Amor à venda. escrita por Nina Olli


Capítulo 31
Capítulo 28 - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores. Esse capítulo ficou tão grande que eu não consegui revisá-lo inteiro (é muito triste não ter o tempo que eu gostaria pra fazer isso) portanto, resolvi dividi-lo para não ficar tantos dias sem postar. Tentarei corrigir ainda essa semana a parte II. Queria agradecer a Karoliina Oliiveiira pela indicação, muito obrigada por sempre acompanhar, é muito gratificante saber que tantas pessoas ainda estão por aqui, apesar dessa autora ser tão sumida! Obrigada de coração e boa leitura para todos!



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"O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se". (Vinicius de Moraes)

Vincent ajeitou a sua gravata com certa impaciência. Já era sexta-feira e o líder de equipe aguardava Amelia em frente a sua casa, impecavelmente vestido a rigor para o maldito evento. Olhou o seu reflexo no espelho da limousine e revirou os olhos.  

Claro que o velho Larsson mandaria uma limousine.

A cada minuto que passava, Vincent tentava se convencer de que era um encontro estritamente profissional, mas algo não estava certo. Algo fazia tudo aquilo parecer uma má ideia. Algo não, alguém.

Gilan.

As suas poucas tentativas de se aproximar da jovem resultaram em respostas curtas e vagas. Para ser franco, havia sido uma semana silenciosa demais, uma vez que a assistente visitara Kerya e Elaine constantemente, mal ficando no apartamento. 

Com as mãos nos bolsos, encarou os próprios sapatos e os bateu levemente na calçada enquanto ainda aguardava pela sua companhia da noite. Um cheiro inconfundível de chanel invadiu as suas narinas o fazendo subir o olhar. Amelia usava um longo vestido preto com pontos cintilantes e costas desnudas, e os cabelos castanhos soltos envolvendo os seus ombros bronzeados. Não se lembrava que Amelia podia ser tão elegante, ou apenas não a estivesse notando como deveria. Mas nesse momento, ele a olhava com a mesma atenção de anos atrás, ou quase. Inconscientemente, Vincent procurou um par de olhos azuis que não estavam lá.

— Eu o fiz esperar demais? — Amelia perguntou com a voz aveludada.

— Ainda é cedo, não se preocupe. — ele respondeu simplesmente, notando a líder de equipe morder o lábio inferior e ajeitar o próprio vestido com as mãos trêmulas. — Você está bonita. — sentiu a necessidade de elogiá-la.

— Obrigada. Você também, como sempre. — Amelia lançou um sorriso radiante.

O motorista de Larsson abriu a porta para eles e ambos entraram na limousine, sentando-se um em cada ponta do automóvel. Relativamente distantes. Vincent abriu um compartimento e tirou de lá um copo e uma garrafa de whisky, erguendo na direção de Amelia como se lhe oferecesse uma dose, porém, a líder de equipe negou imediatamente. Ele deu um gole rápido acabando de uma só vez com o líquido do seu copo e sentiu a sua garganta arranhar por causa do sabor amargo. 

Impaciente, tirou o celular do bolso e o encarou pensativo.

— Esperando alguma ligação? — a voz de Amelia o resgatou do transe.

— Não exatamente. — ele foi seco, mas ao encarar os olhos ternos de Amelia, suavizou a sua expressão. Não estava ali para ser um babaca, afinal. —  Gilan irá a uma reunião com antigos colegas de sua escola e eu deixei o meu carro com ela.

— Oh! Isso é um perigo. — Amelia riu divertida. — Não seja tão ciumento com o seu carro, Vince.

— Eu não sou. — ele riu de volta quando Amelia gargalhou. — É sério, eu melhorei bastante.

— Claro. — ela gargalhou ainda mais. — Lembra quando você comprou o seu primeiro carro? Sequer deixava Elaine tirá-lo da garagem.

— Para a minha defesa, a minha mãe ainda não havia operado da miopia, eu tinha o direito de me preocupar. 

Amelia se aproximou um pouco mais do líder de equipe, pousando a mão delicadamente em seu joelho. Vincent sentiu os seus músculos travarem em resposta.

— Não se preocupe com bobagens, tente aproveitar a noite. — Amelia disse, e suas palavras soaram demasiadamente gentis.

— Sim, é claro. — Vincent se mexeu no banco da limousine, fazendo com que Amelia cessasse o toque. — Me preocupo com Gilan, talvez ela queira beber essa noite, eu deveria ter insistido que pedisse um táxi. — ele confidenciou e franziu a testa apreensivo, enquanto mexia novamente em seu celular. 

Amelia bufou alto, cruzando os braços e encarando a janela da limousine. Vincent percebeu a sua irritação.

— Algum problema, Amelia?

— Não. — ela murmurou apertando os olhos, mas logo em seguida os abriu e encarou Vincent. — Na verdade, sim. Tenho um problema, um grande problema.

— Estou ouvindo. — ele guardou o celular no bolso, colocando a sua atenção na líder de equipe.

— Eu vi algo… — as palavras de Amelia soaram inseguras. — Eu presenciei uma cena e o certo a fazer é falarmos sobre isso, mas não foi assim que planejei me aproximar de você essa noite. — Vincent ainda a encarava com dúvida. — Eu estive indecisa esses dias, refletindo se deveria te dizer. Mas agora, te vendo tão preocupado com ela

Vincent piscou repetidamente e sentiu algo dentro do seu estômago se contorcer. Amelia estava falando de Gilan?

— O que você viu? — foi capaz de dizer, mesmo com a voz rouca e quase inexistente.

— Eu não gosto de fofocas e você sabe exatamente o quanto eu já sofri com boatos. — as palavras de Amelia não faziam o menor sentido, pois Vincent mal conseguia ouvi-las diante de tanta ansiedade. — Mas eu vi. Ninguém me contou, eu apenas vi.

— Pelo amor de Deus, Amelia! Me diga logo o que você viu. — Vincent praticamente berrou, fazendo a líder de equipe hesitar um pouco.

— Eu vi a Gilan e o produtor... Matthew… Em um momento de muita intimidade.

Vincent cerrou os punhos com força e respirou fundo, tentando manter a calma antes de perguntar.

— Que tipo de intimidade, Amelia?

— Eles estavam se beijando.

Vincent fechou os olhos e sua respiração pesada era a única coisa que ele conseguia focar dentro da limousine. Sentiu o seu corpo tremer, e então, deu um golpe violento no vidro que separava o motorista dos passageiros.

— Abra esse vidro! — o líder de equipe gritou. 

Vince, meu Deus! — Amelia tentou tocar em seus ombros, mas ele se livrou imediatamente do toque. — Se acalme! Vamos conversar.

O motorista desceu o vidro e os olhou com confusão.

— Pare esse carro! Agora! — Vincent repetiu. Sentindo o ar do interior daquele veículo ainda mais escasso.

— Você está maluco, Vincent? — Amelia berrou revoltada. — Temos um evento para ir, não podemos simplesmente parar no meio da rodovia.

Vincent sequer a respondeu, assim que o motorista encontrou um acostamento para parar a limousine, ele escancarou a porta do veículo disposto a sair dali, sendo impedido pelas mãos de Amelia.

— Não faça isso, Vince… — ela implorou. — Fique aqui comigo, por favor.

— Me solte, Amelia. — ele pediu entredentes.

A líder lançou um último olhar, completamente incrédula com aquela reação tão desproporcional e o soltou, observando o ex namorado descer do carro e se perder no meio das luzes da movimentada avenida.

xXx

Não soube dizer por quanto tempo andou pelo acostamento e no meio das buzinas raivosas, Vincent se deu conta de que precisava sair dali antes que fosse atropelado por algum motorista maluco.

Ou talvez o  maluco fosse ele. 

Fez sinal freneticamente para todos os carros que passavam, e em alguns minutos, teve a sorte de um táxi parar.

Vincent informou o caminho que precisava assim que entrou no carro, e em seguida tirou o seu celular do bolso. 

— Sara, sou eu. Preciso que você consiga um endereço para mim, imediatamente. Não, eu não estou no coquetel e não me faça perguntas agora, eu preciso logo dessa porcaria de endereço.

— Chegamos, senhor. — o taxista informou depois de alguns minutos.

— Me espere aqui, por favor, eu apenas preciso resolver uma coisa antes de seguirmos. — Vincent desceu do carro e tocou a campainha de um luxuoso condomínio. Logo, a voz do porteiro pediu que ele se identificasse. — Diga apenas que é o Parker. 

Quando chegou finalmente ao andar, viu o produtor encostado no batente de sua porta, vestindo um pijama ridículo de listras, o que o deixou ainda mais possesso. Era um moleque. Um maldito de um moleque que não fazia ideia da onde estava se metendo.

— Vincent? A que devo a honra da sua visita? Você precisa de alguma-

Antes que Matthew pudesse terminar a sua frase, Vincent lançou um soco firme e bruto na direção do nariz do produtor, o fazendo cambalear para trás, quase indo ao chão.

— Fique longe da minha mulher! — Vincent apontou o dedo no rosto de Matthew, sentindo a sua mão latejar de dor pela intensidade do murro.

O produtor o encarou com os olhos arregalados, segurando o nariz ferido na tentativa de controlar os jatos de sangue que vazavam e sujavam as suas mãos, roupas e chão.

— Porra, Vincent! — Matthew conseguiu dizer. — Eu acho que você quebrou o meu nariz.

— E eu vou te quebrar inteiro se você se aproximar da Gilan novamente.

O produtor riu. Simplesmente riu, mesmo com o nariz arrebentado. Vincent nunca pensou que fosse capaz de ficar tão transtornado de raiva, mas aquele insolente era inacreditável. 

A sua vontade era de socá-lo até que o desgraçado desmaiasse.

— Você não pode impedi-la de me ver, Vincent. — Matthew continuava com aquele sorriso imbecil.

O líder de equipe deu um passo até o produtor, que espertamente se afastou, colocando a sua mão na frente, como se isso fosse suficiente para impedir alguma coisa.

— Ei! Não precisa agir como um homem das cavernas. — Matthew mexeu no nariz, ainda sentindo o sangue quente, e reclamou da dor. — Francamente, você precisava me bater?

— Você merecia coisa pior.

— Não fale comigo como se eu não o tivesse visto naquele bar, Vincent. — Matthew o relembrou, fazendo o líder de equipe baixar a guarda pela primeira vez desde que chegara naquele condomínio.

— Você contou para ela, não contou? — sentiu o seu estômago embrulhar.  

— Não. Mas ela sabe. De alguma maneira, Gil sabe. — o produtor não parecia mentir.

Vincent soltou o ar dos pulmões, e em seguida, encarou os olhos do produtor.

— Ela é minha mulher. — Vincent finalmente disse. — Gilan está comigo, Matthew.

— Eu sei. Ela escolheu isso, estar com você. — Matthew se aproximou perigosamente de Vincent. — E você? O que faz aqui no meu apartamento? O que estava fazendo com Amelia? Quando você está escolhendo ficar com a Gilan?

— Você não sabe o que está acontecendo. — Vincent rosnou. — Você não pode me julgar.

— Sim. — o produtor crispou os lábios, concordando. — Você está certo, eu não posso. Mas mesmo assim, eu estarei aqui. Se ela me procurar, se ela me quiser. Se Gil precisar de mim, Vincent, eu estarei aqui e você não pode fazer nada para me impedir.

Vincent bufou contra o rosto do produtor e ergueu o seu punho, mas fechou os olhos buscando algum resquício de bom senso dentro de si.

— Se eu te pegar perto da minha mulher novamente, eu acabo com você. — Vincent encarou Matthew.

— Eu não tenho medo das suas ameaças, Parker. — o produtor retrucou.

Vincent se afastou e andou em direção ao elevador, sentindo os olhos do produtor o acompanharem. 

— Isso não é uma ameaça, Matthew… — virou-se devagar encarando o colega. — É uma promessa.


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Notas finais do capítulo

Até semana que vem com a parte II... o/