Enigmas - Tomione escrita por Teddie


Capítulo 2
Sobre karma.


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaaaa! Não tenho nem como agradecer aos comentários me incentivando a continuar com Enigmas. A única maneira que eu consegui pensar foi trazendo um capítulo novo a vocês.

Queria saber de vocês uma coisa: curtem Instrumentos Mortais, a série de livros? Se sim, eu tenho duas playlists no Spotify inspiradas em Malec e Sizzy, vou por os links nas notas finais para quem quiser ouvir!

Eu não pude revisar - são tipo, quase quatro da manhã - então perdoem qualquer erro e me avisem, pois ai quando eu estiver em meu estado normal poderei corrigir!

Última coisa aqui, rápidexxxxxx: Quantas de vocês leram Faith (minha outra tomione)? Estou pensando em criar alguns contos sobre eles e queria saber a opinião de vocês a respeito!

Falamo-nos lá embaixo!



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Qual o cúmulo da dúvida?

Tom inclinou a cabeça para o lado, sentindo doer um ponto específico da têmpora direita.

É claro que as coisas esquisitas tinham que acontecer com ele. Martha, a ajudante do orfanato, chamaria aquilo de karma, que é quando o universo e os cosmos ou qualquer baboseira dessas retribui para você coisas boas ou ruins, dependendo do que você faz em relação ao universo.

Tom não era exatamente o que poderia ser chamado de exemplo de bondade. Em Hogwarts costumava aterrorizar os mais novos sangues ruins, e no orfanato coisas ruins aconteciam toda hora com as outras crianças. Fora os planos cruéis que ele tinha para o futuro.

Se fosse a favor de humor negro, diria que o universo estava usando do karma ruim em antecipação.

Olhou para a garota chorando compulsivamente ao seu lado, enquanto Dumbledore preparava uma xícara de chá no canto de sua sala. Seu primeiro dia estava sendo horrível, e nem era hora do almoço ainda. Estava preso em uma sala com Dumbledore e uma menina chorona, uma piada de muito mau gosto do universo, se ele quisesse saber.

Dumbledore se agachou, entregando a xícara de chá para a garota, que fungava e segurava o objeto tremulamente. Ela tomou os primeiros goles devagar, como se estivesse com medo até mesmo de beber qualquer coisa. Talvez estivesse mesmo, Tom ponderou.

Se fosse ele sem memória, cercado de desconhecidos, desesperado, provavelmente já teria feito algo contra alguém.

Ele queria se compadecer da menina. Ela não era muito grande, parecia ter a mesma idade dele, quinze anos, e não tinha nenhum atributo físico em especial. O rosto, assim como todo o resto, estava sujo ainda, o que ajudava a pesar na balança que Tom estava usando para avaliá-la. Contudo, ela não estava fedendo, o que era bastante positivo.

— Sente-se melhor, senhorita?

Ela assentiu, parecendo magicamente mais calma. Tom perguntou-se se Dumbledore não tinha colocado alguma coisa no chá de Hermione.

— Então... — Tom começou, sentindo os olhos voltarem-se para ele — Eu não entendo exatamente o motivo para eu ainda estar aqui.

— Ora, Tom — disse Dumbledore, os olhos brilhavam por cima daqueles óculos de meia lua — Você quem resgatou essa mocinha na floresta, acho justo estar aqui agora.

Tom franziu o cenho. Ele não queria estar ali, por mais exótica que fosse a situação no qual Hermione se encontrava, o sonserino tinha mais o que fazer do que assistir a menina chorar e Dumbledore fazer perguntas imbecis.

— Não vejo Abraxas por aqui — olhou para os lados, inocentemente — E se eu não me engano, professor, ele me ajudou a trazer a mocinha para sua sala.

Um sorriso perspicaz passou pelo rosto do professor, mas quando ele se pronunciaria, uma voz o interrompeu:

— Os senhores podem, por favor, parar de falar sobre mim como se eu não estivesse aqui? — a voz estava mais firme, soando menos esganiçada do que Tom se lembrava.

Dumbledore sorriu docemente para a garota, pegando a xícara de chá que ela lhe entregara, agora vazia.

— A senhorita está certíssima. Eu e o Sr. Riddle estamos sendo incrivelmente rudes.

Ela franziu o cenho, fungando levemente e secando umas últimas lágrimas. Seu olhar parecia vazio, o castanho chocolate dos seus olhos agora estavam opacos. Estranho.

— Riddle?

— Eu mesmo, às ordens — deu seu melhor sorriso convincente, e pode ouvir a outra suspirando levemente.

Ela balançou a cabeça e torceu o nariz, o brilho retornando aos olhos. Mais estranho ainda.

— Creio que um caso como o seu seja extremamente incomum, senhorita. Senhor Riddle, gentilmente, me informou que a senhorita está com um pequeno problema de memória. Esse fato procede? — Dumbledore soava delicado, quase como se estivesse tocando em porcelana com a voz.

Fazia sentido, de qualquer maneira. A menina parecia estar frágil como porcelana.

Ela assentiu, e seus olhos marejaram novamente. Tom pensou que ela voltaria a chorar, e ai ele teria que tomar medidas drásticas para sair da sala, mas ela não voltou a fazê-lo, e ganhou um ou dois pontos com o sonserino.

— Consegue se lembrar de alguma coisa? Qualquer lembrança ajudaria, querida.

— É tudo um borrão — ela parecia sentir dor. — Eu me lembro de estar correndo em algum lugar, fugindo de... — a careta que ela fazia piorou — Então eu apaguei. É tão horrível, eu não consigo me lembrar de nada! É tudo a porcaria de um buraco, uma tela preta. Eu não sei quem eu sou. Eu tenho tantas dúvidas sobre tudo.

Pronto, agora as lágrimas vão começar, Tom pensou quando a voz da esquecida falhou, mas novamente ela se mantinha firme. Talvez ela não fosse tão chorona quanto ele imaginava. Ela parecia agora ser forte e completamente perdida.

— A senhorita por acaso sabe qual o cúmulo da dúvida? — Dumbledore perguntou. Ela levantou o olhar em supetão e Tom teve a certeza de que o professor de transfiguração não batia bem da cabeça.

Ela negou, ainda achando a pergunta estranha. Tom sinceramente detestou Dumbledore mais um pouco. A garota não se lembrava de absolutamente nada, nem o próprio nome, e ele ainda se sujeitava a uma pergunta idiota como essa. O bruxo mais velho deveria estar mais interessado em tentar trazer as memórias da castanha de volta, não fazer perguntas idiotas.

Ele bufou baixinho, mas não passou despercebido pelos outros dois na sala. Ele não podia mesmo ir embora?

— É duvidar da dúvida, senhorita. — Tom e Hermione franziram o cenho, não entendendo absolutamente nada. — Ora, senhores, o que quero dizer é que a senhorita está duvidando de suas próprias memórias duvidosas. Como saber o que é real, já que não tem nada para usar como comparação.

A menina assentiu veemente, como se absorvesse as palavras do professor. Tom revirou os olhos.

— Hermione — Tom disse apenas.

— Perdão? — Dumbledore se pronunciou.

— O nome dela é Hermione.

E entregou o cartão médio, amarelado, onde o nome estava escrito. Tom não confiava em Dumbledore, mas sabia que as intenções do transfigurador eram estupidamente boas. Sempre eram.

Dumbledore virou o papel nas mãos umas boas vezes até colocar na mesa atrás de si. Assentiu umas vezes, como se estivesse pensando na situação e, quando se pronunciou, parecia muito mais cauteloso.

— Senhorita, se importa se eu fazer um pequeno feitiço? Pode ser útil para sua... situação.

Ela assentiu. E Dumbledore sacou a varinha e a garota fechou os olhos, se preparando. Pela primeira vez Tom ficou feliz em estar ali. O professor murmurou uma sequência de feitiços que o moreno não conseguiu identificar, porém que sentia o poder fluindo.

Uma luz arroxeada saiu da ponta da varinha e circundou a cabeça da garota, cobrindo-a com uma névoa da mesma cor. Era impressionante, perturbador, e de alguma maneira, lindo.

Então assim como começou, parou, o feitiço foi interrompido e Hermione ofegava levemente, os olhos arregalados de pavor. Tom quis estar na mente dela para ver o que tanto a assustara.

Ninguém falou nada por um bom tempo, até que, cansado da situação em que se encontrava – Dumbledore pensativo, Hermione assustada e ele entediado – resolveu se manifestar:

— Professor, qual o diagnóstico? — tentou fazer piada, mas sendo de humor nunca foi seu forte.

Por incrível que parecesse, a menina riu, um riso tímido e contido, mas ainda assim uma clara risada. A carranca de Tom suavizou, não o suficiente, é claro.

— Era o que eu suspeitava — ele não estava tão risonho quanto a castanha — Alguém apagou sua memória.

— E por que alguém faria isso comigo? — parecia desesperada. Tom fez a mesma pergunta silenciosamente.

Por que alguém apagaria a memória de uma menina tão... ordinária como ela?

— Isso é uma pergunta que talvez nunca tenhamos a resposta. Infelizmente a pessoa que fez isso era um excelente bruxo, ou bruxa. Não consigo desfazer o feitiço. Talvez a única pessoa que o fizesse seria a mesma que deu-lhe essa amnésia. Talvez Hermione não seja seu nome, talvez seja a pessoa quem fez isso com você. Mas esses são vários “talvez”.

Era isso? As memórias dela estariam para sempre perdidas? Parecia tão errado, para Tom. Se Dumbledore era tão poderoso como todas as pessoas do mundo bruxo diziam, por que ele não conseguia reverter um simples feitiço de esquecimento.

Tom quis ser poderoso como o bruxo que deu o vazio à cabeça de Hermione, uma vez que ele obviamente mais poderoso que Dumbledore.

— Não — a garota negou — Sei que me chamo Hermione, assim como sei que não estou enlouquecendo por ver magia acontecendo. Parece natural, de alguma forma.

Ele sorriu delicadamente. Tom estranhou a resignação da garota a respeito da falta de memória. Se fosse com ele, provavelmente Hogwarts já teria ido a baixo.

Mas Hermione não, estava chorosa ela, mas exibia um sorriso triste, conformado. Ela havia perdido tudo o que ela era, e ainda assim parecia razoavelmente bem.

Bem o suficiente para recomeçar. Criar-se novamente.

Tom simpatizou um pouquinho mais com ela.

— Tom — o menino virou-se para o professor, que tinha um sorriso maroto estampado na face. Nada de positivo poderia sair disso — Eu preciso providenciar o necessário para a estadia de Hermione aqui.

— Vou estudar aqui? — perguntou assustada, ao mesmo tempo em que Tom perguntou:

— Ela vai estudar aqui? — parecia um tom animado a mais do que deveria.

Dumbledore riu dos adolescentes.

— Infelizmente, não. Hermione não tem o material necessário, nem uma varinha. Nem sabemos se ela, de fato, é uma bruxa. — claro que ela é — Mas Hogwarts sempre está aqui para aqueles que precisam dela, e Hermione claramente precisa. E eu preciso de Hermione. Como se diz? Estou precisando de uma assistente.

Tom assobiou, impressionado com a atitude de Dumbledore. Desconfiado também. Nunca conseguia confiar totalmente no professor, nunca. E isso vinha de anos antes, desde a primeira vez que ele vira o transfigurador no orfanato, colocando fogo em seu armário e explicando sobre a escola de magia.

Naquela época, Tom estava realmente infeliz. A guerra estava começando, e as crianças ficaram mil vezes mais insuportáveis. Ele só tinha onze anos e era obrigado a ajudar Martha e Miranda Cole a empurrar e carregar as menores para abrigos. E sempre que tentava discipliná-las, era severamente castigado pelas coordenadoras.

Nunca chegou a agradecer o professor por tirá-lo do orfanato.

E não, não o faria agora.

— Pode levá-la ao banheiro dos monitores, Tom? — mas não olhava para o aluno enquanto fazia o pedido, procurava em baús alguma coisa que o moreno não fazia ideia. — Acho que a senhorita gostaria de um bom banho. Aproveite e mostre a propriedade.

Tom bufou. Era por isso que ele ficara ali, afinal. Para servir de babá a menina nova. Estava impaciente com aquilo tudo.

Dumbledore tirou uma pilha de panos de um dos baús e a entregou para Hermione, que olhou confusa para aquilo. Tom notou que era uma muda de roupa.

Por que Dumbledore teria uma pilha de roupas femininas guardadas? Balançou a cabeça, decidido a desistir de tentar entender o professor.

— Eram de uma conhecida minha — a voz estava distante — Devem caber em você até nós nos resolvermos melhor. Passe aqui mais tarde, sim? Tenho suas primeiras tarefas.

Ele e Hermione riram, e Tom abriu passagem para que ela saísse primeiro da sala. Antes que desse as costas, Dumbledore o chamou.

— Sim, senhor, mais alguma coisa?

— Tom — o professor estava risonho, a barba não escondia o repuxar dos lábios — Sabe qual é o cúmulo da impaciência?

Revirou os olhos, e bateu a porta. Mesmo sabendo que poderia perder uns pontos por desrespeito.

(...)

Esperava Hermione sair do banheiro tinha uns bons minutos. Era hora do almoço, e ele sentia o estômago roncar. Não sabia que horas ia almoçar, e para completar, perdeu todas as aulas da manhã. As primeiras aulas eram as mais importantes. Provavelmente perderia as aulas vespertinas também.

Esse tal de karma estava cada vez pior.

Abraxas tinha passado por ele, e deixado uma bolinha daquelas que pulavam muito, e ele estava brincando de jogá-la contra a parede o mais alto possível para passar o tempo. Quando a bolinha escapava, ele a conjurava para perto de si novamente.

Estava entediado demais.

Ouviu o clique da porta da entrada do banheiro e se levantou em um salto, pronto para ir embora logo. O que teve, no lugar, foi um queixo caído.

Hermione estava limpa, o que tornava tudo melhor. Sem a sujeira, a pele dela parecia um creme. Era suave e delicada. Seu rosto era rosado e seus cabelos estavam molhados e jogados para trás. Trajava um vestido rosa claro que batia abaixo dos joelhos, sem mangas, e com um decote de coração. Nos pés calçava sapatilhas.

Estava estonteante. Tom estava tão embasbacado que quase não notou que a bolinha que arremessara com força batera com a mesma força em sua cabeça.

Hermione arregalou os olhos enquanto o menino esfregava o lugar onde a bolinha batera.

— Ai meu Deus, Tom, você está bem? — ela pareceu notar que o chamara pelo primeiro nome, o que não era considerado certo, uma vez que eles não tinham intimidade alguma — Quero dizer, Sr. Riddle, se machucou?

Ele sorriu, tentando disfarçar o fato de que estava pagando papel de ridículo na frente da garota.

— Claro. — e completou — Chame-me de Tom. Acho que já temos convivência suficiente para tal. Certo, Hermione? — incentivou-a.

Ela abriu o melhor sorriso que tinha e surpreendeu Tom novamente, prendendo em um abraço.

Tom não sabia abraçar, era desajeitado, e ele era bem mais alto que Hermione, mas tentou retribuí-la do mesmo jeito. Quando ela se soltou, ele sentiu um comichão esquisito, que fez questão de ignorar.

— Obrigada. Por tudo — disse docemente — Sei que não queria estar aqui comigo, que queria estar em suas aulas com seus amigos. Sei que não queria ter passado a manhã me ouvindo chorar na sala de Dumbledore — pronunciou o nome do professor com certa dúvida, como se ainda não estivesse certa — Só que você salvou minha vida. Eu provavelmente ficaria perdida naquela floresta até morrer por algum motivo. Eu nunca vou conseguir agradecer o suficiente.

O moreno sorriu, e notou que nenhum sorriso que dera a ela tinha sido plastificado, como os que ele dava para todos ali. Era verdadeiro.

Puniu-se imediatamente por isso. Ele tinha pena da garota, que não sabia mais quem era, que estava sozinha em um lugar estranho, que confiava em gente como Dumbledore e ele, que não era nem um pouco confiável.

Era possível que depois de mostrar a escola e deixá-la novamente com o professor, talvez nem a visse tanto mais.

Ainda assim, ele sacou a varinha e a encostou nos cabelos dela, que ficaram magicamente secos.

— Não agradeça — disse simplesmente — Fica me devendo essa. — ela não sabia, mas dever algo a Tom dificilmente seria uma boa ideia.

Ela sorriu inocentemente, e ele a convidou para acompanhá-la.

Talvez o tal do cosmos não estivesse sendo tão ruim assim com seu karma.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem a opinião de vocês e também sobre o que eu falei nas notas iniciais. Eu estou no Twitter como @strngbird, então se quiserem falar comigo sobre qualquer coisa, estarei lá pronta para responder. Se quiserem me seguir para acompanhar minha esquizofrenia diária também são mais que bem vindas! hahahhaah

https://open.spotify.com/user/betavares19/playlist/1u4y34sxGu2zdi2vIQECKk - PLAYLIST MALEC

https://open.spotify.com/user/betavares19/playlist/0bMUWrZ1xZQcO5EVPDNMKQ - PLAYLIST SIZZY

Até o próximo!!!