My Old Man escrita por WeekendWarrior


Capítulo 9
Trailer Park Darling


Notas iniciais do capítulo

Postando dois capítulos. :D
bjs.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/639421/chapter/9

— Filho duma puta! – bati as mãos no volante e exclamei histérica de dentro do carro.

Estou a observar um ser humano chamado Jim Morrison. Minha vontade é de esganá-lo até a morte. Isso é insano.

Ele estava onde Aline me disse que estaria, num Parque de Trailers chamado: Arizona Charlie’s Park*. Era um local extremamente grande, os trailers eram distribuídos aleatoriamente e as pessoas mantinham mesas, cadeiras, um monte de tralhas ao lado de seus trailers.

Mas a única pessoa em quem eu estava interessada nesse momento estava lá, rodeado por alguns homens robustos, tinha um careca todo tatuado e até um anão. Todos pareciam ser da laia de Jim. Todos seguravam uma cerveja e estavam próximos a um trailer verde desbotado, riam e gesticulavam. Minha vontade era pisar no acelerado e acabar com aquela cena.

Bastardo! Agindo como se nada estivesse acontecendo, nem ao menos me liga! Não manda nenhuma notícia, tenho que dar uma de louca e vir aqui atrás dele, correndo o risco de ser chutada na frente de todos aqueles caras, mas pelo menos se eu levasse um pé na bunda nunca me perguntaria: ‘’E se eu não tivesse feito?’’. Eu sou inteiramente louca.

Nem sei por qual motivo estou aqui remoendo essas coisas, deveria estar lá com ele, deveria ir até lá e esganá-lo.

Me impulsionei para fora do carro, mas minhas pernas hesitaram. Comandei que meu corpo se mexesse para fora. Quando abri a porta do carro senti o mormaço do calor e o sol começou a me incomodar, só daí percebi que já estava parada fora do carro por algum tempo. Pareço uma doente! Vamos! Se mova! Vai atrás do desgraçado!

Então comecei a dar passos largos até onde ele se encontrava, não era tão perto, mas o reconheceria em meio a qualquer multidão.

Dava passadas largas no chão rochoso do parque e minha cara no momento não devia ser das melhores, pois um dos amigos de Jim(o careca tatuado) me encarou estranhamente e cutucou Jim para que ele se virasse, pois meus olhos estavam cravados nas costas dele.

Vocês tinham que ver a cara que ele fez ao me ver. Foi estranhamente bom vê-lo assim, assustado. Arregalou os olhos e prensou os lábios, sabia que eu ia fazer a maior cena. Eu poderia ganhar o Oscar pelo que estaria prestes a fazer.

Encarei todos os amigos dele e depois a ele. Cravei meus olhos naquelas órbes verdes e soltei:

— Que porra é essa, Jim? Mas que porra é essa, hein? Você acha que seria tão fácil assim? Aparecer do nada de novo na minha vida e depois sumir? Deixar a porcaria de um bilhete dizendo o que eu realmente queria ouvir da sua boca? Claro, não é? Você pensou: depois que eu comer a riquinha vou dar no pé. Você faz isso... v-você some depois do que eu te disse naquela noite. Me deixa sozinha no natal e depois no ano novo – escutei uns uivos e assovios ao redor, quando percebi tinha um aglomerado em volta – Olha só pra mim, vim aqui atrás de você, vim dirigindo de L.A até Nevada atrás de você, seu desgraçado, recebi uma ligação do meu chefe dizendo que se eu não botasse meu pé em menos de duas horas na empresa eu seria demitida. Mas não! Eu preferi vir aqui, atrás do bendito homem que...

— Calma Lana, eu posso explicar tudo... – ele coloca as mãos em meus ombros.

Afasto suas mãos dizendo:

— Não! Você não pode! Me diz a verdade! Você tem alguém, não é? Quem é? Quero vê-la! – ergo meu pescoço e olho ao redor, havia moças ali – Qual delas é ela? Qual?

— Não tem ninguém, Lana! Pelo amor de Deus! Vamos entrar no meu trailer e conversar a sós – diz me pegando pelo braço e tentando me levar pra dentro do trailer. Mas eu estava com muita raiva, estava criando um tumulto. Eu até que me sentia bem.

— Não! – o empurrei forte no ombro perto da clavícula e ele fez uma cara de dor e se sentou numa cadeira. Me assustei imediatamente.

Será que o tinha machucado? Eu nem era tão forte assim. Fiquei sem reação, então começou a parecer sangue através da camisa branco dele. Oh, meu Deus! Fiquei estática, não sabia o que estava ocorrendo.

Alguns amigos dele começaram a perguntar a ele se estava tudo bem, começaram a falar de um curativo, eu não entendia nada. Jim ainda estava ali sentado com aquela cara de agonia.

De repente uma ruiva, pálida e alta aparece, mas antes de olhar pra Jim ela me olha dos pés a cabeça e eu ainda ali, paralisada, sem reação. Ela acaricia o rosto de Jim dizendo que vai ficar tudo bem, a ruiva parece estar preocupada. Logo ela começa a abrir os botões da camisa de Jim e abaixa a manga esquerda e um curativo aparece, o sangue está transpassando o curativo. Eu me apavoro.

Chego perto de Jim, me agacho entre suas pernas e peço desculpas inaudivelmente. Ele me encara e assente positivamente e sorri pra mim. Acaricio seu rosto.

— Viu o que você fez, sua louca? Abriu os pontos dele! – a ruiva disse em alto e bom som.

Pontos? Curativo? Que tipo de ferida era aquela? Tanto cuidado com ela...

— Não tive a intenção – me levantei. Não estava nem ligando para a ruiva branquela, tudo bem que ela era muito bonita e que não gostei nada de vê-la acariciando meu homem e abrindo sua camisa.

 – Vem Jay, vou te levar pro Ransom refazer os pontos.

“Jay”? Se esse era um apelido próprio que ela tinha dado pra ele... Ah, vadia! Tava muito estranha essa história. Ignorei-a por um instante.

— Jim, o que aconteceu? O que foi que...

 – Ele levou um tiro você não percebeu? – interrompeu a ruiva. Ah, mas eu tô louquinha pra pegar esses cabelos ruivos e arrancar todinhos.

Mas espere aí! Um tiro? Minha mão foi a boca.

 – Isso é verdade? Um tiro, Jim? Mas...

Ele assentiu positivamente com a cabeça.

Meu coração veio até a garganta e voltou, coloquei a mão na testa e vi tudo se embaçar. Só vi um aglomerado de pessoas ao meu redor e um anão muito estranho com dentes de ouro(o quê?), e por último ouvi a voz de Jim, então apaguei.

[...]

Acordo em uma cama e com uma puta dor de cabeça, não sei se é o calor ou... Jim! Jim levou um tiro! Olho pros lado e estou sozinha, estou dentro de um trailer. Olhos pros lados e me sento na cama. Escuto passos vindo do outro cômodo do trailer, então Jim aparece na batente da porta que dava acesso ao ‘’quarto’’. Ele parece extremamente sério. Filho da puta, penso.

O encaro séria.

— Quero e preciso de respostas.

— Pra quais perguntas? – ele pergunta impassível.

— Por que e como você levou um tiro? O que você faz aqui? No que você trabalha? Por que me deixou? Por que você é tão nojentamente lindo? E... Quem é essa ruiva?

Ele riu, não esperava essa reação. Contive meu sorriso, queria parecer durona.

— Bom – ele começou – Vou deixar tudo em pratos limpos entre nós. Eu vou te falar uma coisa, mas se você quiser me deixar depois do que eu te falar a decisão é sua...

— Prossiga – fiz um sinal com a mão pra ele, enquanto eu sentava na borda da cama.

— Bom, Lana, é que eu... Estou metido com algumas coisas nada boas. No começo foi só pra ajudar alguém que eu amava muito. Mas agora, meio que virou minha ‘’profissão’’ – ele fez aspas com as mãos e continuou – Enfim, eu trafico, eu trafico drogas e armas, sou um traficante e eu não queria que você soubesse desse jeito, não queria mesmo – ele passou os dedos pelas têmporas.

Por um momento fiquei a encarar a parede, o nada.

Pensei que minha cabeça ia explodir naquele momento... Meu Deus! Eu estava apaixonada por um traficante. Um traficante! Comecei a pensar em coisas horríveis, aquelas coisas que se vêem em filmes e tudo mais. Mas não importa! Não importa o que ele fez ou faz, eu vou ficar com ele pra sempre.

— E lá nas Canárias? Você já estava envolvido com isso?

— Sim, eu estava lá pra conseguir fechar um negócio com uns cubanos... Foi uma de minhas primeiras transações. Precisava do dinheiro pra ajudar uma pessoa.

Eu assenti com a cabeça. Meus olhos lacrimejaram. Fui apenas uma pequena diversão pra ele.

— Como levou esse tiro? – indaguei confusa.

— Estávamos indo entregar uma encomenda, mas era uma emboscada... Então aconteceu – o homem tocou levemente o ferimento como se lembrasse do ocorrido – Estava esperando melhorar para te procurar novamente. Me perdoe.

Suspirei cansada.

— Você me deixou.

— Eu não te deixei, Lana... eu apenas... eu sinto muito. Me perdoe, mas isso é minha vida.

Assenti passivamente.

— Então meu homem é um traficante! – forcei um sorriso enquanto uma lágrima escorria.

Jim me olhou confuso.

— Lana, se quiser me deixar... – ele se aproximou de mim e se agachou em minha frente – Se quiser me deixar, eu entendo, só saiba que... que eu te amo.

Ah, filho da puta, desgraçado! Não faz isso! Ai Jim! Eu sei que você vai pegar meu coração e quebrar em milhões de pedacinhos e não sei se conseguirei pegar de volta os cacos.

Não aguentei as lágrimas, chorei. Então ele me abraçou e o abracei gentilmente com cuidado por causa do ferimento.

— Jim, eu amo você – sussurrei.

Agora não haveria mais volta. Não haveria regresso. Não poderia haver medo. Estaria com ele aonde quer que fosse. Aonde quer que ele fosse eu iria atrás. Mas no meu íntimo eu sentia que algo muito, mas muito ruim estava para acontecer e claro, eu sentia medo, muito medo. Porém ele me abraçava e me beijava e o medo sumia por alguns instantes, e depois voltava com mais força.

Eu não estava percebendo, mas estava deixando tudo que tinha pra trás por ele, amigos, família, emprego, até eu mesma. ‘’A vadia cegamente apaixonada por um gangster‘’, ótimo roteiro de filme, sabe aqueles bem furrecas que nem vão pro cinema, pois é. Essa era a minha vida de agora em diante.

Realmente não me importo com o que ele fez ou vai fazer, ele é meu homem e esse nosso tipo de amor só se vive uma vez na vida. Ele sabe que o amo pra sempre, não talvez. Jim é o meu único e verdadeiro amor.

Mal sabia eu o que me esperava. Isso mesmo Laninha bobinha, aproveita enquanto pode. Pois a tristeza de verão está próxima, bem próxima!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo