Edward parecia prestes a ter um colapso. Sentia o seu organismo todo reagindo aquilo feito louco. Seu coração bombeava freneticamente, sua respiração estava rápida e entrecortada. Sentia as lágrimas nos olhos, ardia e era como chover depois de sentir tanto calor. Ela estava ali, assim como disse.

— Olá, Edward. – Bella parecia tímida, mas também estava emocionada. Podia ver seus olhos úmidos e seu rosto vermelho. Ela abaixou a cabeça por um momento e relaxou os punhos. – Como vai?

— O que? – Tinha fantasiados várias vezes com o reencontro, mas nunca imaginou uma Bella contida e distante. Eles sempre se abraçavam ou se beijavam, era o certo... A menos que ela não tivesse voltado para ele.

— Como vai?

— Eu entendi a sua pergunta da primeira vez. Mais que porcaria é essa? – Edward perdeu totalmente a compostura e Bella não esperava por aquilo.

— Não entendo o que...

— Não entende? Faz quanto tempo que não nos vemos, Bella? – Edward olhou para cima respirando. Queria calma naquele momento. – Ok. – Voltou a olhá-la. – É assim que quer, então tudo bem. Eu estou bem, Isabella e vejo que você também está bem. – Edward olhou-a de cima a baixo. Bella estava com uma sandália de salto baixo, um vestido de mangas curtas e um casaco amarrado na cintura. Em um dos pulsos algumas pulseiras e anéis nos dedos. Edward verificou se algum era parecido com um anel de compromisso, mas respirou aliviado. – Depois das formalidades vamos cada um seguir o seu caminho novamente? – Ele já estava dando as costas a ela quando o chamou.

— Edward! Espere, por favor. – Edward parou, mas evitou encará-la. Sentia-se irritado pela distância que ela mantinha. – Fiquei surpresa, não esperava encontra-lo agora, mas pensava em ir te procurar. – Aquilo foi agradável de ouvir para Edward, finalmente ele voltou-se para ela novamente. – Preciso falar com você.

— Estou ouvindo.

— Podemos ir... – Bella apontou para uma direção qualquer.

— Daniel? Agora deve estar tranquilo. – Era crepúsculo, teria sido ainda mais perfeito se ela o deixasse abraça-la.

— Sim, pode ser lá. Só me deixe fazer essa ligação. – Bella pegou o celular da bolsa. – Para quem ela estaria ligando? Edward pediu aos céus que não fosse algum homem. – Ah sim mãe, sou eu. Pode cuidar de tudo por mais um tempinho? Ok, por favor, avise-me se notar qualquer coisa. Obrigada. – Bella guardou o seu celular, mas Edward continuava intrigado.

— A Renée está aqui?

 - Sim, ela veio me acompanhar. – Bella sorriu, era aquele sorriso tranquilo e verdadeiro que adorava arrancar dela. Por um momento ele se distraiu. – Vamos? – Eles começaram a caminhar. – Renée está sóbria por bastante tempo. Foi duro no início, mas ela caiu em si e fiou mais fácil.

— Sempre me perguntei sobre ela.

— Ela voltou para o Arizona.

— Assim como você, todos voltaram para o seu local de origem. – Bella notou que ele se referia a si mesmo também.

— A propósito, a casa ficou sensacional, Edward. – Algumas pessoas que passavam olharam para eles, ainda mais para ela lembrando-se da garota de antes que vivia ali seduzindo os homens. – Olhar para ela foi como voltar no tempo. Por um momento pensei estar dentro de um romance bem produzido. Isso, a casa é romântica. – Porque Edward não disse nada, ela arriscou olhar para ele e o viu encarando-a. Bella sempre conseguia transmitir aquele tipo de emoção, ao mesmo tempo em que negava-se a amar alguém, mas Edward estava impressionado por sua desenvoltura naquele momento. Se um dia pensou que não poderia amá-la mais, enganou-se. Era como se apaixonar novamente, estando apaixonado.

— Senti falta disso também. De que como você consegue ser sensível ao meu trabalho. Estou feliz Bella, mas estou irritado também.

— Sinto muito. De verdade.

— Porque sente muito? Nem sabe porque estou irritado.

— Porque eu apareci assim...

— Bella, não estou irritado porque você apareceu, você ainda pode ser muito cabeça dura eu estou vendo. – E de novo parecia que ele perdia o controle. Foram poucas as vezes que o vira se irritar, mas ele parecia sempre por um fio agora.

Eles entraram no bar de Daniel e ela teve que falar com todos que queriam saber notícias suas. Demorou um pouco até enfim sentarem em uma mesa a sós.

— Pensei que seria fácil aqui... – Edward desculpou-se.

— Não, está ótimo. – Fizeram os pedidos, Edward ficou intrigado por ela pedir um refresco.

— Não bebe mais? – Ela sorriu.

— Estou pegando leve agora. – Edward bebeu a sua cerveja enquanto a olhava. Parecia amá-la mais a cada minuto. Era injusto, pois para ele parecia que ela estava imune a ele.

— Você tem alguém? – Bella ficou rubra. – Está namorando? – Porque ele fazia aquele tipo de pergunta?

— Não. – Disse mais rápido do que podia.

— Quero saber o motivo de não ter respondido ao meu e-mail.

— O que?! – Edward a estava encabulando.

— Qual o motivo? Você voltou, mas parece que não foi por causa do e-mail.

— Eu acabei de ver os e-mails quando cheguei aqui. E foi o seu único e-mail.

— Como assim, foi o meu único e-mail? Quando tentou se comunicar comigo? – Edward não tentou disfarçar a mágoa e nem a irritação. Bella ficou em silêncio, mas tremia nervosamente. – Exato, Isabella Swan. Você nunca tentou, você apenas decidiu ir, queria que eu aceitasse, depois de me dizer que me amava. Então você foi, e eu não pude fazer nada.

— Eu mereço todas as suas acusações.

— Sim, você merece! - Estavam brigando, estavam mesmo brigando. Aquilo o deixava cheio de vida, como nunca mais havia sentido. – Agora decidiu voltar, sem ao menos saber o que isso significaria para mim. Como pode ficara assim tão tranquila na minha presença?

— O que poderia significar agora? Já é tarde demais. – Ela lembrou da mulher abraçada com ele mais cedo.

— Parece que é tarde demais. Você não me ama mais.

— O-o que?! Como pode dizer isso?

— Eu posso dizer isso porque é assim que parece para mim agora. Eu te esperei esse tempo todo feito um idiota e você não estava mesmo nem lembrando da minha existência.

— É, você é um idiota! – Pela primeira vez foi Bella quem alterou a voz. – É um idiota por falar assim do meu amor agora. Você não está morando naquela casa?

— Estou.

— Morando com uma pessoa. – Ela acusou.

— Como?

— Eu os vi juntos mais cedo. Você e uma mulher. – Edward passou de confusão para divertimento em um segundo. Ele gargalhou o que deixou Bella constrangida e ainda mais vermelha. – Canalha!

— Eu que sou o canalha? Sua garotinha má. – Ele nunca antes tinha falado com ela daquela maneira.

— Eu não sou uma garotinha! – Edward adorou vê-la mordendo o lábio daquela forma, e a maneira como empinou os seios em desafio.

— É por isso que está agindo assim? Você continua tendo ciúmes de mim, Bella? Está distante e formal, porque acha que estou com alguém?

— Você entendeu errado. – Ela bebeu um pouco mais do refresco estava explodindo de tantas emoções.

— Você que entendeu errado. Aquela que você viu foi a Rose. Mas está certa ao supor que comprei a casa. Sabe quando eu a comprei? – Bella negou com a cabeça. Já estava se sentiu muito idiota para verbalizar algo com palavras. – Quando conheci você. E quando eu mandei aquele e-mail fazendo o pedido, eu queria que você morasse comigo nela, porque você entendia o que eu sentia sobre aquele lugar. – Ele riu novamente por um breve momento. – Você me deixou pensar que havia me traído. Eu fui um imbecil, confesso, eu já te conhecia e você seria mesmo capaz de deixar que eu acreditasse. Disse que iria para se curar e vejo que se curou. Vejo em seus olhos, Bella. Não há mais aquela sombra, você está tranquila agora. Mas eu não estou Bella, porque algo entre nós ficou inconclusivo.

— Edward... Eu sinto muito por tê-lo deixado acreditar que eu havia dormido com o John naquela época. Foi apenas algo que fiz quando estava muito desesperada. Eu te amava muito, mas também acreditava que era um tanto... – Bella inquietou-se por um momento.

— Um tanto?

— Amaldiçoada. Bem, em poucas palavras, eu me sentia uma mau caráter. Acreditava que você não seria feliz comigo, que algum dia eu estragaria tudo e na verdade eu acabei fazendo isso. Mas poderia ser pior, é o que acredito agora.

— Eu sabia. – Edward disse simplesmente. Bella tomou fôlego para continuar.

— Não sei se poderia fazer aqui, mas lá, com meu pai e a nova família, eu pude realmente me entender. – Edward não deixou de olhá-la, Bella pensava que aquele era o momento, deveria dizer de uma vez e sofrer as consequências. – Não omiti apenas o fato de não ter dormido com o John. Houve outra coisa...

— Que coisa Isabella? – Edward pressentia a seriedade da revelação.

— Não passei mal simplesmente daquela vez.

— O que quer dizer? Você não se recuperou, está doente agora? – Edward ficou alarmado.

— Não, não é isso.

— Por Deus, explique-se de uma vez.

— Edward, eu estava grávida.

— Você o que? – Ele fez a pergunta com certa dificuldade em pronunciar as palavras. Bella estava grávida dele?

— Sim. Descobri um pouco antes quando levei a minha mãe para fazer exames. No dia da formatura, não me senti bem. Meu pai me levou ao hospital, não chegou a ser um aborto, só senti muitas cólicas. – Edward continuava quieto demais para ela, com toda certeza a estava odiando. – Pedi para meu pai guardar segredo, eu já tinha decidido ir com ele e cuidaria do bebe sem você. Ele não foi a favor, mas eu insisti com isso. – Ela deu uma pausa para enxugar as próprias lágrimas. Teria que ir até o fim. – Não estava nos meus planos dizer isso, mas quando ela nasceu... – Edward moveu os olhos, foi o primeiro sinal de vida que estava dando desde que ela começou a falar. – Repensei tudo, uma coisa era eu querer me curar, mas estava sendo egoísta privando vocês de um convívio, não importava a razão por trás disso. Ela precisa do pai, assim como eu precisei do meu. Ela é tudo para mim... – Edward continuou em silêncio mesmo depois de Bella terminar. – Edward?

— Eu... Eu tenho uma filha? – Ele perguntou sem nem olhar para Bella.

— Sim.

— Eu tenho uma filha. – Ele repetiu parecendo tomar consciência do fato. – Tenho uma filha. – Edward passou os dedos pelos cabelos parecendo um tanto enlouquecido. – Você foi embora sabendo que estava grávida e não me disse! – Ele bateu com um punho fechado na mesa. Bella sobressaltou-se assim como algumas pessoas que estavam mais próximas. Ela tentou ignorar os cochichos dos vizinhos e focou em Edward. – Tem razão, você foi egoísta. Sabia sobre a minha história com a Ângela, sabia o quanto eu queria um filho. Mesmo assim, você decidiu sozinha e sem saber da existência de uma filha eu perdi a gravidez e perdi o nascimento dela! Como você vai me devolver isso?

— Eu não tenho como devolver isso, lamento muito. Não espero que me perdoe, eu sei que agi errado. Sei que não tenho direito de pedir nada a você, mas seria importante para ela tê-lo em sua vida. Não precisa me perdoa.

— Onde ela está? Com a Renée? Você deixou a nossa filha, uma bebezinha, com a sua mãe? – Todas as perguntas foram carregadas de reprimenda.

— Elas já ficaram sozinhas antes e Renée é boba, mas é uma boa avó. Ela está sóbria, já disse. – Edward pegou algumas notas da carteira e as deixou na mesa.

— Vamos. Quero ver a minha filha agora.

— Agora? – Bella ficou de repente mais ansiosa.

— Não acha que já estou muito atrasado? – Ele se levantou e se afastou da mesa sem mesmo esperar por ela. Bella apressou-se e o seguiu.

Edward permaneceu muito sério durante todo o trajeto para o hotel. Bella mal conseguia acompanhá-lo, também não ousava pedir que ele diminuísse o ritmo. Diante da porta, Bella hesitou, ela esperou por aquele momento durante os últimos dias, mas estava realmente preocupada com o estado de espírito de Edward. Mesmo assim, Bella abriu a porta.

Renée estava sentada em uma das camas como se conversasse com a neta que estava deitada na cama enrolada em uma manta. Renée ao ver os dois ali, levantou em um pulo. Olhava da filha para Edward sem conseguir falar. Não esperava que ele fosse até lá aquela noite. Edward deu uma boa olhada na mãe de Bella e notou grande diferente da outra Renée desgrenhada. Esta estava arrumada e parecia saudável.

— Olá, Renée.

— Olá, Edward. – Renée olhou para a filha pedindo explicação.

— Encontrei com o Edward sem querer e ele quis vir hoje. – Renée assentiu.

— Ela acabou de acordar. – Bella caminhou até a filha e delicadamente a segurou nos braços. – Estarei lá embaixo.

— Tudo bem. – Bella concordou.

Os três ficaram no quarto a sós. Edward não dizia nada, mas a julgar por seus olhos úmidos, estava emocionado.

— Deixe-me vê-la de perto. – Bella não esperou que ele fosse até as duas, simplesmente caminhou até Edward parando tão próximo que ao movimentar as mãozinhas, sua filha o tocava. – Qual o nome dela?

— Beatrice. – Então Edward sorriu emocionado ao ouvir o nome da filha.

— Beatrice. – Como se respondesse, ela abriu os pequenos olhos sonolentos por um instante. Edward notou que eram muito parecidos com os de Bella, mas ela era um tanto ruiva como ele.

— Você quer segurá-la?

— Sim, quero sim. – Edward pegou a filha com o maior cuidado que podia. Como podia amar alguém tão rápido daquela forma? Seu coração estava repleto de ternura pela filha e mesmo a irritação que sentiu por Bella, estava se diluindo naquele instante.

Ele cheirou o topo da cabecinha de Beatrice, era a coisa mais extraordinária do mundo para ele. Aquele ser tão pequeno que sumia em suas mãos, era uma parte dele e agora tinha a outra metade do seu coração. Bella ali presente, parecia nem fazer ideia de que era a dona da outra metade.

— Bella, pegue as bagagens, vocês ficarão em minha casa.

— O que? Não, não precisa. Eu a levarei quando quiser e pode vir também. Ficaremos alguns bons dias e poderá ficar com ela o quanto quiser.

— Você me deve muito. – Mesmo sentindo a seriedade daquelas palavras, Bella não percebia tanta raiva agora. – Tem que tentar me agradar pelo menos. Faça isso, enquanto vou lá embaixo fazer o check out para vocês.

— Edward...

— Eu não estou pedindo, Bella. – Ela já tinha agido por conta própria por muito tempo, a partir daquele momento, as coisas seriam a sua maneira.