Aquela noite Bella teria que falar com a Renée sobre a ida de Charlie à cidade. A mãe deveria saber, mas não achava que aquilo mudaria algo. Charlie iria surtar ao vê-la daquela forma, não... Charlie iria ter um infarto. Abriu a porta querendo ser breve, pois não queria chegar novamente atrasada no trabalho. Ver Renée sentada à mesa parecendo distante, não estava em seu cronograma.

– Oi. – Bella se aproximou tentando captar o grau de consciência da mãe. Renée olhou para a filha, os olhos estavam úmidos e avermelhados, a diferença daquela vez era que pareciam tristes e não alucinados.

– Oi. – Ela e Bella teve certeza de que andou chorando.

– O que aconteceu? – Renée suspirou. Seus olhos titubearam e finalmente fixaram-se em um ponto na superfície da mesa. Renée estava mesmo triste e desconcertada.

– Fui demitida. – Bella precisou de um tempo para processar a informação. Sabia que aquilo era questão de tempo, mas havia sempre a esperança de que não acontecesse, mas para não acontecer a sua mãe deveria voltar a andar na linha. Isso era o mais difícil.

– Ah merda...

– Não diga: Eu avisei. Não diga... – Renée parecia chateada. Bella achou que ela não tinha o direito.

– O que pretende fazer agora?

– Eu não sei. – O que ela faria?

– Precisamos pagar o aluguel dessa casa. E ainda existem as outras dívidas. – Renée apoiou a cabaça sobre as mãos que estavam juntas sobre a mesa.

– Não me pressione. – Pediu.

– O que disse? Renée acorda! Pelo amor de Deus, acorda! – Bella sentiu novamente a vontade de estapeá-la. – O que eu ganho na loja, mal dará para o aluguel e o resto? Como fica?

– Daremos um jeito?

– Para isso precisamos de algumas atitudes suas que deve estar disposta a cumprir. – Renée ergueu a cabeça novamente olhando para a filha. – Primeiro de tudo: Você tem que parar de gastar o pouco dinheiro que ainda tem com seu vício. Depois você terá que arrumar um emprego e dessa vez permanecer nele. Está disposta? – Renée ergueu uma das sobrancelhas de maneira petulante.

– Procurarei outro emprego, mas não tenho vicio nenhum. Na hora em que quiser parar eu paro. – Bella já tinha ouvido aquilo milhares de vezes.

– Então pare, Renée, pare. Porque esse seu não vício já te fez perder o emprego. – Bella a deixou ali e foi tomar o seu banho. Quando desceu encontrou Renée no mesmo lugar, viu quando a sua mãe escondeu um objeto no bolso da blusa, e também notou vestígios de um pó branco sobre a mesa. – É essa a sua resposta? Se drogar mais?

– Não enche, Bella. – Bella saiu bufando de casa. Pegou a sua bicicleta e pedalou o mais rápido que pôde para longe daquela casa, daquela mulher.

Bella tentou desligar-se de seus problemas durante o seu turno de trabalho, mas nada a fazia esquecer-se deles. Alguns alunos do colégio foram até a loja para comprar alguns tênis esportivos e a viram. Foi por meio deles que soube que um outro aluno daria uma festa em sua casa, já que seus pais haviam viajado.

– Você não vai? – Um deles perguntou.

– Talvez eu vá. – Bella nunca mais havia estado com o pessoal, nunca mais havia se esbaldado de dançar e beber. Decidiu que estava precisando daquilo. – Eu vou, me esperem lá.

– Esperaremos. – Eles se foram levando os tênis com eles.

Quando saiu com o John, resolveu fazer o convite.

– Quer ir a uma festa agora? É do pessoal da escola. – John pareceu surpreso com o convite.

– Seu namorado não vai gostar.

– Namorado? – Bella soube que ele se referia ao Edward. – Não somos namorados e ele... Bem... Estou indo para lá, se quiser ir, esse é o momento.

– Então eu vou. – John respondeu.

Bella apresentou o John para algumas pessoas e começaram a beber. Notou que ele estava mais solto depois disso. Ela começou a ficar tonta ligeiramente, desconfiou daquilo já que havia bebido muito pouco ainda. Mesmo assim, não parou.

Estava descontroladamente irrequieta e feliz, não parava de rir. Tudo girava agora, mas ela não se importava, cambaleava ara lá e para cá. Havia perdido o John de vista, mas estava se divertindo e não se importou de verdade. Seu celular tocou, atendeu meio perdida.

– Bella? Que barulho é esse?

– Estou numa festa! – Disse animada. – Quem está falando?

– Sou eu, o Edward. Você está bem?

– Ah Ed, Ed, meu Ed...

– Onde é essa festa? – Edward notou que Bella estava muito bêbada e resolveu ir encontrá-la.

– Roy King está dando essa festa. Que festa! – Edward gravou o nome.

– Tudo bem, linda. Estou indo te encontrar. – Edward desligou, mas Bella continuou chamando por ele. Ela não tinha entendido direito o que ele falou. Edward por sua vez, perguntou ao irmão onde ficava a casa do Roy King e saiu seguindo as instruções do caçula.

Ouviu a movimentação e a música de longe. Estacionou próximo de alguns outros veículos que estava ali. Entrou sem problemas na residência apinhada de adolescentes. Procurou por ela em todos os cantos, então quando voltou para a sala ela estava ali. Uma garota segurava a sua mão e de mais outra garota e pedia silencio ao grupo. Alguns poucos realmente se calaram, mas ela falou mesmo assim.

– Bella e Jéssica darão o beijo da vitória para os vencedores. – Dois garotos ergueram os braços em vitória no meio da algazarra que se formou ali.

A garota que havia falado se afastou e um deles se aproximou dela. Edward empurrou todos que estava atrapalhando o seu caminho e no último segundo afastou o garoto que estava prestes a beijá-la.

– Recomendo que procure outra garota para beijar. – Seu tom não era para brincadeira.

– Isso é um jogo, só estou querendo o meu prêmio.

– Eu já disse para procurar outra! – Edward rebocou Bella para a cozinha da casa.

– Ed, Ed o que está fazendo aqui? Está estragando a brincadeira. – Bella protestava enquanto ia sendo levada. – Edward procurou e achou uma garrafinha de água mineral, abriu e entregou para ela.

– Beba. – Exigiu sem explicação. Ela bebeu e fez uma careta.

– Ed, isso é água!

– Beba. – Ele repetiu e diante da cara de poucos amigos que ele estava ela deu mais um longo gole. Ele a pegou novamente com a sua mão livre e a levou para fora, para o seu carro.

– Não aguento fazer sexo hoje. Eu estou tonta e enjoada. – Ela riu abobalhada.

– Continue bebendo a água. – Edward dirigiu até a casa dela e Bella acabou bebendo toda a água. – Te levarei para dentro.

– Eu quero que me leve. – Edward notou que ela não estava pensando direito, pois não se importou com o fato da sua mãe poder estar em casa.

– Sua mãe está em casa?

– Foda-se ela! – Teria sido com essa raiva que ela tinha sugerido o mesmo para ele?

– Não me importo que ela esteja lá, mas tenho que estar preparado.

– Vamos entrar. Quero ficar deitada agarradinha com você. – Bella estava mesmo fora de si.

Edward a ajudou a entrar e a levou até o seu quarto. Até aquele momento parecia que a casa estava vazia. Bella se jogou na cama, Edward a olhou preocupado. O que a tinha feito beber tanto?

– Preciso muito ir ao banheiro. – Com dificuldades ela conseguiu sentar.

– Vou com você.

– Eu sei onde fica o banheiro. Moro aqui. – Ela o lembrou.

– Você está tonta, não te deixarei ir sozinha. Vamos. – Ele a segurou pelas mãos e a puxou. Foi com ela até o banheiro. Quando tentou fechar a porta, ele a impediu. – Deixe a porta aberta.

– Hã? Deixar a porta aberta para que me veja fazendo xixi? Não mesmo!

– Bella, não deixarei que feche a porta. Se você fechar a porta e cair, será mais difícil te ajudar.

– Edward, estou muito apertada! – Bella começou a dançar em sua frente, tentando conter a vontade. – Deixa eu fechar a porcaria dessa porta!

– Nem pensar! Ou isso, ou faça nas roupas!

– Gramm! – Ela desistiu de brigar. – Não olhe! – Exigiu irritada. Edward olhou para fora dando-lhe a privacidade que pediu. Bella saiu minutos depois, um pouco envergonhada com aquilo. – Você... – O enjoou foi mais forte e ela voltou para o vaso para passar mais vergonha. Edward estava atrás dela, segurando-lhe os cabelos e massageando suas costas para reconfortá-la.

Edward sugeriu que ela tomasse um banho para que se sentisse melhor e ela obedeceu. Voltaram para o quarto e deitaram abraçados. Bella estava com um baby doll que não tinha sido feito para provocar, mas Edward começou a deseja-la. Para ele, ela estava bem provocativa.

– Sente-se melhor?

– Estou melhorando. – Ainda estava tonta, mas não como antes.

– Porque bebeu tanto?

– Não achei que tivesse bebido assim. Eu só estava tentando me distrair. – Para ele, Bella parecia mais sóbria.

– Você precisa dormir. – E ele também. Não seria legal fazer amor com ela bêbada daquele jeito.

– Estou com muito sono mesmo... – Bella aconchegou-se ainda mais nos braços de Edward e se deixou dormir. Edward ainda permaneceu acordado atento à ela e pensativo sobre o que tinha acabado de acontecer.

Não soube quando pegou no sono, mas meio que despertou com o corpo de Bella roçando no dele. Sentiu os lábios dela em seu pescoço, estava sonolento, mas seu corpo já reagia a ela. Entreabriu os olhos para constatar que Bella também estava meio sonolenta, fazendo tudo apenas por instinto.

Edward havia tirado a calça antes de pegar no sono, estava apenas de cueca. Bella deitou sobre ele, mexendo provocativamente seus quadris nele. Ela beijou seus lábios, ele despertou um pouco mais, sentindo um pouco mais. Queria permanecer naquele estado sonolento, pois conferia a tudo aquilo um ar de sonho, mas sabia que não era, o que era incrível.

Sentiu que ela lutava para tirar a parte de baixo da roupa e a ajudou. Tirou a sua cueca também, sentiu com forte prazer seu pênis penetrando-a. Era quente e úmido, perfeito para ele. Quando ela começou a mover-se o prazer lhe fez despertar completamente. Ela mexia-se devagar, ele estava gostando muito daquele ritmo, prolongava o prazer e era doce.

Só se permitiu gozar quando sentiu o corpo dela contorcer-se sobre o seu. Bella voltou a dormir, assim que se separaram. Edward a cobriu e dormiu abraçado a ela.

***

Ao acordar Bella sabia que aquela dor de cabeça era o resultado amargo da noite passada. Tentou ganhar fôlego antes de abrir os olhos e encarar a realidade daquele dia que prometia um prolongado mal-estar. Suspirou fundo e abriu os olhos, só não esperava dar de cara com aquele par de olhos verdes cintilantes e atentos a centímetros do seu rosto.

– Oh merda!

– Bom dia para você também. – Edward parecia chateado com a sua reação.

– Ed... Mas...

– Vai dizer que não lembra de ontem? – Bella cobriu o rosto com o cobertor, gemendo seus lamentos.

– Sim, lembro.

– Qual é o drama? Já dormimos juntos antes. – Ele retirou o cobertor de seu rosto.

– Não aqui. Estamos em minha casa, Renée deve estar por aí.

– Eu fui até o banheiro e cozinha a poucos minutos e nada da sua mãe. Ela ainda deve estar dormindo. – Bella gemeu escondendo-se novamente. – O que foi agora? – Edward novamente retirou o cobertor e dessa vez o jogou longe. Bella notou que ele já estava completamente vestido, o que era um alívio, mas ela estava nua da cintura para baixo. Procurou pela peça perdida e a vestiu sob o olhar quase guloso de Edward.

– Ontem.... Você me fez.... Você me viu no banheiro. – Ele riu humorado com a falta de jeito dela.

– Isso nos dá certa intimidade. E eu não vou reclamar dela. – Ele a beijou delicadamente nos lábios. – Você está bem?

– Estou com dor de cabeça.

– Hmm, imaginei que ficaria. Por isso procurei por um remédio para você. Trouxe água também. – Ele apontou para o criado mudo ao lado dela. Bella levantou-se e tomou o remédio prontamente.

– Nada da Renée? – Bella não deveria ficar tão preocupada com a mãe.

– Não. Ela costuma não dormir em casa?

– Costuma.

– Você parece ter ficado muito tempo por conta própria para alguém da sua idade. Quer dizer, geralmente começamos a lidar com isso depois do colégio. – Bella notou o vinco entre os olhos dele, não queria que começasse a pensar sobre o quão desestruturada a vida dela era. Não queria afugentá-lo naquele momento.

– Estou preparada para o que virá. Isso é algo bom. – Edward não respondeu, mas correspondeu ao beijo que recebeu. – Trabalhará hoje?

– Sim, tentarei deixar as coisas prontas para que eles continuem sem mim nos próximos dias. Falando nisso... O que falou para a sua mãe?

– Ainda não falei. – Fez uma cara de culpada que não o convenceu.

– Teve bastante tempo. O que pretende? Passar o final de semana fora sem avisá-la?

– Quando começou a ficar chato? – Bella afastou-se dele e caminhou até a janela. Abriu rapidamente a persiana e olhou para fora, o dia amanhecia.

– Só não quero que tenha problemas com a sua mãe. – Edward sentou na ponta da cama, não a queria longe. Bella às vezes parecia escorregadia.

– Tarde demais. – Estalou a língua e virou-se para ele. – Além do mais, não tive problemas quando passamos o outro final de semana juntos.

– O que disse a ela?

– Deixei um bilhete no dia que viajamos informando que passaria o final de semana fora. – Edward pareceu não acreditar.

– Ela não surtou?

– Não como uma mãe normal. – O que ela disse pareceu apenas uma verbalização de um pensamento conformista, mas aquilo o horrorizou. Percebeu o quanto ela era solitária.

Caminhou até ela e a segurou pela cintura fina. Admirou aquele rosto delicado e com resquícios de sono, seu coração estava cheio de carinho por ela. Ele a beijou querendo que o seu beijo a fizesse esquecer da sua mãe delinquente e do amor que não recebia dela, pois ele estava ali e lhe daria todo o amor que precisasse e mais.

Quando o beijo teve o seu fim, os dois continuaram presos em um olhar que era mais do que doçura, era como se não precisassem falar nada. Bella entendia o que ele quis dizer e conseguia entender que ela correspondia. O despertador dela tocou, avisando-lhe que estava na hora de se preparar para ir ao colégio.

– Preciso tomar um banho. Espere aqui.

Bella tentou ser breve e voltou logo para Edward.

– Te levarei, ok?

– Ok. – Ela sorriu.

– Espere. – Ele a segurou antes que saísse do quarto. – Você... – Pigarreou sem jeito. Ele tinha que fazer a pergunta, sabendo que provavelmente não gostaria da resposta. – Você beijaria mesmo aquele garoto ontem à noite?

– Sim.

– Porque?! – Não era essa reação exagerada que queria. – Porque? – Tentou soar mais calmo.

– Aquilo é só uma brincadeira, Edward.

– O beijo seria real. Eu te vi em sua festa. Eu a vi beijando aquele outro garoto. É muito real. – Estava ficando angustiado só em pensar naquela primeira festa, que ela realmente faria o mesmo novamente na noite passada? Bella não lhe respondeu de imediato, sentiu que era algo sério ali, algo que ela nunca havia vivido.

– Aquele beijo não significou nada, como o de ontem não significaria. – Tentou usar as melhores palavras naquele momento e que demonstrasse a verdade. Pareceu que ele entendeu o que disse, mas então ele pôs as mãos nos bolsos da calça novamente incomodado.

– Eu não sei se quero que você faça isso novamente. Não me sinto bem com isso. Você entende...? – E ali estava mais uma linha que Edward a fazia passar novamente. Era o momento dela pôr a sua cara ranzinza e bater pé dizendo que ela era livre e todo o discurso que estava cansada de repetir. Só que dessa vez não estava disposta a repeti-lo.

– Sim, eu entendendo.

– Linda... – O beijo veio para selar aquela conversa. – Vamos. – Edward a puxou saindo primeiro do quarto, mas estacou no lugar. Bella chocou-se levemente em suas costas. – Bom dia, senhora. – “Oh merda!”, era tudo o que se repetia em sua mente.

– Quem é você? – Bella tomou coragem dando um passo para ficar ao lado de Edward que ainda segurava a sua mão. – Isabella, quem é esse rapaz? – Renée repetiu impaciente agora. Bella só pedia que ela estivesse em si naquele momento, pelo menos isso.

– Sou Edward Cullen. – Soltou a mão de Bella para oferecer a Renée que não aceitou. Edward recolheu a mão, mas não parecia ofendido de verdade.

– Edward Cullen, irmão de Jasper?

– Isso mesmo. Irmão mais velho. – Edward não parecia intimidado.

– O quanto mais velho? – Claro, Renée sabia que Bella e Jasper tinham a mesma idade. Ela só queria saber a idade de Edward. Talvez agora percebendo que ele não era um garotinho.

– 12 anos mais velho. – Renée sorriu como que tivesse ganhado um jogo.

– E o que um homem da sua idade estaria fazendo no quarto da minha filha, uma garota do colegial? – Foi a vez de Bella rir debochada, mas nenhum dos dois olhou para ela. – Eu não autorizei que ela trouxesse homens para dormir em casa.

– Estávamos conversando e ela dormiu antes de me expulsar.

– Conversando? Como se eu não conhecesse a minha filha. – Bella sentiu o sangue subir em seu rosto, mas se manteve altiva na frente da mãe e seu espetáculo de quinta. – Eu não quero mesmo saber o que estavam fazendo, mas não se repetirá. Um Cullen? A família modelo da cidade, desrespeitado uma casa. – Renée estava puro escárnio e superioridade.

– Desrespeitando? – Bella não pôde mais ficar calada com aquela falsa acusação de Renée. – Não foi o Edward quem desrespeitou essa casa, foi você!

– Cale-se, Isabella! – Agora Renée falava diretamente com ela. Percebeu que a mãe ainda tinha os olhos injetados, a droga ainda estava em seu organismo.

– Quer saber porque ele está aqui agora?

– Bella, não precisa... – Ela se manteve na frente dele ignorando o seu pedido.

– Charlie virá para cá, ele quer me ver. Ele verá o que está acontecendo, verá como somos. E você me diz ontem que foi demitida! Eu quis esquecer isso e fui a uma festa. Bebi, bebi muito e Edward cuidou de mim. – Renée abraçou-se um tanto atordoada.

– Charlie está vindo?

– Para a minha formatura. E ele vai surtar, vamos magoá-lo. – Sentiu que Edward segurava novamente a sua mão, confortando-a. – Vamos embora. – Bella o puxou até a saída, deixando Renée inerte e atordoada.

– Foi por isso que bebeu ontem. – Edward disse já no carro a caminho da escola. – Não quer que o seu pai a veja daquele jeito. Acha que ele ainda a ama?

– Acho, não é o mesmo amor, mas ele é uma pessoa que ama alguém para sempre. Desconfio que ele esteja com alguém agora, mas ele merece ser feliz. – Bella sorriu triste para Edward que odiou vê-la para baixo. – Não estou preocupada apenas em Charlie ver a Renée daquela forma, mas também descobrir sobre mim.

– Descobrir sobre o que?

– Que não sou uma boa pessoa. Ele queria que eu fosse uma boa pessoa. Charlie parece muito com você. – Edward tentou entender aquela frase dela, mas não aceitava.

– Como assim você não é uma boa pessoa?

– Eu já fiz muita coisa que não é muito aceitável por aí. – Admitiu.

– Mas não faz mais. Se é sobre os homens que já dormiu...

– Homens casados, principalmente. Garotos inocentes.... Fiz homens brigarem por mim entre si, e esposas ficarem tristes por suspeitarem de seus maridos. Filhinhos preciosos e inocentes deixarem de ser castos e então eles se transformavam em garotos que poderiam fazer tudo por mim.

– Você não faz mais isso. – Edward repetiu com certa raiva por ouvir aquilo.

– Acabei de fazer com você.... Você e o Emmet. Esqueceu? – Edward parou o carro bruscamente a apenas alguns metros da escola.

– Eu não sou uma conquista sua.

– Você foi. – Ela rebateu para feri-lo, para lhe dar a oportunidade de correr para longe dela.

– Eu sei que fui. – Edward tentou não ficar mais abalado do que já estava. Então voltou a falar pausadamente. – Não sou mais. Isso aqui, agora, não se trata de uma conquista. Estamos juntos, nos apaixonamos.

– Você não deveria estar comigo, você é melhor do que isso. Não parece ter ouvido tudo o que acabei de dizer, não parece perceber de onde eu vim, que família eu tenho. Você não pode querer estar comigo.

– Para com isso! – Edward perdeu o controle. – Para de tentar me fazer ter uma ideia diferente da que tenho de você. Isso não vai funcionar! – Edward tentou respirar, tinha sido pego. Estava abalado com tudo o que tinha escutado. – Eu vejo uma garota maravilhosa, inteligente, e com uma profundidade que tenta camuflar com tudo o que há de contrário a ela. Você é muito mais do que diz ser. Foi magoada, mas está lutando. Por favor, não chore. – Bella estava chorando silenciosamente e Edward debruçou-se para enxugar suas lágrimas com as pontas dos dedos. - Se não quiser entrar, te levo para algum lugar. Ficamos só nós dois, juntos, o dia todo.

– Não precisa. Entrarei, já faltarei amanhã.

– Está vendo, além de tudo é responsável. Eu amo tudo em você. – Edward a beijou antes que ela processasse a palavra “amo” que ele acabara de pronunciar. Aquela frase pareceu significar muito, muito mais do que ele queria revelar naquele momento. Eles ouviram o toque da escola e se afastaram. – Hora de ir. – Edward deu partida no carro e andou os poucos metros faltantes. – Ficará bem?

– Sim, não se preocupe. – Antes de se afastar deu-lhe a piscadela que era a sua marca registrada. Ele sorriu bobo.

***

– Espero você me minha casa à noite, ok?

– Eu agradeço imensamente, Alie. Nem sei o que seria de mim sem a sua ajuda. – Bella abraçou a garota que aprendera a amar.

– Reunião das meninas hoje? – Jasper perguntou ao sentar ao lado da namorada com o seu lanche.

– Sim. Será ótimo. – Alice tinha os olhos brilhantes de expectativa.

– O que farão? – Perguntou curioso.

– Escolheremos uma roupa para Bella.

– Alie emprestará um dos seus vestidos. Não tive tempo para comprar nada.

– Olá, pessoal! Alice, temos que decidir sobre o resto da decoração. – Uma das garotas que Alice costumava andar estava ao seu lado chamando-lhe a atenção. Outras duas estavam na sua cola. Alice gemeu, mas não por ter sido solicitada por algo como uma decoração de festa, mas porque queria continua conversando com seus amigos.

– Tenho que ir. Falamos depois? – Olhou para Bella que confirmou. Beijou o namorado e foi embora com as garotas.

– O que aconteceu? – Só precisou de meio minuto para que o amigo lhe fizesse a pergunta. – Você não parece muito animada e Edward dormiu em sua casa? Não foi ele que me disse. – Ele respondeu ao olhar questionador dela. – Edward ligou ontem tarde da noite para o nosso pai e disse que dormiria na casa da “garota”. – Ele fez as aspas com os dedos. – Então hoje quando perguntei por ele, nosso pai nos disse isso.

– Fiquei bêbada ontem. Estava na festa do Roy. Edward foi me buscar e me levou para casa. Acho que ficou preocupado e acabou passando a noite de olho em mim.

– Ficou bêbada? Quantas vezes eu pedi que parasse com isso? – Jasper parecia muito mais velho naquele momento. Estava indignado com a amiga.

– Eu não bebia daquela forma a muito tempo.

– E porque não bebe daquela forma a muito tempo achou que ontem seria um dia legal para fazer isso? – Bella sentou ao lado do amigo.

– Foi uma burrice.

– Ainda bem que sabe.

– Eu sei e não farei novamente. É que fiquei louca... – Jasper passou um dos braços sobre os ombros dela. Aquilo era ele dizendo que estava tudo bem e ela sorriu. – Charlie está vindo e então Renée além de estar totalmente entregue ao vício, ainda perde o emprego.

– Ela foi demitida?

– Eu disse que era questão de tempo. Charlie verá essa loucura. Ele não merece. – Jasper beijou o alto da cabeça de Bella.

– Bella, eu confio que tudo acabará bem. Tem que confiar também. – Ela suspirou desejando ter a esperança do amigo.

– Renée deu de cara com o Edward hoje pela manhã. – Jasper afastou-se da amiga para ver o seu rosto. Ele estava alarmado.

– O que?

– Ela fez a cena da mãe ultrajada. Patético. – Bella bufou. – E seu irmão sendo gentil e educado. Desperdiçando tudo isso para ela. Acabamos discutindo.

– Então é oficial? Vocês dois estão mesmo juntos. – Jasper sorriu. – Isso é algo bom no meio de tudo.

– É o mais assustador. Fico imaginando quando o seu irmão se dará conta da garota que eu sou.

– Eu acredito que ele saiba bem quem você é. Não entendo como consegue se pôr tão pra baixo. – Jasper tomou o suco de caixinha que trouxera para a mesa. – Só estou um pouco preocupado com uma coisa. Edward ainda não falou que você é a garota para os nossos pais. Acho que ele deixará para o momento.

– Não me fale essas coisas. – Bella disse um pouco nervosa. – E você e a Alie, como estão? – Ela deu um empurrãozinho de lado com o ombro.

– Estamos nos dando tão bem. Melhor do que tudo o que criei em minha cabeça durante todo esse tempo. Fui tão idiota de não ter falado com ela antes.

– De nada. – Bella falou orgulhosa por ter dado o empurrão que faltava.

– Muito obrigado, Bella. – Jasper lhe deu um beijo no rosto.

– Então.... Nunca me fala sobre sexo com a Alie. – Bella provocou, voltando a ser um pouco a garota sem papas na língua de antes.

– Bella! O que eu posso dizer? É bom demais!

– Jasper Cullen? – Bella riu esquecendo por um momento de tudo o que estava passando.