Twilight - a Magia do Amor escrita por Sol Swan Cullen


Capítulo 22
19º Capítulo – Família




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(Bella POV)

 

A cidade estava tal e qual como eu a recordava, nada mudara por aqui. Era fácil determinar quem era os vampiros, as bruxas e até mesmo os humanos… Edward e os restantes Cullen pareciam estar estupefactos com a nova imagem na sua frente. Tentei ignorá-la por um pouco de tempo enquanto os meus olhos procuravam entre a multidão um rosto conhecido. Esperava encontrar Mirela ou alguma das bruxas do Conselho em frente do edifício principal.

Edward tirou-me da minha busca perguntando-me para onde deveria guiar, indiquei-lhe o caminho para a casa da Avó que ficava ligeiramente fora da cidade. Fora uma questão de privacidade que levara a Avó e o Avô a escolherem a colina para construírem a casa. Ficava com uma vista fantástica para a cidade e ainda tinha uma vista maravilhosa para a floresta e as plantações da cidade.

Os olhos de alguns habitantes da cidade estavam fixo no Volvo, senti o meu rosto queimar só com os pensamentos que ouvia que vinham do lado de fora do carro, vários vampiros tinham reparado em quem estava dentro do carro. Os humanos não conseguiriam ver distintamente os ocupantes, mas os vampiros e as bruxas presentes na praça seriam... Não demoraria muito para que toda a Salem ficasse a saber do meu regresso.

Já me habituara à velocidade louca de Edward, tanto que já não esperava ver a paisagem que cercava o caminho até à casa da minha Avó com tanta clareza. Quando retirei o meu olhar da paisagem de modo a poder vê-lo, vi que os seus olhos observavam cuidadosamente as casas pelas quais passávamos, um brilho desejoso nos seus olhos e uma sombra de um sorriso nos seus lábios. Procurei o rosto de cada um dos restantes Cullen pelo espelho retrovisor, Jasper parecia estupefacto por algo (supus que tivesse sido por ter visto os vampiros ao sol na praça principal), Emmett parecia curioso (não me atrevi a entrar na sua mente para saber porquê), Alice estava com uma expressão... interessante, não sabia bem dizer porque é que considerava a expressão da fadinha assim, mas o facto de que ela parecia esperançosa deixou-me curiosa. Mas foi o rosto de Rosalie que, em comparação ao de Edward e o dos outros, me deixou totalmente preocupada, o seu rosto tinha uma expressão de triste desejo ainda mais acentuada que o rosto de Edward e isso preocupou-me, Já tinha ouvido a opinião de Rosalie no que tocava à vida como vampira... perguntei-me se isto mudaria alguma coisa no seu modo de ver as coisas...

Muitas coisas vão mudar... Não percebi que instinto me tinha dito isto... mas eu podia sentir em todo o meu ser que era verdade.

         Não foi muito depois que os espaçamentos entre as mansões começaram a aumentar e pouco depois já a bela casa da Avó estava no horizonte. A grande casa de paredes brancas e telhado laranja avermelhado distinguia-se perfeitamente ao longe, cercada por algumas árvores cujas folhas verdes da recém chegada Primavera brilhavam graciosamente ao sol. Não consegui resistir ao ímpeto de abrir a janela, o ar ligeiramente aquecido pela luz solar trazia consigo o doce aroma das árvores de fruto que não ficavam longe da vivenda. Estava finalmente em casa.

Conforme nos íamos aproximando, eu podia ver melhor a casa, tinha três andares e várias janelas, eu sabia que parte das paredes da parte de trás da casa era totalmente de vidro, como a casa dos Cullen em Forks. Na frente da casa, havia o pórtico com as colunas de madeira branca, um banco de madeira branca também, tal como os vasos de alfazema que a Avó tinha pendurado de baixo das janelas. Na parte de trás da casa, também havia um pórtico que dava para o jardim e lá havia uma cadeira de baloiço, tal como um banco igual. Com a proximidade podia sentir perfeitamente o cheiro delicioso das alfazemas misturado com o cheiro doce das árvores de fruto em flor.

Quando chegámos ainda mais perto da casa, vi que no pórtico alguém nos esperava.

Finalmente! Ouvi o pensamento de Ana chegar a mim. O que vos fez demorar tanto?

Sê bem-vinda, Bella. Não reconheci a voz logo, pelo que ainda procurei um pouco na minha memória aquela voz. Tolinha, é a Emily.

Procurei pela minha prima mais velha e quando a vi, engasguei-me com o próprio ar. Emily, a minha prima mais velha, estava ao lado de Joe, com os braços do vampiro a rodearem a sua cintura. Se eu já não soubesse que ela iria ter um... caso, talvez não fosse a melhor palavra para definir aquilo que eu sabia que eles tinham, ou viriam a ter, talvez relação fosse melhor... Mas será que neste mundo não existem palavras que expressem realmente o significado de um compromisso que dura para sempre?! Nem a palavra namorado ou marido ou até consorte (horrível termo bruxo... não faço ideia quem terá sido a bruxa ou sacerdotisa que decidiu aplicar esta palavra a um compromisso deste género) não eram o suficiente para realmente designar o que se passava quando uma de nós encontrava o amor que nos prendia comodamente para o resto da nossa eternidade.

Edward parou o carro e então sai do carro, não esperando que o meu vampiro me viesse abrir a porta, não me conseguia conter com a vontade de correr para os braços da Avó. Mas não pude fazê-lo, no pórtico, não estavam só Emily, Joe e Ana, a família praticamente toda estava lá. Emily, Joe e Ana encontravam-se junto do banco de madeira ao lado do meu pai e de Carlisle e Esme, ao lado da mãe de Edward estava uma mulher que seria reconhecida por qualquer outra pessoa, os seus longos e encaracolados cabelos castanhos chocolate e os seus olhos da mesma cor, profundos com o conhecimento de séculos de existência, contrastavam com a sua pele cremosa; ela era elegante e as roupas claras que trajava faziam com que ela parecesse brilhar ao Sol, aumentando assim a aura de poder que rodeava a sua figura imponente. Ao lado da imponente mulher encontrava-se uma outra, mas esta era tão diferente da primeira como era parecida, a sua pele tinha a mesma tonalidade cremosa e os olhos azuis tinham a mesma profundidade que os da outra mulher, os seus cabelos também eram castanhos mas nada de perto da tonalidade chocolate que os cabelos da outra mulher, eram ligeiramente mais escuros e chegavam a parecer negros se não fosse pela luz. Ao seu lado estava um dos vampiros que eu mais idolatrava em toda a minha vida, Angel, os seus cabelos castanhos chegavam a ser mais parecidos com os cabelos do pai à luz e a sua pele pálida cintilava ao Sol como a pele do pai, de Carlisle e de Joe.

- Saudações. – Disse-lhes, colocando o punho sobre o peito num sinal de respeito.

Era totalmente desnecessário fazer aquilo, mas havia certas regras que eu como princesa de Salem deveria seguir e servir de exemplo, gostando ou não do título que me fora aplicado à nascença.

Vi todos no alpendre sorrirem, os seus pensamentos variavam entre terem pena de mim por me achar na obrigação de fazer aquilo parecer tão... oficial e orgulho por me verem como alguém que respeitava e era merecedora de respeito.

Vai ser muito bom ver como os habitantes da cidade se vão comportar quando ela tomar o meu lugar. Ouvi os pensamentos da Avó e encolhi-me, sabia quais eram os desejos da Avó para mim... e não gostava nada. O que poderia eu ter de melhor que a Avó tinha?! A Avó tinha nascido para ser uma líder, no tempo dela, ela fora educada para ser uma líder... Eu nunca fui nada de próximo para uma líder, eu não tinha força para comandar um povo, eu não era nada do que a Avó era.

Eu estava tão envolta nos meus pensamentos que foi uma total surpresa quando vi a belíssima mulher de cabelos castanhos chocolate, a minha Avó, curvar-se numa ligeira vénia com o punho sobre o seu peito num cumprimento respeitoso. E eu tive vontade de sair a correr... Mesmo sendo só entre nós, família, aquilo significava muito mais do que devia... Ter a rainha a fazer uma vénia e aquele gesto significava que a pessoa a quem ela se dirigia era de alta importância, geralmente correspondia sempre a alguém numa posição de Alta Sacerdotisa ou algum membro do Conselho.

- Saudações. – A sua voz reflectia tanto a sua imponência como a sua figura, mas estava tão quente e amável que nos dava a certeza de que era uma pessoa de confiança. Os seus olhos castanhos pareciam chocolate liquido e deixavam a sua expressão maternal ser ainda mais acolhedora que o rosto meigo de Esme. – Sejam bem-vindos a Salem. Chamo-me Marie Swan, sou a avó da Bella como já devem saber.

Prestei especial atenção à mente dos meus companheiros de viagem, não me surpreendeu a surpresa vinda da mente de todos eles, a comparação entre a aparência da minha avó e a minha era constante. Edward era o único que não comparava, ficando apenas por ficar admirado com as semelhanças entre nós as duas.

Poderia jurar que elas são mãe e filha... São tão parecidas. Ouvi Jasper pensar.

Cruz credo! Parece que foram clonadas! Emmett pensou, felicitando-me com uma imagem de mim e da minha avó.

O Charlie tinha razão... Uma autêntica cópia uma da outra. Alice pensou, calmamente.

São tão parecidas... Como é possível que sejam apenas avó e neta?! Rosalie tinha pensamentos idênticos a Jasper.

- De certo que não tiveram problemas na escola. – Carlisle disse, puxando a nossa atenção.

- Sim... – Edward disse. – A Miss Cope foi muito... eficiente.

Olhei para ele e sorri, sentindo a tensão que se tinha acumulado nos meus ombros, devido à minha antecipação ao que iria acontecer, desaparecer. Ele era ainda mais lindo ao sol do que eu tinha imaginado. Caminhei até ele e ele sorriu-me, não pude deixar de me sentir como um gato que seguia para o colo do seu dono procurando carícias...

Alguém clareou a garganta quando os braços de Edward me envolveram a cintura e só então percebi que estava a ignorar os meus familiares para me dedicar totalmente ao conforto dos braços do meu namorado. Quando me virei para ver quem me tinha chamado à atenção, arrependi-me totalmente de o ter ignorado. Angel observava-me e a Edward com uma expressão mortífera, eu conhecia aquele olhar e não era nada bom.

- Para começar, embora eu não seja o pai da nossa querida Bellinha, a minha palavra também vale como uma ordem nesta cidade, Cullen! E para que saibas, enquanto eu estiver por perto e enquanto tu estiveres na nossa cidade, vais manter as tuas mãos para ti. – Angel disse tirando os seus braços da cintura da mulher dos cabelos quase negros e cruzando-os sobre o seu musculado peito.

Eu contive um pequeno riso enquanto Edward se encolhia ligeiramente e afrouxava o aperto dos seus braços ao meu redor, reparei que a mulher a quem Angel estava abraçado rolou os olhos perante a ciumenta e super protectora atitude do meu padrinho.

- Não te preocupes, Edward. – A mulher disse. – O que quer que este gigante diga não há-de ser mais forte que as vontades da Bella.

Ela desceu do alpendre acompanhada pela Avó, assim que o sol tocou totalmente na sua pele, esta cintilou como a pele de Angel. Nunca me iria habituar à beleza que eles conseguiam ter ainda mais ao sol. O sorriso da mulher aumentou quando ela parou à minha frente, tanto carinho que até me fazia mal... eu não estava habituada a nada daquilo.

- Sê bem-vinda de volta a casa, Bella. – Ela disse-me.

- Obrigada, Madrinha. – Abracei-a. – É bom estar de volta.

Alguém nas minhas costas clareou a garganta e eu tive que revirar os olhos para conter a minha irritação.

- Pessoal, esta é a minha tia e madrinha, Isabel Swan. – Apresentei-a aos outros e esperei.

Todos fizeram apenas um pequeno cumprimento e Isabel riu-se, para depois cumprimentar todos com um abraço e dois beijinhos. Esta era sem dúvida a minha tia desnaturada. Depois de nos cumprimentarmos uns aos outros, entrámos para a casa onde eu tinha passado alguns verões na minha infância, era maravilhoso estar de volta, conseguia sentir a nostalgia da minha vida em que eu era a pequena bruxinha que se perdia dentro da biblioteca.

- É uma bela casa. – Edward comentou quando me abraçou pelas costas.

- Espera até entrares na biblioteca. – Sorri carinhosamente, satisfeita por estar de volta.

- Queridos, venham se sentar. – A Avó chamou-nos com um imenso sorriso no rosto. – Vejo que cumpriste a tua promessa, Edward.

O meu vampiro baixou o rosto parecendo envergonhado e eu só consegui sorrir, embora não estivesse de facto a compreender o que a Avó queria dizer, de que promessa estava ela a falar?!

- Estou a referir-me ao anel que trazes no dedo, minha querida. O Edward prometeu-me que da próxima vez que viessem os dois juntos aqui a Salem que tu virias já com esse anel no dedo e que não faltaria muito para podermos dizer que serás uma Cullen ou que o nosso querido leitor de mentes será um Swan. – Foi aquele pequeno discurso que me fez corar.

- Mãe... Ainda falta imenso para isso e a senhora sabe. – O pai chamou-a à atenção.

- És um desmancha-prazeres, meu filho. – A Avó repreendeu-o e eu ouvi Carlisle e a Tia Isabel rirem-se no fundo da sala. – Meninos, maneiras... Dêem o exemplo aos mais novos.

- Sim, Mãe. – Responderam os dois ao mesmo tempo e eu sorri perante isso.

Ficámos uns momentos em silêncio, mas a Avó parecia realmente preocupada.

- Lamento que a vossa visita tenha sido forçada a acontecer, meu anjo. – A Avó disse-me com um olhar triste. – Não me interpretes mal, minha querida menina. Estou contente que tenhas voltado ao teu verdadeiro lar, tal como estou extremamente feliz por ter aqui o meu filho mais velho e os meus netos, mas não me agrada que tenham sido obrigados a recorrer a Salem por motivos que não fosse a vontade própria.

- Nós viemos por vontade própria, Mãe. – Carlisle interrompeu. – Sabe que não podíamos vir antes...

- Eu sei, Carlisle, meu filho. Eu sei. – O sorriso que a Avó deu ao pai de Edward era triste. – Mas entristece-me que o motivo que vos trouxe cá tenha sido o mesmo que nos impediu de vivermos calmamente há séculos atrás.

O seu olhar voltou ao meu, vi como nos seus olhos houve uma estranha mistura de sentimentos, eu não consegui compreender todas as emoções que passavam pelo seu rosto, mas a raiva foi uma delas... e eu nunca a tinha visto assim, enfurecida. A Avó levantou-se começando a andar de um lado para o outro.

- Carlisle e Charlie já nos contaram a história da Isabel, senhora. – Edward disse, a sua voz parecia até um certo ponto, receosa. – Viemos pedir-lhe ajuda.

- Sabe que é mais que isso, não sabe, Mãe?! – Eu nunca tinha visto o meu pai com aquele ar tão sério, nem quando fomos jantar à casa dos Cullen e Edward me tinha elogiado na sua frente. – Precisamos muito mais que a sua ajuda.

Charlie e Edward revezaram-se a contar à Avó a visão que Ana tivera e que me mostrara à distância, ela não parecia satisfeita e quando Carlisle lhe contou o plano que tinham feito depois da visão, ela não ficou nada contente com Ana.

- Compreendo que ao veres que os que te rodeiam encontram o amor da sua existência, tu te sintas metida de fora, Anabella, mas achas mesmo que obrigares o jovem Black a transformar-se é a melhor solução?!

- A Avó sabe o que é mais provável de acontecer quando ele se transformar sem eu estar por perto, não sabe?

- Anabella, isso não é motivo para quereres acelerar o processo de transformação. – A Avó repreendeu, de repente, parecendo mais velha do que aparentava. – E eu a julgar que tu terias mais juizo.

- De qualquer maneira, Marie, a Ana é capaz de ter razão. – Angel intrometeu-se, recebendo um olhar fuzilante da esposa. – Os lobos serão úteis... Da última vez que enfrentámos o James foi mais difícil, talvez com a ajuda deles consigamos derrotá-lo de vez.

- Angelus! – A Tia Izy exclamou parecendo chocada.

- Odeio admitir... – Charlie disse. – Mas concordo com o Angel. Mãe, acredite que eu não suporto a ideia de que os lobos vão ser metidos ao barulho. Ainda para mais tendo um deles destinado a ter uma impressão com uma das minhas filhas, sabe bem o que me custou aquela visão, mas eles são mais fortes que nós todos juntos. E a Mãe não pode abandonar Salem e nem me atrevo a pedir auxílio ao Pai que está em Volterra...

- Charlie, bem sabes que o teu pai ficaria muito satisfeito por vos ajudar com isto. Ele adoraria realmente conhecer a neta, não achas?!

- Mãe... Isto... A sério! Eu sou dos primeiros a apoiar a ideia de ter o Pai a conhecer a Bella... Até agora com o Edward... O Pai seria uma ajuda enorme, mas agora?! Meter os Volturi ao barulho não me parece uma ideia nada boa.

- O Charlie tem razão, Mãe... Há quanto tempo esteve o Pai cá?! Dezassete anos?! – Carlisle intrometeu-se novamente. – O Aro pode desconfiar...

A Avó suspirou, obviamente cansada, não me lembro de a ter visto assim das outras vezes que vim a Salem com o pai... e aquilo surpreendeu-me. O seu olhar encontrou o meu e vi dor que lhe passava pela alma.

- Odeio quando sou obrigada a concordar convosco. – Ela acabou por dizer. – No entanto, bem sei que temos em mãos outro problema, não é, Charlie?!

Ao princípio, vi a confusão assolar o rosto jovem do meu pai e perguntei-me novamente do que estaria a Avó a falar, mas então foi o rosto do meu pai que se iluminou.

- É verdade. – Ele disse com um sorriso a brotar nos seus lábios. – Mãe, será que poderíamos ter acesso aos Livros das Gerações Perdidas?!

- É por ti que procuramos, Mary Alice? – A Avó virou-se para Alice que ainda não tinha proferido uma única palavra desde que chegáramos.

O rosto da pequena fadinha voltou a estar esperançoso e eu tentei ver na sua mente o que teria ela visto para que aquele ar tivesse sido fixado no seu rosto. Antes de abrir a boca para se dirigir a Marie, Alice fez o mesmo cumprimento que eu tinha feito mais cedo, reparei como ela parecia tensa e olhei para Emily que estudava a pequena fada com a mesma atenção que eu.

Julgas que podemos ajudá-la?! Perguntei à minha prima que olhou para mim com os seus lábios a formarem um trejeito.

Dificilmente... Ela não se lembra do seu passado... E tenho as minhas dúvidas quanto ao Tio Charlie achar que ela possa ser uma das Filhas Perdidas de Salem. Ela respondeu-me. Mas é possível. Confia na Avó e no Tio Charlie para desafiarem as leis da “normalidade” até mesmo aqui.

Uh oh... Isto não é nada bom. Ouvi Ana pensar e o meu olhar, tal como o de Emily e de Edward virou-se para ela. Parece-me que a velha anciã vai ter visitas.

Emily fez uma careta e eu e Edward partilhámos um olhar confuso.

Sabes a quem elas se referem? Ele perguntou-me, obviamente curioso.

Não tenho como saber... Por vezes chegam bruxos e bruxas aqui a Salem... É possível que se estejam a referir a uma bruxa anciã... São complicadas de achar... Só procuram as comunidades quando algo está para a acontecer. Expliquei-lhe.

- Não vejo como me pode ajudar, Mrs. Swan... – Alice começou.

- Oh! Pelo amor da Deusa... Trata-me por Marie, querida... Não há nada a temer. – O sorriso da Avó era reconfortante.

- Marie, não me lembro do meu passado... O Joe diz que vê no meu passado que eu fui internada pela minha família num manicómio porque eu tinha visões.

- E tu trouxeste esse dom para esta nova vida, não foi, minha pequena fada?

Contive um sorriso perante o novo termo carinhoso da Avó, todos sabíamos que ela era bastante observadora e não me admirei quando ela se referiu assim a Alice.

- É raro, muito raro, encontrar-se um humano com capacidades desse género, minha querida Alice. Não me admiraria nada que pertencesses realmente à nossa família.

Se Alice pudesse corar, ela estaria corada e disso estou certa.

- Bella? – Rosalie chamou-me e assim que olhei para ela fui interrogada. – O que quer a tua avó dizer com “não me admiraria nada que pertencesses realmente à nossa família”?

Procurei lembrar-me de alguma explicação para Rose, mas não me conseguia lembrar de um modo simples de o fazer.

- As famílias mais antigas, como é o caso da nossa, têm certas características, Rosalie. – Charlie disse. – A nossa tem duas características distintas. Uma é a cor dos olhos... – O sorriso dele tornou-se convencido. – Somos as únicas pessoas no mundo que tu hás-de encontrar com olhos castanho chocolate, marca registada de que se é um Swan. A outra... E é no geral... É a visão. É ainda mais raro não se conhecer um membro desta família que não tenha visões.

- Como assim? – Perguntou Alice com um tom de curiosidade nada disfarçado na sua voz.

- Cada um de nós nesta sala tem um pouco da visão... Nem todos são tão específicos... Mas todos temos isso em comum. Por exemplo, a minha mãe tem visões quase como tu, vê de tudo, quando e como quer; eu tenho visões quando toco numa pessoa ou coisa; a Isabel vê as futuras relações... digamos que ela é uma mistura do poder da mãe com o poder do pai; a Ana como já soubeste também vê as coisas quase como a minha mãe e tu... – Ele explicou.

- Então... é possível que eu... – Alice começou.

- É uma possibilidade, Alice. – Carlisle disse, sossegando a sua filha. - Nada confirmado até encontrarmos o teu nome numa das árvores genealógicas das bruxas que decidiram não seguir a sua verdadeira natureza.

- Porque fariam isso?! – Emmett falou pela primeira vez. – Como é que pode haver gente que não gosta de ser aquilo que vocês são?!

- Emmett, lá porque temos poderes fantásticos e somos imortais não quer dizer que ser uma de nós não seja mau... Há pessoas que não aceitam o que são porque se acham aberrações. – Isabel respondeu.

- Não te esqueças, Isabel, que por vezes não é só porque se acham aberrações ou não aceitam a sua verdadeira natureza. – Esme disse. – Por vezes só decidem virar costas porque a pessoa que amam não pertence à mesma natureza que elas.

Eu tinha estado demasiado ocupada em preocupar-me com as reacções dos vampiros para estar atenta em Esme... Agora que olhava bem para ela perguntei-me como poderia ter sido tão burra! Os olhos de Esme continuavam da mesma cor verde que eu os tinha visto na noite passada, a sua pele não tinha nem de perto nem de longe a cor pálida da tez de um vampiro e se eu me concentrasse realmente muito, eu poderia ouvir o seu coração a bater forte e saudável no seu peito.

- Como é que... A Esme... Como... – Não conseguia fazer com que as palavras saíssem da minha boca.

- Pois, querida... – Esme sorriu-me. – Eu sou uma bruxa.

Ri-me, talvez o choque já me estivesse a apanhar.

- Porque é que não me sinto surpreendida?!

Todos olharam para mim confusos, mas eu não conseguia achar as palavras exactas para lhes responder, para lhes explicar...

- O Pai deu demasiado a entender durante o jantar quando lhe pediu para executar o feitiço. – Expliquei. – E porque não haveria motivo para se sentir tão irritada como se sentiu na altura se não estivesse presa a uma promessa de sigilo. Pode ser bastante irritante às vezes.

Não sabia propriamente se era verdade o que tinha dito, mas as coisas que eu sabia acerca do sigilo mágico eram demasiadas para que eu pudesse dizer que estava enganada. O olhar que todos me lançavam era sem dúvida curioso, menos o da Avó.

- Claro que ela havia de saber que a nossa adorada Esme era uma bruxa! – A Avó entrou em minha defesa, não que fosse necessário. – Afinal de contas... Está lhe no sangue saber quem pertence ao nosso mundo e quem não pertence! Mas vamos tratar da nossa pequena Alice, se querem descobrir quem ela realmente é, é melhor começarmos já à procura.

- Mas, Avó, não teremos que pedir autorização ao Conselho? A Mirela não ficou nada satisfeita de que entrássemos nos registos.

A Avó fez uma careta que fez o seu rosto de eterna jovem parecer ainda mais jovem. E depois o riso que saiu dos seus lábios deixou-me ainda mais à vontade.

- A Mirela terá que ter calma... Ela, acima de todas as outras bruxas do Conselho, deveria saber que vocês devem ter acesso àqueles velhos livros. – Ela disse e depois olhou propositadamente para Alice e Rosalie e sorriu. – Mas porque não levar estas meninas a ver a cidade?! Penso que o Jasper iria gostar imenso do museu... ou talvez da biblioteca. Angel, porque não levas o Emmett à academia?

- Marie, à academia? Duvido que ele lá vá encontrar alguma coisa de que goste. – Angel disse, fazendo-me olhar para ele. – Afinal de contas só temos lá alguns novatos que nem experiência têm em lutar uns contra os outros.

- Lutar?! – Emmett meteu-se logo de pé e olhava animado para Angel.

Não fui a única a rolar os olhos, mas no entanto, vi mais alguém que parecia interessado na nova informação dada por Angel. Joe levantou a cabeça do ombro de Emily, onde ele inspirava o cheiro da minha prima, e olhou para o meu padrinho com um brilho interessante no olhar, não pude conter a vontade de lhe ouvir os pensamentos.

Lutas? Hum... Há anos que não confraternizo com outros de qualquer espécie... Os seus pensamentos estavam indecisos. Mas deixá-la... Não... As lutas podem ficar para outra altura.

Olhei para os restantes Cullen. Sabendo que Salem possuía imensas distracções, alguns deles já tinham uma ideia definida do que queriam fazer: Alice queria ir à procura do seu nome nas árvores genealógicas; Jasper ficara interessado quando a Avó lhe falou da biblioteca; Emmett ficara interessadíssimo na academia da “guarda” que o Tio Angel geria, por assim dizer; Rosalie estava interessada em conhecer a cidade... Já os outros era complicado. Esme não parecia interessada em nada em particular, Carlisle era a mesma coisa, a Tia Isabel teria coisas para fazer e então... Edward.

- O que queres fazer? – Perguntei ao meu vampiro fazendo-o olhar para mim.

Ele sorriu-me. – Não conheço a cidade... Quer dizer, que me lembre. Mas gostava imenso de vos ajudar na procura pelo nome da Alice nesses ditos livros.

- Aquilo vai ser uma seca. – Avisei-o.

- Eu sobrevivi a cem anos de secas... Alguns minutos não me farão diferença... – Então ele aproximou o seu rosto do meu ouvido e sussurrou-me. – E qualquer porção de tempo passada contigo, não é uma seca!

Senti a minha face ficar vermelha, mas não impedi o sorriso que me surgiu nos lábios. Era demasiado fácil ser eu mesma ao pé dele. A Avó sorriu tanto quanto Esme quando viram Edward aproximar a sua cabeça da minha, elas as duas gostavam obviamente da minha relação com ele mais do que deviam.

Claro que alguém tinha que arruinar o momento. O pai clareou a garganta, chamando-nos subtilmente à atenção.

- Se queremos encontrar alguma coisa antes do anoitecer, sugiro que iniciemos as nossas buscas agora. – Charlie disse levantando-se do seu sofá junto à lareira.

A Avó concordou e então dirigimo-nos ao centro da cidade. A Tia Isabel ia falando com Alice e Rosalie acerca da cidade, contava-lhes tudo acerca das lojas que havia, acerca das pessoas, das escolas... E o assunto que pareceu agradar imenso a Rose foi quando a tia falou do orfanato.

- Não é raro aparecerem por cá raparigas fugidas, sabem. Vêm para cá grávidas, ficam cá até ao final do tempo e depois de terem as crianças, abandonam-nas. – Isabel falou, a antiga tristeza que ela sempre mostrava por aquelas crianças, totalmente presente na sua voz. – Algumas de nós ajudam a cuidar delas, por vezes até lhes proporcionamos um lar, mas nunca é o suficiente.

- E precisam sempre de mais ajudantes! – Disse por cima do meu ombro, já ocorrera eu ter feito voluntariado no orfanato quando eu era mais novinha.

- A tua tia estava a pensar nisso... – Edward sussurrou-me. – Ela gostou imenso da Rose e da Alice... Ela acredita que seria bom para elas terem algum relacionamento com algumas das crianças de lá.

Sorri-lhe e dei-lhe um leve beijo na bochecha. Quando chegámos ao centro, dividimo-nos. Carlisle dirigiu-se ao hospital; Esme, a tia Isabel e Ana dirigiram-se para o orfanato na companhia de Rosalie; Angel, Emmett e Joe foram para a academia (pelos vistos, Emily estivera tão atenta aos pensamentos de Joe quanto eu e decidira facilitar-lhe a escolha); eu, a Avó, Edward, Alice, Jasper e Emily seguimos para o edifício principal do Conselho, onde ficava situada a biblioteca “municipal” e o registo da cidade.

Eu já esperava (pelo menos era disso que eu tentava convencer-me) que todos aqueles que nos vissem nos fizessem o cumprimento real... e isso é tão embaraçoso. Edward parecia estar do meu lado e por mais incrível que pareça, eu vi a Avó rolar os olhos para os cumprimentos pomposos que todos lhe faziam, tal como eu, ela odiava ser o centro das atenções. Na biblioteca, fomos recebidos calorosamente (como em qualquer outro lugar!), mas fiquei surpreendida por ver quem era a recepcionista de lá.

- Sarah?! – Perguntei vendo a jovem mulher de cabelos loiros escuros e olhos castanhos-mel.

- Bella? – Ela disse.

Assim que ela saiu detrás do balcão da biblioteca, abraçámo-nos. Fazia anos desde que eu a tinha visto, a última vez que eu estivera em Salem, Sarah tinha saído da cidade para acabar os seus estudos e ficara dois anos seguidos longe de casa. Mas a minha amiga continuava igual.

- Há quanto tempo! – Ela exclamou. – O que fazes aqui? Quer dizer, não que não esteja feliz por te ver e, certamente, também estou feliz por estares de volta a Salem, mas porquê?! Julguei que só cá vinhas no Verão.

- Mudei-me para morar com o meu pai em Forks, mas agora surgiram umas complicações e tivemos que vir a Salem. – Indiquei Edward, Alice e Jasper atrás de mim.

- Oh minha Deusa! – Ela exclamou olhando para Edward e os outros dois. – Os Cullen regressaram mesmo?!

Aproximei-me de Edward que colocou o seu braço ao redor da minha cintura protectivamente. Quando olhei para o seu rosto, ele olhava curioso para Sarah.

Quem é ela? Ele pensou, dirigindo-se a mim.

É uma velha amiga... Sarah McLaggen, pertence a uma das mais antigas famílias de Salem, oriundos da Irelanda. Expliquei-lhe encostando-me mais a ele.

Quando a minha amiga desnaturada reparou na presença da Avó, apressou-se a fazer a vénia respeitosa com que todos a cumprimentavam... Novamente era aquela sensação de desconforto por estar rodeada de pessoas que se sentiam obrigadas a dar mais atenção à minha família. Reparei pelo canto do olho que Alice começava a parecer impaciente e que Jasper começava a ser tão afectado pelas emoções da esposa quanto Emily que deveria estar a experimentar os poderes de Jasper.

Argh... Como é que ele consegue?! Ouvi a minha prima pensar e contive o riso.

- Posso ajudar em alguma coisa, Alteza?- Sarah perguntou.

- Podes. Precisamos de ter acesso aos Livros das Árvores Genealógicas.

Sarah guiou-nos através das estantes até uma sala em particular no fundo da biblioteca. A porta da sala era enorme e feita de carvalho maciço, podia sentir o cheiro maravilhoso dos livros e do verniz do chão de madeira, o calor da sala provinha da lareira que ardia constantemente na grande sala.

- Algum em especial, minha Senhora? – Sarah voltou a perguntar, eu via como ela se remexia à volta da minha Avó, procurando de todos os modos a agradá-la.

- Sim, minha jovem. O da Família Swan, por favor. – A Avó parecia tão segura de que Alice estaria na nossa árvore que até eu me sentia confiante nesse facto.

Emily e Jasper olharam os dois para mim com confusão no olhar, parecia que a minha confiança os deixava confusos. Sorri com isso. Sarah não demorou a trazer-nos o livro e sentámo-nos todos numa das mesas junto da lareira. Alice parecia ainda mais impaciente do que estava antes e Jasper e Emily pareciam pagar pela ansiedade da fadinha.

- Desculpem... – Emily disse levantando-se da sua cadeira e fazendo a vénia à Avó. – Não suporto o dom do Jasper, Avó... A Alice precisa de, rapidamente, saber quem é... E eu preciso de não sentir a ansiedade dela.

A minha prima mais velha saiu da biblioteca parecendo ficar aliviada enquanto punha mais distância entre ela e Jasper.

- Qual é o problema dela?! – Jasper perguntou olhando para mim ligeiramente indignado.

- Ela estava a copiar o teu poder... É o dom dela... Por vezes ela tem controlo sobre isso, outras não... – Expliquei-lhe.

- E não só. – A Avó interrompeu. – Variando de vampiro para vampiro, conforme a idade o dom vai ficando mais forte... A minha neta ainda é nova, o seu dom não está totalmente controlado, serão necessários anos, quem sabe até séculos para que ela consiga bloquear a maioria dos dons que a rodeiam.

- Ela consegue mesmo copiar todos os dons? – Alice perguntou.

- Sim. Não é fácil para ela. – Murmurei.

- Acredito que não... – Edward disse. – Ainda para mais agora com dois leitores de mentes... Imagino que ela deva estar quase a enlouquecer.

- Nem imaginas, meu querido. – A Avó disse. – Bem, mas vamos trabalhar?

Os seus olhos castanhos chocolate encontraram os meus.

Talvez queiras ser tu a abrir o livro. Ela pensou empurrando o grande livro de capa de pele e lombada grossa. Olhei para o livro ligeiramente assustada. Nunca nenhuma de nós nos aproximávamos daqueles livros, apenas as bruxas do Conselho e a Avó podiam entrar na sala dos livros das famílias, ninguém mais era autorizado a tal.

- Em breve serás uma delas, Bella. – A Avó sussurrou. – Tens tanto direito como eu ou as outras.

- Bella? – Edward chamou-me enquanto eu olhava vagamente para o livro.

Na capa tinha o nosso brasão: um cisne, como o brasão de pedra sobre a lareira da biblioteca na casa da Avó, para além do nome da nossa família. Naquelas páginas estavam escritas todas as gerações que a nossa família já tinha tido, as datas de nascimento e até as datas em que alguns deles tinham abandonado este mundo. A Avó costumava contar histórias acerca das primeiras Swan a abraçarem a magia, ás vezes, trazia-me aqui à biblioteca e junto comigo abria aquele mesmo livro para me mostrar as primeiras gerações.

- Alice. – Chamei-a e quando olhei para ela o seu rosto demonstrava toda a sua ansiedade. – Vem. Abre o livro comigo.

A fadinha juntou-se a mim e abrimos juntas o livro, quando deixámos a capa dura cair na mesa, uma brisa forte passou por nós, fazendo com que as páginas voassem até uma das partes mais recentes do livro. Alice e eu encolhemo-nos enquanto o vento nos despenteava o cabelo, mas quando voltámos a olhar para o livro, não sei bem qual foi a emoção que me tomou mais, se o choque ou a surpresa.

Logo no topo da página, vinha o nome dos pais da minha avó, David e Selene, deles os dois surgiam duas linhas que indicavam dois nomes, Marie e Mary, cada um dos nomes ligava-se a outro representado o matrimónio e da união dos dois nomes surgiam linhas mostrando os filhos. O nome da Avó ligava-se ao nome Marcus e deles surgiam os nomes Carl, Charlie e Isabel, esses três nomes ligados aos seus respectivos pares e dai ligados aos seus filhos. Desviei a atenção daquele lado da família para me dedicar ao lado que dizia “Mary”, o nome ligava a um Bernard e seguia pela folha fora seguida de uma quantidade de nomes. Desde o ano de 1729 quando a Avó e a dita Mary tinham nascido até 1901, a árvore seguia calmamente, e lá estava, escrito a pena numa letra elegante e antiga, o nome que procurávamos. Mary Alice Brandon.

- Alice. – Chamei-a, colocando o meu dedo a apontar para o seu nome na folha de pergaminho.

Ouvi-a ofegar e quando olhei para ela vi os seus olhos tão brilhantes como se ela fosse derramar alguma lágrima, algo que eu sabia impossivel sem o feitiço. Abracei-a, em parte, confortando-a, noutra parte, realmente feliz por saber que ela tinha uma história com a qual podia contar, com uma explicação ao porquê de ter sido afastada da sua família. Voltámos a olhar para a árvore e ao lado dela estava outro nome, a irmã dela, que seguia para baixo, com novos nomes.

- Eu tenho uma sobrinha. – Ela disse entre soluços.

- Melhor que isso. – Disse-lhe, não contendo eu também as minhas lágrimas. – Tu tens uma família.

A Avó sorria, quase como se já soubesse daquilo... e eu não duvidava de que ela sabia alguma coisa. Alice virou-se para ela, o seu rosto estava tão emocionado que eu não sabia como é que Jasper estava a aguentar todas aquelas emoções.

- Não sei o que lhe hei-de chamar. – Alice acabou por dizer. – A Marie é, pelos vistos, uma espécie de tia para mim.

- Podes sempre chamar-me de Avó. – A Avó sorriu e estendeu os seus braços para receber Alice que correu para ela. – Sinto-me muito feliz por saber que és de facto do meu sangue... Embora já não o tenhas a correr pelas tuas veias, pertences à nossa família.

- Parabéns, Alice. – Edward disse, enquanto eu me aninhava ao seu abraço. – Pelos vistos, não somos a tua única família.

A Avó olhou para ele como se tivesse acabado de ter sido ofendida, Edward encolheu-se contra mim e eu soltei um riso abafado.

- Como te atraves a dizer isso, Edward Anthony Masen Cullen?! Vocês também são meus netos, quer tenham os meus genes ou não. – A voz da Avó estava mesmo convincente. – Ofendes-me por pensares assim.

Alice riu-se e olhando para Edward sorriu, os seus olhos brilhavam e uma expressão de pura felicidade tinha sido colocada no lugar da expressão esperançosa da minha querida amiga. Olhei para Jasper e os seus olhos também brilhavam, o seu rosto imitava a expressão de felicidade de Alice com tanta precisão que não era possível dizer que o sorriso no seu rosto se devia ao seu dom mas que era felicidade por a sua esposa ter encontrado a sua família.

- Não lhe ligues, Avó. – Alice disse fazendo Marie vibrar de felicidade. – Ele está só com ciúmes por não ser um Swan a sério.

Foi a vez de Edward de se rir e os seus braços apertaram-me contra si. Sorri com os pensamentos que passavam na sua mente.

- Quem te dera a ti, pixie.

Alice fingiu-se ofendida e deitou-lhe a lingua de fora num gesto infantil. Depois voltou a correr para o lado de Jasper e abraçou-o, tive que afastar o olhar daquele momento só deles, decidi por isso olhar para o livro que tinha na frente. Olhando para os nomes que estavam na árvore, reparei em algo que nunca tinha mesmo reparado antes, ou melhor, tinha mas não com tanta atenção.

- Avó?! Porque é que nós temos os vossos nomes?! – Perguntei, olhei para o meu nome na árvore: Isabella Marie Swan; e o de Alice: Mary Alice Brandon.

- Tu porque o teu pai me quis homenagear... E sinto-me extremamente honrada por o meu nome fazer parte do teu, minha querida. – A Avó explicou-me puxando o livro das minhas mãos. – O da Alice, bem... Já se tinham passado algumas gerações desde a minha irmã, mas julgo que talvez fosse por ser uma referência à Virgem Maria. Afinal no início do século XX eram muito dados à religião.

Assenti.

A Avó olhou para o livro e passou a sua mão levemente pela folha e então fechou-o, sussurrou algumas palavras para o livro e vi-o levitar e colocar-se na sua prateleira. Por fim, encontrei o olhar da Avó e ela sorriu-me.

- Vamos embora? – Sugeriu, sorrindo carinhosamente para nós os quatro.

Todos assentimos e saímos da biblioteca.


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