A Estrela do Mar escrita por Clove Flor


Capítulo 1
Capítulo único.


Notas iniciais do capítulo

Oi!
Espero que gostem do conto. Foi muito gostoso poder escrevê-lo!
Aproveitem (:



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Era uma vez uma doce menina chamada Mira.

Mira gostava de observar o céu e contar as estrelas ao cair da noite. Mira era vegetariana e tinha os cabelos dourados como o sol e

no lugar das pernas

uma longa cauda de

sereia.

Mira era repleta de ideias geniais e sonhos impossíveis – por mais que odiasse admitir. Achava o oceano muito calmo e ansiava pelas novidades da superfície, mas não sabia se deveria ir até lá: seria perigoso? São horas e horas nadando para alcançar o lado exterior... totalmente cansativo. Mas o resultado seria maravilhosamente gratificante...

Indecisa, Mira optou por seguir o seu sonho de conhecer o céu. Logo na manhã seguinte, não procurou deixar nenhum recado para seus pais ou irmão gêmeo; ou então, levar uma bolsa e tomar o café: absolutamente nada que pudesse tardar seu nado ou deixá-lo mais pesado.

Foram aproximadamente 9 horas seguidas. Seus pulmões humanos queimavam e suas barbatanas imploravam por um descanso, mas ela não parou, não parou. Se parasse, dificilmente voltaria no ritmo.

Podia sentir se aproximando da última barreira de água. Olhava incessantemente para cima, ansiando o momento em que sua cabeça emergiria e sentiria o ar puro secar seu rosto úmido. Restava pouco e estava tão cansada, mas tão feliz.

Foi quando aconteceu. Estava nadando em tão alta velocidade que seu corpo foi lançado para fora do mar, fazendo-a voar por poucos segundos no novo ambiente. Se espatifou na água salgada e empurrou seus cabelos loiros para trás ao se estabilizar. Aqui fora, ela pensou, eles parecem ser bem mais pesados.

E então, Mira olhou para cima.

Viu, pela primeira vez em sua vida, o céu sem o borrado das ondas. Já estava tarde e não era mais azul.

Era amarelo, rosa, laranja e vermelho.

Era o céu – o entardecer.

Era a beleza e a vida e o amor e a salvação.

Era lindo.

Mira observou com admiração plena cada centímetro de sua vista, querendo poder memorizá-la para sempre. Também não deixou de perceber a imensidão azul que a rodeava: não sabia que o oceano era tão grande assim.

Havia, não muito longe de si, uma pequena porção de terra. Por um breve instante, a sereia pensou estar correndo perigo ao ser exposta aos humanos, mas era claro que não havia nenhum tipo de vida ali senão a animal.

Nadou calmamente até o lugar ao ter avistado uma pedra lisa e alta. Era inclinada, de modo que tivesse uma estranha posição diagonal – mas para Mira, era perfeita para um descanso.

Com seus dedos, puxou seu corpo para cima, até que ficasse com ele deitado sobre a superfície. Não imaginava que, fora da água, seu corpo poderia pesar tanto. Era tão acostumada com a leveza das coisas...

Uma brisa suave secava seus cabelos. Era estranho como conseguia respirar o oxigênio limpo dos céus e o oxigênio pesado da água. As escamas que marcavam a pele de seus braços humanos estavam um tanto invisíveis agora.

Esperou, com certo anseio, a noite. Ela demorou alguns infinitos até que, finalmente, as cores do céu se misturassem e se tornassem algo mais homogênio: preto.

A primeira estrela que Mira enxergara, brilhou para ela. Não é tão diferente de vê-la sob o oceano, já que ambas situações a sua figura é um tanto desfocada. Mas, mesmo assim, a sereia gargalhou feliz, animada e realizada. Vagarosamente, vários pontinhos brancos começaram a surgir, como diamantes, flutuando no espaço distante.

Foi então, pega desprevenida ao olhar mais para cima.

Era tão linda. Redonda, manchada, grande e absurdamente branca. Mil vezes mais bonita pessoalmente, ela pensou, porque era verdade. Ergueu seus dedos, esbarrando-os na superfície esburacada, admirada. Desejou que realmente pudesse tocá-la, mas sabia que nunca poderia: como ela, presa nas profundezas do oceano, desejava voar além dos limites do planeta?

Ouviu então, um bater de asas. Era calmo, constante e um tanto ruidoso. Mira procurou em meio da escuridão da noite pelo responsável e encontrou-o alguns metros de sua pedra, no ar.

A criatura tinha pés de gavião e asas escuras – um tom acobreado ─ a rasgar suas costas de humano. Seus cabelos negros quase ultrapassam as sobrancelhas, e os olhos – de uma cor totalmente indefinida na falta de luz ─ pareciam serenos.

─ Como é o mar? – indagou, sem olhá-la. Mira estava encantada com o que via.

─ Calmo, silencioso. Gelado. – respondeu, admirada. Imagina, pensou, quão alto ele pode voar. Quão perto do universo ele pode estar.

─ Grande. Úmido. – completou, parecendo distante.

─ Sim. – concordou Mira. Ele pousou na extremidade da pedra, diante da sereia. Então, agachou-se para poder observá-la de perto:

─ O que faz aqui, na superfície?

─ Admirando o céu, o universo. Sob a água, tudo se torna apenas um borrão. – ela balançou a cauda involuntariamente.

─ Qual é o seu nome?

─ Mira. – sorriu. Ela não sabia com qual parte dele ficava mais encantada: o rosto ou as asas. Optou por ele inteiro.

─ Mira, como a estrela? – perguntou. Seu corpo estava de costas para a luz da lua, fazendo com que quase apenas sua silhueta fosse nitidamente vista.

A loira entortou a cabeça, franzindo a boca.

─ Mira é uma das mais brilhantes estrelas do céu, da constelação Cetus. Ela varia muito o seu brilho, então há dias que pode se tornar muito forte e, outros, fraco. É possível vê-la daqui às vezes, e... bem – a criatura sorriu, envolvido pelo conhecimento. ─ antigamente era conhecida como a “Estrela Maravilhosa”.

Encantada e com as bochechas coradas, a sereia suspirou, alegre e apaixonada. Seu nome estava escrito no infinito.

─ Deve ser fascinante, - começou ela. ─ voar por aí. Quero dizer, você tem todo o planeta para explorar!

─ Menos o oceano.

─ Ah... – Mira sussurrou, observando toda a imensidão de água ao seu redor, que refletia a luz das estrelas. ─ não é tão animador quando isso aqui. Eu trocaria, provavelmente, um par de asas pela minha cauda.

─ Mas ela é tão bonita! – ele elogiou, um tanto empolgado, suas asas sacudindo. ─ E quantas coisas você pode conhecer nas profundezas do mar? É insuportavelmente incrível apenas de imaginar!

Mira calou-se por um momento, pensativa. O que de bom teria entre as águas salgadas? A sereia tentou se lembrar de algo que a deixava feliz em sua casa, mas, apesar de gostar do lugar em que morava, não conseguiu se lembrar de nada. Apenas um detalhe lhe ocupou a mente:

─ E o seu nome?

─ Éris. – respondeu, e então sorriu de lado quando viu os olhos da loira brilharem. ─ Sim, como o planeta da Via Láctea.

Mira gargalhou, admirada por ter reconhecido.

─ Nós formamos uma bela galáxia juntos! – gritou, animada.

Éris sorriu e tocou, com a ponta dos dedos, a água gelada. Fazia desenhos invisíveis em sua superfície, e Mira inquietou-se ao voltar a observar a lua.

─ Eu te ensinaria, sabe... – sussurrou ela. ─ a nadar.

─ Minhas asas ficam extremamente pesadas. Além disso, não conseguiria ficar mais de quatro metros para baixo. – respondeu, um tanto triste. ─ mas, bem, eu também te ensinaria a voar.

Ela soltou um riso, balançando a cauda. Ambos sabiam que suas ideias eram impossíveis. Que seus sonhos eram insanos.

Éris voltou a olhá-la. As estrelas combinavam tão bem com ela... era uma pena, pensou, em não conseguir alcançar uma para presenteá-la. Era uma pena não poder lhe trazer um pedacinho do céu para ela guardar consigo.

Mira também o encarou. Gostaria de poder ter força o suficiente para carregar algum objeto marinho e dar a ele, para que sua incapacidade de conhecer o oceano fosse amenizada. Fosse confortada.

─ Mira, eu sinto que...

─ Sim, eu também. – ela sorriu, fazendo-o espelhar o ato.

Juntos, ambos os sonhos – de conhecer o céu e de conhecer o oceano – pareciam ter se realizado.


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Notas finais do capítulo

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Beijos ♥



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