Lumos! Interativa escrita por Dama dos Mundos


Capítulo 5
Ameaças forjam situações incomodas.


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu começo pedindo mil desculpas pela super-hiper-mega demora. Foi um tal de falta de inspiração somada a um jogo que eu precisava jogar e mais problemas no pc. Mas aqui estou eu, de volta!
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Como prometido, esse capítulo é focado nos sonserinos e na fofinha da Alana. Aproveitem :3



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Enquanto certos azarados alunos ainda acompanhavam certo professor floresta adentro, outros curtiam um pouco do tempo de folga que conseguiram. Katherine, por exemplo, havia decidido retornar à Sala Comunal da Sonserina, logo após sair da aula de Salazar, e agora estava imersa na tentativa de tirar um som melodioso de sua lira. Ela definitivamente era habilidosa. O som se propagava pelo aposento fechado, fazendo alguns outros sonserinos pararem instantaneamente para ouvi-la. A moça se encontrava deitada de qualquer jeito em um divã, dedilhando as cordas do instrumento simples, de uma coloração escura.

Os aposentos de Slytherin e de seus alunos eram ricos e magníficos, frutos da riqueza de seu fundador. Pessoas como Katherine, nas quais o narcisismo e o orgulho desmedido afloravam com extrema facilidade, sentiam-se parte daquela ostentação. Isso convinha especialmente a ela, que fora instruída desde pequena a ser melhor do que tudo e todos.

A música continuou por um tempo, até ela reparar que havia “fisgado” alguém. Com seus quinze anos de idade, Kat já era uma moça sensual e atraente. Era óbvio que não precisava nem tocar aquele instrumento para encantar seus colegas. A música, contudo, era uma das poucas paixões que tinha, que chegavam perto do seu amor por si mesma.

O rapaz havia chegado bem perto dela, e precisou parar de tocar para ouvir o que ele lhe dizia. Com um mordiscar breve nos lábios, sua cabeça virou-se na direção dele, enquanto falava no seu tom de voz aveludado. — Hum… pode repetir, eu não ouvi da primeira vez…

— Eu disse que toca muito bem. — ele levantou um pouco o tom de voz, instintivamente, fazendo o resto dos presentes prestarem atenção em si. Alguns daqueles olhares eram de pura inveja.

— Ahn, eu agradeço. — Katherine abriu um sorriso repleto de segundas intenções. — Na realidade, eu toco um pouco toda semana. Fico surpresa de nunca ter ouvido.

— Eu ouvi, é claro. Mas nunca lhe disse isso antes, certo?

— Tem razão. — ela fez um biquinho, fingindo estar contrariada, antes de continuar: — Não veio até mim apenas para me elogiar, não é?

O rapaz estreitou os olhos, pensativo, ficando em silêncio por alguns instantes. Como se estivesse pesando os prós e contras. Só depois, apoiou o braço na beirada no divã, jogando o peso sobre o local e capturando uma mecha dos cabelos ondulados dela entre os dedos. — Eu estava pensando… estás sozinha, pelo que sei, então… que tal marcarmos algo para fazer mais tarde?

— Hum… — ela estava prestes a responder “é tentador” algo ou parecido, antes que seu nome fosse chamado, o que acabou sobressaltando ambos. A jovem ergueu seus olhos profundamente azuis na direção da entrada do aposento e viu quando suas duas colegas mais chegadas irromperam no aposento, andando diretamente em sua direção. — Ei, vocês duas, eu estava sendo cortejada!

— Quem se importa? — Cateline já chegara empurrando o rapaz de seu lugar com uma das mãos, tirando-o do caminho, sem a menor cortesia. — Precisamos conversar. Agora.

Ele conseguiu se equilibrar num último segundo, lançando um olhar raivoso em direção àquela que o empurrara, de tal forma concentrado nela que mal notou sua acompanhante. — Vocês estão atrapalhando… — Suas palavras morreram, no entanto, quando recebeu de volta um encarar fulminante de Andrômeda. Seus braços estavam cruzados, e a escova que mais cedo enganchara em suas madeixas ainda não havia sido retirada. Contudo, ainda era claramente assustadora.

— Suma.

Apesar das pragas lançadas contra ela, o rapaz realmente deixou o local, desistindo de seus intentos por hora. Katherine voltou a fazer bico, irritada, enquanto voltava a pegar a lira, tirando notas afinadas da mesma. — Vocês são tão irritantes! O que houve?

— Apenas largue essa lira e venha conosco… não dá para conversar aqui. — Andrômeda descruzou os braços, oferecendo uma mão para ajudá-la a levantar.

— Ou leve o instrumento junto. Tanto faz. — A ruiva murmurou consigo mesma, suspirando profundamente. Algo em suas maneiras naquele momento denotava um pouco de preocupação. Talvez fosse mais por essa razão que Katherine agarrou a lira sem se dignar a reclamar mais, e seguiu-as. As três rumaram para os andares superiores, onde deveria haver menos alunos naquela hora do dia.

— Ei… o que houve, afinal de contas?

— Nós encontramos algo… enquanto vasculhávamos o banheiro feminino. — alegara Andrômeda, andando com postura na frente. Os cabelos revoltosos continuavam um caos total, prova de que não tentara nem ao menos ajeitá-los desde que saíra da aula de feitiços.

— Não me diga. — o leve desconforto que Katherine sentia desvaneceu-se por completo. — Vocês me atrapalharam por causa de alguma brincadeira idiota?

— É óbvio que não. — Cateline alegou por sua vez, bufando para tirar o cabelo de seu rosto. — E não existe esse “nós”, Andrômeda estava patrulhando e eu treinando.

— Treinando feitiços? No banheiro feminino?

— Com toda certeza, assim posso acertar alguém e depois alegar que não foi minha intenção. — O tom sarcástico que a ruiva usou poderia significar que estava falando sério ou não. Do jeito que julgava conhecê-la, Katherine podia jurar que ela estava sendo sincera com relação àquilo.

— É por essa razão que eu perguntei se tinha sido você. — retrucou Andrômeda, uma ruga de estresse despontando em sua testa.

— Eu lhe disse, aquilo não é o tipo de coisa que eu faria.

— Mesmo que houvesse uma travessura contra Max em curso?

— Lógico. Eu sempre apago meus rastros. — Cateline parecia categórica ao dizer isso. A outra garota olhava dela para Andrômeda, alternando sua atenção entre uma e outra, sem entender absolutamente nada.

— De que estão falando?

Nesse mesmo instante, haviam chegado ao dito banheiro. Ou o que sobrara dele.

Era fato que naquela época o banho era algo abominável para os trouxas, mas para os bruxos era algo completamente diferente, afinal viviam em uma sociedade própria, ignorando os preceitos religiosos que mostravam a prática como um ato libidinoso. O local conhecido como banheiro podia não ser igual ao dos tempos atuais, mas era agradável. Havia primórdios de um sistema de encanamento, e uma sauna para banhos grupais…

Contudo, tudo havia sido completamente destruído. A água vazava fartamente, inundando todo o corredor, coisa que Katherine ignorara num primeiro momento, talvez por estar tão distraída. Tudo havia sido quebrado por uma ferramenta desconhecida, e o chão era rasgado por três linhas fundas e paralelas. Como se uma garra descomunal tivesse passado por ali. Havia marcas de sangue na parede, mas nenhum corpo. Na realidade, não parecia tampouco sangue humano, para começar.

— Que diabos aconteceu aqui? — pela expressão surpresa no rosto de Katherine, parecia meio óbvio que ela não tinha nada a ver com aquilo.

— Isso que estou me perguntando. — Andrômeda voltara a cruzar os braços, incomodada. Ainda não sabia como havia sido escolhida para ser monitora de sua Casa. Não gostava nada da ideia, mas era uma boa desculpa para ficar ainda mais tempo longe de sua família. Ela tinha uma relação péssima com ambos os pais. A mãe tinha um forte complexo de inferioridade, o que a irritava profundamente, e com o passar dos anos as duas começaram a se ignorar. Seu pai era controlador demais, e a garota não aceitava que ninguém mandasse tanto assim em si. O único membro da família que mantinha uma relação mais profunda era o irmão mais velho, contudo ele havia se mudado para a Itália a pouco tempo, e hoje eles só se falavam por cartas.

— Sério que você pensou que eu podia estar envolvida nisso? Já viu essas marcas? Minhas garras não conseguem riscar nem um azulejo! — Katherine protestava, batendo o pé, enquanto se referia a sua forma felina.

— Eu não pensei em nada. Mas como vocês duas vivem pregando peças nos outros, seria bom perguntar se não era algo assim antes de chamar um professor.

— Isso é muito preconceito com a minha pessoa… — Cateline parecia realmente ofendida com aquela afirmação, mas logo parou de brincar e ficou séria… ainda mais séria do que geralmente se portava. — Isso não é obra de um aluno. Quero dizer… por mais que possamos causar muito estrago, às vezes, não há comparação.

— Vamos voltar… precisamos avisar alguém. — Andrômeda fez seus cabelos ricochetearem nas próprias costas ao girar nos calcanhares, e Katherine precisou desviar para não ser acertada pela escova que ainda estava presa a eles.

— Precisamos… e rápido… — Cat abaixou um pouco o tom de voz, estreitando os olhos e seguindo as outras de perto. — Dá para sentir a aura de quem fez essa gracinha. E arrisco dizer que é um bruxo das trevas.

— Um bruxo das trevas? Aqui? — Katherine virou-se também, correndo para alcançar as outras duas. — Isso é meio…

— Preocupante? Perigoso? Perturbador? Problemático? — Cateline poderia ter continuado infinitamente, enquanto enrolava um dedo entre seus cabelos ruivos, mas os sinônimos para a situação começados com “p” haviam acabado. Era óbvio que por baixo daquela atitude despreocupada, havia uma certa tensão.

X-X

— Er… Helena?

— Sim…?

— Você está babando…

A risadinha de Alana fez com sua colega se endireita-se na mesa e passasse a mão rapidamente sobre os lábios. Respirou profundamente, um tanto quanto sem graça, desviando a atenção para o chão.

Helena Ravenclaw não puxara a beleza austera e aterradora da mãe, e também não era capaz de equipará-la em sua inteligência. Com seus cabelos escuros e olhos acinzentados, tinha uma aparência normal, o que de certa forma desprezava. Rowena colocara-a em sua própria Casa ao convidá-la para Hogwarts, julgando que isso fosse diminuir a distância entre ambas. Contudo, foi uma atitude inútil. A jovem Helena era rebelde e impulsiva, e frequentemente era ouvida dizendo que “um belo dia iria para a Albânia e nunca mais voltaria”.

Alana, prestativa como sempre, bem que tentara trazer-lhe um tiquinho de razão. Mas a opinião daquela Dama Cinzenta era irrevogável. De maneira que apenas decidiu ver como aquilo acabaria. Ela tinha certeza que um dia mãe e filha se entenderiam… Pobre e inocente Alana. Ela nunca imaginaria que Helena iria embora de verdade, ou que seria assassinada por não querer retornar para a mãe. Também nunca pensaria que seu fantasma habitaria os corredores da escola por anos e anos a fio…

— Ei… não acha que sua mãe está demorando?

— Pra mim tanto faz se ela demora ou não. — Helena revirou os olhos, retirando-os do rapaz que observava minutos antes – o responsável por estar “babando” - e focando-os no rosto alegre de sua companheira.

— Está complicado para termos aulas hoje… primeiro a senhorita Helga, depois Godric, e agora sua mãe…

— Dá pra parar de me lembrar que sou filha dela?

— Mas você é! Independente do que venha a acontecer. — ela cruzou os braços, insatisfeita. — Ao menos pode estar com sua mãe todos os dias… eu quase não vejo o meu pai, mesmo quando estou em casa.

— Ah… — A garota suspirou, pressionando a região dos olhos com as pontas dos dedos. — Certo, Lana… se você diz.

— Estou falando sério. Um dia pode acontecer alguma coisa séria e…

— Tipo o que, exatamente?

— Eu não sei, meteoros caindo do céu e esmagando todos nós?

Helena começou a rir dessa afirmação. — Sério, você está sonhando acordada!

— Eu não estou, pode acontecer… — começava a morder levemente a ponta do seu polegar. — Acho que vou lá ver o que está havendo.

— Um dia vai acabar se enrolando por se meter onde não deve. — Helena avisou, dando de ombros, enquanto Alana levantava-se, ajeitando seu vestido com cuidado.

— Fique tranquila, eu sei me cuidar.

— Eu tenho sérias dúvidas sobre isso.

A jovem já estava chegando a porta, obviamente não lhe dando muita atenção. Alana caminhava com passos rápidos, ocasionalmente dando pulinhos. A ausência de Rowina era de certa forma inquietante. Ela apressou um pouco mais o passo, dobrando um corredor e deparando-se com a mulher conversando com mais algumas pessoas. Observando bem, ela reconheceu todos que estavam ao redor da fundadora.

— Um bruxo das trevas não perderia seu tempo destruindo um banheiro, senhorita Cateline. — a voz de Rowina alegava, de maneira óbvia, enquanto a pequena Alana se juntava a elas.

— Eu sei muito bem a diferença de uma brincadeira para uma ameaça. — Cat havia cruzado os braços, absolutamente séria, erguendo a cabeça para observar a professora. — E aquilo definitivamente não é uma brincadeira. Eu faço brincadeiras, portanto entendo muito bem.

— Exatamente por isso, minha tendência é duvidar da senhorita. — A mulher jogou os longos cabelos para trás, num movimento cansado. — De qualquer jeito, isso precisa ser ajeitado…

— Espere! Rowina… digo, Senhora Ravenclaw… — Andrômeda chamou, dando alguns passos a frente. — E se alguém suspeito realmente entrou no castelo?

Nos primeiros anos, Hogwarts não era nem de longe tão segura quanto na modernidade. Pais, alunos e outros apinhavam-se no início das aulas, e através destas. Os fundadores mantinham uma vigilância constante para que ninguém mal-intencionado entrasse, mas obviamente, uns bruxos são mais talentosos que outros. Alguns tinham que ser colocados para fora a força, e geralmente Godric e Salazar eram responsáveis por isso.

Salazar, contudo, fazia o que bem queria.

E Godric… nem presente estava.

Rowina franziu os lábios, pensativa… seus olhos caíram na sua única aluna presente, notando a expressão ansiosa em seu rosto. Pensou em perguntar o que ela estava fazendo ali, mas havia coisas mais importantes para pensar. — Ah, que seja! Vamos patrulhar essa escola das masmorras à torre, e veremos o que pode ser encontrado. Se for um aluno, ele vai ser dado à Salazar para que este aplique um castigo adequado. Independente de que casa for. — ela frisou o “independente” na frase, falando a palavra devagar. — Se for um bruxo das trevas ou qualquer outra existência perigosa, vamos escorraçá-lo daqui. Tentem encontrar o mestre de vocês, ele deve ficar empolgado com a notícia.

— Slytherin, empolgado com alguma coisa? Impossível… — Cateline murmurou consigo mesma, sentindo Alana agarrar-se em seu braço.

— Ah, eu conheço aquela mente maligna… — Rowina fechou os olhos, ajeitando o diadema sobre seus belos cabelos. — Vá com elas, Alana… infelizmente vamos ter de cancelar as aulas por enquanto. Não há quase ninguém lecionando mesmo…

Helga causando problemas mesmo que indiretamente… Ela pensou consigo mesma, mas não disse nada, lógico. Balançou um pouco a cabeça, como se isso forçasse seu cérebro a funcionar melhor. Fez um sinal para que as garotas saíssem, e voltou a sala, tentando manter a calma. A notícia que a aula estava suspensa causou estranheza, nada mais… ela não pretendia causar um caos alegando que um bruxo perigoso estaria vagando pela escola. Isso levando em consideração que poderia não ser nada de mais…

A fundadora precisou aguentar o olhar enviesado da filha, e preferiu não dar-lhe muita atenção. Lidar com uma criança rebelde era uma das coisas que não queria fazer naquele instante. Mal dera a notícia e já deixara a sala, em direção aos andares superiores.

Alguém definitivamente ia pagar por aquela brincadeira de mal gosto…

Alana apressou o passo para manter-se emparelhada com as outras. Decidira que correr de vestido não era uma coisa muito inteligente, mas não havia muitas opções, de qualquer forma.

— Vamos por cima, vocês por baixo… — Andrômeda comandou, tendo uma ideia de que o professor estaria na enfermaria… mas a dúvida ainda martelava em sua cabeça, e era melhor sempre usar a clássica estratégia de dividir e conquistar. Cateline estava ao seu lado, e enquanto as outras pareciam um pouco cansadas, ela estava perfeitamente normal.

A ruiva estreitou seus olhos um pouco, pensando se a dupla Alana e Katherine seria a melhor escolha, mas desistiu completamente de raciocinar sobre isso, apenas dando de ombros e fazendo menção de colocar um pé na escada que subia. — Andem, as escadas vão mudar! — e logo pôs-se a subir, não sem antes alegar um “tomem cuidado” num tom mais baixo.

Kat, por sua vez, espreguiçou-se, estalando o pescoço de um lado para o outro. — Irei na frente, Lana… — Mal disse essas palavras, seu corpo começou a sofrer transformações, encolhendo bastante, criando orelhas, uma calda, um focinho…

Logo um adorável gato persa de pelo totalmente negro e chamativos olhos azuis observava Alana. O animal miou, balançando a calda em aviso, e logo pôs-se a correr, praticamente desaparecendo de sua vista. A jovem corvina começou a se questionar se deveria transformar-se também, mas negou-se a isso. Ela acabava se empolgando quando se transformava, e isso tiraria a prioridade de sua missão. Uma missão muito importante, pelo menos para ela. Voltou a correr, impulsionando o corpo na direção das escadas que desciam. Precisou agarrar-se ao corrimão com força, afinal elas mudaram de posição exatamente no meio da sua corrida. Quando a escada finalmente parou, desceu os últimos degraus que faltavam e disparou novamente… para dar de cara com alguém alguns metros depois.

Ela nem viu quem foi a vítima, só soube que estava caindo, e ambos rolaram pelo chão. Quando conseguiu recuperar a compostura, examinou o garoto abaixo de si. Tanto seus olhos quanto seus cabelos tinham um tom arroxeado, mas aquele jovem não era um metamorfomago. Na realidade, sequer era um bruxo. A cor estranha devia-se, possivelmente, a algum feitiço lançado por um aluno.

Um aborto.

Ele era um aborto, uma criança “azarada”, filha de pais bruxos, mas sem nenhum talento pra magia. A permanência dele ali apenas se justificava pelo irmão ter matriculado-se em Hogwarts naquele ano, e houve um pequeno acordo entre os fundadores e os pais daquele garoto para que ele ajudasse o atual zelador do castelo.

— Er… sinto muito! Muito, muito mesmo! Você… você é… — ela fez uma careta de dúvida, quase ficando sem graça. Não fazia ideia de quem aquele garoto era! Ela que se orgulhava de conhecer cada alma viva – e morta – que habitava a escola. — Quem é você mesmo?

— Hum… não querendo ser rude, mas… poderia ao menos levantar antes?

A bruxa piscou, notando que ainda estava em cima dele. Saltou para trás, praticamente, enganchando o sapato na barra do vestido e caindo novamente. Ao ver aquela cena, o rapaz apenas riu, levantando-se e estendendo a mão para ajudá-la. — Me chamam de Glen.

— Ahn, obrigada! — ela segurou a mão dele entre as suas. — Sou Alana… ou sou Lana… na verdade estou meio ocupada, mas juro que quando eu terminar minha missão eu te procuro por ai… você está morando aqui?

Ela falava tão rápido que ele apenas inclinou a cabeça, tentando guardar o máximo de informação útil que conseguia. — Sim, estou morando e… missão?

— Sim, muito importante, de vida ou morte! — alegou, com uma certeza infinita, logo soltando-o e pondo-se novamente a correr. — Desculpe! Eu volto!

— Certo! — ele praticamente desistiu de falar algo mais e apenas sorriu, acenando de volta e recomeçando a caminhar. Questionando-se mentalmente se todos os bruxos mais jovens eram simpáticos como aquela…

X-X

Ano de 2017.

Scorpius havia sido o primeiro a abrir os documentos – milagrosamente intactos – que havia roubado da sala da diretoria. Ele havia arrastado os dois amigos em direção ao banheiro feminino do segundo andar, onde sabia que ninguém ia, afinal a Murta que Geme fizera do local sua morada a anos e anos atrás. Aquele parecia o lugar ideal para fazer qualquer tipo de coisa sem ser pego.

Ele meramente procurou um pedaço seco e seguro para abrir o pergaminho. Dominique debruçou-se em suas costas, tentando não jogar muito seu peso sobre ele, mas mantendo um ângulo do qual pudesse ler. Benjamin permanecia de pé, do lado deles, e não parecia ter problemas para ler o que estava escrito. Boa parte do começo do texto fora apagado pela ação do tempo, mas depois de um certo ponto, era completamente legível. Dominique começou a leitura em voz alta apenas o suficiente para que os outros dois acompanhassem.

[…]Completando exatamente cinco anos da fundação de Hogwarts, a Desgraça Rubra mostrou sua face. Pensar que ela estava entre nós desde o começo é algo perturbador. Sem dúvida teremos de melhorar a nossa segurança, ou um próximo evento como este poderia muito bem forçar-nos a fechar as portas.

Aquele período havia começado problemático… em menos de uma semana de aula a escola estava em polvorosa, com a suspeita de que um bruxo das trevas havia adentrado as fronteiras. Devido a problemas internos, Griffindor estava ausente, explorando com um grupo de alunos as profundezas da Floresta…

Ela parou de ler imediatamente, um vulto aparecendo por cima de si, o que conseguiu reparar com o canto dos olhos. A Murta que Geme flutuava no ar, com o habitual uniforme antigo da escola, as marias-chiquinhas pendendo e seu óculos enorme ameaçando cair do nariz. — O que estão fazendo aqui?

— Ah… olá, Murta. — Scorpius não lhe deu muita atenção, continuando a ler, concentrado. Dominique havia tomado um susto e precisara levantar-se, ou cairia por cima do rapaz.

— Nós… bom… estamos lendo.

— Algo fora das regras possivelmente, ninguém entra aqui para estudar um livro qualquer. — o fantasma cruzou os braços, parecendo irritado. — É um absurdo, não se pode nem passar a morte em paz hoje em dia!

— Acalme-se, querida, não pretendemos atrapalhá-la. — Benjamim sorriu calmamente, mas quando Murta chegou mais perto dele, desviou imediatamente. — Senhorita, seu abraço é um tanto incomodo para mim, tente não fazer tal coisa, sim?

Ela pareceu desanimada. Claro que receber um “abraço” de fantasma não fazia mais do que ter o ser atravessando seu corpo, mas não era algo nem um pouco agradável. Murta gemeu, chateada, logo começando a chorar e enfiando-se dentro da privada mais próxima. Scorpius automaticamente levantou o pergaminho, antes que a inundação que se seguiu acertasse-o.

— Benj… sempre tão simpático. — a garota do grupo meneou a cabeça brevemente, colocando uma mão na testa.

— Eu sou apenas sincero. — ele respondeu, dando de ombros, enquanto tomava o pergaminho do outro amigo e começava a enrolá-lo. — Teremos de achar outro lugar, ela possivelmente vai alagar o banheiro outra vez.

— Esses fantasmas são tão explosivos… — Scorpius jogou os cabelos quase brancos para trás, tentando pensar em outro lugar. — Não podemos ir para a Sala Comunal da Sonserina, Domi não pode entrar lá.

— Isso vindo logo de você soa muito hipócrita… — ela observou-o de esguelha. Malfoi era o típico sonserino, não era capaz de seguir regra nenhuma.

— Há salas vazias no quarto andar, se não me engano. — Benjamim apontou o dedo para cima, cortando a resposta atravessada que o colega estava prestes a dar. — De qualquer forma, temos tempo e o pergaminho.

— Ele não vai criar pernas e fugir, não é? — Dominique coçou a nuca, dando uma risadinha sutil.

— Não. Isso se ninguém enfeitiçar ele. — o loiro lançou a ela um olhar de viés, claramente zombeteiro.

— Olha, aquilo que aconteceu da última vez foi sem querer, tá legal? — ela corou de vergonha, puxando o cachecol para cima, de maneira que tampasse seus lábios.

— Eu nem perguntarei. — Benj estreitou os olhos, visivelmente cético, enquanto preparava-se para sair do banheiro. — Podemos ir?

Os outros dois, que ainda mantinham-se encarando um ao outro por alguns instantes, endireitaram-se e seguiram o colega, em silêncio.


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Notas finais do capítulo

Oi de novo! Vamos aos avisos e as notas finais de sempre.
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S.K, eu sei que você colocou “piano” na ficha, mas naquela época o instrumento ainda não tinha sido inventado… de todos os instrumentos medievais que pesquisei a Lira ou a Harpa pareceram os mais adequados à Katherine. Se houver algum problema com relação a isso, me avise que dou um jeito de mudar de novo mais para frente.
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A imagem da Sonserina me deu um trabalho fdp para fazer, afinal meu navegador bugou e eu tive de pegar muitas fotos online para ver quais ficavam melhor para os personagens. Qualquer reclamação quanto a aparência delas feita por suas AUTORAS será considerada.
Por enquanto devo dizer que usei a Alice do Madness Return para a Andrômeda por causa do olhar mai sério e das olheiras.
Sakura Kyouko para a Cateline, mas isso discutirei diretamente com a Enma.
E a da Kat é uma imagem aleatória, confesso. Mas achei ela super a cara dela, ainda mais com essa expressão de safada -q
.
Eu acho que os avisos acabaram por aqui... ahn, ainda referente a imagem eu sei que só tem mulheres, mas eu estou usando a frase original, então ficou homens mesmo. Quem sabe não aparece mais um sonserino por ai...
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Kisses kisses, espero que tenham gostado. Até mais