivo dessa pequena saga e eu só tenho a agradecer por TUDO! Foi muito legal, eu amei escrever cada palavrinha disso, amei ler e responder os comentários de todos que tiraram um tempinho para deixar suas palavras.
Vocês são demais! Não teria chegado tão longe sem meus leitores divos!
Ah... E eu ainda tenho planos para outras fics, então, me aguardem.
Beijos little hunters, aguardo comentários e até a próxima!



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