O outro lado da moeda : Skye escrita por Blake


Capítulo 12
Capítulo 12




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Lincoln fazia uma barreira elétrica ao redor de todos, o que não adiantaria de muita coisa já que não conseguiriam flutuar com ela, no máximo não morreriam com algo que, porventura, viesse a cair sobre suas cabeças, mas com a queda com certeza morreriam. Até que uma luz azul surgiu, englobando a todos e os tirando dali, Gordon enfim havia retornado apesar de seu estado não ser melhor do que o dos demais.

– O que aconteceu ?! – Reed indagou, apoiando-se numa árvore no meio de algum lugar entre o nada e o completo breu. Gordon estava machucado, até seu radar de teletransporte estava com defeito e ele parecia ter usado suas últimas reservas de forças para levá-los até ali.

– O Sr. Garras, não acho que ele estivesse sendo controlado, ele era o que caçava os inumanos, tivemos que eliminá-lo e não foi fácil – o homem falava, sentando-se e respirando pausadamente, era possível notar um sangramento em seu abdômen.

Coulson tirou uma bússola do bolso (ele e as suas velharias), já que a barreira elétrica de Lincoln causou um curto em todos aparelhos eletrônicos, se orientando pelo aparelho e pelas estrelas notou que estavam a bons 13 quilômetros da onde haviam deixado o avião. Iriam ter que andar por mais de duas horas.

Ward pegou Skye no colo, Lincoln pegou Wanda, Coulson pegou Katherine, Erik e Erin ajudavam Gordon, e os outros três únicos agentes que sobreviveram revezavam-se com Reed e com o peso extra levaram cerca de três horas para chegarem ao avião.

Uma equipe de busca já estava sendo montada por May para procurá-los, ela mantinha uma postura séria e tinha absoluta certeza que Coulson ainda estava vivo, sabia que algo dentro dela a avisaria caso contrário. Jemma passou quase trinta minutos abraçada com Fitz que realmente conseguiu abrandar a explosão, Pietro não conseguia manter-se quieto, mas sabia que a irmã ainda estava viva, eles tinham uma conexão quase telepática e ele também fizera algumas promessas, só para garantir, já Mike ficou no cubículo de Skye, como se daquela forma a garota fosse aparecer mais rápido. Ele teria uma dívida vitalícia com ela e não se perdoaria caso ela morresse.

Quando o grupo finalmente despontou no avião estavam um caco e batiam o queixo de tanto frio, todos trataram de ajudá-los. Wanda, Skye, Lincoln, Gordon e Reed foram levados para a enfermaria onde Jemma os trataria, os demais receberam agasalhos e Katherine fora posta na sala de interrogatório, designada para aguentar até um asgardiano. May deu partida no avião, os tirando dali e os levando novamente até a base da SHIELD.

– Perdemos muitos ? – Coulson perguntou, enquanto recebia uma xícara de café de May.

– Nove – a mulher respondeu com um certo pesar.

– Vinte – a corrigiu e adicionou Patrick as suas contas.

May o encarava, como se aquele fosse o Phil que ela reconhecesse, o Phil que nunca dava as costas para alguém.

– Você sabe que eu não irei permitir que o maníaco do Reed leve a Skye, quer me dizer o que ele fez ? – a chinesa questionou, sentando-se ao lado de Coulson no bar.

O homem balançou a cabeça negativamente e abaixou os olhos, agarrando a xícara com ambas as mãos – Não foi o Reed, a decisão foi minha – ele assumiu e só então fitou a morena que o encarava sem demonstrar qualquer emoção, apenas esperava a justificativa.

Ele contou toda a história envolvendo Katherine Pryde, como ele não foi ao seu encontro naquela noite e como no dia seguinte encontrou a casa completamente destruída, sinais de luta e nenhum rastro da mulher. Por meses focara-se na missão de encontrá-la, sem sucesso, e como culpava-se desde então. Contara sobre Skye ser filha de Kate e como ele queria protegê-la ao tirá-la daquele mundo de assassinatos, com os Inumanos ela poderia ter uma vida normal, com a segurança que suas habilidades não seriam usadas como armas.

May não era ingênua e pelo ar nostálgico que Coulson empregou sabia que o relacionamento que ele tivera com Katherine foi muito mais do que ele estava deixando vazar.

– Skye é sua filha ? – a mulher perguntou sem gaguejar e permanecia com a mesma cara imparcial de antes.

Coulson ergueu a cabeça com aquela indagação e riu de forma nervosa – Não, não ... Kate namorava com Garrett – o homem retrucou com um sorriso tenso, mas a lembrança daquela única noite lhe veio a mente e o sorriso lhe escapou dos lábios – Foi só uma vez ... Não pode ser – falou mais alto do que gostaria e encontrou nos olhos de May compreensão.

– Você pode ter a certeza a qualquer momento – ela disse e entrelaçou os dedos do homem com os seus.

Por tantos anos mantinham aquele relacionamento, sem nunca terem assumido publicamente ou oficializado, mas para May não tinha importância, ela o amava e não precisava que ninguém soubesse ou que um pedaço de papel a confirmasse.

SKYE

Acordar fora quase pior que desmaiar. Ia recobrando a consciência pouco a pouco mas antes mesmo que todos seus sentidos retornassem completamente, já estava com o punho cerrado, pronta para socar alguém e levantou-se por reflexo, caindo em seguida por falta de forças.

– Ei! – ouviu Jemma protestar e ir ao seu socorro, pondo-a novamente na cama.

Skye olhava para os lados num ar nervoso, sua frequência cardíaca aumentando perigosamente e encarava Jemma num ar desconfiado, quando essa tentou tocá-la a jovem agarrou seu pulso com firmeza. A médica perdeu a respiração por alguns segundos.

– Está tudo bem, Skye, não vou machucá-la, eu sou a Jemma, sua amiga. Você bateu a cabeça, é normal estar um pouco confusa – a britânica tentava convencê-la e buscava em seus olhos algum reconhecimento. Skye parecia frágil, assustada ... Teve vontade de abraçá-la, mas não achou que aquilo seria muito prudente.

A garota soltou o pulso da britânica e levou os dedos até a cabeça, tateando os pontos que recebera, forçava-se ao máximo para relembrar, mas tudo estava tão confuso, todas as ideias estavam embaralhadas em sua mente, memórias antigas misturavam-se com as novas e transformavam tudo em um pesadelo infinito.

– Eu ... Me desculpe – sussurrou indecisa, fechando os olhos para controlar a absurda dor de cabeça que a acometia. Jemma aplicou um analgésico e um sedativo no acesso intravenoso da menina e essa adormeceu novamente. Confiava-se na probabilidade de 80% daquilo ser passageiro, mas os outros 20% ainda a incomodavam. Precisavam levá-la até um hospital de verdade, só então teriam certeza da real extensão dos danos.

MAY

Após a conversa que teve com Coulson o deixou refletir, sabia que ele precisaria de espaço para tanto. Aproveitou a brecha e foi checar a enfermaria, encontrando uma Jemma um tanto abatida e pensativa, embora todos parecessem vivos e bem.

Aproximou-se da médica que encarava o leito de Skye através de uma janela de vidro. – Algum problema ? – indagou ao chegar próximo. Jemma sobressaltou-se, levando ambas as mãos até o coração. May sempre causava esses tipos de reações.

– Agente May ... – iniciou, recuperando o fôlego – Não, não ... por que acha isso ? – ela falou naquele tom mentiroso que sempre a dedurava, Fitz-Simmons eram um caso gravíssimo de falta de tato para omissão.

May apenas a lançou um olhar de: “desembucha logo, ninguém caiu nesse teatro”.

– É a Skye ... Ela reage bem a estímulos, mas quando acordou não me reconheceu – falou rápido, mostrando o pulso onde uma mancha avermelhada estava estampada, local onde Skye a segurara. – O choque foi bastante forte, então talvez demore mais algum tempo para ela recuperar todas as memórias e reorganizá-las ... – a mulher divagava, agarrando-se àquela possibilidade.

– Ou ela pode não lembrar-se de mais nada, nunca – May falou e encarou a médica que a fitou por um longo momento antes de concordar com a cabeça.

Voltou os olhos para a menina e suspirou, talvez aquela não fosse a pior opção, seria a chance de Skye começar realmente do zero.

PHIL

Só havia autorizado a entrada de Reed e Wanda na sala de interrogatório e foi apenas para tirar Katherine do seu estado de transe, já que Reed apenas a levou a inconsciência, assim como fizera com Skye na lanchonete. A mulher ainda dormia quando ambos saíram.

Coulson disse que aquela Inumana em particular eles não levariam naquele momento, Reed concordou pois sabia que tinha uma questão pessoal ali envolvida, mas sobre Skye ele estava irredutível. Queria levar a garota de qualquer forma, mesmo ela inconsciente e parcialmente desmemoriada.

– Você está louco se acha que vou deixar você levá-la nessa condição – Phil retrucava a cada nova tentativa.

– Trato é trato Phil, você não é um homem de palavra ? – falou enquanto tentava amenizar o tom irritadiço da sua voz.

– Eu fiz uma promessa a Katherine muito antes de fazer um trato com você e a garota não sabe nem quem é, dê um tempo para ela se recuperar – Coulson replicou, igualmente contrariado.

– Promessa que você chegou tarde demais para cumprir e podemos tratá-la da mesma forma lá, quiçá melhor que vocês – Reed treplicou e o encarou. Sempre tocava nos pontos vulneráveis dos seus adversários.

– Skye não sairá daqui, essa deveria ser uma escolha dela, não sua ou minha – Coulson finalizou e Reed percebeu que aquela seria sua resposta final. Virava-se para sair. – E boa sorte tentando passar por May e Ward, caso vá tentar – finalizou, lançando um olhar determinado para as costas de Reed, esse apenas sorriu, malicioso.

– Paciência, Phil ... É um dom – respondeu, enigmático. Reed era uma incógnita, por isso era tão perigoso, pois ninguém conseguia antecipar seus movimentos, aquela mente maquiavélica tinha vida própria.

Enquanto Reed saia, Fitz entrou, batendo com os calos dos dedos na porta.

– Sr., a prisioneira despertou – Fitz anunciou e o mostrou o tablet onde uma confusa Katherine tentava tocar numa das paredes, recebendo um choque doloroso o suficiente para fazê-la se afastar. Ter uma inumana capaz de atravessar objetos os forçaram a medidas dramáticas.

– Obrigado, Fitz, chame Ward para mim, por favor e peça-o para me encontrar na sala de interrogatório – pediu, levantando-se em seguida. Fitz apenas concordou, saindo.

Manteria May fora daquele interrogatório em particular, não por não confiar na morena, mas por não confiar em Katherine. Ward não demorou a juntar-se ao mais velho e dessa forma ambos entraram na sala. Todo local estava armado com gás de dendrotoxina apenas para garantir caso algo corresse mal.

Engoliu um seco ao vê-la, via naqueles olhos a antiga Kate. A mulher saltou assim que os viu e se pôs no canto do cômodo, da mesma forma que Skye fizera. Passou algum tempo encarando-os, mas pelo menos não estava tentando matá-los, o que já era um grande progresso.

– Phillip ? – a mulher perguntou com um quê de incredulidade. Aproximou-se de ambos e só quando parara na frente de Coulson tivera absoluta certeza. Não pôde evitar de sorrir e derrubar uma lágrima, Phil não fazia ideia da felicidade que vê-lo a trazia, uma feição amiga depois de tantos anos. Abraçou-o e esse retribuiu, aquela era sua Kitty.

Após o momento de comoção entre os dois, enfim sentaram-se.

– Me desculpe por não ir naquela noite – foi a primeira coisa que Phil conseguiu dizer, recebendo um sorriso amarelo da mulher.

– Eu não podia dizer sobre o que se tratava, não sem eles descobrirem sobre ela ... – sorriu de forma triste ao mencionar a filha. - E quando você não foi, tive que abandoná-la e apagar qualquer vestígio de que ela existira – comentava ainda com um enorme pesar, mas não pôde evitar de notar que Coulson não parecia surpreso. Até então acreditava que ninguém soubesse da sua gravidez ou sobre sua filha. Franziu o cenho. – Você não parece surpreso ... – ponderou.

– Não estou – Coulson respondeu, encarando as próprias mãos – Descobri sobre ela a alguns dias atrás – admitiu e ergueu as orbes azuis, encarando os castanhos profundos de Kate.

– Você sabe onde ela está ?! – Katherine questionou, erguendo-se da cadeira, apenas pela descarga de adrenalina que recebera.

Coulson confirmou com a cabeça, não havia motivos para mentir. – Mas não vamos nos precipitar, ela não está no seu melhor estado no exato momento – ele afirmou, levantando-se também e ficando na frente da morena.

Algo pareceu disparar na mente da mulher e ela o encarou com um olhar desesperado – Ela é uma das garotas do complexo ... – falou ao mencionar Skye e Wanda, perdeu parcialmente as forças, tendo que apoiar-se na mesa para não cair – Uma das garotas que eu tentei matar - completou e sentou-se, deixando as lágrimas rolarem.

Coulson pousou a mão sobre o ombro dela – Ela não irá morrer – garantiu com firmeza e a mulher pareceu acreditar, mas nem assim o remorso a abandonou. - Precisamos falar sobre o que aconteceu com você, Katherine – o homem prosseguiu, sentando-se também.

Katherine o encarou com tristeza e forçou um sorriso – Sim, Phil, precisamos. -


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