Hunter - A caçada começou escrita por Julia Prado


Capítulo 27
Alianças imprevisíveis


Notas iniciais do capítulo

Minhas lindas, so sorry pelo sumiço. A vida pós faculdade é tão complicada que só tive tempo para escrever recentemente.
Vamos com tudo dar continuação nessa história! Espero que gostem.



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Seria pouco dizer que fiquei imprestável o resto da semana. Eu estava uma companhia tão ruim que Naomi se arranjou com Austin e Lali para ir às festas e se divertir. Não conseguia me sintonizar com as risadas que Naomi soltava quando chegava de madrugada e nem as despedidas escandalosas. Eu mal conseguia encarar ela – ainda que ela não soubesse nada.
Definitivamente eu sai como a louca da história. Procurava ir dormir cedo demais para não encontrar com a o fim do turno de Jacob e acordava tarde demais para não precisar tomar café da manhã com ele, ou ao menos vê-lo. Meu rosto se contorcia em vergonha só de me lembrar da noite do atropelamento. Minha mente formigava em busca da verdade. Teria sido uma ilusão? Teria realmente acontecido? Eu estava ficando louca?
Tentei relaxar o corpo quando escutei a porta da frente batendo, anunciando a chegada de Jacob. Respirei fundo calmamente, tentando fingir que estava dormindo. Ultimamente Jacob não fez tentativas para conversar comigo, a minha relutância sobre o assunto era visível. Mas eu sabia que ele sabia que eu não estava dormindo quando chegava e nem quando acordava. Além do mais, eu sempre tive hábitos matutinos.
A porta do quarto se abriu silenciosamente, fiz uma respiração profunda. Eu esperava que ele deitasse ao meu lado como todas as noites, me abraçasse apertado como sempre. No entanto, Jacob se sentou na beirada da cama à minha frente.
— Eu sei que você está acordada. – a voz suave e rouca dele preencheu o quarto.
Não tinha sentindo continuar mentindo. Abri os olhos lentamente, olhando para Jacob depois de três dias. Ele parecia mais cansado, frustrado e levemente divertido com a situação. Bom, eu não podia culpa-lo.
— Não precisa se esconder de mim – a voz dele trazia um certo desapontamento, como se eu não confiasse mais nele para me entender. Mas essa não era a questão, eu não confiava mais em mim.
— Não estou me escondendo. – falei quietamente. – Só quero ficar sozinha. Vocês podem achar que eu estou louca, mas não estou... – pelo menos achava que não. – Eu atropelei um cara, ele quebrou o vidro do caro...
Novamente minha mente formigou em busca de respostas, respostas que eu não tinha. Deve ter acontecido alguma coisa antes de Jacob chegar. Com que rapidez alguém poderia repor o vidro e trocar o para-brisa? Eu teria escutado?
— Não acho que você esteja louca, anjo. – ele se ajoelhou no chão a minha frente e aproximou o rosto do meu, para beijar minha testa.
— Mas não acredita em mim também. – analisei.
A boca de Jacob se comprimiu em uma linha fina.
— Não posso negar que há certas lacunas na história, mas não acho que esteja louca.
— Então qual é a sua resposta brilhante? – foi impossível deixar a ironia de lado. Ele não acreditava em mim e me achava louca, só não queria jogar isso na minha cara. Até eu me acharia louca.
— Você está sob muito estresse. – ele disse simplesmente. – Conversei com Carlisle e isso pode acontecer...
— Conversou com o médico-vampiro? – eu me sentei na cama, indignada que ele literalmente consultou um médico para tentar saber o que estava acontecendo, como se precisasse de um atestado para a minha loucura! Ah, eu esperava, pelo bem de Jacob, que ele não tivesse feito isso na frente da Renesmee!
— Esperava outra coisa? Anjo você estava perturbada naquela noite, assustada...
— Por que eu tinha atropelado uma pessoa que depois tentou me matar! – argumentei. – Não tem nada a ver com estresse! Eu não estou estressada, por que estaria?
— Farad, Dakotta, sua amiga na cidade, as mortes que estão acontecendo, sua faculdade, sua família... Quer mais?
Abri a boca para falar, mas nada saiu. É claro que eu estava sempre preocupada, mas ele esqueceu do principal: Ele. Minha constante preocupação era com ele. Mesmo assim, isso seria o suficiente para que minha mente pregasse peças? E peças tão reais? Ela nunca falhou antes, por que falharia agora?
— Isso não tem nada a ver – descartei – Tudo bem, estou um pouco estressada, mas não o suficiente para ver coisas!
Jacob respirou fundo, suas mãos encontraram as minhas no escuro . Entrelacei meus dedos nos dele, sentindo um breve conforto em tê-lo ali comigo, por mais que a situação não fosse a melhor.
— Escute, agora de noite terá uma reunião na casa dos Cullen. Tenho que ir para falar com eles, mas Alice quer fazer disso um evento como sempre. Venha comigo, você precisa sair um pouco.
Pensei sobre isso, em estar ao lado de uma família para quem Jacob havia revelado meus problemas mentais (no ponto de vista dele, claro). Mordi o lábio, refletindo sobre. Eu não queria que ele fosse em uma espécie de comemoração aonde Renesmee teria livre acesso... Mas também não sabia se queria ir realmente.
— Emily e Sue estarão lá. – Ele disse. – Seria importante se você estivesse. Sei que está querendo ser normal para a estadia de Naomi, mas a sua vida não é mais normal como a dela. Com o tempo você vai aprender a transitar nesses dois meios, será mais natural.
Imaginei que seria algo muito importante para Emily e Sue estarem indo, e Jacob estava certo. Eu tinha que começar a me engajar mais nos assuntos da reserva. Não dava para bancar a adolescente quando tinha um peso em meus ombros.
— Tudo bem, eu vou. – falei me sentando na cama. – Será uma reunião sobre o que?
— Os novos amigos de Carlisle chegaram, vamos explicar as regras para eles. São de confiança, se não nem arriscariamos levar vocês.
Suspirei para não tremer de medo.
— Tudo bem, vou me arrumar.
Jacob sorriu para mim, um sorriso de canto. Eu via a sua preocupação nítida em seus olhos. Não era uma preocupação com a minha sanidade, mas com o quanto eu ainda poderia suportar. Eu sabia que precisava ser forte, por mais que tudo o que estivesse acontecendo ao meu redor ia contra isso. Tinha que começar a encarar as coisas com mais maturidade.
— Vai ficar tudo bem – falei sorrindo.
— Eu sei que vai. – beijou minha testa – Quer tomar um banho comigo?
Meu íntimo regogizou com isso, sim era claro que eu queria. Mas também precisava de um tempo a sós para me preparar para hoje.
— Preciso acalmar os nervos de Naomi, se vou sair sem ela. Vai indo na frente- falei lhe dando um suave beijo nos lábios.
Ia ser uma tarefa complicada. Naomi sabia que eu não era fã de festas, então a sua raiva em minha ausência nas festas não era forte. Mesmo assim, ela estava brava.
Bati antes de entrar. Ela estava se arrumando para sair novamente. O ciclo de festas fechariam na casa do meu pai. Seus olhos estreitaram para mim quando me sentei ao seu lado.
— Deixa eu adivinhar: você não vai. – ela acusou.
— Preciso de um momento a sós com o Jacob. Vamos sair juntos e é muito importante para ele. Sinto muito.
Ela largou sua bolsa de maquiagem ao lado da cama, o seu cenho estava franzido em preocupação. As pessoas pareciam muito preocupada comigo ultimamente, eu estava tão péssima assim? Naomi pegou a minha mão, sua temperatura tão diferente da de Jacob.
— O que está acontecendo?
Senti uma bile se formar em minha garganta. Não, não, não. Eu não queria ser obrigada a mentir para ela. Não para Naomi, a única pessoa que se eu contasse sobre o atropelamento ficaria do meu lado (por mais que duvidasse da verdade).
— O que quer dizer? – tentei escapar.
— Sobre você e o Black. Há algo de estranho em vocês. Não me entenda mal! É óbvio que ele te ama e você também, mas... É estranho, como uma força magnética, quando ele está por perto você gira em torno dele e ele em você. Mas, do nada, você para com isso. Tem estado afastada de todos nós... Tem algo acontecendo? Sabe que pode me contar tudo, né?
Eu sabia que poderia contar, mas ela aguentar eram outros quinhentos. Naomi não precisava fazer parte dessa loucura toda que estava a minha vida, eu não poderia fazê-la sentir o medo que eu sentia.
Dentro de mim, meu coração despedaçava.
— Está tudo bem, Mi. Só estou me ajustando a tudo isso. É difícil conciliar as coisas.
Ela ficou um momento em silêncio, analisando o meu rosto com cuidado. Fiz o que pude para manter tudo dentro do controle, mas não havia como esconder algo de Naomi.
— Tudo bem se você não quiser me contar agora, eu entendo. Mas saiba que estou aqui para quando precisar.
— Obrigada – ela tinha notado o alívio em minha voz? – Terá uma reunião na casa dos Cullen hoje.
Naomi despertou, seus olhos se iluminando com a informação.
— Wow, wow, wow. Você vai estar no território da Renesmee e não me avisou? Prioridades aqui, babe. – ela se levantou.
— É só uma reunião simples.
— Não, não. A última coisa agora é simplicidade. – ela se levantou da cama. – Vamos, tenho que deixar você ainda mais linda.
Minhas bochechas coraram – Na verdade, preciso de um banho. Jacob me chamou...
— Ew. Não precisa continuar.
* * *
Tomar banho com Jacob foi melhor do que sozinha, isso era algo que eu deveria ter premeditado. Ele geralmente conseguia me acalmar com sua forma única, por que não tinha pensado nisso antes? Não que algo tenha de fato acontecido no banho, Naomi estava na casa e muito bem acordada, eu não precisava esfregar isso na cara dela.
Voltei para o quarto de hóspedes e a encontrei preparada para ação. Era como se ela estivesse indo para a guerra, só faltava a roupa camuflada. Procurei não rir disso, Naomi levava a sério a questão de se preparar para uma festa. Sentei na cadeira e deixei que ela tomasse controle da situação. Como ela mesma falava, não ia ser nada demais. Eu estaria linda e sem aparentar estar produzida.
— Fresh é a nova moda, babe. – ela dizia.
Meus cabelos estavam soltos e bem moldados, eu já tinha me acostumado com o fato do tempo de La Push não me ajudar. Mesmo quando Naomi delicadamente os moldou, não acreditei que ficaria assim por muito tempo. A maquiagem era realmente quase inexistente, embora Naomi tinha usado tudo o que possuía. Aproximei meu rosto melhor do espelho, admirada com uma base são suave. Eu amava os cheiros de cosméticos de Naomi, eram aqueles caros que deixavam a pessoa cheirosa.
A roupa estava em cima da cama: uma saia preta justa de couro falso, um suéter preto e uma botinha de cano baixo preta lisa, sola de borracha. Eu estava quentinha aqui, o tempo em La Push estava melhorando também, mas fiquei um pouco incerta.
— Vai por mim, você vai arrasar.
Rolei os olhos e abracei minha melhor amiga, satisfeita com a presença dela em um momento tão importante para mim.
—Eu tiraria a corrente, mas já notei que você não vive sem ela – Naomi disse olhando para a corrente de bronze que estava por dentro da roupa.
Toquei o pingente, de forma ousada coloquei para fora e a encarei com um sorriso no rosto. Naomi sorriu de volta.
— Me avisa se precisar que eu vá lá chutar a bunda dela.
— Naomi! – repreendi rindo.
Sai do quarto e encontrei com Jacob esperando na sala. Ele olhava para a floresta, de frente para o deck. Parecia longe dali. Aproximei-me sorrateiramente e então envolvi sua cintura com os meus braços. Ele sorriu para mim por cima do ombro, o rosto mais relaxado depois do banho. Ainda havia uma tensão em seus olhos misteriosos (que hoje faziam tanto sentido para mim), mas acima de tudo ele estava feliz. Genuinamente feliz.
— Devemos levar alguma coisa? Alho, crucifixo, água benta? – brinquei.
Jacob riu.
— Essa é a sua preparação para uma caça aos vampiros?
Foi a minha vez de rir, embora a palavra vampiro fizesse meu íntimo estremecer.
— Você está linda – Ele disse me olhando. – Acho que o menor dos meus problemas vai ser te proteger de um ataque.
— Pare com isso – Eu ri sem graça, minhas bochechas coradas. Eu o olhei e, de fato, Jacob sabia se vestir quando queria, por mais que fosse simples. Uma calça jeans clara, um suéter verde escuro que assentava bem em seu corpo e pele, botas pretas.
Ao sair de casa, notei que essa era a primeira vez em que olhava para trás e via a casa de Jacob como minha também. Eu falava para Naomi sobre a casa de meu pai como algo que não me pertencia mais. Não via isso com maus olhos, só era uma constatação.
Durante o caminho, minha mente vagava por diversos pensamentos, mas principalmente sobre o que estava prestes a enfrentar. O que eu poderia esperar disso? Até onde eu estaria perdida nos assuntos? Será que todos sabiam sobre os eventos recentes que tinham acontecido comigo?
— No que pensa tanto? – Jacob perguntou.
A verdade era muito vergonhosa.
— Só estou imaginando como será. – disfarcei.
— Vai ficar tudo bem, eu não te convidaria se achasse que seria demais. – Ele me garantiu.
Eu sabia que Jacob estava certo, ele não iria impor uma situação na qual eu não desse conta. Mas só de saber o que os Cullens realmente eram, o que faziam da vida para sobreviver (por mais que seguissem por outro caminho) me deixava nervosa. Eu não queria parecer apavorada na frente deles, queria ser uma companheira forte para estar ao lado de Jacob. Porém, eu me sentia muito nova, muito fresca para um mundo velho e perigoso.
Depois que passamos por Forks, encontramos os carros de Sam e Charlie Swan. Era um comboio até a casa dos Cullen, que ficava após uma trilha escondida na floresta. Olhei pela janela e levei um susto. Um enorme lobo de pelos castanhos claros (quase loiros) corria ao lado do nosso carro.
— Brady? – perguntei. O lobo virou a sua grande cabeça para mim enquanto corria.
— Ele pediu para estar na ronda até aqui – Jacob disse.
Eu o tinha visto poucas vezes depois do que aconteceu com Farad, em todas ele parecia muito culpado. Senti o meu coração se apertar, eu não queria que ele se culpasse com o que aconteceu, de fato a culpa era toda minha.
Momentaneamente esqueci dos meus problemas com Brady ao encarar a casa na minha frente. Tinha três andares, a sua estrutura em maioria formada por paredes de vidro, criando um espaço amplo e natural. Eu conseguia ver o movimento dentro da casa, que era belamente iluminada. Senti um aperto em meu estômago.
— Droga. – comentei baixinho e olhei para Jacob com um sorriso – Esqueci a estaca de madeira.
Jacob gargalhou, parando o carro no meio fio. Saímos dele rindo.
— O que é tão engraçado? – A voz de Renesmee surgiu atrás de mim. Ela vinha da floresta, com Isabella ao lado.
— Gaele estava sendo engraçada – Jacob disse passando o braço por meus ombros e beijando meus cabelos. Eu lhe abri um sorriso ainda maior.
— Olá, Gaele. É um prazer vê-la de novo – Isabella disse com um sorriso satisfeito em seu rosto. Ela parecia muito feliz ao olhar para Jacob. Sua voz suave e sua perfeição me incomodavam um pouco.
— O prazer é todo meu – falei radiante. Eu nem me lembrava do motivo de estar tão preocupada com essa reunião. Eu tinha Jacob ao meu lado, estava segura.
— Vamos entrar? – Isabella disse passando por nós e guiando o caminho.
Sue me abraçou por um breve período, feliz por me ver ali. Emily também, parecia preocupada (tinha a testa vincada) mas sorriu calma para mim. Eu tinha visto Sam Uley uma vez apenas, ele era tão alto quanto Jacob, a pele morena, os traços fortes e proeminentes. Já havia alguns pés de galinha ao redor de seus olhos, processo do envelhecimento em que estava.
Dentro da casa dos Cullen era surpreendentemente normal. Móveis por todos os lados em tons de bege, branco e marrom. Parecia muito aconchegante até, embora impessoal demais. Mesmo depois de conhecer Isabella na loja de brechó em Forks, eu ainda sentia um arrepio desconfortável ao encarar outros vampiros, ainda mais que alguns deles possuíam os olhos vermelhos.
Senti meu coração acelerar e minha mão ficar mais pegajosa. O rosto de Dakotta veio em minha mente, o seu poder torturante invadiu meus pensamentos e me lembrei das dores. Segurei a minha feição como pude, mas não podia deixar de quase sentir a dor.
Reparei o olhar preocupado de Jacob em mim, mas eu não o olhava. Procurava manter a expressão tranquila enquanto um deles (pelo o modo como Brady um dia os descreveu para mim parecia ser o doutor) veio na nossa direção com um sorriso simpático. Eu não sabia se era o motivo de saber o que eles eram ou se eram as minhas constantes atitudes controvérsias, mas não os achei tão perfeitos. Eles eram lindos, claro, mas a perfeição não era uma palavra certa.
— Você deve ser Gaele. – Carlisle disse gentilmente, sua voz límpida. – Jacob fala muito de você.
— Eu imagino – falei estreitando os meus olhos para Jacob. Em um reflexo idiota, estique a mão para cumprimenta-lo. Carlisle pareceu surpreso com isso, mas apertou minha mão suavemente. Era frio, muito frio.
— Essa é minha companheira, Esme. – Ele disse.
Esme era suave, foi o primeiro pensamento que tive ao vê-la. Um sorriso maternal cobrindo seus lábios ao me cumprimentar, os olhos carinhosos em Jacob. Era como se ela o considerasse parte da família. Não tive como não sorrir para ela.
—É um prazer – falei. Não ofereci a mão, pela reação tão surpresa de Carlisle e ao olhar ao redor notei que Jacob, Sam, Emily e Sue não os tocavam. Havia uma distância imposta por eles que eu não tinha me tocado.
— Fico muito feliz que Jacob tenha encontrado uma parceira. – ela disse sorrindo. Senti minhas bochechas corarem.
Fui apresentada a todos de uma forma geral e distante, Emmett parecia muito com um urso, Rosalie era estonteante (então notei que Brady falava dela), Jasper tinha uma aparência leonina, Alice era uma fria muito animada e baixinha que sorria para mim como se me conhecesse a vida inteira, Edward era tão estonteante quanto Rosalie mas havia humildade em seu olhar. Os amigos de Carlisle eram do Alasca (Tanya, Carmen, Eleazar, Kate e Garret) e viviam da mesma dieta dos Cullen, mas Benjamim e Tina não.
— Finalmente alguém com um pouco de estilo - Alice disse olhando para mim com um grande sorriso nos lábios. – Quer comer alguma coisa? Bella nos lembrou que vocês precisam comer com frequência, já estávamos desacostumados a isso – e riu.
— Não, eu estou bem, obrigada. – respondi. Se colocasse algo no estômago agora provavelmente vomitaria. O cheiro deles estavam me dando dor de cabeça, era muito mais forte que Dakotta.
Fiquei no canto abraçada a Jacob enquanto ele conversava pacificamente com Edward, que olhava para mim algumas vezes de forma curiosa. Eu esperava que ele não estivesse tentando ver se meus pensamentos eram lunáticos, já que Jacob abriu o bico para o doutor sobre o atropelamento.
Sue estava sozinha, pelo o que ela me explicou Charlie não sabia sobre tudo o que acontecia no mundo sobrenatural para a própria segurança dele. Ela parecia uma mulher mais forte ao olhar para os Cullen e seus amigos, como se a presença deles evidenciassem sua posição no Conselho.
—... Disseram que foi acidente, mas estamos averiguando a situação. – escutei Edward dizer.
— Mas a pessoa conseguiu escapar? – Garret perguntou.
— Sim, sem nenhum arranhão. Deu muita sorte. – Ele respondeu – Fico imaginando como conseguiu escapar, se for realmente Dakotta, é quase um milagre que tenha conseguido.
Ouvir o nome dela me deu um calafrio.
— Desculpe – Edward disse olhando para mim – Foi insensível de minha parte falar sobre ela assim.
— Não tem problema. – assegurei, minha voz saindo mais firme do que eu sentia – Ela já se tornou uma constante em minha vida – abri um sorriso de brincadeira.
Edward sorriu também.
— Você disse que ela atacou alguém? – perguntei. – Foi em Forks?
— Não, Hoquiam. Temos tentando rastrear os passos dela, mas como está sempre envolvida com Farad, Alice não consegue ver muita coisa. Dessa vez ela decidiu ir caçar sozinha, mas sem um rumo definido. Tentamos sair para pega-la, mas Farad e encontrou no meio do caminho.
— Eles parecem saber muito sobre nós - falei incomodada. Como sabiam da falha no poder de Alice? – É quase como se estivesse observando há mais tempo do que demos crédito.
— Isso passou pela nossa cabeça também – Jasper disse, um segundo depois estando ao nosso lado.
Jacob me segurou mais próxima de seu corpo, seu olhar cauteloso em Jasper. Eu me sentia confortável demais em seus braços para me preocupar com a proximidade do vampiro, por isso não retesei o corpo.
— Que horas aconteceu o ataque? – Jacob perguntou.
—Na parte da noite, as 21h. – Edward respondeu e então estreitou seus olhos para Jacob, lendo algo que ele estava pensando. – Não, não tem como estender o nosso perimetro até Hoquiam, é um área muito distante e isso abriria brechas em Forks e La Push.
Jacob suspirou frustrado. Mas Edward estava certo, a cada vez mais que eles fossem inibindo o campo de caça de Dakotta, mas eles avançaram para fora e com isso deixariam desprotegido o território principal.
— Foi há duas noites – Edward respondeu a um pensamento não dito de Sam.
Meu sangue gelou. Há duas noites eu tive o meu acidente, que ainda me perseguia. Engoli em seco com a lembrança, temendo que ela me assustasse no meio da reunião em que estávamos. Não, não dava para perder o controle agora. Mas o pensamento seguinte tomou a minha mente: se Dakotta não estava em La Push na noite do meu atropelamento, se não tinha sido ela e Farad, então quem? Será que eu estava mesmo tendo alucinações? Era isso, então. Eu tinha chego ao meu limite da sanidade. Mas que bonito!
— Como foi o ataque? – Emily pergunto, mas seus olhos estavam presos nos meus. Ela parecia preocupada.
— Segundo os jornais locais o jovem saiu de noite de uma festa entre amigos, no meio do percurso foi atacado por um homem alto, vestido de preto e com máscara de esqui. Disse que era alto demais para uma pessoa normal, também não conseguia fixar cor dos olhos ou qualquer outro detalhe do agressor. – Edward disse – Ele primeiro o atropelou, dizendo que ele apareceu do nada. Antes de sair para ver se estava tudo bem, o homem atacou quebrando o vidro com o cotovelo e tentou enforcar a vítima. Mas ele conseguiu pisar no acelerador e fugir. É claro que o dom de Dakotta faz com que sua identidade seja camuflada.
— Gaele, você está bem? – Jasper perguntou.
Eu mal o ouvi, estava paralisada olhando para Emily. Ela parecia ser a única ali que me entendeu. Esse era o meu ataque, não o da vítima. Eu tinha sido atacada dessa forma, há duas noites. Como era possível?
— Quando Dakotta usou o poder dela em você, o que realmente aconteceu, Gaele? – Emily perguntou, ignorando o questionamento de Jasper.
— Eu já disse o que aconteceu.
— Não, você contou o que descobriu. O que quero saber é como descobriu.
Pensei na pergunta dela, revisando os momentos dolorosos do que achei que fosse um pesadelo, até Sahale Umi aparecer. Então a resposta veio.
— Ela disse que o dom de Dakotta não funcionou em mim, que me colocou em um transe tão profundo que permitiu que ela viesse até mim. Disse que ali ela não poderia buscar o que queria, mas ela tentava. Eram como trovões em um sonho, a cada trovoada uma descarga de choque que me machucava.
— Pí-ćha T’siká-ti – Emily disse sussurrando.
— O que? – perguntei confusa.
— Significa a terra da luz – Jacob disse, mas não parecia saber o que isso de fato significava.
— Não, é A Terra da Luz – Emily disse ainda me olhando – Quando uma porta espiritual se abre e não é propriamente fechada, chamamos de A Terra da Luz. É um lugar onde uma conexão mental malssucedida fica. No caso, você tem acesso à Dakotta, e ela tem acesso a você.
— Então o ataque foi real. – Jacob sussurrou espantado, era a primeira vez que eu o via assim.
Uma bile se formou em minha garganta, minha mente trabalhando para tentar entender da maneira mais racional possível, mas sem sucesso. Eu não conseguia entender essa nova informação, me sentia enojada em estar compartilhando algo com Dakotta, em estar dentro de sua mente. Sentia-me ainda mais ansiosa em saber que ela também conseguiria, se tentasse.
Meus ouvidos bloquearam as conversas que começaram após essa revelação. Por mais que os Cullen e seus amigos não podiam saber sobre as lendas e costumes locais, essa era uma situação diferente. Era algo que todos precisavam fazer. Olhei para o belo rosto de Jacob, que estava vincado em fúria enquanto questionava Emily se havia alguma forma de quebrar essa ligação. Foi quando algo me assolou.
— Mas se eu tenho uma ligação com a Dakotta, eu não deveria estar vendo da perspectiva dela? – falei quebrando a conversa. – Eu era a vítima. Por que?
— Dakotta se projeta na mente de suas vítimas, talvez você estava nesse transe junto com ela. - Eleazar disse, sua voz solene.
— Não, a forma como Farad me explicou era como se ela visse. Como telepatia, mas com o controle de buscar o que queria através da manipulação dos neurônios. Ela não fica em transe. – falei.
Mas eu pensei em outra coisa. Sahale Umi. Ela tinha dito qual era o meu dever. E se essa ligação realmente existisse, mas não dá forma como Emily estava dizendo? Eu estava ligada às vítimas, não a Dakotta. Eu estava dando a elas, de alguma forma, uma chance de sobreviverem.
Emily continuou a me encarar, parecia possível que ela lesse a minha mente. Uma troca de olhares e eu entendi que ela havia captado a minha teoria. Não precisamos falar isso para todos, não agora. Isso iria além dos entendimentos e crenças dos Frios. Era algo particular nosso. Nem eu entendia completamente, embora estava certa disso em meu íntimo.
As conversas continuaram por um bom tempo, até quando mais dois vampiros entraram na casa. Seus nomes eram Bill McNara e Philip Morris, eram os novos amigos que Carlisle trouxe e que tínhamos que explicar as regras da casa. Sam tomou a frente disso, uma vez que Jacob estava ocupado demais debatendo com Edward, que continuava a me olhar estranho.
Cansada dos olhares de esguelha, da constante desconfiança e estranheza, fui até a cozinha, aonde tinha vários petiscos em cima da mesa. Era o suficiente para uma grande festa cheia de humanos e lobos. Era um exagero.
Olhei por cima o que gostaria de comer, mas a minha mente estava longe dali. Eu pensava sobre o ataque, tentando me lembrar com mais detalhe. No entanto, quanto mais eu pensava sobre ele, mais ele parecia escapar de mim. Aonde eu estava errando? O que eu tinha que fazer de fato?
Desde que escapara do rapto, uma missão me fora dada, mas até então eu não tive muita evolução, em partes por que não me empenho o bastante e em outras por que não sentia essa conexão que tanto falavam. Eu amava a natureza, a floresta, os animais, sentia algo diferente em todos eles, mas nada muito extraordinário (por mais que coisas extraordinárias tenham acontecido).
— Fica mais fácil com o tempo – Edward disse entrando na cozinha também. – Desculpe – disse quando eu pulei de susto.
Eu estava acostumada com o passo suave de Jacob, mas pelo menos eu sentia a presença dele. Não era o mesmo com os vampiros.
— Eu perdi um pouco o tato depois de tanto tempo – Ele falou com um sorriso tímido.
Fiquei em silêncio, esperando o motivo dele vir conversar comigo vir à tona.
— Jacob anda angustiado com os acontecimentos recentes. – Edward disse suavemente – Ele se culpa por não estar conseguindo te proteger como acha que deveria.
Então esse era o grande problema de Jacob.
— Você sabe disso porque ele te contou ou porque entrou na mente dele? – perguntei estreitando os olhos.
— Um pouco dos dois – Ele deu de ombros. – Não é algo que eu consiga controlar, amenizo as vozes de vez em quando para dar privacidade a minha família, minha filha, mas não é sempre que consigo.
Olhei por cima do ombro dele, observando Renesmee conversar com Jacob. Falando na filha dele...
Edward seguiu o meu olhar e suspirou. – Ela tem a tenacidade da mãe.
— Ela sabe que é impossível? – perguntei.
— Ela não acredita nas lendas... Pelo menos não em todas. É uma escolha dela, eu acho. Não sei muito o que fazer para mudar isso. Gostaria que ela não se machucasse.
Eu também não queria que ninguém se machucasse, mas Renesmee tinha que entender o seu lugar. Assim que pensei isso, temi que Edward se ofendesse, afinal de contas era filha dele. Mas ele não disse nada, apenas me olhou.
— Não consegue me ler, não é verdade? – Eu disse depois de um tempo, ao notar o motivo das olhadas.
— Não com clareza. Ao invés de palavras, vejo cores em sua mente. É uma forma interessante de receber as informações, que ainda não entendi – e riu – Mas não, não consigo.
— O que você quer?
— Quero que saiba que gosto muito de Jacob. Ele se arriscou por minha família quando ninguém mais queria além de nós mesmos. E eu estendo isso a você. Sei que tem coisas que eles não irão entender, mas se sentir que podemos ajudar de qualquer forma... Estamos aqui.
Isso me pegou de surpresa. Ele estava sendo sincero a respeito disso, realmente queria nos ajudar.
— Você conheceu Mike Newton? – perguntei de repente.
Edward foi tomado por surpresa e tristeza.
— Sim, ele foi da turma de Bella. Fiquei muito triste com a morte dele.
Olhei por cima do ombro, tentando saber se Jacob estava prestando muita atenção em mim. Eu sabia que ele estava sempre atento, mas agora que conversava com Emmett, parecia um pouco distraído.
— Ele não está ouvindo – Edward disse.
— Newton estava atrás de uma adaga, uma lenda que surgiu depois de algum tempo. Ele morreu na floresta porque estava tentando encontrar com os amigos. – sussurrei – Encontrei a sua esposa alguns dias atrás, ela disse que o filho roubou um pedaço de papel, que parecia ser um mapa que Newton fez. Preciso dele.
— A adaga que julgam ter o poder de controlar o bando sem ser o alfa?
— Isso. – voltei a olhar para Jacob – Ele não me deixará sem vigilância por um bom tempo, e também não acho que poderia me arriscar novamente com Brady... Fora que não sou rápida o bastante, teria que conseguir na lábia...
— Mas alguém rápido consegue entrar na casa e pegar – Edward concluiu.
— Jacob disse que você é o mais rápido da sua família.
— Eu vou ver o que posso fazer. – Ele disse.
— Obrigada.
Nesse momento, Jacob me olhou e sorriu de canto. Os olhos estavam alertas agora, como se ele se empenhasse para suprir os breves minutos em que se entreteu com Emmett.
Passei por Edward e fui até ele. Minha cabeça estava estourando de dor, mas não somente do cheiro deles e sim dos pensamentos que me assolavam. Eu tinha pedido a Edward algo, a última pessoa que achei que pediria um favor... No entanto, ele estava em uma melhor posição que a minha. Estava livre para fazer tudo isso e mais próximo de Jéssica Newton do que eu.
— Podemos ir? – perguntei, ignorando os olhares quando passei por alguns vampiros. Havia curiosidade e cautela no olhar deles.
Eu esperava que Jacob não desconfiasse de nada. Com certeza ele barraria qualquer envolvimento meu nesse caso, com medo de que algo acontecesse. Mas eu precisava fazer algo por essas famílias, nem que elas não soubessem. Pessoas como Jéssica Newton tinham que saber o que realmente matou o marido, os filhos precisavam se uma explicação melhor do que um animal descontrolado.
Em quanto isso, eu ainda tinha que descobrir o que estava acontecendo comigo e como ajudar a tribo.


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Notas finais do capítulo

E aí? Estão preparadas para as revelações? Semana que vem tem mais!!
Beijão;*



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