Em família escrita por Hikari Mondo


Capítulo 9
Apoio


Notas iniciais do capítulo

Porque eles eram o apoio um do outro. Em mais de uma situação.



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Shikamaru estava de olhos fechados e em silêncio. Mas ao contrário do que poderia parecer para quem olhasse sua posição relaxada, Shikamaru estava muito atento aos seus arredores. Em especial, ele ouvia cada pequeno som e sentia cada movimento que sua namorada, ao seu lado, fazia. Ele abriu os olhos para poder observá-la, e encontrou ela o encarando. Ao perceber o olhar do namorado sobre si, Temari virou seus olhos para baixo.

Shikamaru inspirou profundamente ao observar essa ação. Ele sabia que algo estava a incomodando. Mas anos de companheirismo e parceria com Temari lhe ensinaram quando ele deveria pressioná-la, para que ela falasse o que a aborrecia; e quando esperar até que ela estivesse pronta para lhe contar. Neste momento, era definitivamente a última opção.

Ele exalou lentamente, sem fazer nenhum barulho. Não é como se importasse, ela provavelmente ia perceber se ela quisesse. Temari era uma kunoichi incrível: forte, destemida, habilidosa e bastante observadora. Ela era também uma ótima diplomata, ela sabia como usar as palavras, como se comportar, quando falar e quando ouvir. Ou pelo menos, no âmbito profissional. Quando se tratava de falar sobre si mesma, seus problemas ou sentimentos, Temari tinha alguma dificuldade em expressá-los em palavras. Não que ele se importasse, na maior parte do tempo. Eles se entendiam suficientemente bem, sem a necessidade de extensas conversas.

Mas sempre haviam momentos como este. Em que ele não poderia adivinhar o que se passava na cabeça dela. E ela reconheceria este fato. E ela sabia que precisava falar, dizer o que se passava. E mesmo assim ela teria dificuldade. Ela não era boa com palavras nestes momentos – ele também não – mas eles ainda o fariam. Ele podia afirmar, com certa convicção, que eles mantinham um nível de comunicação mais que aceitável. Eles confiavam um no outro o suficiente para não deixar que suas dúvidas os impedissem de se comunicar. E era por isso que ele sabia que ela falaria, quando estivesse pronta, por isso ele não precisava pressioná-la. Ela confiva nele, sabia que podia lhe contar qualquer coisa. Ele confiava nela, sabia que ela lhe contaria cedo ou tarde. E ele estaria lá, para ouvi-la.

Por fim, ela falou em um fio de voz.

“Eu tenho... receio...” Ela olhava para o chão, sem encará-lo. Ver Temari assim lhe causava um aperto no coração que Shikamaru não conseguia explicar. “... de vir pra cá.”

Ele entendeu. E inalou ar para seus pulmões lentamente, de novo. Era por isso que ela estava relutante em puxar o assunto com ele.Porque ele também estava envolvido na história. Mas se eles não pudessem ser sinceros um com o outro, então tudo que eles tinham não significava nada.

“Do que exatamente você tem receio?”

“... Eu... eu não sei...” Ela torceu a boca e depois continuou. “Eu nem tenho certeza se receio é o certo, sabe? Eu só... Sei lá, é ... intimidador largar tudo que conheço...”

“Bem, eu poderia ir para a Suna, mas-”

“Não, não. Nós já falamos sobre isso, e nós dois sabemos que o melhor é eu vir para cá. E não me mal interprete. Eu quero isso... Eu quero estar aqui com você. Eu quero muito. Nada me faria mais feliz. Com toda minha força, eu quero ficar aqui. Só ......” A voz dela finalmente estivera normal, mas então subitamente os olhos dela escureceram, ela olhou para o chão e falou baixo. “Eu vou ter que deixar meus irmãos ... sozinhos...”

É claro. Temari estava sempre pensando nos seus irmãos. Era apenas natural que a maior relutância dela estivesse em deixá-los.

“Temari, seus irmãos já são adultos. Eles podem se virar sozinhos-”

“Eu sei disso. Mas Kankurou se irrita muito fácil, para assumir a posição de assistente e guarda-costas de Gaara. E Gaara teve uma infância difícil... E se eles precisarem de mim? Eu não vou estar lá para ajudá-los...”

Shikamaru permaneceu em silêncio. Dar um tempo para que ela se acalmasse, ou falasse mais alguma coisa.

“Eu não terei como saber se eles estão bem. E não terei como cuidá-los.”

“A melhor coisa que você pode deixar para seus irmãos é o exemplo. O que você quer para os seus irmãos?”

“Eu... eu só quero que eles sejam felizes.”

“Então, seja feliz você. Dê o exemplo para eles. Lute pela sua felicidade, não se preocupe tanto com os outros. Você deve se preocupar com os outros porque isso te faz feliz, e não deixar de ser feliz por se preocupar com os outros. Assim, você vai deixar o exemplo ‘lute pela sua própria felicidade’. Veja bem, eu não estou te dizendo para largar tudo e vir para cá agora. Eu estou dizendo para pensar em você, só em você. Não na sua vila, não nos seus irmãos; e não em mim. Em você. Eu vou te apoiar qualquer que seja sua decisão. E tenho certeza que seus irmãos também. Eles te amam. Eles também querem ver você feliz.” E eu também. Ele não precisava dizer isso. Ela já sabia, e mesmo que não soubesse, seria capaz de entender. Ele não precisava se preocupar em explicar cada detalhe.

Os olhos dela estavam direcionados para o chão a sua frente, mas ela não parecia estar prestando atenção nisso. Seus olhos viam o nada, a mente provavelmente absorta em uma imagem interna. Ou uma discussão.

“Tudo bem. Eu vou pensar nisso.” Ela se virou para ele. Pela primeira vez no dia, ela não expressava nenhuma relutância em seu semblante enquanto o encarava. “Mas sem promessas.”

Ele sorriu de lado e levantou as mãos. “Sem pressão.” Não havia nenhuma ironia. Esse era seu sentimento sincero. Ela sorriu amplamente. Ele não pode evitar em pensar que esse sorriso não só era a coisa mais preciosa do mundo, mas que ele também nunca se cansaria de vê-lo.

Nós fizemos isso funcionar até agora. Nós vamos dar um jeito.


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Notas finais do capítulo

Minhas histórias semi-prontas acabaram em 'O dia que nos tornamos amigos'. Isso, além da minha vida real, está me fazendo demorar com os capítulos.
Enfim, só queria avisar que o próximo vai sair quando eu conseguir escrever de novo.

Muito obrigado a todos que leram até agora!



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