Sakurayu escrita por hokuto ritsuka


Capítulo 2
Onodera e Ritsu


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas!

Finalmente o segundo capítulo! Espero que ele deixe vocês mais animadas com a história ^^ Bom, tem spoiler dos dois primeiros episódios, acho que nem dá para considerar isso spoiler, mas avisar não custa nada ^^

Obrigada à minha beta linda maravilhosa Lucyanni!
Boa leitura!!



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No começo era apenas um sentimento incômodo. O novo funcionário contratado, um rapaz orgulhoso, sério e meio mal humorado, deixava-o sentindo como se o conhecesse de algum lugar. Primeiro, pensou que pudesse ser de seus dias selvagens na faculdade, mas não era isso. O sentimento de familiaridade era outro, algo nostálgico que apertava o peito.

— Eu costumava ler todos os livros da biblioteca da minha escola — disse ele com um raro sorriso em uma expressão suave.

A percepção da situação o atingiu como um soco no estômago. Ele virou sua cabeça tão bruscamente e sua expressão estampava tal choque que seus dois subordinados que conversavam interromperam o diálogo para encará-lo.

— O que foi? — perguntou Onodera Ritsu.

— Nada — respondeu Takano, se recuperando do choque o mais rápido que pôde. Não havia nenhuma chance de que ele pudesse abordar um assunto tão pessoal no local de trabalho, na verdade, nem tinha certeza se queria abordá-lo em algum momento.

Durante tanto tempo sonhou, desejou que por uma mágica do destino, ele reencontrasse seu ex-namorado, porém, aquelas ilusões haviam sido deixadas para trás há muito tempo. Mas, como não tinha percebido que era Ritsu quem estava bem diante dele? Ainda assim, como associar o adolescente tímido e doce com esse homem ranzinza?

Isso não importa mais, disse para si mesmo com uma ponta de rancor. Agora seriam colegas de trabalho e nada mais. O choque inicial deu lugar a um estado de negação. O que aconteceu entre eles havia ficado no passado, preso num lugar inatingível, morto e sepultado.

Mas isso não era bem a verdade. Sem que percebesse, seus olhos seguiam Onodera, observavam seus movimentos, encontrando pequenos detalhes do ex-namorado naquele homem desconhecido e passando a apreciar suas novas características adquiridas nesses dez anos que se passaram. Mais rápido do que poderia imaginar, não só sua mente, mas também seu coração o traiu, deixando-se capturar naquela armadilha. Havia se apaixonado por ele novamente, por aquela pessoa que era, e ao mesmo tempo, não era o jovem que havia despertado seu coração dormente.

Em um momento de crise, Onodera acalmou uma autora desesperada com aquele jeito atrapalhado, mas sincero, com o qual lhe falava quando eram jovens. Takano, então, pegou-se desejando profundamente que Onodera se preocupasse com ele daquele jeito. Aquilo não havia terminado.

Ao voltarem para a editora, cansados da noite em claro, ainda precisavam esperar as amostras da gráfica antes de partirem para suas casas e o tão merecido descanso. Pegou duas latas de café na máquina de vendas, uma para ele e outra para Onodera, para que conseguissem atravessar aquele tempo de espera. Encontrou Onodera na área para fumantes, sentado e exausto, como se a luz da manhã tivesse exaurido o resto de suas forças.

Ao entregar-lhe a lata de café e agradecer o trabalho, Onodera o encarou com o rosto ruborizado e seus olhos mostraram o antigo fascínio de outrora, e naquele breve instante, ele era o seu Ritsu.

Talvez fosse devido ao cansaço da noite passada em claro, do trabalho duro e estressante, mas ali, naquele momento, suas dúvidas desapareceram. Não importava mais a razão que levou Ritsu a desaparecer, não importava que houvesse sido abandonado, que Ritsu tivesse uma noiva, ou que já tivesse passado dez anos. Nada disso tinha importância. Takano apenas queria ter seu Ritsu de volta, queria ter Onodera e ele estava bem diante de seus olhos, ao alcance de suas mãos. Ele era real.

Takano deixou que as palavras fluíssem de dentro dele naturalmente, apenas expressando o que sentia, de forma simples, entre a conversa sobre os acontecimentos daquele dia.

— Você não mudou nada.

— Do que está falando? — Onodera olhou para ele sem entender.

Takano compreendeu em um lampejo que Onodera não era capaz de assimilar o significado de suas palavras. Onodera não se lembrava, ele podia ver isso em sua expressão vazia.

— Acho que você não se lembra de mim — Takano respondeu um tanto friamente.

Onodera calmamente deixou claro que não se lembrava dele, que Takano o estava confundindo com outra pessoa... De todos os cenários que havia imaginado para o seu reencontro, dentre os mais pessimistas, algo assim nunca havia lhe ocorrido: Ritsu sequer se lembrava de quem ele era.

— Talvez agora você se lembre — disse Takano, as palavras escapando amargas de sua boca, sentindo-se novamente como naqueles dias em que lentamente se deu conta de que havia sido abandonado.

Esmagou o cigarro aceso um tanto agressivamente no cinzeiro, e seu próximo movimento foi empurrar Ritsu sobre o sofá, cobrindo o corpo dele com o seu, cobrindo a boca dele com a sua, como nos velhos tempos, roubando seu beijo e tomando seus lábios. Mas, novamente, contrariando suas expectativas, o corpo de Onodera ficou tenso e ele resistiu ao beijo, diferente da forma como sempre se entregava. Ritsu não reconhecia seu beijo.

— Se isso é uma piada, não tem graça! Eu sou um homem! — Onodera vociferou, os olhos apertados enquanto desviava o rosto o máximo que conseguia, preso entre o sofá e o corpo de Takano.

Essa reação o atingiu como uma faca, cuja lamina fina e fria atravessava seu coração cruelmente.

— Piada? Sim, suponho que você sempre tenha pensado dessa maneira. — As palavras escapavam como fel, antes que ele pudesse impedi-las, deixando um rastro amargo na garganta.

Takano se levantou, não adiantaria nem tentar falar, só doeria mais, então, quis se afastar, como quem se afasta de algo que machuca e causa dor, mas mesmo que não significasse nada para o outro, mostraria sua feriada, novamente, em carne viva para seu algoz.

— Você disse que me amava. — Aquelas palavras serviam apenas para machucar a si mesmo ainda mais.

— Hã?         

— Você me abandonou e agora está fingindo que nem mesmo se lembra. — Queria que ele estivesse fingindo, seria melhor se ele estivesse fingindo. — No meu último ano do colegial meus pais se divorciaram e meu sobrenome mudou. Antes eu era Saga. Saga Masamune. — Takano se virou e olhou sobre seu ombro ao pronunciar seu antigo nome para ver a expressão de Onodera, mas ela continuou vazia. Realmente, ele não se lembrava.

Takano, então, saiu da área de fumantes, se afastando de Onodera. Seu coração sangrava, estava despedaçado, não com a dor gradual e sufocante de quando foi abandonado, agora, era uma dor violenta como estilhaços perfurando a carne, os estilhaços de suas esperanças novamente obliteradas.

Sua vida estável e estática havia sido abalada mais uma vez por Ritsu, mas dessa vez ele lutaria com todas as suas forças para que ela não se desfizesse em pedaços. Vestiria novamente a máscara do profissional competente e seguiria em frente, apenas precisava de alguns minutos para se recuperar.

Parou diante da porta fechada do elevador enquanto esperava que ela se abrisse. Sentiu seu estômago embrulhar, sua mandíbula travar, e o gosto amargo no fundo da garganta persistia. Respirou profundamente, tentando se acalmar, foi quando ouviu passos numa corrida se aproximando pelo corredor.

— Espera, Saga... não... Takano-san!

Ele se virou como se aquilo fosse nada. Na verdade, Takano era bom nisso, fingir indiferença com uma expressão fria, afinal, havia treinado isso durante sua vida inteira.

Onodera, então, disparou acusações contra ele, que Takano havia se aproveitado dele, se divertido, que o havia usado, iludido e abandonado. Onodera despejava suas palavras num desabafo, seu timbre oscilava enquanto seu rosto mostrava rancor, mas mais do que isso, dor.

Mas que história era essa?

— Quando foi que eu fiz isso?! — Takano respondeu em meio à conversa caótica.

— Quando perguntei o que você sentia por mim e você riu! — respondeu ele de pronto, parecendo prestes a chorar como quando era adolescente, mas agora ele tinha coragem de enfrentá-lo e não apenas abaixar a cabeça.

Takano vasculhou sua mente freneticamente em busca daquele momento, mas não conseguia se lembrar. Apenas se recordava dos dias após o desaparecimento de Ritsu, da solidão e da dor.

— Deve ter sido um riso de nervoso. Eu era só um pirralho! — Takano quase tentava se justificar por algo que nem se lembrava de ter feito, enquanto a história toda girava em sua cabeça.

Não tinha dúvidas de que o que Ritsu dizia era o que ele acreditava que fosse verdade. Sua expressão desesperada, chocada, não havia como aquilo ser fingido, não por alguém sincero e transparente como Ritsu, como Onodera ainda era.

Então era isso que havia acontecido. Um mal entendido bobo os havia separado por dez anos.

Onodera ainda parecia zangado, mesmo com a sua resposta.

Takano o teria aceitado de volta não importava o momento que fosse dentre esses dez anos, dentre sua vida inteira. O aceitaria no momento em que ele voltasse. Também não importavam os motivos, a noiva, ou o sofrimento da separação. Nada disso importava.

— Você ainda guardou mágoa depois desses dez anos? Você é idiota?

Onodera ficou ainda mais irritado com o comentário, mas antes que ele iniciasse outro protesto, Takano o interrompeu.

— Então o mistério foi resolvido. Quer dizer que posso ir atrás de você outra vez.

Com isso colocaria uma pedra sobre o assunto e seguiria em frente. Havia se tornado especialista nisso e havia apenas um caminho a seguir, um caminho que ele queria seguir. Respirou fundo e deu um passo para dentro do elevador, o primeiro passo para seu novo objetivo, o objetivo que perseguia há dez anos, o objetivo mais intenso que teve em sua vida.

— Não importava com quantas pessoas eu saísse nesses dez anos, eu nunca consegui te esquecer.

Se havia sido a falta de clareza em expressar seus sentimentos que havia separado os dois, então, os deixariam tão claros como a água daqui para frente. Olhou para trás, Onodera continuava em choque, agora mais do antes, as palavras haviam sumido e seus lábios permaneciam entreabertos.

— Eu vou fazê-lo dizer que me ama novamente. Espere e verá.

A porta do elevador se fechou, separando-os. Sozinho ali dentro, uma onda de alívio varreu seu corpo, não havia mais dor ou tensão, seus músculos relaxaram cansados, deixando-o meio entorpecido. Quando a porta se abriu novamente, pôde ver no andar vazio, a luz da manhã que entrava pelas persianas abertas. Sentiu como se fosse a primeira vez em muito tempo, talvez uma eternidade, que via a luz do sol, como se a noite escura tivesse durado anos a fio, seguida de dias cinzentos e turvos. Ele via a luz do amanhecer, o novo amanhecer de sua vida e novamente teve esperanças e teve sonhos.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? *.*

Eu gostei muito de escrever este capítulo, e espero que vocês tenham gostado de lê-lo ^^

Bom, o próximo já é o último, como prometido uma fic de três capítulos!

Fiquem à vontade para deixar comentários, isso me deixaria muito feliz!
Obrigada por terem lido até aqui! ^^



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