Scorpius & Rose (vol. 2) escrita por Janne Esquivel


Capítulo 17
Capitulo 16 - As revelações só começaram


Notas iniciais do capítulo

É isso mesmo que vocês estão vendo, seus lindos! Dois capitulos no mesmo dia! Mas tbm, é uma forma de pedir desculpas depois dessa demora pra lá de longa

Aproveitem



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Capitulo XVI - As revelações só começaram

 Havia muita luz preenchendo todo o espaço. Toda vez que ela tentava abrir os olhos, doía como o inferno. Em uma das tentativas ela enxergou uma silhueta feminina e se deu conta que a mesma emanava um cheiro maravilhosamente familiar. Logo reconheceu de quem se tratava, embora não tivesse retornando a abrir os olhos. Questionou-se se estava morta e aquele era seu paraíso, mas sua cabeça logo ignorou esse pensamento. Seja lá o que estivesse acontecendo, simplesmente não importava. Tudo o que interessava era aproveitar daquela companhia que deixava seu corpo, outrora pesado, extremamente leve. Ela tentou chamar-lhe o nome, mas tudo o que pode ouvir de si mesma foi um murmuro débil. De qualquer modo tinha funcionado, porque a voz doce que seus ouvidos ansiava por ouvir se pronunciou em um cantarolar suave, acrescentando uma mão macia a acariciar seu rosto

— Oh querida, volte a dormir. Está tudo bem, descanse. Estarei aqui para você quando acordar, eu prometo... – sussurrou a voz.

Ela não queria obedecer, como quase nunca o fazia, especialmente agora. Queria continuar acordada, ouvindo-a. Mas a luz ia se apagando e o sussurrar ia ficando cada vez mais baixo.

De novo ela adormecia sem vontade, engolida pelo manto escuro. Mas rezava para poder ouvir a voz da próxima vez, rezava para haver próxima vez.

—x-

Rose abriu os olhos e tudo o que viu foi um teto de esquadrias brancas e foscas sob um laranja quente do fim de tarde que se filtrava nos vidros da janela a atrás dela. Sua cabeça girou meio desengonçada, como a de um bebê descobrindo o que o corpo pode fazer. Fitou a si mesma, coberta por um manto pesado e quente no nível um pouco abaixo dos seus seios; a camisola que vestia, mesmo deitada, deveria caber três delas; e seus braços estavam envoltos em ataduras e agulhas. Ela respirou fundo e evitou olhar para própria barriga. O resto não passaria de um quarto de hospital esterilizado e irritantemente branco se não fosse por um Albus Potter vestido de calças e suéter negro, dormindo com o queixo apoiado em uma das mãos. Ele parecia anos mais velho, parecia não ter dormido bem por noites, as manchas rochas debaixo dos olhos não lhe caiam muito bem, o que a fazia perguntar por quanto tempo estaria desacordada.

Severus... – O sussurro que se ouviu emitindo não era bem o que esperava, mas já era alguma coisa, porque o moreno se mexeu um pouco.

Rose não queria acordá-lo, mas à medida que sua mente começava a trabalhar, ela ficava preocupada com o que o fato de Albus estar ali poderia significar.

— Severus – ela tentou de novo.

 O Potter respirou rápido e descolou a coluna da cadeira, abrindo os olhos preguiçosamente, piscando algumas vezes.

 - Bom dia, bela adormecida! – ele disse com a voz pesada de sono, enquanto espreguiçava-se. Parecia relaxado, mas não era o suficiente para Rose fazer o mesmo, especialmente quando ela sabia que Al atuava muito bem.

— Oi – foi o que ela disse, apreensiva. Todo seu corpo estava tenso. Ela tinha medo até de falar.

Al percebeu isso no segundo anterior e sutilmente olhou para os monitores ligados a prima. Os batimentos cardíacos dela estavam correndo.

— Hey, está tudo bem. Todos estão bem, você só precisa ficar calma. – Ele disse enquanto se levantava e sentava na beirada da cama. Sua postura era sonolenta. Nada surtia efeito nela, o fato dele se pôr de pé a fez arregalar os olhos de algo muito perto do pavor. – Rose, sou eu, seu melhor amigo. Eu não estou mentindo, todos estão bem. Feche os olhos e respire fundo, você também ficará bem, eu prometo.

Ela obedeceu. No momento em que fechou os olhos e respirou, as lágrimas vieram junto e não demorou para ela começar a gemer baixinho, num choro dolorido.

— Hey, pimentinha. Estou aqui com você, princesa. Você está viva e segura. Não chore.

Albus ergueu a prima com cuidado e a embalou nos braços como um bebê, deixando-a chorar no seu peito. Rose tremia como uma criança desolada. Não estava em prantos, mas chorava profundamente.

— Preciso que você fique calma para então lhe explicar tudo. Eu sei que você quer saber, mas precisa prestar atenção.

 Ela acenou com a cabeça, tentando engolir as lágrimas, mas demorou mais alguns minutos para que pudesse finalmente ser colocada de volta no lugar, respirando normalmente. Al retornou para a poltrona ao lado da cama e estava pronto para começar, se ela não tivesse falado primeiro.

— Sonhei com minha mãe – disse Rose, ainda chorosa. Tentando evitar o que teria que ouvir.

— Verdade? – Al parecia surpreso, mas a ruiva não percebeu – E como foi?

— Foi nesse quarto, eu acho. Eu não consegui vê-la, mas senti seu cheiro, sua voz e seu toque no meu rosto... Parecia tudo tão real ao mesmo tempo que não.

— Talvez você precisasse disso...

— Eu ainda preciso, Severus.

— Eu sei, pequena. Eu sei que sim.

Os dois ficaram em silêncio. Albus não estava pronto para Rose falar assim de Hermione. Acabou desarmando-o por completo.

— Estou com medo de fazer as perguntas... Quer dizer, estou com medo das respostas que você vai me dar.

— Então deixe-me te mostrar algo antes de mais nada – o moreno disse, de repente abrindo um super sorriso (Rose não sabia se voltava a chorar ou se sorria junto).

Ele levantou-se e arrastou, cuidadosamente, para frente da poltrona e ao alcance dos olhos dela dois monitores apoiados em cabides de rodinhas. Rose não entendeu de início e pensou em perguntar no que aquilo significava, mas não precisou. Haviam dois registros de batimentos ali, dois leyouts diferentes de leitura saindo da mesma pessoa.

— Oh... – Rose levou uma das mãos a boca e seus olhos voltaram a encher de água. Al devolveu os monitores para atrás da cama e sentou com os cotovelos apoiados nos joelhos e nas mãos  juntos descansava o queixo, os olhos brilhavam compartilhando da felicidade da descoberta dela.

 - Se você pensar em qualquer outra pessoa que não eu para ser o padrinho, nunca mais na vida falo com você! – ele mal podia se conter.

— Oh Merlin! – Rose quase não falava, olhava do primo para a própria barriga e vice-versa. Sua outra mão repousou sobre ela e as lagrimas desciam livres em senti a suave saliência, ainda que por sobre aquele monte de panos. – Mas como?!

— Draco – foi o que o Potter respondeu.

— C-como?

— Ele enfeitiçou você ainda no cativeiro. Alguma espécie de proteção ao bebê, o principio de feitiço é o mesmo que a vovó Lílian usou no meu pai. Obviamente, ele esperava que nós conseguiríamos dominar a situação mais cedo e evitar a Maldição Cruciatos ou qualquer dano maior, pois não tinha certeza se o encantamento era forte o bastante. De qualquer forma, trouxemos você para o St. Mungus muito rápido e Dominique conseguiu estabilizar seu quadro com facilidade. Você não imagina as complicações que ela está enfrentando por isso no sistema, mas ela não da a minima se isso salvou a vida de vocês. Confesso que meu sobrinho (ou sobrinha) estava por um fio, mas ele é um lutador (ou lutadora). Está no sangue.

— Então meu bebê ainda está aqui?

— Sim, pimentinha, ele ainda está aí – Albus tentava não chorar, mas estava ficando difícil.

Rose respirou fundo, agora com as mãos sobre a barriga. Agradecendo. Uma parte sua estava completamente aliviada.

— Lara queria estar aqui, assim como Lilian, para paparicá-la até cansar – Al continuou, enquanto observava tudo. – Ambas receberam alta essa manhã, mas foram encaminhadas pra casa. Precisam descansar para voltar ao colégio.

— Oh Merlin! Como elas estão? Lily foi torturada e Lara sangrava pelos pulsos, ninguém podia ver, mas ela perdera muito sangue.

Albus respirou fundo para continuar calmo. Só de lembrar em como a irmã e a namorada chegaram no hospital fazia seu corpo tremer de ódio.

— Ambas estão bem, são garotas fortes. Lily já estava fazendo brincadeiras sobre estar drogada essa manhã. Eles cortaram os pulsos de Lara, em cicatrizes antigas, mas isso só serviu para deixa-la mais consciente sobre si mesma. Se não fosse ela eu teria matado cada desgraçado e... – Ele parou. – Desculpe, você só precisa ouvir que elas estão na mansão Potter agora, dormindo.

— E Draco, o tio Harry e meu pai?

 - Estão bem. O tio Draco está se recuperando na ala masculina da enfermaria. Parece mais a Dedos de Mel do que um quarto, você não sabe quantas enfermeiras tem uma super queda por ele. Quem acaba comendo tudo é a tia Tory e os visitantes.... E os nossos pais acabaram de ir pro Ministério, depois de checar que você estava bem, eles precisaram ir para resolver a parte burocrática. Muitos presos, muitos depoimentos, muita papelada. Você sabe, a parte chata do nosso trabalho.

— Por quanto tempo eu apaguei?

— Quase 24 horas. Não fique surpresa, tudo ainda é muito recente.

Rose afundou ainda mais nos travesseiros. Sabia que tudo que teria e queria ouvir sobre o que acontecera no dia anterior significava, mas não tinha certeza se estava pronta ainda, porque então escutaria o que estava evitando desde o início daquela conversa. Ela, na realidade, já sabia do que perdera, mas no momento que Albus dissesse, tornar ia-se real. O primo podia ter dito que todos estavam bem e que não estava mentido quanto a isso, mas haviam várias interpretações para tal. A tranquilidade dele não concordava com sua cara cansada e olheiras de quem chorara a noite inteira.

— Ah! Quase me esqueci! – O moreno anunciou de repente, chamando a atenção da prima – Se bem que até agora você também não deu a mínima. Mas, Scorpius disse que, caso você acorda-se, tentasse não dormir de novo antes vê-lo.

— Scorpius o que? – Rose quase caiu da cama, se isso era possível.

— Eu disse alguma coisa errada? – Al de repente sentiu um frio subir por toda sua coluna.

 - Scorpius... Ele... Ele está v-vivo?!

O Potter ia responder imediatamente que sim, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Mas parou no ato.

— Rose? Do que se lembra?

— Eu? Eu lembro de tudo, seu tonto! Eu lembro daquela maluca jogar alguma coisa nele e faze-lo voar. Eu fiquei louca e... e... – Rose deu-se conta de que só ia até ali na sua cabeça, a partir do que acabara de narrar ela só via borrões do que acontecera. Ela não se lembra do surto, não lembra de ter atingido Olivia. Tudo que estava na cabeça dela era a vontade de matar Kieran e depois a dor. Apenas isso – Eu achava que ele estivesse morto.

— Pimenta, ela só o jogou longe. Ambos quebramos o braço porque eu meio que servi de aparador para aquele folgado, mas nada que uma porção não resolvesse.

— E por que você não me disse, caramba?!

 - Porque você não perguntou, ué!

 Rose estreitou os olhos para o primo. Al engoliu em seco, ele sabia que se ela tivesse uma varinha em mãos, ele estaria em maus lençóis.

— Bom, desculpas... É que eu estava ansioso pra dizer a você que eu seria o padrinho do bebê de vocês. Foi mal.

A ruiva lhe lançou um último olhar reprovador. Mas logo depois sorriu, refletindo o quanto seu coração estava leve.

— Eu só... Bom, você está com uma cara de péssimas noticias. Parece ter chorado rios a perda de alguém e...

— Rose, talvez sejam as drogas que não estejam deixando você usar a cabeça, mas você sumiu, minha irmã sumiu, a mulher da minha vida sumiu! O que você esperava?

— Tudo bem, desculpe, você tá perdoado. Isso só porque também é culpa dele. Afinal de contas o que de tão importante ele tem pra fazer que não pode estar aqui?

— Eu também não contei essa parte? Óbvio que não – Al disse enquanto coçava a cabeça – Confiaram em mim pra te atualizar sem estressa-la e olha o que estou fazendo? Cagando tudo.

— Severus... – Rose avisou.

 - Tudo bem, bom, ele está tentando não ser preso.

— Como é?!

— Calma. Olha você tem que me ajudar e se acalmar! O que aconteceu foi que depois que ele caiu, você meio que surtou e conseguiu derrubar Olivia e roubar a varinha dela, e estava preste a avançar em Kieran, mas ela foi mais rápida e você pereceu sobre a Maldição Cruciatos. Foi a vez de Scorpius perder o controle e antes que eu pudesse parar Kieran sem matá-la, como está no código, ele o fez com um Avada Kedavra.

Rose perdeu a voz por três longos segundos.

 - Ele o que? – sua indignação saiu num sussurro.

— Ele a matou. – Al respondeu com os ombros encolhidos, como se estivesse com medo de dizer.

— Aquele perfeito idiota!

— Rose, dê um desconto. Quando você ver o seu grande amor que espera o teu filho sofrendo algo que pode ser considerado pior do que a própria morte, o bom senso se torna meio inútil.

— Mas ele continua sendo um idiota!

 - Sabe, é mesmo. Ele bem sabia que você reagiria assim e me deixou aqui pra escutar suas broncas.

— E ele também não pode ser preso!

Severus, de uma forma ou de outra, não pode deixar de rir de como a prima se comportava. Ela estava de braços cruzados e fazendo biquinho. Quer dizer, ela estava com raiva de Scorpius, mas não queria que ele se ferrasse.

— Claro que não, né? Ele só precisa dar depoimentos e alguma coisa sobre jurar nunca mais conjurar tal feitiço, afinal, é uma maldição imperdoável. Visto a situação do ocorrido e as influencias dentro do quartel, Scorpius não será levado nem a corte.

— Menos mau. Não quero um namorado fichado.

— Ah, deixa de drama. Você tá mais é feliz por tudo ter acabado numa boa.

Dessa vez, Rose sorriu largamente, ainda que incerto. Aparentemente, era como Albus disse: tudo tinha acabado bem. No entanto, algo ainda apertava o seu peito. O sorriso sumiu do seu rosto.

— O que houve? – Severus se preocupou.

— Nada. É só que ela não vai mais voltar, Severus... Para a minha mãe nada acabou numa boa.

— É claro que não, Rose.

— Como não? Não me venha com aquele papo ridículo de que ela está num lugar melhor, porque eu já sei disso. Mas não era a hora dela.

— Quer saber, quanto a isso... – Albus levantou-se, dando uma última olhada para o monitor de Rose, certificando-se de que ela estava estável, e encaminhou-se pra porta. – Veja por você mesma.

Rose o observou com as sobrancelhas franzidas. Ele pôs a cabeça pra fora e sussurrou alguma coisa. Segundos depois a porta se abriu por completo.

Desmanchando-se em lágrimas, ao vão da porta, encontrava-se ninguém menos que Hermione Granger Weasley.


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Notas finais do capítulo

Eita, bagaceira? Vou matar vocês, né? Sorry, não é a intenção! COMENTEM