Efeito Dominó escrita por Kriss Chan Dattebayo


Capítulo 3
Capítulo 3: Ironias do Destino


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas, como estão? Bem, eu espero.
Queria agradecer muito a quem leu o último capítulo e deixou seu comentário. Eu realmente fico feliz que estejam gostando.

Bom, mas vamos ao que interessa... Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/640241/chapter/3

Aquilo mais parecia um cabo de guerra. Tanto que isto estava começando a me atormentar, pois desde aquele dia, ele parecia ter encontrado prazer na arte de me provocar. Desde aquele dia, tudo havia se transformado na minha pacata vida de estudante universitária. Eu estava imersa em um grandioso efeito dominó, uma reação em cadeia que, se não chegasse logo ao fim, poderia simplesmente me sufocar até a morte. Suspirei lentamente. As palavras impressas no exemplar de Pequeno Príncipe em uma versão de bolso não pareciam mais estar no fluxo correto, escapando das linhas imaginárias de meus pensamentos quando entravam em confronto com os últimos acontecimentos de minha vida.

Eu poderia estar exagerando? Bem, sim, eu poderia. Eu poderia estar transformando tudo em uma tempestade quando o que havia era um reles copo de água quente? Bem, sim, mas isso não é o importante. O que estava acontecendo entre mim e o irritante estudante de Direito, mesmo que de modo implícito, estava me deixando a beirar os nervos. E pensar que, mesmo após todo o meu discurso naquele dia ele ainda continuava, de forma indiscreta, me atormentando psicologicamente.

Eu já pensei em desistir. Sim, eu não vou mentir dizendo que a ideia de desistência nunca passara por minha mente, afinal, sou humana. Já pensei em sair de casa e ir até aquela faculdade apenas pedir o trancamento de minha matrícula, mas então dei-me conta de o quão estúpido e ineficiente isso poderia ser. Cursar Psicologia sempre fora meu sonho desde que eu descobri o que a palavra em si significava. Não iria destruir esse sonho por simples medo, iria? A resposta era tão óbvia que o simples ato de imaginar a desistência era algo idiota.

Peguei meus livros certa de que não conseguiria me concentrar. Ergui-me da cadeira em que estava e dei o primeiro do que seria muitos passos se a imagem a minha frente não me fizesse paralisar instantaneamente. Ele estava recostado em uma das paredes na entrada daquela biblioteca com um livro em mãos. Os olhos negros ergueram-se e rapidamente encontraram os meus. Um sorriso de canto escorregou em seus lábios e ele pôs-se a caminhar em minha direção. Movi meus olhos, buscando uma saída, uma válvula de escape contra um possível confronto. Eu não estava fugindo, claro! Apenas, de preferência, queria me preservar naquele momento, pois o meu último encontro com o moreno em uma biblioteca não tivera o melhor dos fins.

Virei-me de costas e remexi insistentemente minha bolsa em busca de algo que nem eu mesma sabia o que seria. Apenas uma distração simples para que não fosse obrigada a nem vê-lo passar por mim. Um, dois, três minutos e minha mão já começava a ficar cansada de remexer inutilmente aquela bolsa marrom. Ergui meu rosto deixando um suspiro frustrado escapar por meus lábios e virei-me novamente para a saída da biblioteca. Arrependi-me no mesmo momento, de certo modo.

Ele sorria de forma jocosa. Nem ao menos parecia o mesmo cara que havia sido rude comigo em todos os momentos e digamos que haviam sido vários. Mas eu sabia exatamente o que aquele sorriso cínico em seu rosto queria dizer. Ele dizia, com todas as sílabas, que Sasuke era encrenca. Suspirei lentamente e tentei, a todo custo, passar por ele. Entretanto, porém, todavia, ele parecia disposto a estragar aquilo que restava de meu dia ao segurar-me pelo pulso.

Não o encarei. Não deixaria que ele sentisse o gostinho de ver-me questionando-o com o olhar, repreendendo-o silenciosamente ou até mesmo agradecendo por sua ação fútil. Tentei, novamente, puxar meu braço como se ele tivesse apenas esbarrado em uma reles cadeira, mas novamente o aperto fez-se presente. Respirei profundamente buscando toda e qualquer paciência que, por Deus, tivesse sobrado em minha mente. Ele vinha me atormentando, isso era um fato, mas nunca pensei que o faria desta forma, em pleno público novamente. Tentei puxar meu braço pela terceira vez, mas nada novamente aconteceu.

Encarei-o e lá estava o maldito meio-sorriso. Os dentes alinhados e incrivelmente brancos. Os cabelos negros arrepiados cobriam, quase que parcialmente, sua testa. Os olhos negros adquiriam um brilho exótico completamente desconhecido por mim, mas que eu imaginava ser de pura diversão.

― O que está fazendo? ― perguntei arqueando uma sobrancelha e dividindo meu olhar entre seu rosto e sua mão a segurar meu braço. Ele não respondeu e eu, mais uma vez, senti meu sangue esquentar. ― Será que dá pra me soltar?

Tentei contar até três, mas a raiva formava-se novamente no centro de meu cérebro impedindo pensamentos racionais como o simples ato de contar. Parecia novamente com o maravilhoso dia em que meu pai descobrira que eu havia passado para faculdade de Psicologia. Sakura você não serve para ser psicóloga., ele fazia questão de frisar. Afinal, para ele, quando alguém buscasse aconselhamento ou ajuda comigo, a pessoa sairia ainda mais devastada do meu escritório. Para Kizashi Haruno, sua doce e única filha, não era capaz de manter a paciência quando estivesse prestes a explodir. E ali, naquele momento incomum, eu via o quanto meu pai poderia estar certo.

― Você realmente é diferente, Haruno... ― ele resmungara atraindo minimamente minha atenção. Encarei-o plenamente confusa com sua declaração. Eu estava mais atenta ao porquê dele ainda continuar segurando meu braço mesmo depois de ter sido, educadamente, persuadido a soltá-lo. Porém, aparentemente para ele, o recado havia se perdido no correio. ― Realmente diferente.

Meu braço fora solto e ele simplesmente virara suas costas para mim. Deixei que minha face demostrasse toda e qualquer incompreensão que passava por minha mente devido ao ato do Uchiha. Eu realmente não conseguia entender nada do que estava acontecendo ali, afinal, devido as últimas circunstâncias ocorridas entre nós, ele deveria manter-se o mais longe de mim e não parar-me desta forma no centro da biblioteca.

Virei-me, desta vez completamente certa em seguir meu caminho. Passei pela recepção enquanto mostrava o livro para o homem de cabelos castanhos e apenas um pouco mais velho que eu. Ele passara a etiqueta numérica do livro pela máquina a laser e entregou-me o livro juntamente a nota fiscal. Encarei mais uma vez a biblioteca através das estruturas de vidro que substituíam a parede e o vi, sentado logo atrás do local em que eu estava, minutos atrás. Suspirei lentamente e dei as costas ao ambiente, seguindo rumo à saída.

[...]

― Jogo? ― perguntei ainda confusa com a proposta dada pelo Uzumaki. Estávamos sentados em um conjunto de bancos de granito logo na entrada da quadra de esportes da faculdade. Bem, pelo menos eu estava sentada sozinha com meus fones de ouvido até que Naruto e mais dois colegas seus do curso de Relações Internacionais cujos nomes eram, se não me falhasse a memória, Sasori e Deidara, chegaram e começaram a comentar sobre o interclasses que aconteceria ao final de semana, mas especificadamente no sábado. ― Não sei, Naruto... Eu realmente não sou fã de esportes.

― Vamos lá, Sakura! ― exclamou rapidamente erguendo as mãos para cima e sorrindo para mim. ― Eu te conheço por tempo o suficiente para saber que está mentindo descaradamente. Fomos criados praticamente juntos e sempre assistíamos os jogos no estádio com nossos pais. ― ele fizera questão de lembrar sobre o nosso “tempo entre amigos”, como meu pai costumava falar. Por ser criada desde criança entre os homens da família Haruno, sempre fiquei envolvida em programas masculinos como jogos de futebol as quartas e domingos. E nesses momentos, meu pai, por ser muito amigo do pai de Naruto, acabava carregando-os junto. ― Será apenas um jogo, só isso! Precisamos de torcida, afinal, não há muitas garotas na nossa turma.

― Então peça aos garotos para torcerem por vocês. ― resmunguei recolocando os fones e ouvindo a melodia de um concerto gravado em meu cartão de memória. ― Não estou a fim de participar disso.

― Sakura... ― sussurrou o loiro e o encarei. Ele fazia um biquinho fofo e olhava-me com aquelas orbes azuladas de dar inveja até mesmo ao céu sem nuvens. Suspirei lentamente. Aquilo não era justo, afinal, apelar para a carinha de criança inocente que, de inocente não tem nada, era injusto. Encarei os colegas de Naruto que pareciam apenas aguardar a resposta que escaparia por meus lábios. Soltei um breve suspiro tentando guardar na memória uma forma de torturar o loiro mais tarde. ― Sakura...

― Está bem! ― exclamei rapidamente. Eu poderia facilmente dizer que compareceria e no fim não aparecer. Eu já havia feito isso antes e ele sabia perfeitamente. Eu poderia dizer que algo me impedira ou que acontecera alguma coisa que provocara meu atraso e quando eu finalmente chegasse, o campeonato interclasses já houvesse acabado. Então ficaria tudo bem ao responder um “sim”. ― Eu vou, eu vou! Agora, se não for muito ruim, poderia me dar licença?

― Claro magnífica Cleópatra. ― resmungou o Uzumaki de cabelos loiros. Uma mania sua de acabar chamando-me com o nome das grandes mulheres da história mundial. E, pelo visto, a vítima da vez seria a rainha do Nilo, Cleópatra. ― Eu, Júlio César, imperador de Roma, irei espera-la.

Outra mania? Naruto sempre se chamava como o par da mulher escolhida para me representar. Balancei minha cabeça para os lados tentando inutilizar os pensamentos a cerca desta maravilhosa competição. Claro, afinal, ver dois times de homens correndo suados em um quadra atrás de uma reles bola de borracha era a coisa mais interessante para se fazer em um sábado a noite. Afinal, eu sou uma pessoa antissocial e que, infelizmente, mais parece um zumbi vegetariano em uma sociedade de carnívoros alienados.

[...]

No fim de semana seguinte...

Não que eu quisesse ter aparecido. Nunca que isso aconteceria por minha própria vontade, mas vislumbrar um Uzumaki na porta me esperando era algo completamente diferente da típica desculpa que eu havia pensado em dar a ele quando tudo acabasse. O sol estava se pondo quando Naruto apareceu na porta de minha casa. Eu havia enviado uma mensagem para ele, mas aparentemente a mensagem não fora lida. Como consequência, ele chegara em minha casa e eu estava apenas de pijama prestes a deitar na cama na companhia de meu fiel companheiro, um livro.

― Realmente acha que eu vou fugir? ― questionei-o sobre o fato dele me levar carregada pelo braço. Se Naruto não fosse como um irmão mais velho para mim, ele com toda certeza já estaria morto e seu corpo estaria jogado dentro uma de uma vala qualquer. E assim, quem sabe, eu pudesse estar dormindo tranquilamente na minha cama entre os lençóis de algodão. Mas não! Ele infelizmente é meu irmão de coração e meu único amigo verdadeiro naquela cidade, se duvidar, no mundo inteiro. ― Naruto, eu não vou fugir. Me solta.

― Se eu soltar você não vai fugir. ― ele resmungou, mas continuou me carregando. Do local em que estávamos, eu podia ver claramente o ginásio da faculdade, lugar em que os jogos aconteceriam. ― Você vai fingir ir ao banheiro, esconder-se até o final e depois vir com a desculpa esfarrapada que se perdeu no caminho da vida. ― ele me encarou e eu sorri culpada. Seria algo que eu, provavelmente faria. ― Então, não. Não vou soltar você.

Ele continuou me puxando. As pessoas mais retardatárias iam ficando para trás e quando percebi eu já estava na frente do ginásio lotado. Como haviam pessoas absurdamente idiotas a ponto de assistir jogos desinteressantes entre dois times cujos jogadores você nunca nem sequer vira na vida ao invés de ficar em casa e estudar para as provas que começariam na semana seguinte? A mente humana é algo realmente fascinante, dei-me conta.

― Ei cara, finalmente chegou. ― disse um loiro para Naruto assim que chegamos na porta do ginásio. Ele era extremamente alto. Os longos cabelos loiros eram, apenas em parte, presos por uma liga vermelha deixando que uma franja escorresse sobre seu olho direito, impedindo-me de ver o par de olhos azuis que ele tinha. ― Pensei que iriamos ter que começar sem você, capitão.

― O que houve? ― quem perguntara desta vez fora um ruivo. Também alto e de curtos cabelos ruivos. O rosto redondo davam espaço a um par de olhos amendoados em um tom chamativo de castanho. Ele me encarava com certa intensidade, tanto que senti-me um pouco estranha. ― Por que a demora?

― Eu não poderia vir sem meu talismã da sorte, Sasori. ― disse Naruto ao meu lado para o ruivo. Talismã? Agora eu era uma peça barata de vitrine que dava uma sorte falsa a quem a possuísse? Encarei-o extremamente desconfortável com tal definição dada a minha pessoa. ― O que seria John Lennon sem sua amada Yoko-chan?

E lá estava ele novamente com suas comparações ridículas. Bufei ao seu lado vendo-o sorrir e acariciar de leve meus cabelos, assanhando-os em seguida. Logo antes que em minha mente surgisse um magnífico plano de mestre para fugir daquele lugar estranho, eu senti meu braço ser novamente puxado e fui obrigada a entrar no grande ginásio. Naruto me carregou pelas laterais da quadra logo atrás de seus amigos e parou na frente de sua equipe. Encarei todos ali presente e senti um desconforto formar-se em meu corpo. Detestava lugares cheios, sempre odiei, desde pequena. Era uma claustrofóbica, sem dúvida alguma.

― Ei, você pode sentar ali no banco. ― disse Naruto para mim e eu apenas confirmei com um breve aceno. Ele me encarou confuso e eu soube no mesmo instante que meu mal-estar estava começando a transparecer. ― Está tudo bem?

― Está sim... ― sussurrei rapidamente voltando a atenção para o loiro. Tentei forçar meus ouvidos a fecharem-se aos sons feitos pela multidão de alunos, mas não parecia que daria muito certo. Pisquei algumas vezes enquanto bolas escuras formavam-se em meus olhos. Era o pânico prestes a tomar conta de meu corpo. ― Então espero no banco, certo? Então eu já vou indo...

― Deseje sorte para seu amado Leonardo, Madonna. ― ele resmungou e correu em direção aos seus amigos.

Sentei-me no banco de madeira e respirei profundamente tentando administrar a quantidade de ar que entrava e saia por meus pulmões. Eu tentava controlar minha ansiedade monstra de sair correndo daquela multidão e fugir para meu quarto, para meu canto de sossego e paz. Porém, se eu levantasse agora, provavelmente cairia antes de chegar a porta. Tratei de observar as pessoas ao meu redor e me distrair. Meus olhos trilharam pelo lugar em busca de rostos conhecidos quando encontrei um par de olhos me fitando.

Exatamente do lado oposto da quadra, ele estava me observando. De pé enquanto alongava as pernas, Sasuke sorriu minimamente para mim e voltou seu rosto para o local em que eu estava. Por Deus! O que eu fiz para merecer tanto castigo de uma única vez? Primeiro sou forçada a vir para um lugar desconfortável. Segundo, eu simplesmente sou tratada como um talismã barato. Terceiro, eu começo a ter um ataque de claustrofobia do nada e por último, mas não menos importante, eu teria que assistir um jogo entre Sasuke e Naruto. Sim, claro, o destino, pelo visto, resolvera conspirar contra minha pessoa no dia de hoje.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então? O que acharam? Devo continuar? Bem, espero que sim! *---*
Até o próximo. Tentarei não demorar muito. Beijos e abraços!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Efeito Dominó" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.