Hunter - A caçada começou escrita por Julia Prado


Capítulo 25
A Família


Notas iniciais do capítulo

Nos falamos lá embaixo ;*



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Eu poderia me acostumar a dormir na cama de Jacob. Os lençóis macios e cobertas me envolviam delicadamente. Com uma sutileza relutante em me deixar sair. Movi meu corpo para a direita, tentando evitar a luz que invandia o quarto. Sem sucesso. Ela continuava ali para me acordar. Abri os olhos minimamente, incomodada pela claridade cinzenta. Jacob tinha que comprar algumas cortinas para evitar o sol tão cedo. Pela cor e quantidade de luz que entrava, tinha acabado de amanhecer.

Olhei no relógio ao lado da cabeceira e suspirei de pesar. Eram seis horas da manhã. Quem acordava as seis horas da manhã em um sábado? Pensei em voltar a fechar meus olhos e dormir um pouco mais, mas meu corpo estava um pouco dolorido de ficar deitada. Antes mesmo de concretizar meu desejo de levantar e comer alguma coisa, o braço quente e forte de Jacob passou na minha cintura e me puxou para mais perto. Ele ainda dormia, seu ressoar alto no quarto silencioso, era quase um ronco. Passei meus dedos por seu antebraço, sentindo a firmeza do músculo, os pelos suaves fazendo cócegas.

O peito quente de Jacob fervia em minhas costas, sua respiração pesada. Fechei os olhos, quase sonolenta enquanto equiparava a minha respiração com a dele. Eu tinha tido esperanças quase infinitas na noite anterior, até o sono finalmente me vencer e eu entender que Jacob não passaria a noite comigo daquela forma. Era idiotice, no entanto. Naomi provavelmente estaria mais do que apagada, não ouviria nada... Eu esperava.

Virei meu corpo para encarar o rosto adormecido dele. Era quase injusto ele não ter deixado nada mais acontecer. Jacob, dentre muitas coisas, era muito controlado ao meu redor. Eu tinha percebido isso desde que vim passar os dias aqui. Sempre comedido, como se não quisesse ultrapassar a linha e perder seu controle físico. Era interessante ver como isso acontecia, me dava a inusitada sensação de poder, de que eu conseguia seduzir um homem como Jacob se quisesse. E isso tinha sido posto a prova na noite anterior. Nenhuma das minhas tentativas foram bem sucedidas. Talvez por que eu estava mesmo cansada da noite mal dormida e dos eventos ao decorrer do dia que não tenha dado todo o meu ser naquela pequena empreitada.

É claro que ele tirou vantagem disso. Quantas vezes ele me mandou dormir? Mordi o lábio para esconder a risada. Pensando agora, tinha sido até engraçado. Minhas bochechas queimaram de vergonha e um pouco de rejeição.

Minha mente formulou algo que me surpreendeu. Quão rápido Jacob ergueria sua barreira de autocontrole?

Passei minha mão novamente por seu antebraço, subindo pelo braço e pressionando mais a pele conforme chegava no ombro. Senti o corpo dele estremecer, firme e forte. Tentei controlar a alegria que isso causou. Eu estava maravilhada que aquele homem, todo aquele homem, me amava e se sentia atraído por mim. Mesmo com todas as suas defesas abaixadas em seu sono dos inocentes.

Ergui um pouco meu corpo, ficando apoiada em meu cotovelo esquerdo. Passei meus lábios no peito de Jacob, sentindo músculo se contrair suavemente. Meus beijos suaves seguiram até seu ombro. A respiração dele mudou, veio mais rápida. Abri meus olhos para encarar dois buracos negros me observando.

Não havia sonolência e nem repreenda. Era um olhar febril, que atravessava o meu corpo e me punia com suaves chamas por toda a minha alma.

Eu poderia dizer muitas coisas sarcásticas agora, amenizar o clima e tirar o meu da reta. Mas como fazer isso com um olhar daqueles? Como fazer qualquer coisa racionalmente normal quando Jacob me olhava desse jeito?

Então eu perdi qualquer batalha mental que poderia estar tendo. Meu corpo venceu com urgência de um corpo controlado por hormônios adolescentes. Eu avancei em sua boca, nem um pouco temerosa de que seria rejeitada novamente. Estava certa do que queria e não havia como ele me negar isso, acho que nem se quisesse.

Braços quentes se enrolaram na minha cintura e ele estava por cima de mim. Suas mãos em todos os lugares, levantando a camiseta frágil que eu vestia, passando pelas alças de minha calcinha, segurando minha perna alta em seu quadril. Agarrei seus cabelos e senti a vitória mais próxima do que nunca.

Percebi que nunca me cansaria de Jacob. Eu poderia ficar na cama com ele o dia inteiro, o mês inteiro, o ano inteiro. Ali não tinha problemas, eu não precisava encarar nada de assustador lá fora. Era a nossa bolha feliz. Nossa bolha sexual muito feliz.

Jacob parecia tão urgente quanto eu, suas mãos me agarravam com força e eu quase sentia dor em seus apertões. Ele não estava demonstrando tanta gentileza e paciência como na outra noite. Não que eu me importasse, era só uma avaliação terciária da minha mente. A primeira e segunda parte de meu cérebro estavam totalmente focados nele.

Também descobri que não tinha como ficar muito silenciosa. Constantemente ele me beijava, sua boca colada na minha com uma respiração febril no meu rosto. Jacob apoiou seu braço ao lado da minha cabeça e testou outro movimento, os dentes firmemente trincados, sua mandíbula tensa em concentração.

Eu não queria que ele se controlasse. É claro que ainda precisava de paciência, pois eu tinha a tendência em me jogar no momento, sair fora do ritmo dele. Mas ele parecia estar querendo controlar a si mesmo.

Falei que ele não iria me machucar, Jacob nunca me machucaria. O beijei com mais força, forçando minha entrada, querendo quebrar com o controle que se construía dentro dele. Com um gemido rouco ele girou na cama. Então eu estava por cima.

***

Tentei evitar qualquer olhar de reprimenda que ele estivesse me lançando. Fiquei enrolada nas cobertas e observando Jacob escovar os dentes com a toalha úmida enrolada nos quadris. Observei com cobiça as linhas definidas de seu abdômen, das costas e dos braços. O V que se formava no quadril, quase que indicando com uma seta seu baixo ventre.

Eu não queria levantar. Tinha prometido levar Naomi até Forks para comprar algumas roupas de frio, mas isso parecia errado agora. Eu ficaria o tempo todo pensando nele, como seria útil nesse dia? Não, o certo seria ficar em casa, na cama e sem fazer absolutamente nada a não ser alguns exercícios aeróbicos.

Segurei a risada e afundei mais a cabeça no travesseiro. Quando que eu ia imaginar algo tão forte quando o toque físico? Sempre julguei aqueles relacionamentos que Naomi tinha, que eram puramente físicos. Bom, eu estava mordendo a minha língua agora. Poderia facilmente deixar o sexo controlar a minha vida. Não parecia ser tão ruim.

— Vai ficar deitada o dia inteiro? – ele me perguntou caminhando confiante até mim.

— Só se você ficar comigo. – pedi abraçando seu pescoço e o puxando para um beijo suave e provocante.

Seu suspiro foi audível, descarreango em mim uma ousadia que até então era bem desconhecida. Deslize minha mão por seu peito, passando por sua barriga, enganchando os dedos em sua toalha, pronta para puxá-la... Jacob segurou minha mão com um riso baixo e gutural.

— Você poderia ser mais legal. – assinalei afastando minha mão.

— E você menos adolescente. – ele rolou os olhos com um sorriso.

Eu ri. Era uma boa desculpa para vários argumentos. Eu poderia usar isso com mais frequência.

— A culpa é toda sua. – falei me espreguiçando.

Se não tinha jeito, eu teria que levantar de qualquer forma então. Era quase triste sair da cama grande e confortável e enfrentar o frio e umidade de La Push.

Jacob ergueu suas sobrancelhas, um quase sorriso em seus lábios.

— Minha culpa? Você me atacou hoje de manhã.

— Você poderia ter evitado isso noite passada. – esquivei-me de sua acusação. Joguei as cobertas para o lado e sai suavemente da cama, ciente de seus olhos em mim. – Se eu fosse você, para evitar futuros ataques matutinos, jogava esse autocontrole pela janela. – falei caminhando até o banheiro.

Puxei a toalha ao lado da porta e olhei sobre o meu ombro, sorrindo para ele.

— Uh, eu vejo bons motivos para manter meu autocontrole, se serei atacado de manhã.

Fechei a porta rindo e fui tomar um banho.

***

Eu tinha que trazer minhas roupas para o quarto de Jacob, já que ia ficar aqui até Naomi ir embora. Minha bochecha esquentou enquanto vestia a camiseta simples de Jacob, sem nenhuma outra opção que não fosse meu jeans, mas era muito cedo para vestí-lo. É claro que eu tinha outros motivos para não colocar algo tão apertado. Franzindo um pouco os lábios, encarei no espelho uma marca arroxeada em minha coxa. Quando eu apertava, ela sumia, mas então voltava a aparecer assim que a soltava. Havia alguns pequenos roxos na parte detrás de minha coxa, onde Jacob costumava segurar.

Eu não sei se ele tinha visto isso, mas era melhor não dar bandeira por aí. Eu tinha conseguido uma breve vitória e perderia a batalha se ele visse isso. Procurei pelas gavetas dele uma calça de moletom que não ficasse tão grande. É claro que foi impossível, então peguei uma preta mesmo, enrolando a barra quatro vezes até ficar aceitavelmente no peito do meu pé.

O cheiro de café e bacon despertaram meu estomago que não tinha jantado ainda. Naomi não tinha acordado – ela sempre dormia até meio dia nos finais de semana. Sentei na bancada e coloquei na caneca um pouco de café preto. Jacob me serviu os bacons e panquecas.

— Você cozinha muito bem – elogiei enquanto dava uma dentada na panqueca.

— Oficio de um solteiro. – ele sorriu.

— Exibido.

Sentado ao meu lado, nós comemos grande parte em silencio. Eu tinha algumas coisas para pedir a ele, mas duvidava que ele fosse aceitar.

— Você poderia dispensar Seth da função hoje. – falei enquanto bebericava o café, atenta a reação dele.

Jacob franziu o cenho.

— Não estão pensando em sair?

— Hm... Na verdade sim. Vamos a Forks. Naomi precisa de roupas de frio e as minhas não servem. É claro que Austin poderia emprestar algumas, mas Naomia sabe ser bem... Bom, bem vaca quando está com ciúmes.

— Quer ir sozinha a Forks? Mesmo depois de saber que quatro pessoas morreram? – ele parecia chocado e furioso.

— Bom... Ter Seth nos acompanhando é um pouco chato, Jake. Não só para nós, sabe, ele deve achar um porre. Fora que não posso conversar com a minha melhor amiga sabendo que tem alguém do seu bando entreouvindo a conversa.

— Seth dará privacidade para vocês, se pedirem.

Rolei os olhos.

— Não, não dará. Vocês não podem desligar essa... Essa coisa de ouvir entre as paredes.

— É uma conversa um tanto sem ponto. Sabe que não deixarei você sozinha. Eu mesmo acompanharia vocês, mas preciso passar no Sam.

Joguei os braços para cima em puro drama.

— É a semana das garotas! – tentei explicar, como se estivesse lidando com uma criança. Jacob meu olhou como quem quer rir, mas não riu. – Meninos não são permitidos. Namorados não são permitidos, tampouco.

Levantei do banquinho. Jacob naturalmente abriu seus braços para mim, já sabendo onde eu iria parar. Sentei em seu colo e abracei seu pescoço. Ele colou sua testa na minha, os olhos fechados enquanto respirava fundo.

— Jake. – sim, eu usava seu apelido de forma doce para conseguir o que queria. Isso não era novidade. – Preciso de um momento com a minha melhor amiga. Preciso de um pouco de normalidade. Ter Naomi aqui trouxe algo que eu nem sabia que tinha perdido. Eu me sinto bem de novo, me sinto... Normal. É como se nada dessa maluquice em que vivemos realmente exista, porque no mundo da Naomi não existe. Eu preciso disso.

— Eu quero dar o mundo a você. – ele sussurrou. – Fazer cada um dos seus caprichos, das suas vontades... Mas não me peça para deixa-la desprotegida, por que eu não posso cumprir isso.

Jacob me olhou e, por mais que seus olhos sempre traziam aquela sinfonia de travessura e um sensual perigo, ele estava agoniado perante a ideia de me deixar sem nenhuma supervisão.

Suspirei derrotada.

— Ele pode manter uma distancia então? – pedi. – Tipo coisa de espião. Não vai ser a mesma coisa, por que sei que Seth estará lá, mas pelo menos não podemos vê-lo e ele não se sente na obrigatoriedade de ouvir as balelas que Naomi fala.

Jacob assentiu para o meu alívio. Era algo, pelo menos.

***

— Tudo bem, o que devo comprar? – Naomi perguntou assim que saímos de seu carro ostensivo.

Ela estava com o humor bem melhor hoje, depois de uma noite de sono. É claro que o meu bom humor era por outros motivos. Não errei quando disse que ficaria inútil pelo resto do dia. Meu pensamento viajava de minuto em minuto para os lençóis negros de Jacob. Para a cama grande...

— Terra para Gaele! – Naomi balançou suas mãos na frente do meu rosto. – Você está distraída hoje.

— Estou? – perguntei, então dei de ombros. – Não reparei. Bom, você precisa e botas de frio e casacos.

— Ótimo, então vamos caçar. – ela disse animada.

Estreitei meus olhos para seu glorioso rosto californiano.

— Sabe que não precisa comprar toda Forks, não é? Só vai passar alguns dias aqui.

— Voce está acabando com toda a diversão. – ela disse marchando para uma loja de agasalhos.

A loja era pequena, cheirava um pouco a roupa guardada e chuva. A atendente era uma senhora pouco amigável que nem ergueu a cabeça quando entramos, estava atrás do balcão lendo uma revista de culinária. Havia muitas araras com variados tipos de agasalhos, desde os mais bregas até os mais ridículos. Seria difícil Naomi encontrar algo para vestir aqui.

A luz fraca não ajudava na decisão das roupas. Naomi desistiu de tentar enxergar qual cor era e começou a empilhar em seu braço as que achava menos horríveis. Era uma tarefa complicada. Eu passava a mão pelas roupas, sentindo sua textura, mas com a minha mente longe dali. Naomi reclamava alto – propositalmente – sobre a iluminação horrível do local enquanto andava até os provadores.

Bufando alto, a senhora atrás do balcão se levantou e abriu as cortinas empoeiradas de outras duas janelas na lateral da loja. Isso trouxe um pouco mais de luz para o local, mas não o suficiente. Reclamando sobre clientes estrangeiros-folgados, a senhora voltou para o seu balcão, agora lendo uma revista de esportes.

Acompanhei obedientemente Naomi até os provadores, sentando em um dos pufes. Ele me engoliu e meus joelhos quase foram parar na minha boca. Levantei com dificuldade e decidi me sentar no banquinho de madeira mesmo, que não era nem um pouco confortável e tinha uma fragilidade gritante.

A porta da loja se abriu mais uma vez com um tilintar de sinos. O barulho de crianças pequenas preencheu o local com um pouco mais de vida. Olhei por cima do meu ombro e encarei duas crianças. O menino era mais velho, de um amarelo lírio, os olhos azuis claros. A menina era muito mais nova que ele, andava de mãos dadas com a mãe, seu cabelo longo da mesma cor que o do irmão, mas seus olhos eram castanhos. Eles riam de alguma coisa.

Encarei a mãe por um momento, tendo a impressão que a conhecia de algum lugar. Os cabelos enrolados eram curtos e de um castanhos escuro. Os olhos eram castanhos também e amendoados, havia algumas sardas em seu rosto e um olhar investigador e triste enquanto olhava as araras na sessão infantil.

— Bom dia, Jéssica. – a senhora cumprimentou alegremente. Parecia mais feliz com conterrâneos em sua loja do que estrangeiros. – Como está?

— Oi, Sra. Campbell. Bem e a senhora? – perguntou sem muito interesse na velha.

A Sra. Campbell começou a falar sobre suas dores, sua vida e um pouco de fofoca local. Isso despertou o olhar da mãe, que parecia ser bem jovem para ter um olhar tão cansado e triste. O brilho de uma fofoca picante pairava no olhar das duas mulheres enquanto as crianças corriam pela loja gritando e badernando.

Continuei a olhar a mãe, sabendo que algo nela eu conhecia. Seu rosto era bem comum, assim como suas feições. Nada nela se destacaria em uma multidão de pessoas, então por que eu tinha a impressão de que já a tinha visto?

Jéssica, a Sra. Campbell a chamou de Jéssica.

— Hunter, pare de correr com a sua irmã! – ela brigou de repente. – Já falei que não a quero caindo, ela pode se machucar.

Um choque desceu pelo meu corpo como gelo. Hunter, Jéssica... A garotinha provavelmente se chamava Hilary. Era a família Newton. A família que eu tinha visto fotos nas pastas escondidas de John. A imagem de como Mike Newton foi encontrado nauseou meu estomago e eu rapidamente olhei para o outro lado, tentando bloquear a imagem e tirar os sons da família Newton de dentro da minha cabeça.

Um sussurro foi trocado e eu percebi que não tinha sido tão discreta quanto imaginei. Minha boca coçou para responder algo malcriado para as duas fofoqueiras, mas me impedi. Quanto tempo fazia que o Sr. Newton tinha morrido? Oito, nove meses? Talvez menos.

A garotinha, Hilary, chegou perto de mim. Ela tinha uma espada de brinquedo na mao e estava concentrada acertando o pufe que tinha me engolido. A Sra. Newton rapidamente veio até nós, agarrando Hunter pelo braço e o trazendo junto.

— Sinto muito. – a Sra. Newton disse, o olhar triste e a voz distante voltando depois que a fofoca passou.

— Não tem problema. – falei o mais suave possível. – Você tem uma família linda.

— Hm... Obrigada. – ela parecia distante novamente e então me encarou, seus olhos castanhos focados em mim, pareciam ávidos por alguma fofoca como tinham estado com a Sra. Campbell. – Nunca a vi por aqui.

— Moro em La Push – expliquei com um sorriso. – Não venho muito para Forks.

— Ah sim. Entendo. – falou.

Eu não deveria estar fuçando nesse tipo de merda. Deveria deixar a mulher ir e não ser idiota. Seth com certeza estava nos espionando em algum lugar e poderia nos ouvir. Ele com certeza contaria para Jacob. Mas minha curiosidade foi maior que minha razão.

— Você mora aqui por muito tempo? – perguntei colocando mais interesse na voz do que deveria. Jéssica parecia ser uma mulher que se animava com fofocas, então provavelmente também se animava em falar sobre si mesma.

Bingo. Seus olhos brilharam e ela tomou outra posição, aprumou os ombros revelando orgulho por morar em Forks.

— Sim, nascida e criada aqui. – ela disse. – Estudei em uma universidade de Seattle, mas voltava para casa todos os finais de semana. É uma boa cidade, sabe. Calma, sem muitos problemas... – então sua voz sumiu conforme seu rosto voltava a ficar triste e distante.

— Isso é muito bacana. Deve conhecer todo mundo daqui, não é? – eu suspirei, como quem cobiça. – Vim de Los Angeles morar com meu pai. Gostaria de ter sido criada em La Push. É muito mais aconchegante.

— Ah sim, sem dúvidas. – ela se sentou em um banco de madeira ao meu lado. Parecia gostar de ter uma adolescente para dar dicas, mostrar sua sabedoria. – Eu e meu marido... Ex-marido, tentamos nos mudar para Seattle, sabe. Um pouco de modernidade, falamos. – ela balançou a mão como quem expulsa a ideia. – Não duramos um mês. Muito barulho, muito crime, todo mundo é bem mal-educado e grosseiro.

— Sem falar no trânsito horrível e nas escolas sem infraestrutura. – incentivei.

— Exatamente! – concordou.

Ao longe, escutei a porta tilitando ao se abrir novamente e a resposta amargurada da Sra. Campbell. Voltei a minha atenção a Jessica, que tinha se esquecido dos dois filhos esquartejando o pufe-engolidor.

—... Então voltamos para cá. As crianças precisam mais de segurança do que de tecnologia, na minha opinião. Não me sentiria nunca segura em uma cidade como Seattle.

— Nem com o seu marido? – joguei verde.

Meu interior se retesou ao ver a tristeza se expandir no rosto da Sra. Newton. Parecia uma sombra se apoderando dela, tirando o brilho dos olhos e a cor saudável do rosto.

— Meu marido...? Ah, meu marido faleceu há alguns meses. – falou encarando as mãos.

— Eu sinto muito. – e realmente sentia, tentei controlar minha mente e prestar atenção apenas no presente, mas ela teimava em me mostrar como o marido de Jéssica tinha terminado. – Como aconteceu?

— Atacado por um animal. Estão caçando ele ainda, parece que atacou outras pessoas também – não havia emoção em sua voz, nem emoção quando olhou para os filhos massacrando o pufe.

— Nossa. É horrível. Seu marido gostava de vida ao ar livre? – a pergunta escapou antes que eu a reprimisse.

— Sim, adorava. Fazia umas excursões com alguns amigos da escola. Eles pararam depois da morte de Mike. Não é mais seguro. – suspirou – Temos uma loja de esportes por aqui, é bem movimentada em época de férias. Ele costumava pegar alguns equipamentos emprestados e ir até as montanhas. Passava alguns finais de semana por lá. Uma vez levou Hunter, era o momento deles sabe? Foram até as cavernas perto de La Push.

— Hm... Não sabia que La Push tinha cavernas.

— Poucas pessoas sabem disso – uma pitada de orgulho pelo falecido marido saber da informação tingiu a voz de Jessica. – Mike conhecia essas bandas de cabo a rabo. Ele gostava disso. Gostava da loja também, muitas pessoas passavam por lá com historias engraçadas. Cada dia era uma.

— Histórias?

— É – ela rolou os olhos com um pequeno sorriso nos lábios carnudos, como se ridicularizasse a atitude do marido. – Histórias de montanhistas, sabe. Houve um tempo, na minha adolescência, que a historia local era de um urso gigante que tinha sido visto nos arredores de La Push. – ela riu um pouco ao se lembrar, embora o meu riso tenha sido forçado. – A última que ele chegou era sobre uma antiga adaga perdida pelos fundadores da cidade. Algo assim.

Gelo desceu por minha espinha, mas mantive a face cética.

— Jura? E o que de legal tem nisso?

— AH, homens adoram facas e essas coisas. Mike e Eric se lançaram em uma caça atrás dela. Era uma competição amigável entre os homens daqui. Tinham feito apostas. Em uma cidade pequena, pouca coisa realmente nos diverte.

— Tipo uma caça ao tesouro. – falei – Isso parece legal.

— Pareceu para mim também. Mas depois que Mike foi encontrado na floresta, eu simplesmente odeio qualquer mito que surge. Esses dias Hunter chegou com um papel desenhado. Mike tinha feito um mapa até essa adaga. Eu nem sei se ele realmente a encontrou. Fiquei possessa.

— Um mapa? Nossa, seu marido era bom em achar coisas.

— Mike sempre foi o melhor no quesito do território de Forks e La Push. – ela disse com uma nova pitada de orgulho. – Não sei se ele achou a maldita adaga, deve ter chego perto.

— Entendi. Você jogou fora o papel que Hunter achou?

Se a minha pergunta foi estranha, Jessica não demonstrou isso. Ela parecia distante novamente, ao pensar sobre o marido.

— Ah não, não tive tempo. Hunter escondeu em algum lugar da casa. – deu de ombros. – É difícil para ele, perder o pai. Não tanto para Hilary, já faz um tempo que ela não pergunta sobre ele, tem sido mais raro a cada dia. Qualquer coisa que tenha sido de Mike, Hunter simplesmente esconde. Foi um inferno quando tivemos que doar as roupas dele.

— Eu sinto muito, Sra. Newton.

Hilary e Hunter finalmente conseguiram estourar o pufe, despejando flocos de isopor por todo o chão. Isso despertou nós duas da conversa e Jéssica começou a gritar com os filhos. Nem se despediu, simplesmente agarrou os dois pelos pulsos e saiu da loja sem comprar nada.

Fiquei mirando a família, enquanto ela seguia pela rua e a janela suja e embaçada da loja permitia que eu apenas visse suas formas. Eles entraram em um carro e foram embora.

Sem tempo para processar a conversa, Naomi abriu a porta do vestiário e saiu de lá com um suéter preto. Distraidamente eu dei palpites nos que ela tinha escolhido entro os piores. Naomi voltou a fechar a porta, avisando que iria colocar os casacos agora.

Quão valioso aquele mapa seria? Será que foi por isso que Farad matou Mike? Ele tinha chego perto demais da adaga? Ele sabia demais?

As perguntas rondavam a minha mente e eu não conseguia fazê-las parar para me concentrar em Naomi, que estava completamente alheia a tudo o que tinha acabado de acontecer. El tagarelava algo sobre vestiários apertados e cheiro de chuva.

— O que Jacob diria se soubesse que você está se metendo demais nesse assunto? – uma voz suave e baixa disse atrás de mim.

Eu dei um pulo, me colocando de pé novamente. Por um momento, por um breve momento eu achei que era Dakota. Pela perfeição da voz, a suavidade e inocência dela. Mas não era e eu respirei aliviada novamente.

Era Renesmee Cullen. Eu sabia disso pela primeira vez que a vi na oficina de Jacob, praticamente se jogando nos braços dele. Era um rosto difícil de esquecer também, os cabelos arruivados, os olhos cor de chocolate e a pele perfeita. Eu não entendia o que ela fazia em uma loja como essa.

— Desculpa. Você é...? – eu não ia fazer com que ela se sentisse especial ao ponto de saber que eu não esquecera seu rosto, mesmo que o tenha visto apenas uma vez.

Talvez, só talvez eu estava com um pouco de ciúme de uma situação passada.

— Renesmee Cullen. Nos encontramos quando você foi na oficina do Jake. – ela disse sorrindo brilhante para mim, mas havia uma especulação que eu não entendi por debaixo da sua voz.

Eu simplesmente odiei a forma íntima como ela disse o nome dele. Fiquei surpresa por me ver tão ciumenta e possessiva.

— Hm... – fingi pensar. – Ah sim, no dia que tomei um tapa na cara. Lembrei.

Renesmee pareceu chocada com a minha referencia para o dia. O que mais eu poderia falar? Realmente levei um tapa na cara aquele dia. Era um fato. Depois de recuperada do choque, ela voltou a me encarar com uma certa especulação. Parecia ter seus 23 anos, talvez menos. Mas de alguma forma eu sentia que tínhamos a mesma idade. Não me sentia nem um pouco subjugada pela presença dela.

— Ah, e sobre sua abordagem, acredito que não é da sua conta. – lembre.

A por se abriu novamente e ambas olhamos para ver quem era. Aquela só podia ser Isabella Cullen. As breves e curtas descrições de Jacob bateram de alguma forma, mas não falaram nada sobre a perfeição. É claro que depois de passar um tempo com Dakota Coppens seria de se imaginar que eu não ficaria deslumbrada pela beleza.

O cheiro chegou depois, fazendo com que eu enrugasse meu nariz. Isso me acordou do torpor e fez com que a beleza de Isabella fosse secundária. Seus cabelos desciam em ondas até suas costas de um mogno profundo e avermelhado. Os olhos eram dourados e comunicativos. A pele pálida e perfeita exatamente igual a de Dakota. A perfeição emanava de cada poro dela, mas eu sabia o que tinha custado para ela ficar assim.

— Oi, você deve ser a Gaele. – Isabella disse, sua voz como um repicar de sinos no ambiente. Eu não tinha aversão a ela, mas também não a queria por perto. – Sou Isabella Cullen. Jake me falou bastante sobre você.

Que se dane, pensei.

Assumi uma pose mais segura, por que realmente me sentia mais confiante. Eu não sabia de onde isso vinha, a natureza de Isabella era exatamente igual a de Dakota, o perigo emanava da mesma forma. Mas isso não me assustava mais.

Pelo menos não com testemunhas em volta.

— É um prazer. – falei ignorando a minha repulsa e apertando sua mão gelada.

Naomi abriu a porta no momento exato. Eu vi seus olhos avaliando toda a situação e por fim se pararam em meu rosto. A telepatia foi trocada e eu nem precisei falar muito. Naomi naturalmente ignorou as duas mulheres.

— Naomi, essa são Renesmee e Isabella Cullen. Amigas do Jacob.

— Bacana. – Naomi disse sem interesse, embora houvesse um olhar cuidadoso em direção a elas, quase temeroso. – E aí, o que acha?

— Legal.

Naomi bufou e cruzou os braços.

— Voce disse a mesma coisa sobre os outros cinco que experimentei.

— É por que todos te serviram muito bem... – parei na minha frase diante da ira que crescia em Naomia. – Tudo bem, tudo bem. Prefiro o preto. Vai bem com tudo e é fácil de esconder manchas.

— Cara, você é sempre tao prática. Não é a toa que seu guarda-roupa é tão monocromático. – Naomi disse olhando no espelho.

Rolei os olhos para ela.

— Meu amor, sou a Rainha da Pracitolândia. – respondi. – Pronta?

— Claro, já escolhi os que quero.

Virei meu corpo para Isabella e Renesmee, que ainda nos observavam.

— Foi um prazer ver vocês. – falei e então sai na frente.

Naomi me seguiu de perto, murmurando uma despedida. Eu me sentia levemente fervendo por dentro. A forma como as duas falavam nele, como se fossem mais íntimos do que Jacob tinha me dado a acreditar me enervava. Ao chegar no caixa eu fiquei ainda mais irritada com a senhora mal educada.

Quando estava prestes a mandar Naomi largar todas aquelas roupas e irmos em outra loja – eu até arriscaria ir a Port. Angels – o preço de cada roupa foi exorbitantemente barato. Suspirei derrotada enquanto Naomi se surpreendia com o produto barato e ia em busca de mais roupas, além do mais, sua meta de gastos ainda não tinha sido batida.

Eu tive que arrastar Naomi da loja, a lembrando que ela tinha outras coisas para comprar: como sapatos para o frio. Paramos em uma loja de calçados e eu me larguei na cadeira, observando as caixas formarem pilhas ao nosso redor. Era surpreendente o tanto de material que uma loja pequena de Forks tinha, por mim o estoque já tinha acabado na metade do que estava agora na nossa frente.

As botas não eram de última linha e muito menos tendência nas passarelas do mundo, mas o preço dela fez os olhos de Naomi brilhar. Em meio a tudo isso, eu ainda estava servido de carregadora de bagagens. Era impossível ver meus braços por baixo de tantas sacolas. Seth viria a calhar em um momento desses. Pelo menos eu teria alguém para conversar e que não gritava comigo todas as vezes que eu dava uma opinião geral sobre uma roupa ou uma bota.

O que eu podia fazer? Não estava com humor para compras. Fora que nada naquela cidade tinha graça para mim. Tudo parecia o mesmo estilo de tantos outros que eu vira ao longo do dia.

Paramos por fim em uma loja de lingerie. As paredes vermelhas com papel de parede redado preto, os manequins pelados e a luz alaranjada me fizeram questionar se eu tinha entrado em uma loja de lingerie ou sex shop. Talvez uma mistura dos dois, eu podia jurar que uma escada preta dava para uma entrada secreta para um mundo de diversões.

Vaguei de balcão em balcão, observando algumas peças enquanto caminhava. Não que eu estivesse interessada em comprar novas roupas, mas eu poderia me ver em algumas dela. A loja não era tão barata quanto as outras da cidade, mas sai de lá com uma pequena sacola pink que me trazia a sensação de que eu estava fazendo algo errado.

Colocamos todas as sacolas dentro do carro e fomos comer em uma lanchonete na cidade. Eu estava faminta, parecia que não comia há dias. O cheiro de bacon e gordura fez meu estomago dançar. Eu poderia comer uma vaca agora.

Fiz o meu pedido de hamburger com batatas e uma Coca-Cola. Naomi me surpreendeu ao pedir uma salada com suco de laranja.

— Estou na dieta das cores. – ela disse em sua defesa.

Rolei meus olhos. Naomi era a ultima pessoa nessa Terra que precisava de uma dieta. Eu culpava os princípios distorcidos da sociedade. Qualquer mulher em sã consciência adoraria ter as curvas torneadas de Naomi.

— Ontem você comeu mousse de chocolate e pipoca. – assinale.

— Fruta: cacau, grãos: milho. Estou dentro das regras, babe. – piscou.

É claro que ela iria trapacear. Era de Naomi que estávamos falando!

—  E que cor é hoje?

— Verde-quero-vomitar – disse analisando o cardápio. Então o colocou na mesa e me olhou de forma inquisidora. – Quem eram aqueles mulheres na loja? As “amigas” do Jacob?

Ergui minha sobrancelha.

— Amigas com aspas? Por que as aspas? – perguntei, será que ela tinha notado a histeria em minha voz?

Sim, ela notou.

— Não pira, babe. É obvio para qualquer cego que você tem o Black nas suas mãos. – rolou os olhos. – Fico imaginando qual magia você fez.

Se ela soubesse o quão perto estava da verdade...

— Não que você não seja bonita, não é isso. É que Jacob é um cara mais velho e bom... Bom ainda estamos no colegial, não é mesmo? – ela reformulou seus pensamentos. – De qualquer forma, só quis dizer que aquelas duas querem entrar nas calças dele.

Eu cuspi minha Coca-Cola, engasgado. 

— Ew, que falta de tato – Naomi disse limpando a mesa com o guardanapo.

— Como é?

— Tudo bem, talvez não a morena. Mas a ruiva definitivamente. – ela falou como se fosse especialista no assunto.- Aquela lá é melhor você abrir seus olhos.

Franzi o cenho.

— Não sou adepta a brigar com mulher por causa de homem. – falei, nem mesmo por causa de Jacob – Sabe, é isso o que a sociedade patriarcal nos ensina desde pequenas: compitam por seus machos, pois somos importantes demais para estar em um relacionamento sem ter tido uma bela batalha por nós antes.

— Não estou dizendo para você brigar com ela. Só para ficar de olho. Ela pode não ter o mesmo pensamento que você.

Não, eu não precisava me preocupar com isso. Mesmo se Renesmee tentasse. Era uma das únicas coisas que eu estava feliz em não me preocupar: a fidelidade de Jacob. Isso não era brincadeira entre nós, o que tínhamos não era passível de dúvida.

No entanto, isso não impediria outras mulheres de tentar... Não, eu não ia me preocupar com isso.

Nossa comida chegou e eu devorei meu hamburger, sentindo um prazer enorme por ser carnívora. Assim que terminamos o almoço, voltamos para o carro rumo a La Push. Uma garoa fina começava a cair sobre Forks e isso estava tirando o nosso humor.

Segundo a programação de Naomi – ela tinha feito uma para a semana inteira -, o próximo passo seria a “noite das garotas” com direito a banhos de hidratantes, cuidado com a pele, manicure e pedicure... Ia ser um dia longo.

***

Eu estava preparando a penteadeira do quarto de hóspedes com hidratantes e cremes faciais quando a campainha tocou. Escutei a abusada da Naomi atender a porta e convidar alguém para entrar. Rolei os olhos e ri, ela precisava de limites.

Sai do quarto e dei de cara com Austin, Graham e Lali. Eu tinha me esquecido de avisá-los sobre a vinda de Naomi. Sua chegada que eu tanto comentava há algumas semanas. Todos estavam um pouco desconfortáveis, com exceção de Naomi. Se havia algo que ela apreciava era o desconforto alheio. Era quase uma reza cantada para ela.

— Ah, e aí gente? Essa é a Naomi, minha amiga de Los Angeles. – falei apressadamente – Naomi, essa é Austin minha irmã, Lali e Graham da escola.

Eles se cumprimentaram brevemente. Lali parecia um pouco ciumenta, eu bem sabia como ela era quando novas adições eram feitas em seu grupo seleto de amigos, tinha sofrido isso quando cheguei em La Push. Austin estava tímida como sempre, mas com olhos bondosos posicionados em Naomi, sem parecer se preocupar com o fato da minha melhor amiga estar aqui comigo enquanto eu não a via há uns três ou quatro dias. Graham estava... Embasbacado seria uma boa descrição.

Suprimi o suspiro. Imaginei quanto tempo levaria para ele dar em cima de Naomi.

— E aí, o que fazem por aqui?

— Ah sim! – Austin disse animada. – Falta duas semanas para a volta as aulas.

Ela disse isso como se eu entendesse a importância. Continuei a olhá-la de forma curiosa.

— Ela não sabe, Austin. Não estava aqui ano passado. – Lali disse rolando os olhos. – Duas semanas antes da volta as aulas e final de semestre nós fazemos a semana inteira de festa.

— Festa?! – a voz de Naomi subiu duas oitavas, olhando ansiosa. – Tipo assim... A semana toda?

— Isso aí – Graham sorriu.

Eu quase falei para Naomi não elevar muito suas expectativas. As festas de La Push não eram nada comparadas as festas de Los Angeles. Seria crueldade deixar que minha melhor amiga alimentasse esperanças de uma comemoração na semana inteira à lá Hollywood.

— Fizeram uma programação das casas que vão dar festas. Passamos aqui para saber se você quer ir. Elas começam amanhã.

Hm, não eu não queria, mas o olhar ansioso de Naomi me disse que se eu negasse ela ia me matar.

— Hm... Claro, né Naomi?

— Super! AH, ainda bem que vamos fazer uma noite das garotas hoje. Vamos estar lindas amanhã – e voltou para a cozinha, mexendo na geladeira para pegar mais mousse de chocolate.

— E a cor verde? – provoquei

Naomi deliberadamente me ignorou.

— Nós estamos passando na sua casa para falar com seu pai. A última festa sugeriram de ser lá. – Lali disse olhando Naomi atacar o mousse.

Ergui minhas sobrancelhas para Austin e ela riu.

— Se explicarmos com jeitinho o John vai deixar.

— Pode falar que é uma festa de despedida para mim. – Naomi sugeriu com a boca cheia de mousse. – Todo pai cai nessa.

— Boa! – Graham vibrou – Certeza que John vai deixar.

— Podemos ir lá agora com vocês – Naomi voltou a guardar o mousse. – Né, babe?

— Hm... Claro.

Todos entramos na caminhonete de Graham, se apertando no banco detrás. Fiquei olhando pela janela enquanto saíamos da entrada da casa de Jacob e pensei no próprio. Ele provavelmente estava na oficina agora. Eu não precisava pedir permissão para ir nas festas, mas estava curiosa sobre Renesmee.

Agindo como sempre agi na maior parte da minha vida, pedi para me deixarem na oficina enquanto eles podiam ir para a minha casa. Eu voltaria com John.

— Vai mesmo me abandonar? – Naomi perguntou com seus olhos alegres por estar contando uma mentira para um adulto.

— Você vai sobreviver.

— Te odeio

— Vejo você esta noite – falei rindo ao sair do carro.

Andei entre os diversos carros estacionados na entrada. Parecia que fazia anos que eu não vinha para cá. A cada vez mais a entrada de carros parecia mais lotada. Os negócios estavam indo bem, pelo visto.

Uma música de batida pop soava dentro da oficina de madeira. Eu via as pernas de Quil debaixo de um carro e Embry apoiado na bancada do outro. Eles me saudaram com alegria típica dos Quileutes.

— Jake está na oficina detrás. – Embry disse abrindo a porta para mim. – E aí, como você está?

— Bem. – o que mais eu poderia dizer? – E Lynn?

— Ah, terrível como sempre – e riu – Está com Emily enquanto eu trabalho.

— Passo lá depois para dar um beijo nelas – falei já abrindo a porta da segunda oficina.

Nas vezes em que vim encontrei carros e motos de marca e potencia. Dessa vez havia apenas um Audi preto no meio da oficina e a Harley de Jacob no canto. Apenas suas pernas eram vistas debaixo do carro, com o jeans surrado e sujo que ele usava para trabalhar.

Escutei barulho de metal batendo em metal e metal caindo no chão. Fiquei chocada que ele ainda não tinha notado a minha presença. Mas então notei que ele provavelmente estava envolvido demais no que fazia para reparar que tinha alguém na oficina.

Reprimindo o riso, andei até ele e o mirei de cima. Abri minha pernas e deixei as dele entre as minhas. Com um movimento firme, chutei sua coxa. Jacob exclamou de susto e escutei ele batendo a cabeça em alguma coisa. Pelos xingamentos, aquilo tinha doido.

Coloquei a mão na boca para evitar o riso. Era difícil, eu nunca o tinha pego de surpresa antes. Acho que poucas pessoas o tinham feito. Isso era hilário.

Jacob deslizou para fora do carro ainda praguejando. Quando me viu, sua carranca se transformou em um quase sorriso, mas sua boca estava fechada em uma linha fina. Não consegui evitar e soltei a risada, me dobrando de tanto ri.

Tirei minha perna do lado dele e deixei que ele se levantasse. Havia uma marca de graxa em sua testa, local onde ele tinha batido. Encostei meu corpo no carro enquanto ria.

— Muito engraçado – ele disse se aproximando perigosamente de mim, aquela energia se desprendendo dele e parando meu acesso de riso.

— Você sabe que foi engraçado – falei avaliando seu rosto. Ao que parecia, eu estava perdoada, mas ele parecia interessado em me deixar desconfortável.

— A que devo a honra de sua visita? – perguntou beijando o canto de minha boca.

— Estava indo para a casa do John e resolvi vir te visitar. Voltamos quase agora das comprar.

— Ah, e como foram?

Rolei os olhos.

— Ao estilo de Forks.

Jacob riu e ficou entretido em beijar o meu pescoço. Eu estava perdendo o fio da meada da minha visita.

— Encontramos suas amigas em uma loja.

— Hm.

— Isabella e Renesmee. – falei e fiquei me coçando para saber o motivo de Jacob ter ficado tenso e então se afastado um pouco de mim, olhando em meus olhos. Meu coração acelerou.

— Isabella em Forks? Essa é nova. – disse e voltou a beijar meu pescoço.

— É. Estavam fazendo compras... Mandaram um ‘oi’ pra você. – falei distraída. – Renesmee parecia... Conhecer você bem.

O riso de Jacob tremulou quente em meu pescoço, provocando calafrios na minha pele. Não sendo essa a reação que eu esperava, afastei meu corpo um pouco dele e o encarei. Ele me encarou de volta, curioso com a minha reação.

— Anjo. Sabe que isso é bobeira, não sabe?

— Eu deveria? – falei e então suspirei – Sei que não preciso me preocupar com você, só estava... Curiosa sobre a sua historia com Renesmee.

Ele rolou os olhos.

— Não há historia com Renesmee. O que acha que eu fiz? Peguei a mãe e a filha?

— Isso seria novidade para você? – brinquei.

Uma sugestão de sorriso cruzou seus lábios.

— Anjo, eu já fiz muita burrada na vida, a maioria delas envolvendo mulheres. Mas esse não é um caso. – então passou a mão pelo meu rosto. – Renesmee é filha de Isabella e Edward. Eu nunca sonhei em tocá-la.

— Mas ela quer entrar nas suas calças! – recitei Naomi com um gemido derrotado, deixando minha insegurança transparecer.

Jacob riu suavemente, jogando a cabeça para trás.

— Está aí algo que nunca ouvi antes.

— Não me zoa – falei, mas não soei o mínimo de seriedade que gostaria. – Estou falando sério.

Jacob balançou a cabeça.

— Você fica linda com ciúme.

— Não estou com ciúme! – falei chocada. – Sou racional demais para interpretar algo como o ciúme. Só estou curiosa com o seu nível de intimidade com Renesmee Cullen. Apenas.

— Ah sim – ele assentiu, o rosto fingindo seriedade. – Claro que sim. Bom, não há nível de intimidade entre eu e Renesmee. Ela é a filha da minha amiga, apenas.

Eu não estava completamente satisfeita com a resposta dele, mas deixei passar quando a porta se abriu novamente. O choque percorreu meu corpo como fogo e transformou tudo em raiva.

O que é que Renesmee estava fazendo aqui?


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Notas finais do capítulo

E ai?? Como estão??
Vem encrenca por ai... Alguém torcendo para Gaele perder as estribeiras com Renesmee? Hahahaha.
Queria agradecer os comentários lindos e incentivadores de Amando, Janye Stark, Terumy M W Lahote e Pinky. Amores, obrigada por tudo!
Quero agradecer também aos anonimos que leem a a fanfic, mas que se abstem de comentários. No problems, guys! Eu vejo vocês nas estatísticas amores e agradeço pela leitura.
Tem gente que estou sentindo falta aqui também!!
Nos vemos semana que vem,
Beijos ;*



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