Vigilantes do Anoitecer escrita por Lady Angellique


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oie!

Se você chegou aqui é porque teve coragem de enfrentar esse mundo, então parabéns e seja bem vindo!

Mais um cap pra vocês! Espero que gostem!

Boa leitura!



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Que dia lindo. O sol brilhando no céu, os pássaros cantando, o padeiro sorrindo e contando piadas sem graça para seus clientes, os carros transitando pelas ruas pacificamente e tudo seria ainda mais bonito se eu não estivesse atrasada, completamente atrasada. Despertador idiota. Custa despertar no horário certo?

Minha mãe diz que eu sempre estou atrasada, porque eu demorei a nascer, eu nasci uma semana depois que era previsto para eu nascer, nunca entendi muito bem isso, mas fazer o que, né? Porque se temos essas supertições bobas e histórias que nos são contadas desde pequenos, quer dizer que temos algo em que acreditar e nos firmar, para que assim possamos seguir em frente da melhor forma possível... Embora faça mais sentido na minha cabeça do que quando eu falo em voz alta.

Bom, aqui estou correndo até a Academia – normal pra mim, estar atrasada, porque eu estou quase sempre atrasada, parece até o Coelho Branco de um clássico livro infantil que eu amo – comendo um sanduíche ao mesmo tempo em que tomo um suco de laranja, que estava em um copo plástico com canudinho, porque se não eu provavelmente já teria derramado tudo enquanto corria, e mesmo assim é uma proeza pra mim conseguir correr, comer e tomar meu suco ao mesmo tempo. Quando terminei de tomar o café da manhã, eu cheguei à Academia. Arremessei o resto do meu café da manhã no lixo, e segui para o vestiário. Chegando lá troquei de roupa rapidamente colocando o uniforme – porque eu havia saído tão atrasada que eu não tive tempo para colocar o meu uniforme – e parando em frente a um dos espelhos do banheiro, consegui arrumar o meu cabelo de modo que ele ficou mais apresentável, porque se eu fosse pra sala de aula do jeito que eu havia chegado, provavelmente meus colegas achariam que eu acabei de sair de um filme de terror ruim. Depois de fazer meu cabelo preto ondulado se tornar um pouco menos rebelde eu corri para a sala de aula, já prevendo a advertência que eu iria levar por chegar atrasada de novo.

Olhando pelo lado positivo... lado positivo... lado positivo... Argh! Não consigo achar lado positivo chegando atrasada na escola, só vejo coisas ruins acontecerem.

_Stra. Moore – chamou uma voz atrás de mim, me virei e me deparei com o Sr. Borges, professor de artes marciais, me encarando severamente – Está atrasada.

_Eu sei senhor. E peço desculpas, não vai se repetir – tento me justificar, mesmo sabendo que ele não vai acreditar em mim.

Ele suspirou.

_Ainda bem que só temos mais essa semana – respondeu ele mais para si mesmo do que pra mim, se virando e começando a andar – Siga-me. Os primeiros testes vão ser feitos lá dentro.

Eu comecei a segui-lo, sem saber direito pra onde ele estava me levando, porque eu não sei o que esta acontecendo nesse lugar que está silencioso demais, mas depois de um tempo enquanto eu seguia meu professor pelos corredores da Academia eu me lembrava vagamente que hoje teria algum tipo de teste, embora eu não lembre que tipo de teste é esse.

A Academia é um lugar onde estudamos desde os quatro anos, até os dezesseis. Aprendemos todas as coisas básicas da antiga Terra, como a ler e escrever em inglês e espanhol, artes e músicas clássicas, depois aprendemos também a ler e escrever em arcaniano (que é a principal língua em Andrômeda) e tudo mais sobre o que devemos saber sobre esse planeta e o que nele habita. Além disso, aprendemos artes marciais, e o princípio da Magia, e alguns decidem se especializar em determinada área já visando o futuro, mas isso ai vai da escolha de cada um.

Ah sim, agora eu me lembrei o que está tendo essa semana na Academia e o porque todos estão silenciosos demais, é uma forma de demonstrar respeito aos nossos visitantes, que sempre vem anualmente, mais ou menos sempre na mesma época do ano.

Todo ano algumas pessoas da Capital e da Ordem visitam todas as Academias existentes – deve dar um trabalho danado, pois não são poucas – para fazerem testes físicos e psicológicos na turma dos “formandos”, que em sua maioria possuem dezesseis anos com a finalidade de verem qual a vocação de cada um e pra que área cada um deve ser mandado.. Não se é obrigado a seguir a carreira que o teste diz, mas muitos decidem seguir por confiarem plenamente no julgamento de pessoas que foram escolhidas a dedo para estarem ali. Alguns são tão excepcionais e se destacam tanto que ganham um convite especial, ao qual eu já citei antes, quase todas as crianças sonham em ganhar um dia, e se tornarem parte da maior organização existente em Andrômeda: A Ordem dos Guardiões.

Algumas dessas pessoas especiais, são resultado de longas linhagens “puras” de conjuradores – nome dado a quem controla algum elemento – ou pertencente há alguma família que possuem um certo dom especial e diferente dos outros e logo, essas pessoas são convidadas para a Ordem, que é como um caça talentos, e que só recrutam os melhores dos melhores, afinal, estamos falando da segurança do planeta, não é mesmo? Temos que escolher bem quem vai entrar ou nãoo e se essa pessoa vai realmente fazer a diferença.

Eu não sei se eu tenho aptidão para qualquer magia. Sinceramente? Nunca tentei, mesmo com minha mãe controlando o ar, e meu pai a água, eu só fazia os simples feitiços nas aulas de magia e poções, e não era sempre que eu tinha êxito em todas elas. Embora, muitas pessoas saibam desde que nasceram quais dons possui, como os meus melhores amigos e meu irmão, eu nunca considerei essa hipótese, estava ocupada com outras coisas que parecem ser bem mais importantes do que dobrar algum elemento, embora eu sempre tenha me empenhado nas aulas de lutas, pois essa é uma área que me agrada. Bom, acho que vou descobrir isso hoje.

_Chegamos – a voz do Sr. Borges me tirou de meus pensamentos. Ele apontou para uma porta – Os seus primeiros exames serão feitos aí.

É, parece que eu não sei mesmo onde estou indo.

_Obrigada, Sr. Borges – eu agradeci, lutando comigo mesma para não questionar o que eu iria fazer agora e entrando no lugar indicado – Com licença – pedi entrando.

_Pode entrar, fique a vontade – disse uma mulher baixinha, que aparentava ter trinta anos, com cabelos curtos pretos, e olhos cor de azeitona – Sou Rose Mark – se apresentou ela, me estendendo a mão.

_ Tori Moore – apertei a sua mão e lhe dei um sorriso.

_Bem, já estamos atrasadas, sente-se, por favor – ela indicou uma cadeira reclinável, parecendo aquelas que vemos em consultórios de dentistas. Eu sentei e olhei para ela – É só fechar os olhos e relaxar.

_O que vai fazer? – perguntei curiosa, observando-a mexer em algumas coisas na mesa.

_Vou ligar esses fios na sua cabeça e colher alguns dados, e pegar uma amostra de seu sangue – respondeu ela, enquanto começava a colocar os dois em mim, que estavam ligados ao computador.

_Só isso?

_Por enquanto, sim.

Assenti, enquanto relaxava na cadeira, até o momento em que reparei em suas roupas: Botas de caminhada, calça jeans preta, e uma camiseta também preta, o que deixava à mostra as tatuagens em seu braço esquerdo. Duas listras.

_Você é uma Vigilante. – eu disse a encarando provavelmente com admiração no olhar.

Ela sorriu, e assentiu.

_Uau! – sussurrei lhe causando uma risada.

_Se você ficar quietinha e me deixar fazer meu trabalho, prometo conversar com você depois, sobre o que quiser – prometeu–me ela.

Assenti feliz, e tentei relaxar na cadeira fechando os olhos.

Ela terminou o que tinha que fazer nas maquinas que estavam dispostas na sala – o que eu não prestei atenção – e me levou para uma parte da Academia, que era uma academia de musculação, ao qual eu não sou muito chegada. Ela me fez fazer vários aparelhos e diferentes exercícios, enquanto anotava o meu desempenho, e todas as minhas reações psicológicas e físicas, ao qual ela monitorava através de um aparelho que estava conectado por fios que estavam presos no meu corpo.

Quando ela terminou, ela me deu um cartão com o número de telefone dela, e disse sorrindo, que de se eu quisesse conversar sobre os Guardiões ou qualquer coisa do gênero eu podia ligar que ela esclarecia minhas duvidas e curiosidades, ela disse que via em mim um potencial enorme e que havia gostado bastante de mim, durante as conversas que tivemos durante os testes, e que talvez nos encontrássemos novamente, em outra ocasião e outra cidade. Agradeci feliz, e fui direto para o refeitório almoçar, me encontrando com meus amigos, e sentando pra comer com eles na mesma mesa de sempre, que nos sentamos desde que nos conhecemos e formamos amizades.

Alexander e Alicia West são gêmeos que se completam em questão de luta. Alex controla o fogo – assim como eu – e Ally o ar. E o ar sempre aumenta as chamas o que faz eles serem muito mais fortes juntos, e por virem de uma família tradicional de controladores, eles treinam desde pequenos para aperfeiçoar essa técnica, ao qual eu sempre admirei por não ver erros em suas execuções e por um confiar no outro tão bem, sem nunca hesitar, é algo incrível de se ver.

Alex era meu melhor amigo, desde pequeno, sempre brincávamos e íamos pra escola juntos, acabamos nos tornando grandes amigos. Ele tinha cabelos castanhos e olhos cor de mel, muito brilhantes a luz do sol, o que eu sempre amei nele. Além de ser um cara alto, bonito e musculoso para alguém com dezesseis anos, mas às vezes ele é muito chato, tipo muito chato mesmo, principalmente quando dava uma de irmão mais velho pra cima de mim e espantava todos os caras que tinham algum interesse pra cima da minha pessoa, ao qual eu desconfio que tem algum dedo do um irmão mais velho nisso.

Ally era sua irmã gêmea, ela possuía a mesma cor de olhos que ele, porém seu cabelo era de um tom mais claro – quase que loira platinada – e mais curto também, batendo na altura dos seus ombros. Muito inteligente e delicada, mas muito irritante quando o assunto era roupa e moda, vivemos brigando por causa disso, ela é meio doidinha e muito fofa e apesar de sermos tão diferentes, somos ótimas amigas e uma sempre apoia a outra, mesmo quando eu vou aprontar uma das minhas maluquices e que tem chances de 100% de darem merda, como da vez em que eu coloquei um balde de água em cima da porta da diretoria, e o diretor acabou ficando todo molhado e que acabou descobrindo que foi a gente que havia feito aquilo depois de um tempo do ocorrido, ou quando colocamos cola na sola do sapato da professora de álgebra – foi muito fácil, porque ela havia dormido durante a aula na sua cadeira – e ela ficou colada no chão perto de sua mesa, furiosa conosco, exclamando diversos palavrões em línguas que eu não imaginava que ela soubesse e tivesse demorado um bom tempo para conseguirem descola-la do chão, mas dessa vez nós conseguimos escapar sem que ninguém descobrisse que fomos nós – o que eu suspeito que eles devem ter desconfiado de algo, mas nuca chegaram a falar nada, o que foi um alivio. É claro, que ele imagina que foi a gente, mas ele nunca vai poder provar, somos espertas o suficiente para não deixarmos nossas digitais onde passamos e quando aprontamos.

Juntos nós formávamos um trio inseparável, e de acordo com os professores, um trio de dar dor de cabeça, mas isso são palavras deles, não minhas, porque eu acho que a gente é um amor de pessoa e nós nunca trazemos problema nenhum para ninguém – nota–se a ironia, né?

Como sempre, nos sentamos juntos durante o almoço, e conversamos banalidades até terminarmos e termos que sair do refeitório pra irmos para a próxima sala onde vai ocorrer o próximo teste, graças a todos os deuses que fomos liberados das nossas aulas normais para fazerem esses testes, porque se não, agora eu estaria tendo uma chata aula de línguas estrangeiras com um professor que nem sabe pronunciar o seu nome direito em élfico, mas que tenta ensinar para gente mesmo assim. Agora teremos uma aula de luta normal, mas com instrutores Guardiões. O que torna as coisas um pouco mais complicadas e mais interessantes.

Seguimos os outros alunos do ultimo ano até os ginásios, os corredores se enchendo com o tão acostumado barulho típico de escolas, enquanto todos pareciam tentar esconder o nervosismos que essa aula estava trazendo, porque não é normal e muito menos comum você ter aulas com lutadores experientes e que podem te matar há qualquer minuto, como alguém pode ficar tranquilo sabendo de uma coisa dessas? Ninguém normal, obviamente.

Você deve estar se perguntando o que são os Guardiões, Vigilantes e etc. Bom, os Guardiões são como o exército e todas as outras forças policiais eram na Terra, eles nos protegem de todos os perigos, sejam eles humanos, wiccas ou até mesmo seres místicos (que aqui é bem comum). Eles lutam para manter a ordem e a paz em Andrômeda, sem eles não teríamos o equilíbrio natural entre as coisas, e não viveríamos tão pacificamente como vivemos agora.

Os Guardiões são divididos em três classes: Protetores, Vigilantes e Sentinelas. Sendo nessa ordem, do menor para o maior em questão de hierarquia. Eles seguem apenas um determinado conjunto de regras, determinado pela Ordem dos Guardiões, e tem como dever proteger a tudo e a todos do mal, vigiar as noites para que os civis possam dormir tranquilamente e serem sentinelas que protegem a paz.

Quando você começa, você começa como um Protetor, a fase de treinamento, iniciante por assim dizer, e com apenas uma faixa negra no braço. Depois de muito treinamento árduo, e depois de provar que você é realmente um bom Guardião, e que merece estar ali, que é forte o suficiente para isso você ganha mais uma faixa negra, recebendo assim o título de Vigilantes. E por último e o mais difícil de alcançar, são os Sentinelas, que são os líderes dos Guardiões, são os melhores dos melhores, podendo identifica–los com as três faixas negras no braço, são considerados os mais sábios de todos e são aqueles responsáveis por instruir novos integrantes da Ordem a serem como eles, ou melhor, se possível.

Como eu a disse antes, o sonho de toda criança ser um Guardião, dá pra perceber um pouco o porquê, não é mesmo? Porque toda criança tem um super-herói em alta conta, e poder se tornar um e inspirar outros a serem como eles, é a maior realização e gratificação de todas.

Embora nem tudo fosse um mar de rosas, que os ignorantes preferem acreditar.

Alicia e eu fomos trocar de roupa, para uma mais confortável para a aula de luta, e quando chegamos à sala de aula, vimos uma grande comoção das garotas da nossa turma, juntadas num canto, fofocando sobre algo ou alguém. Como sou muito curiosa fui lá ver.

_Oi meninas! – cumprimentei educadamente.

_Oi – responderam em coro. Pela cara deles já pude ver que queriam que eu falasse logo o que eu queria e desse o fora dali. Digamos que eu não sou muito amiga delas. Elas me suportam, eu as suporto. Simples e fácil.

_Sobre o que estão falando? – perguntei, tentando demonstrar o máximo de interesse. Elas logo pareceram se animar e começaram a fofocar, apontando para algo ou alguém atrás de mim.

_ Ele é um Guardião!

_Um Protetor!

_Não, olhe para o braço dele, é um Vigilante!

_Tão bonito!

_Tão jovem!

_E forte!

_Deve ser corajoso!

_E inteligente!

_Claro que é! Pra ser um Vigilante tão jovem assim!

_Eu soube que ele tem dezenove anos!

_Como será a voz dele?

_E a pegada? Imaginem?

As coisas continuaram a ficar melosas demais pro meu gosto, então as interrompi, farta das exclamações que estavam embaralhando a minha cabeça.

_ De quem estão falando?

Todas elas olharam numa direção, acompanhei o olhar delas e me deparo com os mais profundos olhos esverdeados que eu já vi, parecendo duas lindas esmeraldas. Por algum motivo ele também estava olhando na nossa direção, talvez um monte de garotas cochichando em um canto, chame muita atenção, ainda mais se esse bando de garotas está falando sobre você. Mas por incrível que pareça, ele estava me encarando e quando viu que eu o notei, um sorriso de canto surgiu em seus lábios como se ele tivesse se lembrando de uma piada interna, embora eu possa simplesmente ter imaginado tudo isso. Vai saber.

Escutei alguém me chamando, e fui obrigada a desviar os olhos daquele ser, que me encarava fixa e profundamente, para ver que era Alicia me chamando por que o Sr. Borges iria começar. Fomos para perto de Alex, que como sempre estava observando nós duas, como diz ele "estou protegendo minhas garotas favoritas", sempre rio disso.

_Bom, acho que já estão todos aqui, então vamos começar – disse mo Sr. Borges, fazendo todos ficarem em silêncio – Esses dois são Guardiões, Anthony Makalister e Thomas Gregory – disse apontando para o cara de olhos verdes e seu amigo de olhos pretos – em revezamento, eles vão lutar com vocês, enquanto eu e os outros professores e Guardiões anotamos seus desempenhos – explicou ele apontando para o que parecia mais ser uma mesa de jurados do que professores avaliando seus alunos. Dentre os “jurados” estava Rose Mark, a Vigilante de mais cedo, e outras pessoas que eu não conheço, a qual a primeira sorriu pra mim discretamente m cumprimentando.

_Vocês não serão obrigados a lutarem – explicou o que parecia ser o Thomas – Isso não é realmente avaliado no final. Só queremos saber como estão indo no quesito luta.

Então, com se fosse um desenho animado metade das alunas foram rapidamente para a outra metade da sala, parecendo totalmente aliviadas de não terem que se humilharem perante a todos e indicando que não iriam participar da aula. Enquanto eu e a Ally ficamos junto com todos os meninos da nossa sala, que não pareceram surpresos por nos verem ficar.

_Muito bem. Eu já esperava que fossem vocês mesmos – disse o Sr. Borges sorrindo pra mim e pra Ally – Vamos começar? – Ele perguntou a ninguém em particular.

Ele começou a chamar nomes em aleatórios de sua lista, e cada hora um dos Guardiões lutava, dando a chance do outro descansar. Eles eram mesmos incríveis, e dava para preceder somente pela intensidade do olhar de cada um e como eles estavam concentrados na luta e em seus oponentes.

De cara, eles não iriam atacar a gente, eles deixavam que atacássemos para ver como éramos na ofensiva, e depois eles avaliavam a nossa defensiva. Era um padrão, e só de observar pode perceber isso.

_ Alexander e Alicia West – chamou o Sr. Borges.

_Por que os dois ao mesmo tempo? – perguntou Thomas já indo pra tatame, junto com Anthony.

_Os dois são como um só, gêmeos que lutam em parceria desde pequenos. É justo avaliarem eles juntos não é? – disse Sr. Borges.

_Tanto faz – disse Anthony tirando a blusa e a jogando num canto, fazendo as meninas suspirarem ao verem seus músculos definidos – Vamos logo com isso.

Só eu que achei que ele está tentando chamar atenção pra si mesmo? Mesmo quando é meio que obvio que as meninas não desgrudam os olhos dele, principalmente agora que ele esta mostrando uma área bem avantajada e torneada de músculos, um belo de um “tanquinho” ao qual eu não me importaria de lavar roupa e... Ai meus deuses e tudo que é mais sagrado! O que diabos eu estou pensando?

Reparei que ele tinha mais duas tatuagens, tirando as duas listras no braço, que mostravam que ele era um Vigilante. Uma representando a Água, e a outra representando o Ar, ambas no lado direito de suas costas, uma completando a outra, mostrando o trabalho de um verdadeiro artista, que soube deixar ele ainda mais bonito do que antes...

Então é isso que ele controla, pensei tentando expulsar os pensamentos impróprios da minha cabeça.

Os quatro se posicionaram e começaram a lutar. O equilíbrio entre todos eles era incrível, pelo menos, eu acreditava que eles estavam lutando em pé de igualdade, mas depois de um tempo lutando eu pude perceber que quanto mais tempo se passava, mais eu percebia que meus amigos estavam se esforçando e muito para conseguirem impedir, pelo menos que um pouco, os ataques dos Guardiões, que pareciam estar se contendo durante quase que toda a luta, o que é normal, se for parar pra pensar, porque eles são perfeitas maquinas de matar, criadas para tal e se eles não puderem fazer isso, então não tem sentido permanecer na Ordem se não consegue defender a si próprios, como irão defender os outros?

É proibido usar qualquer tipo de magia ou manipulação de algum elemento – isso é, se você conseguir fazer tal proeza – porque o que está sendo avaliado agora é seu desempenho em lutas, pois você não pode contar sempre com seu lado mágico pra se defender, com certeza vai haver horas que você não vai conseguir usar feitiços ou objetos mágicos e só vai poder contar com si mesmo, ai você imagina se não consegue se defender por si próprio? Com certeza vai estar fudido.

Ally e Alex atacavam e ao mesmo tempo em que desviavam, eles atacavam, tentando não deixar brechas para que eles se aproveitassem delas e virassem o jogo pra eles. Os Guardiões, é claro que não ficavam pra trás, como era de se esperar eles eram excepcionais, desviavam de todos os golpes dos gêmeos, mas isso não deixou que eles saíssem impunes e levassem alguns socos aleatoriamente, embora fosse muito, mais muito raro mesmo, algo assim acontecer. Foi aí que os Guardiões começaram a partir para a ofensiva, foi muito de repente, com um olhar eles começaram a atacar os gêmeos, o que os deixou surpresos, e foram forçados a recuar. A partir daí, a luta ficou um pouco mais intensa e ao qual a balança pesava quase sempre para o lado dos veteranos.

Os Guardiões agradeceram aos gêmeos pela boa luta, parecendo realmente satisfeitos com o ocorrido, e Sr. Borges, pediu uma pausa de 15 minutos para que eles pudessem descansar.

Alex e Ally vieram na minha direção, totalmente vermelhos, suados e ofegantes. Foi aí, que eu percebi a intenção de Alex, que mantinha um sorriso sapeca no rosto enquanto vinha na minha direção, com objetivos malignos direcionados pra cima de minha pessoa, embora eu rezasse internamente que ele estivesse cansado demais pra fazer o que ele estava planejando.

_Nem pense nisso, Alexander – avisei apontando pra ele, já recuando e pronta pra correr.

_Pensar em que? – ele perguntou piscando os olhinhos inocentemente, continuando vindo em minha direção – Só quero abraçar minha melhor amiga.

Dito isso, ele deu um impulso e veio correndo na minha direção, parecendo um tigre na caça, querendo me comer, mas ao invés disso ele queria me abraçar, mesmo estando todo suado e sabendo que eu não gosto disso.

Acho que chamei a atenção de todo mundo com o grito que eu dei, quando nós saímos correndo. Minha sorte, é que eu sou boa corredora, meu azar é que ele também. Você pode pensar que ele deve estar cansado demais por causa da luta que ele acabou de ter a poucos segundo, que vai desistir depois de um tempo, mas Alexander West não é assim, ele nunca desiste. Oh menino chato!

Enquanto eu corria – tentando desviar de tudo e todos – acabei passando em frente da mesa dos "jurados" e quase trombando no Anthony – o cara dos olhos verdes penetrantes – só que no último segundo, ele desviou e eu segui em frente. Acabei indo pra trás dos meninos da minha sala, e me escondendo atrás de sobre Breno, colocando minhas mãos nas suas costas – que pareceram ficar tensas por um segundo, quando eu fiz isso – um garoto alto, loiro e dos olhos azuis. Um gato!

_Sério, Tori? Se escondendo atrás de um homem? Pensei que fosse mais corajosa que isso! – provocou Alex, me lançando um olhar bravo e totalmente enciumado.

_Cala a boca! Isso não tem nada haver com coragem, só... fico mais confortável aqui, né, Breno? – perguntei o abraçando. Ele concordou corando e me dando um sorriso super fofo ao qual me senti compelida a retribuí-lo. Que lindo ele envergonhado!

_Converso com você depois, Moore – Alex avisou apontando o dedo pra mim, enquanto eu mostrava a língua pra ele. Parece infantil, mas nós dois somos como irmãos, então, sempre fazemos isso, algo normal entre a gente e que todos aqui já estão bem acostumados, porque não é de hoje que ele fica assim quando tem outro garoto envolvido na parada. Pra ele, Ally e eu sempre seremos suas irmãzinhas caçulas que precisam ser protegidas contra todo garoto que não seja ele, porque de acordo com ele todos são “do mal” e não podem ficar perto da gente. Vai entender a mente dele.

O professor chamou nossa atenção novamente, nos manando reunir mais perto dele pra ele anunciar quem seria o próximo a lutar. Antes de seguir meus amigos até lá, eu agradeci a Breno por ter–me "salvado" com um beijo na sua bochecha e fui pra perto de Ally, ficando de olho no Alex, que sorria pra mim como se fosse aprontar uma, embora eu ainda pudesse perceber pelo seu olhar que ele estava bravo por eu ter chegado perto de outro cara – revirei os olhos internamente, homens.

_Você é uma traidora! –sussurrei para Ally.

_Eu? Por quê? –perguntou ela totalmente surpresa.

_Nem pra me ajudar! Só ficou aí rindo igual a uma hiena. Você acha que eu não vi? Eu vi e muito bem. Você me paga, West – avisei, lhe dando um sorriso doce depois da ameaça, que a fez rir, como se não me levasse a sério, mas ela vai ver, ela me paga.

_Senhorita Moore – escutei uma voz me chamando.

_Presente! – gritei levantando um dos meus braços e sacudindo a mão, fazendo todos rirem. O Sr. Borges não gostou muito pela cara que ele fez, balançando a cabeça de um Aldo para o outro enquanto me lançava um olhar reprovador.

_Para o tatame, Moore.

Assenti e fui andando para onde ele estava apontando enquanto prendia meu cabelo num em um rabo de cavalo alto, observando meu oponente: Anthony Makalister.

_Sabe, depois dessa sua corrida, fiquei ansioso pra lutar com você – disse ele ao parar na minha frente.

_Por quê?

_Se você luta tão bem, quando corre, essa vai ser uma luta e tanto – disse ele com um sorriso sarcástico no rosto.

_Vai Tori! – escutei os meninos da minha sala gritarem torcendo por mim.

Anthony pareceu se distrair com os gritos do pessoal, o que me deu tempo de abaixar e dar uma rasteira nele, que mesmo surpreso conseguiu dar um pulo e desviar dela, mas não conseguiu desviar do soco que lhe dei na barriga. Ele se curvou um pouco, com a momentânea fala de ar, eu sorri e cheguei perto e sussurrei.

_ Não julgue um livro pela capa, Sr. Makalister – e me afastei sorrindo.

Não era por que ele era um Guardião que eu iria o deixar falar e zombar de mim desse jeito, como se fosse o maioral, talvez ele até fosse, mas eu nunca iria admitir isso em voz alta. O dia que eu deixasse qualquer um fazer isso, – tirara sarro da minha cara – você pode me internar, porque eu estou louca da vida, pra deixar isso acontecer.

_Muito bem, você quer brincar? Vamos brincar – disse ele, agora parecendo um tigre furioso.

Ele partiu pra cima de mim, me enganando achando que eu ia levar um soco de direita, mas na hora que eu desviei, recebi um de esquerda.

_Ouch! Meu rosto – passei a mão e ele estava latejando, mas depois eu não senti mais nada, porque a adrenalina começou a correr no meu sangue. Olhei pra ele e sorri – Parece que deixei alguém bravinho. Que foi? Nunca levou soco de uma mulher, não?

Ele não respondeu ao provocamento, invés disso ele se posicionou com os punhos levantados e as pernas flexionadas, dando um aceno com a cabeça me dizendo para avançar primeiro com um pequeno sorriso de canto. Ao fundo eu escutava a minha torcida, mas no momento nada disso importa, só importa a surra que eu vou dar nesse cara metido a macho.

Então, começamos a dar socos e chutes, mas por incrível que pareça, ele parou de acertar meu rosto, e só acertava o meu abdômen, e o resto do meu corpo, menos o meu rosto o que de certa forma e agradecia, pois não estava nem um pouco afim de ficar com o rosto inchado e ter que chegar em casa e explicar pro meu pai que o resultado disso foi o fato deu ter irritado um cara mais velho e que é mil vezes mais forte e mais experiente do que eu.

A luta começou a ficar muito intensa, e pra ser justa, estávamos empatados... Mentira, isso sou eu querendo me dar mais créditos do que eu mereço, ele está com uma clara vantagem sobre mim, porque ele está ditando o ritmo da lua e tudo o que posso fazer é tentar me desviar dos repetido golpes que ele direcionava pra mim.

Quando eu achei que ele havia abaixado a guarda demais, por estar concentrado em me acertar, eu tentei lhe desferir um soco no rosto, ao qual ele conseguiu facilmente segurar meu pulso, girar nossos corpos e segurar meu braço firmemente atrás das minhas costas, e impedindo de fazer qualquer outro movimento, com os nossos corpos tão colados desse jeito e com ele segurando meu braço de uma forma que estava começando a ser dolorosa.

_Não me leve a mal, você até que luta bem melhor do que eu esperava, mas vai demorar anos até você estar no mesmo nível que eu – sussurrou ele no meu ouvido, fazendo todos os pelos da minha nuca se arrepiarem ao sentir seu halito com cheiro de hortelã no meu pescoço.

Balancei a minha cabeça me livrando do momentâneo estupor que eu me encontrava devido a nossa proximidade, me sentindo furiosa comigo mesma por deixar ele me subjulgar tão facilmente assim e por ter me distraído com algo tão banal, que agi instintivamente pisando fortemente no seu pé e levando o meu cotovelo fortemente – do braço que estava livre – na sua barriga, o fazendo arquejar de dor e surpresa e me soltar, cambaleando dois passos pra trás, colocando a mão sobre a barriga enquanto tentava recuperar o ar perdido, eu iria aproveitar que ele estava vulnerável e ir pra cima dele, mas de repente senti minha cintura ser rodeada e logo depois alguém me levantou no ar, me posicionando de costas pra Anthony de modo que eu não conseguia ver mais ele.

_Calma aí, gatinha! Todos nós vimos que você também sabe arranhar – Thomas disse, apontando para as suas costas onde Anthony estava ainda parado – Você acabou com meu amigo ali, obrigada por isso – essa última parte ele sussurrou no meu ouvido.

_O que? – isso me surpreendeu, e me fez parar de lutar contra ele – Mas eu perdi e apanhei bem mais do que bati! – constatei o obvio meio a contragosto.

_Sim, mas você conseguiu dar uns bons tapas nele. Ele estava muito chato e metido, se achando o maioral, mas acho que o fato de ter apanhado de uma mulher vai dar um choque nele e talvez o faça voltar ao normal – ele respondeu ainda sussurrando, no meu ouvido, sem me largar, e logo depois da frase ele deu uma risada alta, chamando atenção de todos na sala, principalmente as meninas, que me lançaram olhares raivosos e ameaçadores que me fizeram encolher um pouco por conta de toda a “pressão” criada por elas, foi ai que eu percebi que Thomas ainda estava me segurando pela cintura e estávamos perto de mais um do outro.

_Hãã, será que pode me soltar? – pedi gentilmente sentido as minhas bochechas esquentarem– Garanto que já estou calma.

_Claro – disse ele me soltando rapidamente, e me dando um sorriso fofo.

_Obrigada.

Alguém coçou a garganta, chamando nossa atenção,nos viramos e nos deparamos com Alex parado perto da gente, com os braços cruzados, me olhando de cara feia. Levantei as mãos, em rendição.

_ Não estou fazendo nada – eu disse, tentando me defender.

_Pra lá, Moore – Alex apontou para Ally, que estava longe da gente, só observando, e tentando segurar o riso.

Já disse que odeio quando ele dá uma de irmão super protetor pra cima de mim?Não?Pois é, eu odeio.

Bufei em descrença, e fui pra perto de Ally, mas não antes de esbarrar de propósito em Alex e lhe lançar um olhar raivoso.

_ Idiota.

Cheguei perto de Ally e me encostei–me à parede de braços cruzados.

_Alex quando tenta dar uma de irmão protetor pra cima de mim, é um saco, da vontade de quebrar a cara dele – resmunguei pra Ally.

_Estou aqui e estou escutando – disse Alex.

_Eu sei e não ligo.

_Sério Tori? Você esta com raiva– Ele ficou me olhando com aqueles olhos de cachorro que caiu da mudança, era muito fofo, eu não aguentei e ri.

_Bobo – eu disse o chamando para um abraço – Mesmo sendo chato, você é meu segundo irmão mais velho, e eu não estou com raiva.

_E você é minha irmã caçula.

_Ei! – reclamou Ally – E eu?

_Não você é muito chata – disse ele sorrindo, fazendo Ally dar um soco no braço dele – Ela é mais legal comigo do que você.

_Ouch! Isso dói! – Ally disse, fazendo um teatrinho e colocando a mão sobre o coração como se realmente estivéssemos machucando ela fisicamente.

Nós rimos, mas fomos interrompidos Sr. Borges, que disse que as lutas por hoje estavam encerradas, e agradeceu por todos que participaram. O tempo todo eu reparei que Anthony ficou olhando pra mim, e ele parecia um pouco frustrado, embora eu realmente não entendesse o porquê, afinal ele havia ganhado todas as lutas de hoje, e vendo todo o seu desempenho eu chego a duvidar se ele já chegou a perder algum dia. Dei de ombros, provavelmente nunca mais vou vê–lo, então tanto faz o que ele acha ou deixa de achar, não faz a menor diferença.

Amanhã, será o último dia de testes, e no mesmo dia, depois do almoço, receberíamos os resultados, que provavelmente mudaria totalmente as nossas vidas.


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Notas finais do capítulo

Oie!?

Se lembra de mim?Eu sou a autora!E eu fico muito feliz se você deixar um recadinho aqui em baixo dizendo o que achou e se está gostando e se chegou até aqui você deve estar gostando, não é? Pois é, eu não sei, e só vou saber se deixar um comentário ai embaixo dizendo o que achou?

Até o próximo cap!

Bjss da Angel!



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