Eu não queria ter me separado de Edward, mas não pudemos fazer nada quando todos nos afastaram. Assim que estava em um dos quartos do hospital, meu pai entrou correndo pela porta, é claro, exagerado como sempre, parecendo até que se importava com a filha.

— Isabella! – Ralhou encarando-me com preocupação e raiva. – O que foi que deu em você? Por que estava com aqueles irresponsáveis de novo? Já conversamos sobre isso! – Falou cruzando os braços sob o peito e revirei os olhos, de saco cheio daquilo.

— Sabe, na verdade não, papai. Você nunca conversou sobre isso comigo. – Falei olhando-o com curiosidade, pois era engraçado vê-lo sem reação. – Porque tem tanta raiva dos Cullens, se não foram eles que mataram a minha mãe? –

— Ora, sua teimosa, eu já lhe falei – Começou a erguer a voz até que a porta se abriu novamente, e juro que queria ter batido a cabeça e morrido naquela boate, pelo menos não teria que encarar esse monstro novamente.

— Meu irmão, mantenha a calma, sim? – Aro pediu entrando com uma enfermeira no quarto e parando ao meu lado, enquanto ela pegava algumas gazes e coisas aleatórias para cuidar de meus ferimentos. Meu pai ficou calado instantaneamente, como se fosse um cachorrinho medroso ao lado de um lobo.

— O que faz aqui? – Perguntei rispidamente e ele riu histericamente antes de me responder.

— Não seja ingrata, sobrinha querida, vim ver como estava, é claro... – E sentou-se na beirada da maca, com um envelope nas mãos. – Assim que sentir-se melhor, por favor, peço que leia atentamente tudo e assine. – Pediu deixando o envelope em cima de mim, e olhando-me com desdém. A enfermeira olhou para ele com certo receio.

— Senhores, poderiam nos dar licença? Ela precisa descansar e preciso limpar direito os ferimentos em suas costas, logo o doutor chegará. – Falou ajeitando-me na maca.

— Claro, estamos de saída. – Charlie falou olhando-me novamente com preocupação. – Logo estarei de volta, ok? – Desviei o olhar segurando-me para não rir.

— Não volte, é sério. – Pedi e senti uma fisgada nas costas.

— Seu tempo está correndo, sobrinha... - Aro falou próximo a porta antes de sair acompanhado por Charlie.

— Não falta muito, aguente firme, sim? – A enfermeira pediu e assenti, arfando quando sentia os cacos de vidro rasgarem minha pele. – Sente alguma dor? –

— Sim, está me rasgando. – Falei mordendo os lábios e fechando os olhos com força. Apesar de terem me dado a anestesia, não foi o bastante para tirar toda a dor, apesar de eu estar sonolenta.

— Certo, tome isso! – Entregou-me dois comprimidos e um copo com água, que tomei de uma vez só. – Terminei por aqui, em breve você conseguirá dormir bem, ok? – Falou sorrindo e ajudando-me a deitar novamente.

Assim que ela saiu, tratei de ver o conteúdo do envelope e me arrependi no mesmo instante. Ali haviam várias fotos, minhas, de Edward, Alice, Jasper, Emmett e Rosalie em seus dia-a-dias, fazendo coisas aleatórias enquanto eram observados. Também havia uma carta alí.

Á senhorita Isabella Marie Swan,

Nós, da Universidade de Harvard, viemos por meio desta parabenizar-lhe por adentrar em nosso curso de Direito, com bolsa integral, no ano de 2017.

É uma honra receber a melhor aluna de Forks High School, contamos com a sua presença!

Att.

Drew Gilpin Faust, Presidenta.

— Parece que está bem melhor agora. – Alguém falou entrando no quarto, assustando-me e fazendo tudo ir ao chão.

— Carlisle? – Perguntei ainda em choque. Ele veio até o meu lado quando viu que minha situação era um pouco desconfortável, ainda mais quando tentei levantar correndo para pegar tudo, mas era tarde demais. Agora ele analisava todas as fotos em suas mãos, bem sério, por sinal.

— Interessante. – Falou passando cada uma e então chegou na carta, lendo-a rapidamente.

— Isso é... – Comecei a tentar explicar, pois era realmente um absurdo ser aceita na melhor faculdade do mundo, sem nem ao menos ter acabado o colégio ou prestado alguma prova.

— Não me importo com isso, é claro que como uma Swan, as coisas devem ser bem mais fáceis para você. – Falou sorrindo sarcasticamente e devendo-me tudo. Abri a boca para responde-lo, mas não consegui dizer nada. – Aconselho a tirar Edward da cabeça, e afastar-se de meus filhos. Não quero mais que eles sofram por conta da sua família. – Prosseguiu e pegou uma caneta em seu jaleco para anotar algo em meu prontuário. – Ele irá casar com Keith, e não há nada que você possa fazer sobre isso. Ir para Harvard fará bem para todos, Isabella. Você pode me entender, não é? – Perguntou e eu tentei ao máximo para colocar-me em seu lugar. O pior de tudo é que ele estava certo. Eu próxima a eles só os traria mal.

— Eu posso entender. Mas não me leve a mal, odeio minha família tanto quanto você os odeia. Sei da sua história, mas você não tem ideia do que eles fizeram comigo. – Soltei e ele não conseguiu esconder a surpresa em seu rosto, parecendo pensar por um longo tempo.

— Descanse, logo receberá alta. – Falou por fim e saiu do quarto. Não sei ao certo quando dormi, mas sonhei com o dia em que tudo isso passaria e eu ficaria finalmente em paz. Nesse sonho, minha mãe apareceu também.

“Bella, querida, toda tempestade tem um fim, eu estarei sempre aqui com você.“

Acordei assustada e quase caí da maca, jurava ter ouvido alguém ali, mesmo que distante. Passei as mãos pelo rosto e constatei que as lágrimas já estavam secas. Pensei até que estava ficando louca, mas vi uma sombra passando por fora do quarto e levantei com certa dificuldade, determinada em saber quem estava ali.

Abri a porta e andei pelo corredor usando apenas minhas meias, parecendo uma doida varrida, provavelmente. Ao virar o corredor encontrei Jacob com uma cara nada agradável enquanto bebia água, e parecia envergonhado ao me ver. “É só o Jacob...” Pensei e não consegui disfarçar meu desapontamento.

— Bella? – Perguntou medindo-me de cima abaixo. – Sente-se melhor? –

— Ah, sim... Disseram que em breve poderei sair daqui. – Respondi sem interesse. Ele assentiu e continuou bebendo sua água, parecendo pensar em algo. Dei as costas à ele e voltei para o quarto, vestindo novamente minhas roupas casuais que meu pai havia pego pra mim. Assim que terminei, a enfermeira entrou com Charlie no quarto.

— Vamos? – Perguntou olhando direto para o envelope em minha mão. Não o respondi, apenas peguei minhas coisas e me despedi da enfermeira, passando pela porta acompanhada por ele. Mantivemo-nos em silêncio durante o caminho até o estacionamento, onde uma limusine nos aguardava. Jacob veio logo atrás de nós. Uma luz quase me cegou, seguida por outras que dispararam logo em seguida. Jacob entregou um óculos para cada um de nós, e só então percebi a imprensa em nossa volta.

— Sinto muito por isso. – Meu pai sussurrou fazendo uma careta, ele também odiava estar debaixo de holofotes. Riley, Jane e Aro estavam parados em nossa frente, e alguns seguranças fizeram uma barreira entre nós e os repórteres dali.

— Senhor Swan, essa é a sua sobrinha? – Um deles perguntou e Aro respondia a cada pergunta com muito entusiasmo.

— Sim, é minha doce sobrinha, uma das herdeiras de nossa família. –

— É verdade que você estava ilegalmente em um bar para maiores? – Outro perguntou enfiando um microfone gigantesco em minha cara, que rapidamente foi barrado por Jacob.

— Sem perguntas para ela. – Falou olhando com ódio para o moço, que se esgueirou para longe dele.

Antes de finalmente entrarmos na limusine, consegui ver ao longe as cinco pessoas mais importantes da minha vida, olhando-me com toda tristeza que pairava sobre o ar. Ainda não sabia o que fazer em relação a tudo, mas um dia nossas vidas se ajeitariam.

E como se lesse meus pensamentos, Edward abriu um pequeno sorriso em minha direção e pude vê-lo segurando seu colar, com uma promessa muda de que não importa o que acontecesse, ele sempre estaria comigo.