“Uma estreita trilha era o que os levaria até o topo da colina, sem pensar duas vezes ou olhar para ver se o homem a seguia Salácia adentrou a trilha e se aventurou a subir a colina.

Kallel já fora mais cuidadoso, olhara para trás para ver se alguém os vira ou os seguiria, porem nada fora detectado e logo ele seguia a garota.

A subida era íngreme e difícil, pois a qualquer momento parecia que eles poderiam escorregar ou tropeçar nas raízes das arvores que se sobrepunham a terra. O suor lhe escorria pelo rosto, o cabelo lhe grudava na testa e seus joelhos falhavam.

- Quanto tempo ainda de subida Salácia?

A ruiva não estava em um estado melhor do que o homem, mas ela aproveitava a subida observando a paisagem ao seu redor, o quanto o verde das arvores, o amarelo dos raios solares e o cinza das pedras combinavam em si e encontravam sua própria harmonia.

- Não sei Kallel!

- Deveríamos ter pedido para que alguém nos guiasse!

- Pra ter mais um falando no meu ouvido em um lugar isolado onde um corpo morto facilmente serviria de alimento para animais e nunca mais encontrado? Acho que não!

- Você não acha que esta muito homicida hoje não?

Salácia respirou fundo e uma brisa fresca passara por si.

- Sim eu acho que estou então creio que seja melhor para a sua saúde se manter quieto e não torrar a minha escassa paciência!

Kallel não saberia se foi a frase ou o olhar que a mulher lhe lançou que o fez se calar, mas naquele momento ele realmente sentiu que sua vida corria risco, por isso se calou pelo resto da subida.

No topo da colina a vista e o ar eram maravilhosos, as nuvens rodeavam tudo e de um lado se podia ver o oceano se estender pelo horizonte e do outro um descampado que logo dava inicio a descida da colina e a floresta que ali vivia, mas no meio disto tudo uma pequena cabana ali existia, era simples, coberta de trepadeiras e cercada por rosas amarelas e verbenas roxas. De dentro da cabana uma doce voz vinha, o canto era calma, serena e amorosa. Respirando fundo Salácia se aproximou e levantou o punho para bater na porta e foi quando a voz que cantava se calou.

- Entre querida a porta esta aberta!”

Antes de abrir a porta Salacia teve de respirar fundo para se acalmar, a voz doce e serena da garota havia lhe assustado, afinal não esperava que ela realmente soubesse de sua presença, mesmo sabendo de seu dom, ela realmente não acreditava naquilo. Kallel apenas suspirou e olhou para o céu, para ele era apenas mais uma maluca que iria conhecer.

Lentamente a ruiva abriu a porta de madeira rustica e assim que seus olhos repousaram dentro da moradia ela avistou a figura de uma garota de curtos cabelos loiros platinados a regar alguns vasos de plantas.

- Não se preocupem, logo eu falo com vocês, preciso apenas terminar de regar minhas plantas!

- Sim, claro, aproposito eu sou...

- Princesa Anny, agora mais conhecida como a impiedosa pirata Salácia e ao seu lado esta o príncipe renegado Bernardo, também conhecido como o sanguinário capitão do Blood Baron, o temido capitão Kallel!

Salácia não sabia o que falar, em sua mente o caos se instalara.

- Vo... Você realmente pode...

- Prever o futuro? Não, eu não posso, só sou apenas uma excelente observadora e sou expert na arte de ouvir rumores sem ser vista!

- Então como?

- Há algum tempo ouve um grupo de mercantes que chegaram aqui comentando sobre a beldade que agora havia abordo do Blood Baron e bem, sobre o capitão, ele é quase que um frequentador assíduo das casa de prazer da cidade!

Ao terminar de falar ela se virou e novamente surpreendeu os presentes com sua presença, sua pele parecia nunca ter sido tocada pelo sol devido a sua natural clareza, seus olhos era iguais a de um gato, sua pupila era uma fenda em vertical e eles possuíam um tom dourado, seu rosto possuíam linhas suaves e um sorriso angelical e usava um vestido celta em uma amarelo bem claro, ela realmente os havia pego de surpresa, ela era realmente linda e delicada.

- Então, o que os trazem a minha humilde residência?

Salácia havia deixado de observar a garota para observar a reação do homem ao seu lado, que ainda encarava a loira com um olhar de cobiça, chegava a quase babar. Com um sorriso angelical que colocaria medo até no mais temido demônio, ela o chamou.

- Kallel...

O homem afastou seu olhar da loira para olhar a ruiva, mas ao ver os olhos dela brilharem em ódio e desejo por sangue, seu sangue gelou e um friu lhe escorreu pela espinha.

- Sim?

- Quer perder suas bolas?

Como um bom garoto ele apenas lhe negou com um aceno de cabeça.

-Então pare de encarar a garota como se ela fosse a ultima garrafa de rum em um deserto!

Novamente ele apenas afirmou com um simples manear de cabeça. Lyra apenas sorria diante aquela cena.

- E então Salacia, o que lhe traz a minha casa?

A ruiva parou de encarar o moreno mortalmente e dirigiu sua atenção para a loira.

- Estou procurando minha mãe!

- Não vejo a Lorel a mais de dez anos querida!

- Você não sabe nada sobre onde ela possa estar?

- Eu? Imagina querida, sou a ultima pessoa que poderia saber, mas sei quem pode ter alguma informação sobre ela!

Lyra parecia verdadeiramente surpresa com a ruiva e olhando fundo em seus olhos ela se surpreendeu ainda mais.

- Você não sabe de nada, não é?

- Do que você esta falando?

- Não, nada, mas enfim, seu eu fosse você deveria encontrar as rainhas!

- Rainhas?

- Sim, as rainhas do equilíbrio, donas de uma beleza impar, rainhas de nascimento e guardiãs dos elementos, mais conhecidas como as rainhas elementais!

- Isso só é uma estória de criança, não de ouvidos a ela Salácia!

Lyra sorriu enigmática para o homem.

-Você sabe que não é só uma mera estória, não é príncipe!

- Kallel?

- Meu pai me contou a muito tempo que conhecera uma dessas rainhas, não sei qual, apenas disse que ela era uma pessoa inesquecível!

- Vou lhe dar uma aula de estória sobre o nosso mundo Salácia!

- Hn?

- O nosso mundo há muito tempo fora dividido em quatro grandes clãs, o Clã do Norte pertencente à tribo do fogo, o Clã do Oeste pertencente à tribo da água, o Clã do Sul pertencente a tribo da terra e o Clã do norte pertencente a tribo do ar, mas antes de as rainhas tomarem posse elas tinham de se reportar periodicamente a duas lendárias criaturas, os Dragões do equilíbrio, mas em um golpe de estado elas separaram os dragões e tomaram posse definitiva de seus reinos, mas ao contrario do que pensaram os dragões não se ressentiram ou decidiram se vingar, eles apenas se livraram de um incumbência que a muito já haviam lhe cansado e cada um seguiu seu caminho e as rainhas finalmente tiveram seu povo para si mesmas. Cada clã possui sua própria característica, como a cor dos cabelos, dos olhos, forma de pensar ou de agir!

- Você pode me ajudar a encontra-las?

- Infelizmente querida ninguém sabe onde elas vivem, há apenas boatos, enigmas em forma de poemas, que podem indicar o caminho, mas apenas um é verdadeiro!

- Você o possui?

- Sim, eu sou a possuidora do segredo de uma das rainhas, mas somente por você ser você e filha de quem é irei lhe entregar o segredo, mas quero que saiba, a jornada é longa e perigosa e o que você encontrar pode não ser o que queria!

- Eu quero encontrar minha mãe, quero saber por que ela me abandonou!

- Você ainda é só uma criança, tem certeza de que quer trilhar este caminho?

- É melhor do que viver sem saber os por quês!

Lyra soltou um longo suspirou, levantou uma e um livro voou da prateleira do outro lado do cômodo e pousou suavemente em sua mão. Com delicadeza ela abriu o livro e dele retirou um pergaminho velho e o entregou a garota.

- Este pergaminho possui o caminho para o reino dela, eu só posso deixa-lo com você criança e que a deusa guie seu caminho, e se acaso conseguir chegar a rainha, diga a ela que sua filha sente sua falta!

Lyra deu-lhe um beijo na testa e se retirou do casebre e na penumbra da noite sumiu por entre as sombras.

- Como...

Salácia não conseguia tirar os olhos daquele pedaço de papel enrolado, suas mãos tremiam.

- Você esta bem!

- Sim, eu só preciso...

- Abrir o pergaminho e ver que caminho termos que seguir!

- Você fala como se fosse uma coisa fácil!

-Então vamos voltar para o navio, lá você decide o que fazer com o pergaminho!

Salácia encarou o moreno e suspirou, não pela primeira e nem a ultima, ela faria o que ele dissera.

- Vamos!

A garota ia à frente, porem seus pensamentos estavam no pergaminho que trazia firme em sua mão, tudo aquilo que Lyra lhe contara girava em sua cabeça. Kallel seguia a garota, mas seu semblante era carregado de preocupação, não conseguia dizer o que se passava pela mente da garota. O silencio predominava, Salácia ignorava a todos a sua volta no caminho do navio, não se importava com as mulheres que lançavam olhares e assobios para o homem ao seu lado.