Pov. Lanna:

Suspirei saudosa assim que olhei para o lado da cama onde deveria estar meu marido, mas tudo que havia dele era o seu travesseiro, o qual abracei com força sentindo o cheiro de Lukas. Desde que ele havia viajado estava contado os dias para tê-lo de volta, mas parecia que o tempo não estava colaborando comigo.

Após minha carência dele estar saciada por algumas horas, me levantei da cama para me arrumar pois teria um longo dia pela frente, mas não pode evitar pensar em tudo que vive com Lukas enquanto me arrumava. Afinal, era difícil acreditar que Lukas e eu já estávamos casados a quase vinte e um anos.

Quando o tempo havia passado tão rápido?

Eram vinte e um anos cheios de amor, companheirismo, lealdade e cumplicidade, uma união estável que nos deu três filhos maravilhosos e três netos que amamos muito.

Assim que estava devidamente pronta desci para mais um café da manhã em família.

–Nossa vó, a senhora está uma gata.- Bryan disse assim que me aproximei da mesa e agradeci por seu elogio.

Bryan era o filho mais velho de Nicole, ele era formado em desenho industrial e trabalhava na filial da Sant Clair Entreprises da Itália.

–A senhora vai causar um enfarte nos parlamentares vó.- Harry disse sorrindo enquanto se servia de suco.

–Se eles enfartarem mandarei todos para você.- confidenciei antes de me sentar à mesa.

Harry havia se formado em medicina para desgosto de Nicolas, que sempre sonhou com o único filho trabalhando ao seu lado na empresa. Apesar de Nicolas parecer ter aceitado a escolha do filho, sabia que no fundo ele ainda estava frustrado por Harry não se interessar pela empresa.

–O papai vai acompanhar a senhora? - Harry questionou antes de tomar seu suco.

–Vai, afinal Nicolas é o primeiro da linha de sucessão. E você como filho dele é o segundo, então deveria ir também.- sugeri e ele suspirou triste.

–Vó, sei disso. Mas não nasci para ser príncipe, muito menos, comandar algum lugar. E sei o quanto isso magoa meu pai. Afinal, ele sempre sonhou em me ver ao lado dele na Sant Clair Entreprises. Acho que meu pai se arrependi de ter um filho como eu. – Harry disse triste se segurei sua mão de leve.

–Claro que não Harry, Nicolas ama você, e tem muito orgulho do homem que você se tornou.

–Vejo o jeito que ele olha para o meu primo, vó. E meu pai jamais me olhou daquela forma.

–Harry, o tio Nicolas te ama. E não importa que você tenha decidido exercer uma carreira diferente da dele, vocês sempre serão pai e filho.- Bryan disse ao primo e sorri agradecendo.

–Bom dia.- Ouvi Nicolas disse serio assim que apareceu na sala de jantar.

–Acho melhor eu ir, tenho uma cirurgia daqui há pouco.- Harry disse serio antes de me dá um beijo e sair.

–Aconteceu alguma coisa que não sei? - questionei seria enquanto olhava apara meu filho.

–Não estou sabendo de nada.- ele disse dando de ombros enquanto o olhava passar geleia de damasco em sua torrada.

–Aconteceu sim, seu filho é um insensível.- Leah disse com raiva antes de se sentar à mesa.

–Insensível? Eu é que sou o insensível, Leah? Apenas, pedi para o nosso filho passar um tempo na empresa, afinal todo o império que construí será dele um dia, e Harry precisa saber como comandar tudo. Mas não, ele prefere brincar de medico do que ser meu braço direito na empresa.

–Nicolas, Harry já é adulto e pode decidir o que quiser da vida dele, e além do mais ele nunca gostou da Sant Clair Entreprises.

–Pois ele devia levantar a mão para o céu Leah, de ser o único herdeiro de um império e também do trono italiano. Mas, meu filho prefere ficar perdendo noites de sono no pronto-socorro do que trabalhar comigo.

–O que aconteceu com você? Meus Deus, não consigo reconhecer o homem com quem casei.- Leah disse chocada.

–Se não está satisfeita comigo é só pedir o divórcio.- Nicolas disse rude e Leah saiu da mesa furiosa.

–O que deu em você? - questionei confusa, pois não estava reconhecendo aquele homem em minha.

–Estou cansado de sempre ser o errado nessa família mãe, é pedir muito que meu único filho se interesse pelo que construí?! É errado querer algo melhor para o meu único filho?! – Nicolas questionou desesperado enquanto me olhava.- E agora Harry me odeia, e Leah também.

Em silencio me levantei do meu lugar e me sentei em uma cadeira que estava próxima do meu filho.

–Meu amor, os pais sempre sonham coisas maravilhosas para os filhos, isso é da nossa natureza. Mas nem sempre nossos filhos realizam nossos sonhos. Não deixe que seu orgulho destruía sua família.- disse suave enquanto olhava em seus olhos.

–Não é orgulho mãe, é só meu desejo de ver o Harry feliz.

–Só que o que você acha que irá fazê-lo feliz, não o faz Nicolas. Você quer ver seu filho amargurado, por fazer algo que não gosta?

–Não mãe.

–Então, meu amor. Deixe de ser teimoso e aceite o seu filho do jeito que ele é.

–Sabe o que acho tio? Acho que a razão do senhor e do Harry brigarem tanto, é por que ambos são teimosos.- Bryan comentou e sorrimos.

–Acho que Bryan tem razão, agora me prometa que após nossa reunião no parlamento você irá se desculpar com seu filho e a sua esposa, e tentará não agir mais como um idiota.- disse e ele me olhou ofendido.

–Mãe.

–Nicolas.

–Eu prometo mãe.

–Ótimo. Agora vamos ou chegaremos atrasados.- disse antes de arrastá-lo para fora do castelo.

Pov. Lukas:

Depois de todas as coisas que havia ouvido de minha avó, precisava de um tempo para absorver tudo. E escolhi pensar sentado em frente a grande piscina que havia no castelo dos Sforza, que era alimentada por uma cascata.

–Como se senti? - Alana questionou assim que se sentou ao meu lado.

–Sinceramente, não sei. É tão estranho ouvir alguém dizer que você teve outras vidas e não se lembrar de nenhuma delas.- disse angustiado e ela sorriu maternal antes de colocar sua mão em cima da minha.

–É necessário não lembramos de nada após fazermos a grande viagem, pois assim poderemos evoluir.

–Mas é tão cruel Alana.... É tão cruel não lembrar das outras vidas que tive ao lado de Lanna.

–Sei disso, mas você tem hoje uma vida maravilhosa com ela.

–Até quando? - questionei me levantando da cadeira.- Assim que minha esposa souber de tudo que escondi dela, nossa vida irá ruir como um castelo de areia.

–Tenha fé, meu querido.

–Não posso ter fé quando já sei o que me espera no final dessa missão Alana.- disse serio antes de deixa-la sozinha.

Precisava sair daquele lugar, antes que perdesse a razão por ter tanta informação.

Passei horas andando e acabei comprei vários presentes para todos, mas quando estava escolhendo uma joia para dá de presente de aniversário a Allegra meu telefone começou a tocar, e sorri assim que vi o nome da minha esposa no visor.

–Vou levar este, por favor.- disse entregando meu cartão para o vendedor antes de atender meu telefone.

–Oi amor.- disse com saudade e ela sorriu do outro lado da linha.

–Oi meu amor. Estou com tanta saudade de você.- Lanna disse saudosa e sorri antes de agradecer ao vendedor que me entregou meu cartão e o presente da minha filha já devidamente embrulhado.- Você está falando espanhol? Espera, você está na Espanha?

–Estou. E também estou morrendo de saudades de você.

–Poxa Lukas, você foi para o país mais ardente do planeta sem mim?! Por acaso isso é alguma sugestão de que não estou sendo uma mulher “apaixonada”? - ela questionou sentida e sorri.

–Claro que não meu amor, você sempre foi uma mulher apaixonada e ardente.- disse e ela sorriu suave.

–Você sempre diz o que eu quero ouvir.

–Anos de convivência.

–Quando você volta, meu anjo? - ela questionou e sorri surpreso por ela se referir a mim pelo apelido carinhoso que sempre a chamava.

–Vou pegar meu voo hoje à noite, talvez chegue depois do jantar. Aconteceu alguma coisa no parlamento? Ou com as crianças? - questionei preocupado.

–Você precisa conversar com seu filho, amor.

–Ele implicou de novo com a profissão do Harry?

–Foi, nosso neto está se sentido rejeitado, Lukas. Tenho medo que Harry vá embora de casa, e você sabe que se isso acontecer Leah e Nicolas irão sofrer.

–Sei disso. Prometo que assim que chegar em casa vou ter uma conversa com nosso filho.

–Só espero que ele o escute.- ela desejou triste e logo mudei de assunto lhe perguntando sobre o dia no parlamento e sobre os últimos preparativos para o aniversário de Allegra.

Pov. Allegra:

–Sabia que o tempo fechou entre o tio Nicolas e a Tia Leah durante o café da manhã? - Isla questionou enquanto pegávamos as bandejas com nosso almoço e íamos para a nossa mesa durante nosso intervalo.

Nossa escola era uma espécie de semi-internato, no qual entravamos pela manhã e só saímos por volta da seis da tarde.

–Nicolas nunca vai entender que Harry é diferente dele.- disse assim que nos sentamos.

–Ainda bem que a minha mãe gosta de mim do jeito que sou.- ela disse aliviada e sorrimos.

Isla era a filha caçula da minha irmã Nicole, e ela aparentava ter a mesma idade que eu.

Minha sobrinha se parecia muito com a mãe, a única diferença entre as duas era que Isla só usava preto e não gostava nenhum pouco de ser princesa.

–Você quer dizer, do jeito dark que você é.- Clara disse se sentando em nossa mesa.

Clara era filha adotiva de tia Alice e Tio Jasper, e ela havia “herdado” o senso de moda impecável da mãe.

–Qual é o problema de não gostar de rosa? - Isla questionou revoltada e sorri.

–E por falar em rosa, mamãe mandou perguntar o que você irá usar na festa de 16 anos da Allegra? - Clara questionou abrindo sua garrafa de suco.

–Não sei.... Talvez uma calça jeans preta cheia de rasgos e uma blusa de caveira.- Isla disse e Clara olhou para ela chocada.

–Nem pensar dark, você vai usar um vestido. E por apenas uma noite estará à altura do título que vem antes do seu nome.

–Nem pensar, prefiro não ir.

–Faça isso por mim Is. Eu me vesti de dark no seu aniversário.- implorei e ela gemeu a contra gosto.

–Ok. Vou bancar a bonequinha, mas nada de vestido rosa ou mato alguém.- Isla disse seria e sorrimos.

–Olha só quem está olhando para você.- Clara comentou olhando por cima do meu ombro.

–Quem? - questionei confusa e virei para ver Alexander me olhando.

–Para de olhar para ele.- Clara pediu nervosa e virei para vê-la.- Acho que você devia convida-lo para ser seu par no baile do seu aniversário.

–E o vovô mata os dois. Esqueceu o quanto ele é ciumento em relação a Lê?! É capaz dele matar o herdeiro do trono de Genova, quando perceber os olhares que os dois trocam.- Isla disse antes de comer um pouco da sua torta.

–O que? Eu não...- sussurrei sem jeito e senti meu rosto corando de vergonha.

–Você pode não admitir, mas sabemos que você é caidinha pelo Alexander.

–Por que você não fala com ele?

–Vocês ficaram doidas? Eu não gosto dele, e além do mais todo mundo sabe que o Alexander fica com a Belinda.

–Ficar não é namorar.- Isla cantarolou antes de tomar seu refrigerante.

–Se vocês não mudarem de assunto estão desconvidadas para o meu aniversário.- disse seria e as duas ficaram caladas enquanto davam atenção ao seu almoço.

Enquanto brincava com meu almoço admiti para mim mesma o que minhas amigas já sabiam.

Eu era incondicionalmente e irrevogavelmente apaixonada por Alexander Dematteo.

Mas sabia que ele jamais iria ficar com uma garota tímida como eu, e que nunca havia beijado um garoto na vida.

E essa constatação me fazia sofrer.