A outra dimensão; escrita por Val-sensei


Capítulo 5
O oráculo




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Lin voltou ao hospital com um médico especialista, o mesmo procurou o médico que estava acompanhando Ayane e foram conversar e ver a garota.

O irmão de Ayane olhava com raiva e torto para Lin, mas pelo ao menos tinha algo que confortava ele: o rapaz estava ajudando a moça e parecia se sentir culpado pelo acidente. Às vezes Décio ficava pensando que poderia ter sido apenas um acidente mesmo e tinha pena do rapaz, pois ele parecia mais preocupado que a própria família dele.

Décio então decidiu ir até a igreja fazer algumas orações para sua irmã, já que era a única coisa que podia fazer naquele momento, porém suas esperanças não estavam tão animadoras como as de Lin.

Ele avisou os seus pais e saiu dali os deixando na recepção.

****

Depois de percorrermos um logo caminho a cavalo, Royne disse:

— É ali - ele apontou para uma areia e em volta havia uma água límpida e parada, não parecia mar, ao mesmo tempo parecia um mar.

Em nossa frente havia uma espécie de submarino, vi Royne e Tiana indo em direção a ele, então o jeito foi os seguir.

Entramos no submarino e entramos naquela água tão limpa e azul, aos poucos foi aparecendo algumas espécies de peixes em volta do submarino, as bolhas formavam com o seu movimento me deixavam intrigada.

Aos poucos se via o fundo do mar, ou rio, eu não sabia diferenciar, mas eram lindos os corais coloridos, plantas aquáticas belíssimas e várias espécies marinhas. Eu babava olhando tudo aquilo e o quanto era maravilhoso. Mas logo o submarino parou em frente a uma porta e entre essa porta e a outra havia um tubo transparente e em volta dava para ver a água.

Assim que entramos, vi que era um lugar parecia de vidro onde se via enormes peixes nadarem em volta. No meio tinha tipo um desenho de um redemoinho no centro, uma cadeira estranha mais ao fundo e mais nada a não ser o mar, ou rio, não sabia ao certo o que era.

Algum minuto depois que entramos apareceu um pequeno ser, parecia um peixe, meio humanoide, com olhinhos de camaleão algumas perninhas e ele veio em nossa direção com uma espécie de báculo meio parecido com uma concha.

— Olá Oráculo - Tiana se abaixou como em uma reverência.

— Senhor do mar - Royne fez o mesmo.

"Ele parecia ser importante, será que era um rei ou algo parecido"? Perguntei a mim mesma, o ouvindo:

— Estava há espera de vocês, meus amigos - ele se aproximou de nós e parou diante de mim. - A moça da nossa profecia - ele me olhou de cima em baixo. - Pena que para entrar aqui você está realmente mal em seu mundo.

— Como? - ergui a sobrancelha sem entender.

— Venha. Eu vou lhe explicar - acompanhei-o até próximo à parede que dividia a água e a sala em que estávamos.

Ele apontou o báculo para a parede transparente e disse:

— Nosso mundo é dividido em partes: - a imagem da primeira parte apareceu. - Esses são os sonhos comuns, aqueles sem nexos que muitas vezes você se lembra de parte deles ou às vezes lembra-se dele todo. - depois apareceu outra imagem. - Esses são os sonhos mais profundo onde você sonha, mas não se lembra de nada - depois a parede mudou para uma parte escura e negra. - Essa é a parte dos pesadelos, onde deixamos bem fechados e por fim... - a imagem mudou de novo. - O mundo dos sonhos, onde está guardado o cristal com os sonhos mais importantes das pessoas, e como alguns deles foram realizados com luta e sabedoria, mas para entrar aqui você tem que estar entre a vida e a morte e se chegar a acordar no seu mundo provavelmente nem lembrara que esteve aqui.

— Esperai... - o olhei meio preocupada. - Quer dizer que eu estou aqui por que aconteceu algo comigo no meu mundo e todo mundo que está aqui aconteceu o mesmo?

O oráculo riu amigável e virou-se para mim.

— Não só você está mal no seu mundo e veio para cá, os demais você não saberá agora, pois pode interferir na sua missão. - Ele ergue o báculo e continua. - Não é só isso, para permanecer no mundo dos sonhos a pessoa tem que terminar a missão que é dela nesse nosso mundo para poder voltar, se morrer lá morre aqui e se morrer aqui morre lá.

— O acidente... - ela sussurrou.

O oráculo mexeu o báculo e Ayane pode se ver deitada em um leito de hospital.

— Essa... Sou eu? - perguntei com lagrimas nos olhos.

— Sua missão é purificar o nosso cristal, que por causa do último guardião está cada dia mais negro, convencer o décimo guardião a manter viva a chama da esperança das pessoas e você só sai daqui quando terminar. - o oráculo parou e a encarou.

— Mas eu... - eu dei um passo atrás, mas Royne a segurou e viu o seu rosto molhar.

Virei-me para Royne e o abracei chorando.

— Eu só lembro da luz vindo em minha direção... Eu estou horrível... - senti minhas pernas bambearem, minha visão ficou turva e com o cenário do hospital diante dos seus olhos.

Eu olhei mais uma vez para a parede e ouvi os barulhos das maquinas interligadas ao meu corpo no meu mundo...

Royne a viu cair lentamente sobre os seus braços, sem ação nenhuma.

— O que estava havendo? - ele ficou preocupado a pegando no colo.

— Acho que foi muita coisa para ela, ponha aqui e deixe-a descansar, farei o possível para mantê-la viva - o oráculo fez um gesto com o seu báculo e dele saiu pequenas luzes brilhantes que caiam lentamente como se fossem estrelas caindo do céu.

*****

No hospital os médicos já preparavam o desfibrilador para trazer a garota de volta à vida, mas não estava dando muito certo, porém continuaram tentando, foi então que o coração voltou a bater calmo e sereno, há máquina fazia o barulho dos batimentos cardíacos que iam tranquilamente.

Os médicos suspiraram fundo, porém não quiseram avisar a família sobre o ocorrido, só iriam avisar se fosse um caso mais grave.

*****

Oráculo viu a garota parar de piscar enquanto ela dormia tranquilamente.

— Deixem descansar, pois ela tem a missão muito importante aqui - ele olhou para o Royne e o viu suspirando fundo e a olhando.

— Era ela mesma naquele lugar? - ele só queria confirmar.

— É ela sim Royne. - o oráculo confirmou.

— Ela vai ficar bem, certo? Tanto aqui quanto no mundo dela.

— Acho que você vai fazer o possível para isso, não é mesmo? - ele deu um sorriso maroto.

— Também percebeu oráculo? - Tiana deu um sorriso terno a ele.

— Sim, ele está apaixonado na garota - eles riram.

— Não eu... Eu só quero que ela...

— IIII gaguejou de mais.

Ele ficou muito rubro e tentou esconder o rosto, porém Tiana viu, mas não quis comentar, não agora, mas iria falar com ele quando desse.

Royne saiu dali os deixando para que Ayane descansasse, entrou em um dos quartos que o oráculo tinha preparado para ele e fechou a porta, ficando sozinho lá dentro.

Suspirou fundo, olhou no espelho e viu o seu rosto ainda rosado.

— Droga - ele passou a mão no rosto se repreendendo. - Ela não pertence ao mundo dos sonhos, eu não podia me apaixonar por ela... - ele socou a parede.

Ele se lembrou da imagem dela no hospital, suspirou fundo, realmente não era uma situação fácil, até por que ele sabia que ela precisava dele para voltar para o mundo dela, ou melhor, para o corpo dela naquele mundo.

Era melhor tentar guardar esse sentimento apenas para ele e tentar ajudá-la na sua missão, pois ela teria grandes problemas.

*****

No hospital Ayane voltou a dormir tranquilamente e na sala de espera o médico especialista chega e vê Lin o aguardando junto com a família da moça.

— Doutor Rubens.

— Jovem Lin, dessa vez a coisa foi séria?

— Sim - ele ficou meio sem jeito. - Por favor, cuide da garota e faça o que for necessário para ela ficar bem - ele pediu meio suplicante.

— Eu vou examiná-la junto com os médicos daqui e ver o que eu posso fazer, mais tarde eu trago notícias - ele colocou a mão no ombro do rapaz cumprimentou a família e saiu para falar com os médicos daquele hospital.

****

Eu abri meus olhos lentamente e viu o oráculo.

— Que bom que acordou - ele caminhou até mim com um sorriso nos lábios.

Eu me sentei na cama lentamente e olhou todos os lados.

— Onde estão Royne e Tiana? Aquela menina no hospital era eu mesmo? Como eu devo vencer e voltar?

— Eii... Calma com as perguntas - ele balançou o cajado. - Royne está trancado num dos quartos de hóspedes desde que soube que você não pertence a esse mundo e Tiana foi até a mata repor suas energias. - ele sentou-se ao lado dela. - Sim aquela garota é você na sua vida, só que você está entre a vida e a morte.

— Eu sei, por isso às vezes eu desmaio aqui não é?

— Isso mesmo, mas você tem que se fortalecer e para vencer tem que passar por um treinamento com cada guardião do cristal, começado por Royne e seu último desafio e Deci, já que ele quer impregnar o cristal do sonho de maldade e de pesadelos.

— Não quero que isso aconteça Oráculo todos nós temos direito a sonhos.

— Belas palavras Ayane - Royne aproxima de mim e senta-se ao lado do oráculo.

— Obrigada Royne - eu dei um sorriso doce a ele.

— Você acha que tem condições de começar o treinamento comigo?

— Sim, podemos começar agora - eu estava empolgada com tudo aquilo em minha volta.

Royne ficou sério:

— Oráculo podemos usar a sala de treinamentos.

— À vontade, Royne - o peixe sorriu e viu nós dois caminharmos até uma porta de vidro, Royne a abriu e permitiu que eu entrasse nela primeiro.

— Eu sou o primeiro guardião, somos nove, já que Decí foi para o lado do mal.

— O que eu tenho que aprender com você? - perguntei o olhando e ele me encarou com aqueles olhos profundos e azuis da mesma cor da água que nos rodeava.

— Comigo você aprendera a atravessar paredes, a controlar o poder da luz e o poder do mundo dos sonhos e o que eu souber te ensinarei. - ele sorriu carinhoso a mim. - Sou o guardião da luz.

— Está bem, eu estou pronta para aprender - eu o olhei carinhosamente e começamos a treinar ali dentro.

********

Os médicos voltaram da UTI onde Ayane estava com os fios interligados e o balão de oxigênio e viu Lin andando de um lado para o outro enquanto a família da garota olhava a preocupação dele.

— Jovem Lin preciso falar com você em particular, pode me acompanhar - o médico o chamou discretamente sem que a família da menina percebesse.

— Claro - ele o acompanha sem que eles percebam.

Os dois entram em uma sala e o médico o encara de uma forma fria e tensa e diz.

— O quadro dela é estável, a cirurgia na cabeça foi bem feita, porém ela corre risco de morte, pois ela machucou uma parte importante no cérebro dela.

— O que ela machucou doutor Rubens? - Lin estava preocupado.

— A subdivisão do córtex cerebral onde ela pode não acordar mais e ficar em coma para sempre.

Lin arregala seus olhos azuis que chegam a ficar quase brancos, então ele abaixou a cabeça e apertou as mãos sobre os joelhos.

— Ela realmente pode ficar em coma para sempre? - ele não conseguia encarar o médico e seus olhos marejavam em água.

— Uma possibilidade de oitenta por cento de chance e se ela ficar em coma a família com certeza vai querer desligar os aparelhos dela.

— Isso não - ele encarou o médico com os seus olhos marejados e vermelhos em lagrimas. - Ela pode acordar, eu sei que ela pode acordar - ele passava uma das mãos nos olhos.

— Ela tem quinze por cento de chance Lin é uma porcentagem pequena, porém temos que esperar ela se recuperar bem da cirurgia e continuar o tratamento, ou seja, vamos ter que esperar.

— Eu entendi doutor, faça o que for necessário - Lin se levantou dali e saiu da sala para sua casa.

O rapaz chegou e foi direto para o seu quarto deitou em sua cama pediu perdão chorando até adormecer.


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