A Maldição do Tigre - por Ren escrita por Lelis


Capítulo 6
Capítulo 5 - De volta à Índia


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores!
Muito obrigada por todos os comentários.

Obs: As conversas que forem em hindi vão estar em itálico.
Aí vai mais um capítulo.
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/639029/chapter/6

Acordei com Kelsey me chamando:

– Ren? Onde você está?

Assim que me mexi, Kelsey se virou, me viu e disse:

– Ren! Como você conseguiu sair? O Sr. Davis vai me matar! Tenho certeza de que tranquei a porta da jaula ontem à noite!

Claro que trancou, fui eu quem abriu depois.

Levantei e me sacudi, para tirar o feno, fui até ela e parei na sua frente. Kelsey ergueu o queixo, colocou as mãos no quadril e mandou eu voltar para a jaula. Resolvi obedecer, primeiro para não assustá-la, afinal, eu queria sua confiança, e segundo porque não queria que ela levasse bronca do Sr. Davis por minha causa. Mas antes de ir para a jaula, me esfreguei na perna dela, pois queria lhe fazer um carinho.

Ela fechou a porta e soltou um suspiro de alivio. Me deu o café da manhã e saiu.


Havia passado uma semana e hoje era minha última noite aqui no circo. Todos estavam felizes, principalmente eu.

Kadam veio me ver no meio da noite, quando todos já estavam dormindo. Assim que ele entrou, me transformei em homem e o cumprimentei:

– Oi, Kadam. Já está tudo pronto preparado para amanhã?

– Oi, Ren. Já está tudo pronto para a viagem. A Srta. Kelsey foi passar a noite na casa dela, para arrumar a mala e se despedir.

Minha tristeza por Kelsey não estar lá deve ter transparecido, porque Kadam riu e disse:

– Ela estará aqui amanhã, bem cedo, não se preocupe. Você está gostando dela, não está?

– Sim. – respondi – Eu gosto dela. Kadam, eu estava pensando, e acho que Kelsey deve ir até Phet antes de saber sobre a maldição.

– Como assim?

– O meu plano é guiá-la pela selva até a casa de Phet, para que ela confie em mim, então eu conto a verdade a ela.

– Você quer atraí-la para a selva? – ele parecia preocupado.

– Isso. Eu e ela vamos de caminhão até a reserva, mas antes de chegar lá, quem estiver me transportando me solta e vai embora, eu vou atrair Kelsey para a selva e levá-la até Phet. Assim ela vai confiar mais em mim e será mais fácil acreditar em tudo.

– Não sei, Ren. Acho arriscado demais. E se ela não entrar na selva com você?

– Se isso acontecer, me transformo lá mesmo e explico tudo.

– E se ela se machucar? Kelsey não está acostumada a andar na selva. Você sabe que há muitos perigos.

Ele estava preocupado com ela, e eu também, mas tentei tranquilizá-lo.

– Eu sei. Também estou preocupado. Mas vou protegê-la, não vou deixar nada acontecer com ela. Tem que ser assim, Kadam.

Kadam não estava convencido, mas concordou com meu plano:

– Tudo bem. Vou providenciar que o caminhão deixe vocês na cidade mais próxima da casa de Phet, mas, mesmo assim, ainda terão que caminhar por uns dois dias. Também vou pensar sobre como irão voltar e chegar até em casa, talvez eu deixe o jipe na estrada.

– Obrigado, Kadam, por tudo.

– Eu não gostei desse plano, senhor. Mas vou fazer como você quer.

Nos despedimos e voltei para minha jaula. Amanhã será um longo dia.


Já estava acordado quando o Sr. Davis veio me preparar para a viagem. Ele colocou em mim uma coleira (odeio coleiras) e prendeu nela uma corrente. Quando terminou, ele e Matt pegaram a corrente e me levaram para fora até um caminhão. Estava tudo um caos, e quando comecei a ficar agitado, Kelsey chegou. Minha agitação se dissipou assim que a vi. Fiquei olhando para ela enquanto terminavam de preparar o caminhão.

Tudo estava pronto e, a um comando do Sr. Davis, entrei na caixa de metal que estava no caminhão. Ouvi Kadam perguntando a Kelsey se queira ir no caminhão ou no carro, ela escolheu o carro. Queria que Kelsey fosse no caminhão comigo, mas ela ficaria mais confortável indo no carro. Me deitei e fiquei assim até que chegamos no aeroporto.

Vários trabalhadores vieram para me transferir para o avião; eles usaram uma empilhadeira para tirar minha caixa do caminhão e colocar em uma jaula no avião. Essa jaula era grande, fato que eu gostei, pois já estava ficando claustrofóbico naquela caixa pequena (e olha que eu nunca tive isso). A jaula ficava nos fundos do avião, logo atrás da poltrona de Kelsey. Fato que também gostei, assim podia ficar olhando para ela viagem toda, mesmo que ela estando de costas para mim.

O avião era luxuoso e decolou tranquilamente. Estava silencioso no avião e fiquei deitado na minha jaula, pensando sobre como vou contar tudo para Kelsey.

Quase duas horas depois, Kelsey começou a fazer perguntas a Kadam. De onde estava, conseguia ouvir a conversa deles. Eles conversaram sobre as Linhas Aéreas Tigre Voador e sobre aviões, depois sobre mitos da Índia que envolvia tigres. Eu não estava prestando muita atenção nas histórias, até que Kadam começou a falar sobre o tigre branco:

– Um tigre branco é uma espécie muito especial. Ele é irremediavelmente atraído para uma pessoa, uma mulher, que tem grande apego ás próprias convicções. Essa mulher terá grande força interior, a sabedoria para discernir o bem do mal e o poder para superar muitos obstáculos. Ela que é chamada a caminhar com os tigres, irá dedicar a sua vida para cuidar deles, e irá deixar tudo para trás a fim de salvá-los, sem se importar com os riscos.

Só quando Kadam parou de falar é que percebi que Kelsey havia dormido.

Assim que ela dormiu, Kadam veio me apresentar Nilima; ele já havia me dito que ela sabia sobre a maldição. Cumprimentei ela como tigre mesmo, não queria correr o risco de Kelsey acordar e me ver como homem. Depois que eles saíram, resolvi cochilar um pouco.


Acordei com o cheiro de comida, estava delicioso. Ouvi Kadam fazendo perguntas a Kelsey enquanto almoçavam; logo depois que terminaram de comer, o avião começou a pousar. O pouso também foi tranqüilo.

Enquanto estavam abastecendo, Kelsey veio me ver. Ela sentou no chão perto da minha jaula. Eu queria ficar o mais perto dela possível, então me deitei com as costas encostadas nas grades e a cabeça perto da mão dela. Kelsey riu, começou a fazer nas minhas costas e a me contar os mitos sobre tigres.

Cedo demais o avião ficou pronto e Kelsey foi se sentar para a decolagem.

Durante a viagem, eu fiquei ouvindo a conversa de Kelsey e Kadam. Queria poder conversar com Kelsey também, mais alguns dias e isso será possível.

Depois que jantaram, vieram me ver. Assim que chegou perto, Kelsey fez carinho na minha cabeça, cocando atrás da orelha, como eu gosto.

– Srta. Kelsey, não tem medo deste tigre? Não acha que ele possa machucá-la? – perguntou Kadam.

– Eu acho que ele pode me machucar, mas sei que não vai fazer isso. É difícil explicar, mas eu me sinto em segurança com ele, quase como se fosse um amigo e não um animal selvagem.

Gostei dessa resposta dela. Ela pode não saber ainda que sou um homem, mas consegue me ver como realmente sou, um amigo que nunca irá machucá-la.

– Nilima, acho que já pode preparar as camas. – Kadam disse tão baixo que duvido que Kelsey tenha ouvido.

Nilima se aproximou de Kelsey e perguntou se queria dormir, ela concordou e as duas saíram, com Kadam logo atrás.

Estava quase dormindo quando Kelsey veio até minha jaula.

– Boa noite, Ren. Vejo você na Índia, amanhã.

Boa noite, iadala. Até amanhã.


De manhã, Kelsey veio me ver, e trazendo bacon. Eba!!! Ela estendeu um pedaço de bacon para mim, me aproximei, mordi a pontinha delicadamente, para não machucá-la, e comi.

– Nossa, Ren, você precisa mastigar. Espera aí, os tigres mastigam? Bem, pelo menos coma mais devagar.

Nunca pensei nisso. Acho que nunca mastiguei como tigre. Ela me deu mais três pedaços de bacon da mesma forma e quando acabou lambi sua mão. Ela riu e saiu.

O avião balançou um pouco no pouso, mas fora isso, foi calmo, como das outras vezes. Assim que ele parou, Kelsey se virou e olhou para mim, para ver se eu estava bem. Eu estava mais do que bem, estava ansioso e feliz por, finalmente, ter voltado á Índia.

Kelsey e Kadam desembarcaram primeiro e os ouvi comentando sobre o clima. O tempo estava meio fechado, pois estamos na estação chuvosa.

Dois homens se aproximaram de mim, para me desembarcar, e prenderam duas correntes pesadas na minha coleira; eu tinha acabado de descer do avião, quando um dos homens puxou muito forte a corrente, isso doeu e reagi instintivamente, rugindo e empurrando aquele homem estúpido. Então, Kelsey veio me socorrer. Ela pegou a corrente, começou a dar tapinhas nas minhas costas e falou:

– Calma, Ren. Está tudo bem, já passou.

Isso me acalmou e fui andando com Kelsey até o caminhão. Antes de subir, esfreguei meu corpo na perna dela, agradecendo pela sua interferência. Assim que me virei, vi que os homens estavam olhando MUITO para Kelsey. Não gostei disso. Minha raiva deles voltou, não os quero olhando para ela. Lambi o braço de Kelsey, para mostrar aqueles idiotas que ela era minha.

Ela começou a fazer carinho no meu ombro e tirar as correntes pesadas, sempre murmurando para me acalmar.

Olhei novamente para os homens e eles continuavam a olhando. Eles ainda não perceberam que ela era minha? Bufei e grunhi, querendo mostrar que não estava gostando daquilo. Comecei a esfregar minha cabeça no braço dela, ainda tentando mostrar que ela era minha.

Eles começaram a falar em híndi:

O tigre obedece a ela.

– Deve ser uma Deusa, para o tigre agir desse jeito.

– Deve ser mesmo, ela é linda.

– Ela não é uma Deusa. – disse Kadam – É apenas a domadora do tigre. Ele é treinado para obedecê-la.

Depois que Kelsey trancou minha jaula, os homens voltaram ao trabalho, mas sem se aproximar de mim. O que foi bom para eles, porque ainda estava com muita raiva.

Kadam apresentou o motorista do caminhão a Kelsey e depois começou a mostrar o que tinha na mochila que ele preparou.

– Sr. Kadam, por que incluiu uma bússola e um isqueiro na bolsa?

– Nunca se sabe o que pode vir a ser útil ao longo da viagem. Eu só queria ter certeza de que estivesse totalmente preparada, Srta. Kelsey. Aí também tem um dicionário híndi-inglês. Dei instruções ao motorista, mas ele não fala inglês muito bem. Preciso me despedir da senhorita agora. – respondeu ele.

– Tem certeza de que não pode mudar seus planos e seguir viagem conosco?

Senti remorso. Ela estava com medo, e eu sabia que sentiria ainda mais medo na selva. Não queria fazer isso com ela, mas era necessário. Kelsey precisava confiar em mim.

– Infelizmente, não posso acompanhá-la em sua jornada. Não se preocupe, Srta. Kelsey. A senhorita é mais do que capaz de cuidar do tigre e planejei cada detalhe da viagem. Vai dar tudo certo. – ele pegou as mãos dela – Confie em mim, Srta. Kelsey. Vai ficar tudo bem.

Kadam foi embora.

– Bem, garoto, acho que agora somos só nós dois.

O motorista chamou Kelsey, ela entrou no caminhão e começamos nossa viagem pela Índia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Continuem comentando, adoro quando comentam.
Beijos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Maldição do Tigre - por Ren" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.