Princesas: Nuances da Paixão escrita por Ana C Pory


Capítulo 1
Capítulo Único - Amor


Notas iniciais do capítulo

No grupo extra-oficial do Nyah!, vi que compartilharam uma imagem da página Curiosos. Nela, estava que Branca de Neve, em sua história original, era lésbica, e não hétero como aparecia na versão Disney.
Eu, com todo meu conhecimento de histórias originais, duvidei, é claro. Não fazia sentido, pois se hoje a sociedade é homofóbica e lesbofóbica, imagina naquela época. E então, com todo mundo pedindo fanfics, resolvi libertar essa ideia no papel.
Espero que apreciem! Aviso: o reino africano está meio "europeizado", mas foi proposital. Algum dia irei corrigir esta parte, quando conseguir pesquisar o suficiente :D



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Era uma vez, longe de todas as outras histórias, uma pequena garotinha chamada Kênia. Ela era a próxima da linha de sucessão para reinar o reino do Congo, mas antes de tudo, seu pai decretou que precisava casar-se.

Kênia, moldada como sua época, compreendia o rei, seu pai, todavia nunca conseguiu apaixonar-se por qualquer homem que fosse. Viajantes e peregrinos iam até seu palácio, oferecendo todo tipo de coisas em prova de seu amor. Mesmo assim, a garota permanecia imutável, até que um dia seu pai desesperou-se e disse a ela que, se não tomasse uma decisão em trinta dias, ele quem escolheria seu futuro marido.

Kênia chorou durante quinze dias inteiros, trancada em seu quarto. Não saia, recebendo apenas três refeições pela sua janela, onde as empregadas com dó subiam algumas cordas com uma tábua amarrada e colocavam seu prato para dar-lhe de comer. E assim, depois de tanta amargura, que Kênia resolveu distanciar-se de sua terra natal e fugir, o máximo que pudesse, para uma terra onde viveria em paz.

Aprontou-se e posicionou-se em cima da tábua, que desceu por causa de sua massa. Kênia então, apenas com uma capa por cima das vestes e uma pequena bagagem, correu durante horas. Quando se cansou, subiu em árvores e comeu de seus frutos, e tornou a correr sem parar.

Correu tanto que, no fim, acabou por achar muita água. Kênia nunca havia visto o mar, e por isso não entendia o que era aquilo, apelidando-o de “grande lagoa”. Desesperada por não saber como atravessá-lo, e com medo de alguém reconhecer-lhe e ter de voltar para o palácio, tornou a subir em um navio clandestinamente. Lá, diferente de sua casa, avistou homens brancos, e depois, homens negros sendo maltratados por eles. Ela horrorizou-se, imaginando que eles deviam ser de alguma linhagem real para poder cometer tanta maldade, mas visto que se comportavam rudemente, resolveu agir.

Tarde da noite, espreitava-se e assaltava parte da pouca comida que havia nos navios. Ela sempre parecia apodrecer, e por isso pegava suas melhores partes e corria até os homens negros. Dava-lhe de comer e improvisava curativos para suas feridas, sempre sendo recebida de muito bom grado por eles. Surpreendentemente alguns a entendiam em sua língua, o que a deixava deveras satisfeita.

Depois de um tempo, Kênia terminou por achar que os homens brancos eram perigosos, e por isso, ao finalmente o navio chegar ao seu destino, a jovem garota tentou fugir. Mas, diferente das outras vezes, foi capturada pelos homens, que começaram a rir dela. Machucaram-na de tal modo que sua pele negra sujou-se de sangue, e tentaram tirar-lhe as vestes. Kênia apenas chorava por tanta repressão, não entendendo o porquê além de ajudar quem mais precisava. Até que um homem negro se lançou na frente dos brancos, um pouco mais forte devido à comida que lhe era ofertada, e foi quando eles ficaram distraídos. Kênia levantou-se com dificuldade e enquanto o homem gritava para que fugisse, ela queria ajudá-lo.

O homem então a empurrou, gritando para que se lembrasse dela. Ela, ainda com mais lágrimas, correu, segurando sua roupa. Olhou para trás apenas uma última vez vendo ele sendo chicoteado e, enfim, seu corpo já cheio de sangue e feridas sendo jogado no mar, boiando até o horizonte até por fim desaparecer entre as águas.

Mais lágrimas inundavam o rosto dela enquanto corria. Todos na rua eram pessoas brancas que a olhavam espantadas, inclusive mulheres e crianças. Ela não entendeu. Ela quem deveria se espantar com tamanha crueldade que estava acontecendo. Por fim, achou, no meio de tantas casas (ela nunca vira tantas casas tão juntas), uma floresta enorme. Essas, ela parecia conhecer. Embrenhou-se na mata.


Pouco antes de Kênia nascer, havia nascido outra garota, quilômetros distantes desta. Esta, era o contrário dela, pois tinha a pele tão branca quanto a neve e era tão inocente quanto uma criança. Cantava com os pássaros, dançava no jardim, feliz e saltitante. Mal sabia ela que, enquanto fazia isto, sua madrasta almejava seu mal.

Era muito mais do que inveja. Era obsessão, era loucura, era psicopatia. Desde que a madrasta entrou no castelo, e viu aquele bebê gordinho, fez um juramento silencioso de que transformaria a vida daquela criança num inferno. Só uma pessoa podia ter o coração do rei, e era ela. Só uma pessoa podia ter as riquezas dele, e era ela. Só uma pessoa podia ter o reino todo em suas mãos, e era ela. Só uma pessoa podia ser a mais bela do reino inteiro, e era ela.

Ao menos, era ela até a menina crescer.

Quando Branca completou sete anos, o número de pessoas que contemplavam sua beleza absoluta aumentou consideravelmente, assim como ódio da madrasta. Até que, depois de aguentar firmemente, ela não suportou mais tamanha humilhação. Branca não podia brincar com as outras crianças. Branca não podia conhecer o mundo e suas vastas belezas. Branca não podia sair da região do palácio. Branca não podia conversar com a criadagem.

E sempre que descumpria alguma das regras, a madrasta ficava sabendo. Branca desconfiava que fosse por causa de um espelho que ela vivia conversando, mas por medo de a madrasta ser acusada por bruxaria, resolveu não falar nada, pois sequer sabia que era ela quem a fazia viver assim.

Para quem fora tão privada, a garotinha foi tão firme quanto. Refugiava-se com a natureza do jardim do castelo, e aos poucos os animais ser tornaram seus melhores amigos. Como mal podia conversar, não sabia da maldade, da fome, do preconceito, de todos os problemas do mundo. Era pura inocência.

Quando a garota se tornou mais velha, a madrasta não aguentou mais. Branca não podia mais sair do quarto, também, sequer ir para o jardim. Era óbvio que a garota, aos poucos, começou a ficar meio louca.

Arranjava um jeito de sair do quarto, na madrugada, para ir ao bosque. Lá, conhecia outros animais, outra vida além do jardim, que antes tão grande se tornara pequeno à imensidão daquele local. Um dia, a madrasta descobriu, e já insana de raiva, deixou que Branca saísse para passear. É claro, ela foi, feliz da vida, e quando havia se embrenhado no bosque, a madrasta virou-se para um caçador de animais.

“Mate-a e me traga seu coração, seu rim e seu fígado como prova” falou, ao que ele prontamente foi atrás de Branca.

Os dois conheciam muito bem o bosque, e no início foi difícil para o caçador, mas como a garota não sabia de sua perseguição, caminhava tranquilamente colhendo morangos e pondo-os em uma cesta improvisada de folhas. O homem, então, a avistou, e antes que ela pudesse se virar, o cano frio da arma dele estava nas costas dela.

Ele, então, ordenou que largasse a cesta e olhasse para ela. Sem medo, ela fez isso, até que o encarou e a curiosa arma que agora encostava em seu peito.

“Olá, nobre caçador” cumprimentou Branca, sorrindo, desconhecendo o poder da arma. “O que é isto que carrega entre as mãos?”.

“É uma arma, Alteza” ele respondeu solenemente. “Serve para matar animais e homens”.

Branca não entendeu. “Por que alguém mataria animais, se a natureza dá tudo que precisamos para comer? Veja, coma esses morangos. Estão frescos e eu não me importo” e apontou a cesta.

“Alteza não compreendeste” o caçador respondeu, calmo. “Vim aqui para matar, e é por isso que o cano está apontado para vossa Alteza. Darei o fim à tua vida e em troca receberei minha devida recompensa”.

“Não compreendo mesmo” Branca espantada, falou. “Não lhe fiz mal algum”.

“Não fizeste mal para mim, e sim para a rainha e para o vosso reino” o caçador já estava ficando impaciente com toda essa conversa.

“E qual foi este mal que cometi?” ela desmoronou, caindo de joelhos no chão, os ombros caídos de decepção. O caçador hesitou, pois não sabia.

“Isto é algo que apenas a rainha sabe, vossa Alteza” falou, já não tão seguro.

“Por favor, dou-lhe tudo que tenho desde que liberte-me. Ainda não vi o mar, e gostaria muito de vê-lo, pois ouvia falar sobre ele quando era pequena, quando saía à cidade”

O caçador olhou durante mais alguns minutos para a garota branca como a neve. Seus cabelos cor de ébano estavam arrumados e uma adorável tiara de flores enfeitava-os. Ele sentiu pena, mas não demonstrou.

“Tudo bem” ele desistiu, pensando que, se a libertasse, seria facilmente morta por algum animal e então a culpa não seria dele, e de qualquer forma, não teria matado a princesa do reino. “Pode ir, mas antes dá-me estes morangos, Alteza, que estou faminto” o caçador disse, tentando minimizar a chance de sobrevivência da garota. Pegou a cesta e a segurou, e então completou, seguro. “Se não correres agora, a mato de todo o jeito, Alteza” e a menina, então, levantou-se e correu. Correu o quanto pôde, correu o possível e o impossível, para fugir de quem quase a matara.

Foi comendo os morangos em caminho de volta ao reino que o caçador lembrou da prova de morte. Amaldiçoando-se por ter a deixado fugir, já ia voltando a procurá-la quando avistou um javali que repousava por ali. Achando-se brilhante, matou-o com um tiro e tirou seu facão do cinto enquanto retirava os órgãos do animal.

Os levou até a rainha, que sorriu triunfante. Fez questão de ela mesma cozinhar, com ajuda de algumas criadas, o coração, o fígado e o rim do javali, pensando ser da garota, e o caçador apenas assistia, não mais arrependido, enquanto a rainha comia aquilo lambendo os lábios.

Voltando para Branca, houve um momento que ela tropeçou em uma raiz e caiu, trôpega, no chão. Os braços tão brancos sujos de terra, levantou a cabeça e percebendo a presença de uma simpática, porém pequena, cabana de madeira. Alguns metais preciosos enfeitavam a mesma, como a esmeralda que beirava a porta.

Branca de Neve abriu a porta e viu uma mesa de madeira, menor ainda, com sete pequeninhos pratos e sete pequeninhas canecas, com respectivamente mingau e vinho.

Inocente, comeu um prato inteiro de mingau e um copo inteiro de vinho, deixando-os sobre a mesa e logo foi atingida por uma imensa exaustão. Caiu na primeira cama que viu, que era a sétima e felizmente a maior de todas, e um sono profundo a invadiu.

Aos poucos, a porta foi aberta e fechada sete vezes, por sete pessoas muito baixinhas. Eles notaram algo de diferente em casa, mas foi só descobrirem que todos os pratos permaneciam intactos, exceto o do sétimo, que este caiu em fúria. Saiu para os outros cômodos da pequena cabana procurando o responsável por toda aquela baderna até que finalmente entrou no quarto e viu uma bela menina descansando como um anjo em sua cama. Felizmente, outro anão o interceptou enquanto todos discutiam sobre o que fariam, até que um espirrou e Branca acordou.

Pediu mil desculpas por ter entrado, especialmente para o que havia usado a cama, e contou toda a sua história para os anões, que escutaram aflitos, até a parte do caçador, que um deles disse “Que caçador malvado!” e quando ele a deixou livre, um outro contradisse, falando “Sempre soube que era bom!”.

Diante da interrupção, Branca pediu o nome de todos, que imediatamente cederam.

“Sou Atchim” disse o que havia espirrado, logo espirrando mais uma vez, e Branca riu.

“Dengoso” outro disse, sorrindo.

“Eu sou Dunga!”

“Eu, Feliz!” o que havia apoiado o caçador disse.

“Eu sou o Mestre” um outro falou, e tiveram que acordar o sexto para ele responder.

“Meu nome é... Soneca.”

E então todos se viraram para o último anão, que Branca havia usado a cama e era o único que estava de cara feia, que enfim cedeu e disse.

“Zangado.”

Depois das apresentações, seis anões concordaram que podiam deixá-la ficar ali caso limpasse e arrumasse tudo, ao que Branca prontamente aceitou. O sétimo aceitou na marra, desde que Branca construísse uma cama nova para ele.

E as semanas e dias passavam-se assim. Branca limpava a casa e construía, pouco a pouco, a cama, até no final Zangado ter uma cama melhor do que a antiga e parar de resmungar o tempo inteiro.

Branca saía frequentemente à floresta pegar ervas medicinais para Atchin, mas nada parecia fazer efeito nele. Quando, enfim, estava pensando em pegar algumas que havia visto uma semana antes, de repente uma garota apareceu em seu campo de visão.

Ao contrário de Branca, sua pele era escura como a terra e adornos enfeitavam-lhe o rosto. Seu corpo estava todo ferido, sangue saindo de seus braços, pernas e um filete escorria atrás da orelha. Ela estava cansada, lágrimas inundando seus olhos, e então caiu de joelhos no chão, e desmaiou.

Branca correu para auxiliá-la, deitando-a sobre o solo. Preocupada, pôs-se a limpar com água e vinho as feridas dela, colocando algumas folhas amarradas nos piores ferimentos e aplicando um pouco de ervas. A puxou até sua cabana, indo logo a cozinha fazer-lhe um chá.

Quando voltou, com a caneca na mão, a garota encarava suas feridas, aparentemente sem forças. Branca com suavidade deu-lhe de beber e, logo que ela terminou, perguntou em sua língua.

“Estás bem? O que houve?” mas, visto a negação dela, sentou-se à sua frente. “Você fala minha língua, certo?”

A garota negou com a cabeça, apesar de não ter entendido a pergunta. Branca compreendeu, pois no curto tempo que passara na cidade, nunca vira pessoas daquela cor. Até que lembrou-se da esmeralda que vira sobre a porta e as lendas que os anões contaram a seu respeito, e retirou-a com cuidado de seu local. Posicionou-a contra a boca e falou. Para si, a voz saiu normal, mas agora a garota parecia entender, e toda vez que precisava responder, punha a esmeralda em sua boca e falava.

Aquilo as surpreendeu, mas parecia que nada mais surpreendia Branca depois de saber que a madrasta mandara matá-la.

Primeiramente Kênia não falou muita coisa, e por isso Branca continuou conversando, esperando que ela se sentisse confortável e falasse. Contou sua história, contou do rei, da rainha, do caçador e dos anões; contou suas angústias, agonias e hábitos, e de repente a garota parecia interessada, escutando tudo atentamente.

Branca soube a respeito do homem sendo maltratado e as duas concordaram que aquilo foi uma maldade terrível. As duas conversavam como velhas amigas, cada vez mais íntimas, e quando os anões chegaram, cada um fazendo uma cara de espanto diferente a ver a garota ali. Branca implorou durante horas para que ela pudesse ficar junto, mas eles pareciam imutáveis, olhando-a até com certo nojo, que era retribuído.

Kênia parecia só sentir nojo de quem era branco, exceto Branca de Neve, pois esta lhe salvara a vida — e mesmo assim tinha sido difícil conseguir sua confiança.

De qualquer maneira, por intervenção de Mestre, durante duas semanas Kênia ficou lá, até que teria de ir embora. E cada vez mais as duas papeavam, conversavam, discutiam a respeito de tudo. Nunca tiveram muito alguém para desabafar, e agora que haviam encontrado uma a outra, a única coisa que tinham medo era o dia da despedida da princesa africana.

E aos poucos, crescia dentro das duas um sentimento diferente, indescritível e intenso.

Um dia, enquanto estavam as duas sentadas debaixo de uma árvore, Kênia menos ferida, entraram no assunto de intimidades, por mais estranho que fosse na época falar a respeito daquilo. Nunca tiveram uma educação muito boa, de qualquer maneira, e começaram a falar sobre beijos e paixões.

Kênia assumiu que nunca tivera atração por ninguém, ao que Branca concordara, dizendo em cochicho que certa vez, quando menor, achara uma menina de quem vira na rua... agradável de uma forma a mais que o “normal”. Kênia arregalou os olhos diante da revelação, e Branca arrependeu-se, já que homossexualidade era crime na época, mas surpreendentemente disse que também já sentira o mesmo por mulheres.

Até que uma maçã caiu em sua cabeça. Não sabiam que no futuro aconteceria algo parecido com um cientista que seria falado até os dias de hoje, todavia contaram sobre suas vidas enquanto comiam a maçã juntas. Então Kênia soltou uma piada que Branca riu, e as duas deslizaram um pouco mais na terra, e se olharam sorrindo. Aproximaram seus rostos e... se beijaram.

Fora inevitável e arrebatador, ao mesmo tempo. E ao final do beijo, o peito das duas ardia de paixão, mas Branca já estava arrependida. Levantou-se num pulo e disse que Kênia precisaria sair imediatamente dali, que o tempo acabara e que ou ela sairia dali, ou Branca a expulsaria.

Não deixou Kênia protestar, não a deixando mais pegar a esmeralda, e a pôs novamente sob a porta como promessa de nunca mais retirá-la de lá. Segurando as lágrimas, devolveu os pertences à princesa africana, que não fez questão de disfarçar o rosto de decepção enquanto saía da pequena cabana.

Nos próximos dias, Branca de Neve apenas chorava, não sabendo se era de arrependimento do beijo ou aflição por ter expulsado a própria paixão de dentro de casa. Foi secando as lágrimas que atendeu, em uma das tardes em que os anões estavam fora, uma simpática senhora que carregava uma cesta de maçãs.

A senhora não parecia querer-lhe mal, mas quando mostrou-lhe uma maçã, Branca caiu no choro. Deixou a velhinha entrar em casa, como desculpa por estar chorando, e aceitou a fruta para provar que não fora sua causa. Quando comeu a primeira mordida, caiu no chão engasgada, e a velha saiu correndo às pressas, rindo de vingança, pois era a madrasta má.

Aos anões chegarem, tentaram ajudá-la, mas esta de forma alguma dava sinal de vida. Decidiram, aflitos, que estava morta, e por isso decidiram enterrá-la: mas ao olharem a terra sentiram pena de tão nobre menina debaixo dela. Construíram, então, um esquife — uma espécie de caixão —, mas com os lados transparentes, para que as pessoas pudessem admirar a menina enquanto passavam no bosque (uma ideia deveras doentia considerando a putrificação corporal).

Mas por surpresa, a ingenuidade dos anões não fora tão ruim, pois parecia que a garota não apodrecia. E semanas se passaram, até que um dia uma jovem princesa africana passava pela floresta, agora com um cavalo. Quando achou o esquife, debruçou-se sobre ele e pôs-se a chorar durante horas, lamentando a morte de quem a expulsara de casa, pois quando se ama uma vez, se ama sempre, independente de tempo.

Até que, destinada a levá-la embora para enfim enterrá-la, pegou seu cavalo estava prestes a colocar o esquife nele quando tropeçou, e com esse solavanco, o pedaço da maçã de Branca saiu de sua boca e voou para longe.

Aos poucos, ela foi recuperando a razão, Kênia agora em meio a lágrimas de alegria, beijou seu rosto inteiro. Quando chegou a boca, arrependeu-se lembrando do que acontecera, mas por sua surpresa, Branca de Neve correspondeu, e então subiu no cavalo, e elas andaram até os anões chegarem.

Nenhum deles reagiu bem, mas felizmente elas tiveram a sensatez de não contar sobre seu caso. Até que Mestre, por fim, parecendo saber de tudo com um olhar esperto, porém não louco de contar a seus colegas, disse:

“A deixaremos ir, e leve a esmeralda. Mas antes, dê-nos de beber uma última vez, que não contaremos a ninguém que passaram aqui até o dia de nossa morte.”

Os outros anões concordaram, e Branca deu a eles de beber, e então subiu em seu cavalo e falou para Kênia, finalmente.

“Eu te amo”.


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Notas finais do capítulo

Alguém que sabe, me diz que classificação eu ponho? :3 Obrigada por ter lido. Adiós!



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