Sabo, ainda deitado na cama, olha para o relógio. Já era tarde, Koala viajaria daqui a pouco. Pensar que ela iria embora de sua vida para sempre, deixava o garoto mal, como se levasse um tiro no coração. O amor que ele sentia por ela era muito grande, mas amar também significa sofrer pelo bem do outro.

Talvez, seja até melhor para a Koala nunca mais vê-lo e que ela nunca soubesse sobre esse amor que ele nutria. Ela nasceu num berço de ouro, tinha uma família rica e de bom status, Sabo não era rico, mesmo que seus pais biológicos fossem, o garoto havia sido deserdado. Não que isso o incomodasse, na verdade, ele estava muito feliz de poder dizer que não fazia mas parte daquela "família", porém ele nunca seria aceito pelos familiares de Koala.

Ele não era digno do amor dela, não era o príncipe encantado, pelo contrário, era só um camponês, ou talvez o bobo da corte da princesa. Sabo nunca teria percebido isso se não fosse pela "amorosa" e "delicada" mãe da Koala, que expôs essa verdade para ele, sem dó nem piedade.


My friends and family
They don't understand
They fear they'd lose so much
If you take my hand
But, for you
Ooh, you
Ooh, I'd lose it all
Oh, for you
Ooh you
Ohh, I'd lose it all

Budapest. Havia música que Koala gostasse mais que essa? Ela podia cantar de trás para frente, sem dificuldades. Para Sabo, essa música era a maior lembrança dela.

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Era véspera de Natal e Sabo estava comemorando na casa de Koala. Ela havia convidado os irmãos para passar uns dias com ela, e estava tudo indo perfeitamente bem. Os parentes dela eram incrivelmente bem humorados, com exceção dos pais da garota, que pareciam sempre desaprovar qualquer ação de seus três importunos convidados, mas Sabo estava tranquilo. De acordo com Koala, eles faziam isso com qualquer amigo de dela.

A ceia havia começado, o que significava muitas piadas sobre o pavê, histórias humilhantes de familiares alheios que ficavam mais engraçadas cada vez que eram contadas, a maravilhosa comida da avó de Koala e, como sempre, mais desaprovação por parte dos pais dela. Aquela noite estava praticamente perfeita e Sabo queria que nunca acabasse.

Depois da ceia e da troca de presentes, Luffy, Ace e Sabo foram jogar Just Dance e, por mais estranho que pareça, eles estavam perdendo de lavada para o tio de Koala. Ao sentir falta da amiga, o loiro foi procurá-la. Ela não podia perder a linda cena de dos irmãos dançando "Bailando" e caindo um em cima do outro. Ainda a procura da garota, Sabo acaba por encontrar a mãe dela.

— A senhora não viu a Koala por aí, viu?

— Não, não vi. — Diz a mulher com um desprezo estampado no olhar. Ela dá uma pausa e volta a falar. — E acho que será muito melhor para todos nós se você parar de correr atrás da minha filha.

— Ela detesta tanto assim dançar?

— Você é mais idiota do que parece... — Ela diz sussurrando — Escute bem, Sabo, eu consigo ver como você gosta da minha filha, o jeito que olha para ela, o jeito como fala dela. Infelizmente, para você, ela é muita areia para o seu caminhãozinho, ou seja, vocês dois não ficaram juntos, nem por cima do meu cadáver!

Sabo não sabia o verdadeiro motivo de todos esses insultos, por isso preferiu se acalmar e tentar não chamar a senhora de bruxa. Por enquanto.

— E por que a senhora acha que não podemos ficar juntos? E se ela quisesse ficar comigo, o que você faria?

— Não me entenda errado, vocês são amigos, mas eu acho que não criei minha filha para se juntar a "escória" da sociedade. Digamos que ela realmente queira ficar com você. Será que o senhor seria capaz de presenteá-la como uma verdadeira princesa que ela é? Digo isso para o meu e o seu bem, porque, um dia, Koala vai perceber que cometeu um erro e vai te deixar por alguém melhor que você.

Sabo ficou pasmo. Não só com a horrível atitude da mãe de Koala, mas também porque, tudo o que ela falou era verdade. Mas apesar de tudo, aquilo só fez com que o amor de Sabo crescesse pela amiga.

— Sabo! Seus irmãos estão nos chamando. Tem algo a ver com dançar e ser humilhado pelo meu tio... Enfim. Vamos?

— Claro. Obrigada pelas dicas, Sarah. Vou lembrar delas para sempre. — Disse Sabo, tentando ao máximo esconder a secura e sarcasmo da voz.

— Eu que agradeço, querido.

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Koala tinha muitos sonhos. Sonhos que Sabo nunca conseguiria realizar por ela.

Ela sempre quis viajar pelo mundo, mas um lugar que ela sempre sonhou em conhecer foi Budapeste. Gostava tanto do local, que sempre dizia que iria comprar uma casa lá quando crescesse, e iria visitar o lugar em todas as férias.

Ela sempre dizia que queria achar um baú de tesouro escondido e virar um tipo de heroína, pois sempre que fosse brincar de "caçar tesouros" no quintal de casa, ela podia dizer que já tinha um escondido e que não precisava de outro.

Koala tocava piano como ninguém, e sonhava que um dia teria um piano de cauda, completamente dourado.

Outra coisa na qual Koala sonhava, era ter um castelo. O castelo mais bonito que existia, e a garota havia prometido para Sabo que compraria um.

Todas essas coisas e outras mais eram sonhos que Koala levava muito a sério. E infelizmente, não seria Sabo o homem que daria todas essas coisas a ela. Um dia, um verdadeiro príncipe encantado acharia a sua princesa e a presentearia com tudo isso, e o pobre bobo da corte não poderia fazer nada, a não ser observar os sonhos dela se realizando. O único sonho dele era fazê-la feliz, e para isso, ele faria qualquer coisa, até mesmo ignorar seus sentimentos.

Give me one good reason
Why I should never make a change
And baby if you hold me
Then all of this will go away
Give me one good reason
Why I should never make a change
And baby if you hold me
Then all of this will go away

My house in Budapest
My hidden treasure chest
Golden grand piano
My beautiful castillo

You
️You
I'd leave it all
Oh, for you
You
I'd leave it all

—Alô?

— Sabo! Graças a Deus! Eu estava achando que iria embora sem falar com você...

— É, eu também... Koala, eu queria pedir desculpas. Eu não deveria ter te evitado esses dias... É que... Isso tudo é muito difícil para mim, sabe? Já estou tão acostumado com você me mandando fazer os trabalhos, você me obrigando estudar para as provas ou arrumar o quarto, reclamando por não ser organizado, você ao meu lado todos os dias... Ter que acordar sabendo que você não estará mais aqui para me mandar fazer tudo, simplesmente não me dá vontade de acordar.

— Não é você quem deve desculpas. Eu fui muito egoísta em não ter te contado sobre a viagem. Você estava tão feliz essas semanas, eu não queira que você se sentisse mal por causa de mim... Depois de tantos anos, eu já deveria ter aprendido...

— Digo o mesmo... Koala... Vou sentir sua falta...

— Koala, diga logo adeus a quem quer que esteja falando com você agora! Estamos embarcando! — A voz dessa mulher ainda irritava Sabo profundamente.

— Minha mãe ficou todo esse tempo dizendo que eu não tinha razões para ficar. Mas algo ainda me diz que não deveria ir. Digo a mim mesma e para minha mãe que não quero abandonar meus amigos, mas ela sempre fala que lá farei muitos outros também. Sabo, eu nunca confiei tanto em uma pessoa como confio em você e tenho certeza que nunca mais acharei alguém em quem confie e goste tanto, então, por favor... Me dê uma razão para não ir. Me dê uma razão para não mudar...

Era agora ou nunca...

— Eu te amo.

Aquela frase, aquelas três palavras, aquelas sete letras, foram o suficiente para fazê-la sair completamente da linha, desistir de tudo e ficar.