Amor à venda. escrita por Nina Olli


Capítulo 10
Capítulo 8 - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Queria agradecer de coração aos comentários. Realmente, isso me anima demais... A história bateu mais de 1.000 visualizações e estou muito feliz. =)



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"É o ego que dá-lhe feridas e te machuca. É o ego que faz você violento, com raiva, ciúmes, competitivo. É o ego que é continuamente o sentido miserável da vida." (Osho)

 — Você está com frio? — ele perguntou, a guiando com agilidade.

— Não. Eu estou ótima. — Gil respondeu, ajeitando o casaco que o chefe emprestara.

— Claro que está. — o Sr. Parker aumentou a velocidade dos passos. — A Srta. Missão impossível sempre está ótima. — ele disse com deboche. — Consegue impressionar os fornecedores, carregar os equipamentos, montar as barracas.

Nada poderia explicar o comportamento do Sr. Parker. Gil até cogitou que o chefe, talvez, sofresse de algum transtorno bipolar. 

Ou era oficialmente um lunático mesmo.

— O senhor está querendo me dizer alguma coisa?

— Só estou puxando assunto, Gilan. Você se divertiu naquela noite com o produtor? — mesmo que o seu tom de voz soasse amigável, o chefe não a convenceu de maneira alguma.

— Matt é sempre muito agradável.

— Eu imagino. — o chefe a soltou e parou repentinamente. Gil chocou o seu rosto nas costas dele e ele a encarou sem paciência. — Tenha mais cuidado, garota.

— Mas foi o senhor quem parou de repente... — Gil massageou o seu nariz que ficou dolorido com o trombo.

— Me siga. — ele andou com cautela, desviando-se dos galhos das árvores.

O chefe acelerou novamente os passos e quando Gil tentou alcançá-lo, não reparou em uma pedra solta pelo caminho. Ela pisou em falso, escorregando, e em seguida, caindo. O barulho fez com que o Sr. Parker se virasse e a encontrasse toda espatifada no chão.

— Gilan! — ele agarrou o corpo frágil dela e a ergueu, fazendo os seus narizes se tocarem por um momento. — Poderia prestar a atenção na porcaria do caminho?

— Se o senhor tivesse o cavalheirismo de me esperar, eu não precisaria correr. — ela retrucou, massageando o cotovelo. O seu braço realmente doía.

— Você se machucou? — o chefe a examinou.

— Eu acho que não. — ela esticou o braço. 

— Tente não dar trabalho, eu tenho que te devolver inteira ao acampamento. — ele reclamou.

— Trabalho? — ela o olhou furiosa. — O senhor me fez carregar dezenas de equipamentos pesados e montar inúmeras barracas sozinha, e depois, praticamente me arrastou até aqui para buscar lenhas, sendo que há vários homens mais fortes que poderiam fazer essa tarefa. E sou eu quem está te dando trabalho?

— Faça silêncio. — o chefe a ignorou e virou-se de costas. — Estou me concentrando em encontrar o caminho.

—  Como assim encontrar o caminho? Não me diga que estamos perdidos?

— Nós não estamos perdidos. Eu apenas não estou me lembrando dessa parte da trilha. 

— Oh meu Deus, nós estamos realmente perdidos. — Gil choramingou.

— Se você não ficasse tagarelando eu conseguiria me concentrar. — o chefe analisou a paisagem ao redor. Ele coçou o queixo e em seguida, virou-se para a esquerda. Andou mais alguns passos. Parou. Coçou o queixo novamente, e virou-se para a direita. — Nós entramos na primeira trilha até a placa do lago. Viramos à esquerda e seguimos até a trilha de pedras. Ok. Estamos aqui, agora... Só precisamos chegar até a ponte... É isso!

— Mas eu não estou vendo nenhuma ponte. — Gil tentou controlar o desespero em sua voz. 

— Apenas me siga, e se não for pedir muito, em silêncio.

Depois de alguns minutos, Gil avistou uma gigantesca estrutura de madeira. Mas a visão era um pouco diferente do que ela imaginava. A ponte estava completamente destruída, tornando impossível fazerem a travessia.

— Era só o que me faltava. — o chefe passou a mão pelos cabelos. — O galpão de lenhas fica do outro lado. Merda! Se estivéssemos em Fort Worth nada disso estaria acontecendo. — ele pegou alguns gravetos espalhados pelo chão. — Essas porcarias não irão esquentar tantas pessoas, além do mais, precisaríamos das carriolas que estão no galpão. — o chefe começou a andar em círculos. — Maldita hora em que eu decidi acampar aqui.

— Vamos dar a volta. — Gil sugeriu, tentando ignorar as lamúrias do Sr. Parker.

— Dar a volta no lago? — ele caiu na gargalhada, e Gil quis socá-lo. — Você está completamente maluca?

— E qual o problema, hein? — Gil ficou um pouco vermelha, odiava fazer papel de boba. — Nós... Nós trouxemos equipamentos e temos lanternas.

— Você não consegue nem andar sem cair e quer dar a volta nesse lago imenso?

— Tudo bem, fique aí então. — Gil marchou até as margens do lago, deixando o chefe para trás. 

— Aonde você pensa que vai? — ele a chamou.

— Quem está encarregada de buscar a lenha sou eu, o senhor nem deveria estar aqui para começo de conversa.

— Não seja mal agradecida. Eu estou aqui para ajudá-la.

Que grande ajuda. — Gil resmungou baixinho. — Não é capaz de me esperar, não sabe o caminho da trilha e fica me irritando. 

— O quê você está murmurando?

— Que eu estou contornando o lago. — ela disfarçou e continuou andando.

— Não seja teimosa. Está ficando escuro. — o chefe observou, mas ela o ignorou e continuou andando. — Gilan! Pare agora!

— Não. — Gil acelerou mais um pouco o passo.

— Pelo amor de Deus! O que você acha que vai ganhar com essa pirraça? Eu estou dizendo que é perigoso.

— O senhor não precisa me seguir. — ela provocou.

— GILAN ROBERT! — o chefe gritou enfurecido. — Pare de andar agora!

— Já que o senhor insiste... — e então, ela começou a correr.

Gil ouviu os passos do Sr. Parker logo atrás, mas não ousou se virar. Ela estava tão exausta de tudo, só queria se afastar e deixá-lo um pouco para trás. A sua garganta se fechou e algo estranho apertou o seu peito. Por que ela se sentia tão angustiada assim? 

O que havia no Sr. Parker que a deixava tão estupidamente sensível? Sentiu que começaria a chorar e correu ainda mais rápido.

Foi nesse momento que os seus pés perderam a firmeza e numa fração de segundos, ela não sentiu mais o chão sólido abaixo de si. 

A dor do impacto fez com que Gil gemesse alto. Estava completamente suja de terra e não conseguia se mexer. Tentava falar, mas a sua voz parecia fraca demais, tornando impossível que respondesse os gritos desesperados que a chamavam. Não pode mais resistir e desistiu de segurar as suas lágrimas.

Era oficial. Gil estava, literalmente, no fundo do poço. 

E então, desmaiou.

xXx

Vincent não conseguia acreditar no que acontecia. Ele estava mesmo correndo atrás da sua assistente no meio de uma mata? 

Aquela garota o tirava de seu juízo perfeito.

De repente, a assistente desapareceu de sua vista como se tivesse sido sugada pela terra. Um grito de dor cortou o silêncio. 

E ele paralisou.

Demorou alguns segundos para entender que Gilan havia se machucado. E o seu corpo inteiro tremia enquanto ele se aproximava do buraco. E nunca, em toda a sua vida, correu tão rápido. 

Ajoelhou-se na borda da cavidade e avistou a assistente suja e inconsciente.

— Gilan! — ele gritou. O desespero o deixou completamente atordoado. Vincent continuou gritando, mas ela não respondia.

Ele precisava pensar em alguma solução, não tinha ideia da gravidade dos ferimentos da jovem. E com as mãos trêmulas, tirou da mochila todos os equipamentos que trouxera.

Pegou um mosquetão e uma corda de rapel e correu em direção a uma árvore. Amarrou a corda com rapidez e encaixou o mosquetão em sua roupa, puxando com bastante força para ficar bem preso. Pegou também uma corda de nylon um pouco menor, e com cuidado, desceu. 

Seu antebraço direito raspou na lateral do buraco e algo preso na terra o cortou profundamente. Ele gemeu de dor, mas não cessou os seus movimentos. Precisava saber se Gilan estava bem. Vincent chegou até o fundo do buraco e se aproximou da assistente. Ele tentou reanimá-la, mas ela continuava inconsciente. Checou a sua pulsação e verificou se ela havia quebrado algum osso. 

Aparentemente, a jovem estava apenas desacordada e sem maiores lesões. Com cuidado, ele a colocou em suas costas e os envolveu com a corda de nylon, prendendo bem, para que o corpo dela não pendesse para trás.

Definitivamente, não era assim que havia planejado testar os equipamentos da Rise&Sun.

Sem conseguir explicar como surgiu tamanha força, ele os impulsionou para cima, subindo devagar até o topo. O seu braço sangrava incessantemente e a dor era horrenda. Vincent sentiu a sua pressão cair e as suas mãos cederam, os fazendo deslizar um pouco para baixo. Iriam despencar dali. E isso poderia agravar a situação.

Respirou fundo e os puxou com toda a força que pode. Agora eram as suas mãos que sangravam. Elas queimavam a cada vez que ele subia, o fazendo experimentar uma dor insuportável. Quando chegaram finalmente ao topo, Vincent soltou o corpo da jovem e a esticou suavemente no chão. Deitou-se ao seu lado tentando recuperar o fôlego.

Ele a encarou por alguns segundos e percebeu que a roupa dela estava coberta de sangue. Vincent levantou-se apavorado e checou cada parte do corpo da assistente, e felizmente, o sangue que a cobria era apenas o dele.

Gilan não estava ferida e Vincent suspirou aliviado. 

Descansou por alguns minutos e olhou para o seu próprio ferimento. O corte parecia sério. Precisava sair dali o mais rápido possível. Ele a segurou em seus braços e seguiu em direção ao acampamento. Não demorou muito para ouvir algumas vozes conhecidas.

Quando finalmente se aproximou das barracas, ajoelhou-se e colocou o corpo de Gilan deitado à sua frente. E então, avistou Elaine com a expressão horrorizada. Avistou também Matthew Green, que gritava e corria desesperadamente em sua direção.

E antes que pudesse dizer uma só palavra, tudo ao seu redor transformou-se em uma sinuosa e confortável escuridão.

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Notas finais do capítulo

Eu sei. Foi um capítulo menor. Mas não fiquem tristes, muitas coisas irão acontecer e estou ansiosa para que vocês leiam os próximos capítulos. Até o/



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