After all this time? escrita por Luna Lovegood


Capítulo 7
Capitulo 6 - I’m ready to forgive you


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, dessa vez demorou né? E o Nyah ainda deu uma forcinha ficando fora do ar...
Primeiro vamos aos agradecimentos à duas leitoras especiais: Jú querida muito obrigada pela recomendação super fofa, peguei leve no sofrimento desse capitulo por que sei que você gosta assim =D. E Paloma... Aiaia, nem sei o que dizer! Obrigada por sempre estar acompanhando as minhas histórias e por essa recomendação linda!

E é claro, obrigada a todos que comentam e favoritam! E aos fantasminhas também, espero que estejam curtindo a fic!

Ah, capitulo um pouco maior que o normal. Espero que não se incomodem.

Boa leitura!



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Little do you know

How I'm breaking while you fall asleep

Little do you know

I'm still haunted by the memories

Little do you know

I'm trying to pick myself up

Piece by piece

Little do you know

I Need a little more time

Underneath it all,

I'm held captive

By the hole inside

I've been holding back for the fear

That you might change your mind

I'm ready to forgive you

But forgetting is a harder fight

Little do you know I

Need a little more time

 

(Little do you Know - Alex and Sierra)

 

Oliver Queen

“Nosso primeiro encontro não foi algo que eu tenha planejando e talvez por isso tenha sido tão perfeito. Apenas Felicity e eu juntos, foi simplesmente natural.

Meu pai não pode ir trabalhar no carro do Richard naquele dia, então eu fui sozinho, eu só precisava dar alguns retoques e garantir que o carro do prefeito estava funcionando em perfeitas condições. Confesso que estava tentando adiar ao máximo finalizar esse trabalho, pois não sabia como faria sem a presença constante de Felicity todos os dias. Eu não sabia o que nós tínhamos, eu só compreendia que a minha vida fazia sentido quando eu a encontrava sentada na varanda olhando timidamente para mim. E quando ela se aproximava e se atrevia a começar uma conversa? Meu coração acelerava e minhas mãos suavam, eu tentava me concentrar no que ela dizia, mas suas bochechas coradas e seu sorriso meigo sempre me distraiam. Eu tentava me convencer que aquilo acabaria quando eu não a visse mais, e essa simples possibilidade tinha o poder de me deixar desesperado.

Eu não entendia o que eu sentia por aquela garota, mas eu sabia que meu coração precisava de um pouco mais de tempo com ela. Eu sabia que não deveria me atrever a querer a filha do prefeito, nós éramos de mundos completamente diferentes, mas ainda assim, quando ela sorria para mim, quando seus olhos azuis límpidos me fitavam com algo que eu gostava de fingir que era amor, eu me esquecia de qualquer preconceito bobo sobre posições sociais, eu era dominado por uma força que não conseguia controlar, e eu a queria, como nunca quis alguém antes. Esse sentimento tão intenso era incrivelmente assustador.

Assim que o carro ficou pronto Richard o testou e me entregou o cheque de pagamento. Vi em seu rosto que ele estava satisfeito, mas não era necessariamente em razão da restauração feita em seu carro, era porque eu não ficaria mais perto de sua filha. Eu não era bobo, eu percebia seu olhar de reprovação sempre que nós dois conversávamos ou como ele sempre parecia ter uma desculpa para afastá-la de mim.

Eu estava caminhando em direção ao meu carro, pensando em maneiras de ignorar aquela nossa estranha ligação, quando ouvi o barulho de passos correndo em minha direção. Era Felicity, ela corria e seus cabelos balançavam pelo vento, os raios de sol reluziam em seus cabelos loiros e a deixavam ainda mais bela.

— Você iria embora sem se despedir? - Perguntou um pouco ofegante pela corrida e claramente magoada, isso me fez perceber que talvez eu fosse importante para ela também, que talvez ela quisesse ficar comigo tanto quanto eu queria ficar com ela.

— Me desculpe, é que eu não sou muito bom com despedidas. - Disse.

Então isso é realmente um adeus? - Inqueriu com seus olhos instigantes e tristonhos, eu senti uma pontada no coração com as palavras dela. Adeus. Eu odiava essa palavra me fazia pensar que eu nunca mais a veria. E não ver aquela face angelical era algo inconcebível, então eu decidi ser egoísta, decidi que eu lutaria por esse sentimento novo que crescia dentro de mim. Amor. Eu havia passado tão pouco tempo com ela e ainda assim eu havia me apaixonado. Eu me atrevi a amá-la, mesmo quando o meu bom senso me aconselhou a não fazê-lo, e honestamente acho que a minha mente não tinha muita escolha nesse ponto. Eu já estava condenado a amá-la a primeira vez que a vi caindo da escada.

— Não precisa ser um adeus. - Os olhos dela se iluminaram e isso me incentivou, respirei fundo tomando a coragem de dizer. - Nós podemos combinar algo, se você quiser é claro.

A face dela ficou radiante com as minhas palavras, seu sorriso era completo e imenso e seus olhos azuis claros como o céu brilhavam de contentamento.

— Eu quero! - Exclamou animada. - Na verdade acho que deveríamos fazer algo agora.

— Agora? - Me surpreendi, eu havia pensado em fazer isso com calma, planejar um encontro interessante, algo a altura dela. Eu precisava de mais tempo para fazer algo especial. - Eu gostaria de reservar um lugar especial, fazer isso da forma tradicional... - Retruquei.

— Você não precisa planejar tudo, vamos apenas passar um tempo juntos... - sondou meus olhos com expectativa - Nós podemos apenas ir a um pracinha qualquer e tomar um sorvete. O que acha? - As bochechas dela estavam tingidas de um belo tom avermelhado, era adorável vê-la assim, envergonhada.

— Eu acho uma excelente ideia. - Eu realmente gostava dessa ideia, na verdade eu amava essa ideia. Era algo simples e sem qualquer tipo de pressão, só eu e ela.

Eu abri a porta do carro e ela entrou. Felicity passou o caminho todo tagarelando, eu percebi que ela tendia a falar mais quando estava nervosa ou ansiosa. Eu apenas assentia e respondia algumas de suas perguntas, eu estava tão nervoso que sequer conseguia falar direito, por isso me limitei a escutá-la. Além disso, era difícil falar quando eu não conseguia parar de sorrir.

Nós não fomos muito longe, apenas a uma pequena praça. Nós compramos nossos sorvetes e caminhamos calmamente pelo local conversando sobre bobagens, eu sequer vi o tempo passar.

E então começou a chover. Era uma daquelas chuvas de verão, que vem quando você menos espera. E bem, eu já estava bem distraído com Felicity que sequer percebi a nuvem de chuva se formando, quando as gotas grossas e geladas começaram a cair sobre nós já era tarde de mais.

Num impulso eu peguei a mão dela e nós dois corremos em direção à uma grande árvore, mas a chuva estava muito forte e apesar de temos chegado até o nosso abrigo bem rápido, isso não impediu que nos molhássemos pelo caminho. Nós estávamos completamente molhados e não conseguíamos parar de rir. A árvore não era o melhor lugar para nos abrigarmos, porque algumas gotas de chuva ainda caiam em nós, embora numa intensidade muito menor. Notei que apesar das roupas molhadas eu não sentia frio. Isso por causa da sensação de calor que parecia passar da mão dela para minha e se espalhar por todo o meu corpo. Poderia estar nevando, mas se eu estivesse com Felicity ao meu lado eu ainda me sentiria aquecido.

Direcionei meu olhar para nossas mãos ainda unidas, eu não queria soltá-la. Eu não poderia nem se quisesse, voltei meus olhos para os dela e me deixei perder naquele céu azul. Eu não sei o que acontecia dentro de mim, eu só entendia que a forma que ela me olhava fazia algo em mim se agitar, se sentir vivo. Eu sentia aquela estranha sensação de milhares de borboletas em meu estômago, que pareciam bater freneticamente suas asas. Então eu me aproximei um pouco mais, nossos corpos quase se tocando ergui uma de minhas mãos e toquei o seu belo rosto, eu estava ansiando por fazer isso desde a primeira vez que a vi. Fechei os meus olhos e desci minha boca em direção à dela, sorri sabendo o que viria a seguir.

Nossos lábios se tocaram em uma leve carícia primeiramente, mas isso foi o suficiente para fazer meu coração disparar dentro do meu peito. Puxei seu corpo delicadamente para o meu, rompendo a mínima distância que ainda estava entre nós. Felicity suspirou com esse contato um pouco mais íntimo e entreabriu seus lábios para que pudéssemos aprofundar o beijo. Me surpreendi ao perceber que ela tinha gosto de morango.

Eu não consigo encontrar palavras para descrever aquele beijo, era sublime. Era como se o beijo dela tivesse o poder de me levar à um outro lugar, um lugar belo onde tudo era perfeito, ela me fazia esquecer de qualquer pequeno problema que estivesse atormentando a minha mente, nada disso tinha mais importância eu só precisava nunca mais parar de beijá-la e eu sempre estaria nesse lugar feliz, nessa espécie de paraíso particular.

Parecia que eu tinha sido moldado para beijar seus lábios macios, para ter seu corpo pequeno aconchegado ao meu. Bastou um único beijo para que eu soubesse que eu não era mais dono do meu coração, ele pertencia à ela, batia por ela.

Com Felicity eu me sentia vivo, feliz e completo. Ela era o meu paraíso."

****

Felicity Smoak

Oliver se virou, claramente surpreso com a minha presença ali. Percebi que ele não estava sozinho, a bela morena que o acompanhara naquele dia do leilão estava ali com ele. Isso me fez dar um passo para trás inconscientemente, me fez questionar que talvez eu estivesse interpretando tudo da forma errada. Me senti uma tola.

— Me desculpe por interromper a sua... Reunião - falei um pouco incerta, recebendo um levantar de sobrancelhas e um sorriso irônico da garota. Enquanto Oliver parecia um pouco desconcertado com a situação.

— Nós podemos conversar daqui a pouco? - Oliver pediu, seus olhos eram urgentes ele realmente queria ter essa conversa comigo. E eu fiquei irritada comigo mesma por ter me atrevido a pensar que eu e ele talvez tivéssemos alguma chance de recomeçar.

— Claro, não é importante. - Desmereci, tentando não me humilhar mais. Senti os olhos dele me seguindo enquanto me retirei da sala tentando manter alguma dignidade.

Eu estava sendo tola, Oliver construiu uma vida nos últimos dez anos, seria muita pretensão minha achar que nesse tempo ele não se apaixonou por outra pessoa, seria uma pretensão maior ainda acreditar que ele ainda me amava. E meu coração doeu ao pensar nisso. Pensar que outra pessoa era a detentora do seu amor.

Subi as escadas e voltei para o meu quarto. Ainda tendo aquele pensamento em mente peguei a fotografia de nós dois ainda jovens, me joguei na cama e a observei. Era quase palpável os sentimentos transmitidos naquela imagem. Olhos brilhantes, sorrisos imensos. Nós fomos muito felizes, em todos os momentos em que passamos juntos. Eu nunca esqueceria do rapaz de olhos azuis intensos que me ensinou o que era amar, o que era se entregar a alguém de forma tão completa e única que esse sentimento ficou eternizado em mim.

Mas agora as coisas eram diferentes, se Oliver estava feliz com alguém, quem era eu para ficar no meio disso? Quem era eu para atrapalhar a felicidade dele? Apenas o primeiro amor e alguém que o machucou profundamente. Eu não poderia chegar nesse ponto da vida dele e despejar toda a verdade, exigir que voltássemos ao ponto em que paramos. Dizer que aquela carta era uma mentira e que mesmo depois de todos esses anos eu nunca deixei de amá-lo. Ele merecia ser feliz e eu não iria estragar isso.

— Acho que nunca poderemos ter isso de volta. - Falei em voz alta para mim mesma enquanto olhava aquela fotografia. - Talvez seja a hora de seguir em frente.

Me levantei da cama disposta a reorganizar a minha vida, disposta a aceitar que Oliver Queen e eu não poderíamos voltar no tempo.

***

Oliver Queen

Laurel estava falando e eu pensando nas palavras de Felicity “porque você esta fazendo tudo isso por mim?” minha vontade era gritar: porque eu ainda te amo! Mas eu precisava esperar um pouco mais e fazer as coisas da forma certa. Nós dois perdemos tanto tempo fazendo tudo do jeito errado. Eu podia ver que tanto eu quanto ela ainda estávamos muito machucados, nós precisávamos encontrar uma forma de nos livrarmos de toda essa mágoa entre nós, conversarmos sobre nossos sentimentos e esclarecermos o passado para então recomeçarmos.

— Então, eu decidi te perdoar pelo incidente no leilão. Podemos esquecer tudo aquilo e voltarmos. - Eu me concentrei na conversa chata de Laurel bem no momento em que essa frase foi pronunciada. Eu quase não acreditei no que ouvi, suspirei cansado por ter que lidar com esse contratempo antes de poder falar com Felicity.

— Voltar? - Soltei a pergunta em um tom meio irônico - Para voltarmos Laurel era necessário que existisse algo. E entre nós dois não existe nada, na verdade nunca existiu. - Expliquei como se lidasse com uma criança. Na verdade uma criança teria entendido isso mais rapidamente do que Laurel.

— Bem, sendo assim, eu terei que pedir meu pai para retirar o investimento que fizemos na sua Companhia. - Falou com um sorriso vitorioso nos lábios. E eu não consegui segurar o riso com a tentativa dela de me manipular.

— Laurel. Acabou, você pode tentar me chantagear, me manipular ou fazer qualquer joguinho idiota que essa sua cabecinha pense que vai funcionar. Eu não me importo. Diga ao seu pai para retirar o investimento da minha companhia, faça o que quiser, mas você e eu - Falei apontando meu dedo de mim para ela - Isso nunca vai acontecer. - Finalizei em um tom duro e firme, deixando bem claro minha posição. Vi seu rosto se contorcer em uma carranca de desagrado.

— Isso é por causa daquela loira? - Perguntou com uma cara de repulsa - Ela não tem nada a te oferecer Oliver, é só uma garota falida com um pai doente.

— Muito pelo contrário Laurel, ela me oferece algo que jamais encontrei em outra pessoa - respondi sinceramente. - Agora é hora de você ir embora. - falei olhando as horas. Ela bufou de raiva, mas acabou se dirigindo a saída.

Subi o mais rápido que consegui as escadas e fui em direção ao quarto de Felicity, o tempo que passei com ela mais cedo me despertou para a realidade. Eu a queria na minha vida e eu sempre iria querer, era tolice ignorar esses sentimentos por mais tempo, já era hora de conversarmos e colocar tudo a limpo.

Cheguei em seu quarto e notei que a porta estava entreaberta, observei que ela estava falando no telefone e andando de um lado para o outro parecendo preocupada. Pelo teor da conversa provavelmente era com algum advogado.

Eu sei Doutor Rubens, peça aos credores para esperarem mais alguns dias. A transação do leilão já está quase concluída, em breve eu quitarei parte da dívida. - ouvi ela dizer - Obrigada.

Eu não sabia que a situação era assim tão crítica, eu sabia que eles estavam endividados, mas não tinha ideia do quanto. Eu queria fazer algo por ela, ajudá-la de alguma forma. Me senti mal por aquele primeiro momento em que usei da situação financeira dela para mostra a minha “superioridade”. Eu havia sido estúpido e vingativo, mas eu não seria mais assim. Estava decidido a consertar essa imagem, decidido a ser aquele rapaz que ela tanto amou.

Esperei alguns momentos assim que ela terminou a ligação e bati a porta.

— Oliver. - respondeu cruzando os braços e dando um passo para trás numa reação retraída. Fiquei chateado com isso, nós já não tínhamos passado dessa fase?

— Você me fez uma pergunta. - falei com um olhar ansioso, eu queria responder.

— Nós não precisamos falar sobre isso. - Porque ela estava se afastando de novo? Eu não aceitaria essa distância que ela estava tentando impor novamente. Dei alguns passos entrando em seu quarto disposto a acabar com aquele afastamento. Mas assim que entrei lá fui inundado pelas lembranças. O quarto dela ainda era exatamente como eu me lembrava, meu olhar caiu diretamente sobre a cama onde eu a fiz minha pela primeira vez. E então eu vi, sobre a cama a nossa foto e simplesmente fui atraído até ela, a peguei em minhas mãos e foi inevitável não sorrir com a lembrança daquele dia. Nós éramos tão jovens, felizes e apaixonados. Eu queria viver isso outra vez, mas eu precisava da minha outra metade, eu precisava dela para dar sentido a minha vida, para deixar meus dias mais belos. Eu precisava dela para trazer de volta a pessoa que eu era, só assim eu seria feliz outra vez.

Coloquei a fotografia de volta no lugar e olhei para Felicity que estava em um canto do quarto se mantendo afastada de mim. Ela parecia um pouco triste e percebi que aquele lugar também traziam à ela as mesmas lembranças. Caminhei até ela, encurtando a distância entre nós. Eu não entendia porque ela teimava em se afastar. Será que ela não sentia essa estranha força que parecia nos puxar um em direção ao outro?

— Eu sei que está tarde, e provavelmente eu deveria ter falado isso antes - falei baixo e não escondendo a emoção que eu sentia, mantendo o meu olhar no dela eu precisava que ela visse em mim a intensidade do que eu sentia - O que acha de sair para jantar? Nós podemos conversar um pouco sobre a sua pergunta e todo o resto. - falei e percebi que ela prendeu a respiração.

— Sua namorada não vai se incomodar? - Seu tom foi controlado, mas eu pude sentir uma pontada de ciúmes nele. Ciúmes que ela tentou desesperadamente esconder. Sorri com aquilo, era por isso que ela estava se afastando.

— Acho pouco provável já eu não tenho uma namorada.

— Oh. - Exclamou surpresa. - Então eu acho uma ótima ideia. - respondeu depois de alguns momentos, os olhos dela brilhavam de contentamento. E perceber isso me fez sorrir ainda mais.

— Obrigado. - Agradeci. Mas antes de sair levei uma de minhas mãos até uma mecha de cabelo dela e coloquei atrás da orelha dela, estava morrendo de vontade de fazer isso desde que vi seus cabelos soltos. Felicity suspirou com o meu gesto. - Vejo você daqui a pouco.

Deixei o quarto dela com um sorriso imenso nos lábios, eu tinha aquela sensação de que as coisas estavam finalmente entrando nos eixos, e em breve eu teria minha Felicity de volta.

***

Felicity  Smoak

Eu ainda não acreditava que estava tendo aquela oportunidade, poder conversar com Oliver abertamente, explicar as coisas. Eu estava ansiosa e também nervosa. Será que ele acreditaria em mim quando eu contasse sobre a carta? Será que ela me perdoaria por não ter lutado por ele?

Eu ainda estava receosa sobre os sentimentos dele por mim, e ver a tal morena perto dele não ajudou em nada. Porém, a reação dele quando esteve em meu quarto era algo que eu não poderia ignorar. Eu percebi que ele se lembrou de nós, e eu vi o quanto aquilo o afetou. A forma carinhosa como ele olhou para a nossa foto, como se quisesse recuperar aquilo. Eu reconheci a reação dele porque eu tive a mesma reação. E aquilo me encheu de esperanças, de uma forma a qual eu nunca me permiti ter antes.

Me olhei no espelho do quarto satisfeita com a minha imagem optei por um vestido preto simples e discreto. Respirei fundo, estava na hora. Quando cheguei às escadas encontrei Oliver me esperando no final delas, seus olhos em nenhum momento desgrudaram de mim enquanto eu descia os degraus. Eles me fitavam de uma forma diferente, uma forma que me deixava extasiada.

— Você está deslumbrante. - Corei com o elogio e a forma que ele me olhava, era um olhar de felicidade, um olhar de carinho e amor. Eu não sei quando foi que isso aconteceu, mas ele estava ali: meu rapaz de olhos azuis. Ele havia voltado pra mim.

— Você também está. - Falei o observando mais atentamente. Sim, ele estava deslumbrante, mas não era por causa da roupa que vestia ou seu corte de cabelo. Não, era a pelo belo sorriso em seus lábios e o semblante leve em seu rosto. Desde que eu o havia reencontrado eu nunca tinha visto Oliver assim tão... feliz.

Oliver escolheu um restaurante italiano de muito bom gosto, era sofisticado, mas simples. E o melhor não estava muito cheio, isso nos permitiria conversar mais a vontade. Eu estava nervosa com esse encontro, embora não devesse. Porque conversar com Oliver sempre foi algo fácil e natural, parecia que estávamos sempre na mesma sintonia. E foi exatamente assim. Oliver me contou sobre como surgiu a ideia de construir a empresa dele, de como foi difícil entrar no mercado, e como o pai dele sempre o apoiou. Me senti orgulhosa do sucesso dele. Em contrapartida eu falei sobre a faculdade de Tecnologia da Informação, do quanto eu senti falta de Star City no tempo que morei na Alemanha.

Nos divertimos apreciando a companhia um do outro. Em determinado momento eu comecei a me sentir um pouco triste.

Todo esse encontro foi como um vislumbre de como a minha vida com Oliver poderia ter sido se eu tivesse ficado em Star City, se o meu pai não tivesse nos separado. E Deus, eu queria muito isso. Meu coração, minha alma, tudo parecia certo quando eu estava com Oliver. Era agonizante ter tudo isso por apenas um momento quando eu queria viver assim o resto de minha vida com ele.

Eu reparei que durante todo o jantar evitamos os tópicos que deveríamos ter conversado. Era necessário falar sobre essa parte dolorosa, mas acho que tanto eu quanto ele não queríamos estragar o bom momento que estávamos vivendo.

— Eu nunca imaginei que nossas vidas tomariam esse rumo. - Oliver confessou em determinado momento - Eu sempre gostei de pensar que estaria sempre na sua vida. - Dei um pequeno sorriso triste, havíamos chegado ao assunto “nós”.

— Você prometeu isso na verdade. - falei me lembrando com melancolia daquele dia, “sempre” ele dissera num tom de eu te amo.

— É, eu prometi. - desviou o olhar para a mesa evitando os meus olhos, a mão dele procurou a minha e ela as entrelaçou, suspirei com aquele gesto meu coração estava batendo a mil por hora, aquele toque me fazia sentir tantas coisas, me fazia lembrar de como era estar viva. - Eu preciso me desculpar com você. - Ele disse e seus olhos saíram de nossas mãos e ergueram para fitarem os meus.

— Como? - Perguntei ainda um pouco atordoada com a confusão de sentimentos em mim. Se alguém deveria pedir desculpas esse alguém era eu.

— Por ter sido rude. - Falou soando envergonhado.

— Oliver, você teve seus motivos. - justifiquei, eu não poderia condena-lo por seus atos quando eu era responsável por ele ter se tornado assim.

— Sim eu tive. - Seus olhos queimaram em mim - Mas isso não justifica eu ter tratado você assim tão mal. Você sabe o que eu tentei fazer, foi infantil e mesquinho. Eu realmente me arrependo muito.

— Não tem problema, isso é passado. - Falei apertando a mão dele na minha, isso o fez sorrir. Então eu me lembrei de um outro assunto que precisava ser discutido. - Oliver, sobre a carta eu preciso me desculpar por isso também - Notei que ele enrijeceu a menção a infame carta, até mesmo seus olhos escureceram.

— Por favor, não vamos falar disso agora. - Pediu. - Amanhã, nós conversaremos sobre isso. Não vamos estragar o que estamos vivendo agora com essas lembranças dolorosas.

Eu não queria mais adiar esse assunto, mas acabei assentindo.

****

Oliver Queen

Eu não queria falar sobre a carta, em parte por que eu estava com medo de ouvir a resposta dela. Com medo que ela dissesse que achou melhor não responder a carta que eu havia lhe escrito. E em parte porque ela estava aqui comigo agora. Ela claramente tinha sentimentos por mim, eu não gostaria de estragar o bom momento que estávamos vivendo com essas lembranças dolorosas, eu não deveria me importar com as coisas do passado.

Voltamos para casa e eu acompanhei até o quarto dela, não tinha certeza de como as coisas seriam agora.

Obrigada pelo jantar incrível. Obrigada por tudo o que você tem feito por mim, eu sei que depois de tudo o que aconteceu entre nós Oliver, você não tinha que fazer nada por mim ou pelo meu pai. Mas ainda assim você fez, e eu serei eternamente grata. - Ela agradeceu.

— Eu fiz por tudo por você Felicity. - Confessei, eu simplesmente não suportava ideia de vê-la sofrendo, eu precisava saber que ela estava bem só assim eu me sentiria bem - E sou eu quem deve lhe agradecer. - Falei e ela parecia confusa - Obrigado por me fazer sentir tudo isso outra vez, de trazer de volta o rapaz que eu era e que eu havia perdido em algum lugar dentro de mim. Obrigado por encontrá-lo. - O olhar dela brilhava de contentamento e havia um pequeno sorriso em seus lábios vermelhos. Seus lábios.

A primeira vez que eu beijei Felicity Smoak eu senti um gosto doce de morango, misturando com uma sensação de ter encontrado uma parte de mim que estava faltando e eu nunca tinha sentido a falta, mas agora com ela tudo parecia correto e eu estava inteiro outra vez. Quando nossos lábios se tocaram pela primeira vez, algo em mim se acendeu, meu corpo se aqueceu e eu senti que de alguma forma eu estava procurando por ela. Foi o melhor beijo do mundo, ah e foi molhado porque estava chovendo e ainda assim foi perfeito, não nos importamos com a chuva naquele momento estávamos ocupados demais vivenciando aquele sentimento novo, nos deixando consumir por aquela estranha sensação de ter encontrado algo que eu ha muito procurávamos. Será que os lábios dela ainda teria aquele mesmo gosto? Será que eu ainda sentiria a mesma sensação de que ela era o meu paraíso?

Eu esperava que sim.

Toquei uma mecha de seu cabelo dourado com a ponta dos dedos, senti a maciez daquela textura e sorri ao me lembrar o quanto eu gostava de brincar com o seu cabelo, passei a mecha para trás de sua orelha e repousei minha mão delicadamente em seu rosto fazendo um pequeno carinho ali, permitindo que a minha mão se regozijasse com a sensação que era tocá-la. Quando meus olhos voltaram para os dela, eu me senti preenchido por uma paz sem tamanho, aquele azul translúcido me lembrava o céu em um dia claro de verão, mas dessa vez não haviam nuvens me impedindo de ver o quão maravilhoso era aquele céu. E assim eram os olhos de Felicity, nada os nublava, tudo era claro e verdadeiro. E eu via ali todos os seus sentimentos, tudo o que ela ainda sentia por mim.

Ela fechou seus olhos quando eu me aproximei lentamente ansiando pelo momento em que os meus lábios tocariam os dela, eu senti novamente aquela familiar sensação de milhares de borboletas batendo suas asas em meu estômago, não evitei um sorriso porque eu apreciava aquela sensação de estar apaixonado. De sentir vivo, de amar.

Mas a vida nunca é tão simples, e na maioria das vezes ela tem um timing terrível, eu digo isso porque segundos antes que meus lábios tocassem os dela o celular de Felicity tocou interrompendo o nosso momento.

— Alô? - Disse, e depois ficou muda por um tempo. Fiquei preocupado porque a cor imediatamente sumiu de seu rosto. - Eu estou indo para ai agora.

— O quê aconteceu? - perguntei preocupado.

— Meu pai.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que vocês devem estar: Mas Luna porque eles não conversaram sobre a carta? Espero que entendam que eu tenho planos para essa carta, e além disso o capitulo já tava muito grande, enfim sejam pacientes! Comentem, preciso saber se vocês gostaram...