I Started A Joke escrita por Primadonna


Capítulo 1
Unique


Notas iniciais do capítulo

OI MORES. Primeira fanfic relacionada a Batman/Suicide Squad/Harley Quinn.
Eu me inspirei nela através do cover da música tema do Suicide Squad, "I Started A Joke". Foi uma coisa meio que de momento, mas era uma ideia que eu tinha em mente faz tempo e precisava logo escrever - na verdade, está pronta há quase um mês, mas a capa demorou pra sair rs.
Espero que gostem ♥



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I started a joke

Quando ligaram pela terceira vez para o doutor Cole no meio da noite, uma imensa sensação de aborrecimento preencheu seu corpo. Aquela era a primeira folga que ele tinha em semanas e havia tirado o tempo para ir a um churrasco com os amigos e família, mas, outra vez, teria que voltar para Arkham. Já sentia os lábios finos curvados quase que totalmente para baixo quando entrou no estacionamento no manicômio de Gotham.

Colocando o jaleco branco por cima da camisa havaiana, enquanto saía do carro, passou pela porta dos fundos, tendo acesso ao corredor principal do hospital. Via enfermeiros empurrando cadeiras de rodas vazias e centenas de bandejas carregadas com os mais fortes, até mesmo proibidos, relaxantes musculares e calmantes.

— Dr. Cole! — ouviu a voz do enfermeiro Trevor, que já não aguentava mais devido às ligações que o mesmo tinha feito antes, e se virou no mesmo instante. — Por aqui — ele acenou com a cabeça para o lado direito e o médico já sabia para onde iriam.

Depois de subir várias escadas, ignorando qualquer outra pessoa que não fosse o maldito Trevor, chegou ao último andar. Aquela ala, apesar de ser o lugar mais perturbador que qualquer um fosse conhecer, estava menos silenciosa que da última vez.

— Nós já demos cinco doses de Clozal e ela simplesmente não para. Não sabemos mais o que fazer — Trevor disse, mostrando o pânico nos olhos. Alguns pacientes, presos atrás das grades, riam baixinho e outros vagavam a mente no nada, mas a risada que Cole escutava, mesmo por trás da enorme porta de ferro da solitária, era a única que chamava a sua atenção.

Which started the whole world crying

Assim que um dos três enfermeiros que ficavam de olho na ala girou a tranca para abrir a porta, um arrepio nada bom surgiu na pele do médico. A risada histérica parecia romper todas as ligações entre seus neurônios e ele queria que a lobotomia não fosse proibida.

— E então, e então eu… Eu atirei nele — ela contava a história para si mesma, como sempre fazia, e ria cada vez mais, contorcendo-se dentro da camisa de força. — Ele não soube o que fazer! — gritou, com lágrimas saindo dos olhos enquanto ela tentava respirar e rir ao mesmo tempo.

— Harleen… — Cole começou, sentindo-se mais pesado a cada segundo sobre piso de mármore branco.

— Mas depois nós ficamos juntos, ah ficamos — ela começou com segurança na voz, parecendo estar finalmente normal. — Ele me perdoou! Roubamos aquela porra de banco para comemorar — a risada voltou. — Três tiros! Eu matei quase trinta pessoas com três tiros, pá, pá, pá. E eles me pegaram em seguida, mas ele fugiu. Meu pudinzinho fugiu!

— Nós já conversamos sobre isso. Ele é um criminoso, ele não vai te buscar — a paciência de Cole já estava expirada. A mulher loira a sua frente, com as pontas dos cabelos desbotadas em azul e vermelho, olhou-o séria e desfez o sorriso insano.

— Sabe qual é o seu problema? — ela se levantou sem dificuldade alguma, mesmo com os braços amarrados às costas. — É que você acha que eu sou essa tal de Harleen — se aproximava do médico cada vez mais —, mas eu já lhe disse que meu nome é Harley.

I started to cry

— Trevor, pegue a maior dose de Olcadil que conseguir — o médico dirigiu-se ao enfermeiro, sem se virar.

— Harleen, Harleen… — agora ela falava consigo mesma. — Não, Harleen morreu. Ele mesmo disse! Mas… Mas ela era tão… — as lágrimas agora eram de pura tristeza enquanto ela se encostava na parede. — O que está acontecendo, o que eu estou fazendo?

Era Harley, era Harleen.

A verdade é que Harley não sabia quem era e por isso havia aceitado a primeira opção que lhe deram — aceitou a opinião dele, porque sabia que no fundo ele não era louco de verdade. Ah, não era mesmo.

Que pessoa em plena insanidade teria a mesma capacidade que ele para planejar tudo o que já havia planejado? Não, ele era muito inteligente, deixava-a admirada após toda a história de que ele fora tão infeliz quando criança. Ele era muito mais inteligente do que ela pensava que era. E ela o amava, com todo o coração. Amava aquele palhaço que havia feito-a se sentir maravilhosa com a cara branca e os lábios vermelhos. Sim, ela o amava profundamente e estava disposta a absorver toda a loucura dele para que pudessem ficar juntos.

Oh, if I’d only seen

Já Harleen estava perdida. Sempre adormecida, sabia que na verdade a sua grande amiga Harley era a piada dele, mas ela não enxergava aquilo. Ela se recusava! Conseguia tomar posse do corpo de Harley por apenas alguns segundos, mas a palhaça a expulsava em segundos. Harley era mais forte que Harleen, Harley era o grande espetáculo e ela gostava disso. Harleen tentou alertá-la, tentou mostrar que ela era a estrela do show de horrores! Mas fora trancada em uma sala mental tão pequena quanto aquela solitária, que consumia sua alma a cada crime que se passava.

E agora, Harley estava deitada no chão gelado enquanto lhe aplicavam outra agulha grossa de calmante. Os olhos reviravam por algum tempo, mas ela lutava contra a droga da forma que podia. Talvez porque já tivesse se acostumado com tantos remédios, talvez porque realmente fosse capaz. Via algumas imagens que não eram reais, na maioria das vezes, mas o efeito passava tão rápido que ela sequer se recordava dos momentos.

— Ele está vindo, oh, ele está sim — riu baixinho consigo mesma. — Ele vai vir me pegar e nós vamos destruir tudo! Boom! — começou a ficar histérica novamente. Não conseguia ouvir os homens que a atendiam brigarem, mal enxergava o doutor apontar para ela e xingar de mil formas. — E ele vai matar todos vocês — berrou, afundando-se em gargalhadas. Voltou a se contorcer no chão outra vez, sem sentir a dor enquanto a cabeça batia no chão repetidamente. — Vocês sabem o que significa “coringa”? — ela perguntou entre as risadas.

— Peguem a maca. Agora! — o dr. Cole ordenou, sentindo as mãos suarem constantemente.

— Você sabe, doutor Cole? — Ela perguntou, ficando de pé outra vez.

— É a carta sem indicação numérica — ele respondeu, sem a consciência de que estava dando corda a uma louca, apenas para não falar sobre o pior vilão de Gotham.

— Errado. Coringa significa morte — e, com isso, ela se jogou para trás, voltando rapidamente para o médico enquanto lhe dava um belo chute na cabeça. O homem caiu, atordoado, e com uma chave de perna, sufocou-o até que seu rosto ficasse da mesma cor que o chão.

— Pudinzinho, ele está morto! Pode vir me pegar agora! — ela foi saltitante até a porta da solitária, chamando a atenção dos pacientes tão neuróticos quanto ela. — Pudinzinho, eu já esperei demais.

Nada. Os pacientes olhavam para o teto e para a porta aberta, mas ninguém aparecia.

— Coringa? — ela perguntou, sentindo as lágrimas formarem-se nos olhos.

Os outros maníacos se afastaram das grades, rindo da mulher ou simplesmente em silêncio. Apenas um, ao final da cela emitiu o pior som: uma risada, tão insana quando os momentos histéricos de Harley, tão insana quanto os crimes que já cometera. Tão insana quanto ele. Uma risada que acordou-a de uma ilusão enquanto fraquejava, o organismo se fundindo com o calmante que há pouco havia sido lhe dado.

— Bom trabalho, querida. Você fez um ótimo trabalho, fez sim — ele se aproximou, os cabelos verdes mais vívidos do que nunca. Foi até o médico, retirando um molho de chaves do bolso de sua calça e sorrindo para o mesmo. — Vou fazer questão de que eles te tratem melhor aqui em Gotham — passou os dedos cobertos por uma luva preta pelo rosto da mulher drogada. — Você é a minha coringa, sabia disso? — e o palhaço do crime saiu rindo, vendo os olhos azuis quase sem vida da única pessoa que conseguiu sentir quaisquer sentimentos positivos se fecharem.

Ela, na verdade, era a piada. Pelo menos na vida dele ela era. Porque ela havia conseguido despertar um sentimento que Coringa jamais pensara realmente existir e, mesmo que dissessem que era bom, ele discordava: o amor era a arma mais poderosa do mundo.

That the joke was on me


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Notas finais do capítulo

SO HEY, gostaram? Deixem as opiniões por review, vou adorar! Obrigada por ler.
Betagem: Clenery (PD).