Vinte e cinco anos


–Acho que você merece uma grande festa para comemorar 25 anos – Harry anunciou durante o café da manhã.

–Não quero festa, já falei. Além do mais, porque você acha que eu gostaria de ter uma mega festa se você fugiu de comemorar o seu aniversario três dias atrás.

– É diferente, 26 não é uma data legal para se comemorar. Ano passado vocês fizeram uma festa grande pra os meus 25.

–Uma festa grande da qual você me arrastou pra fora uma hora depois que ela começou. – Ginny o fitou com as mãos na cintura. Ela estava começando a ficar exasperada com ele.

– Tinha gente demais. Poderia ter sido uma coisa só de família. – Harry disse enquanto matava seu prato cheio de ovos e bacon.

–Então por que eu também não posso ter uma coisa só de família?

–Porque você é muito mais sociável do que eu.

–Harry, eu não quero que você desperdice tempo e dinheiro com uma festa grande, eu só quero ficar com você ok? A temporada de quadribol está no auge e eu estou me sentindo muito cansada ultimamente. Não quero ter que me preocupar com sorrir para pessoas em uma festa. Podemos fazer um almoço de família, e já está ótimo!

– Mas são 25 anos.

– Quem diabos botou na sua cabeça que todo mundo comemora os 25 anos com uma baita festa?

– Ninguém, é só que ouvi dizer que as mulheres gostam de comemorar os 25, como uma data especial, antes da coisa começar a decair para os 30.
Ginny gargalhou. Harry lhe divertia às vezes.

– Não acho que eu seja o tipo de mulher histérica que está muito preocupada por estar se aproximando dos trinta anos Harry. E ainda falta muito tempo até lá.

– Tudo bem, a gente volta a discutir isso mais tarde. Tenho que ir trabalhar. – Harry suspirou e se levantou da mesa, selou os lábios da esposa e saiu para aparatar para o ministério.
Ginny permaneceu ali, olhando para a cadeira que ele ocupara, balançando a cabeça em negação. Era tão complicado às vezes, ela tinha certeza que Harry ia insistir nessa coisa de grande festa de aniversario.


***

– SUPRESA!!! - um mar de cinquenta pessoas, no mínimo, gritaram quando Ginny abriu a porta de casa. Ela iria matar Potter. Tortura-lo e mata-lo.
Ginny forçou um sorriso em seu rosto e terminou de adentrar na sala. Harry se destacou do grupo com um sorriso culpado e lhe abraçou.

– Eu tive de fazer, você tem que comemorar. – Harry sussurrou em seu ouvido.

–Eu disse que não queria, vou matar você. – ela murmurou de volta durante o abraço.

Logo uma onda de pessoas lhe engoliu com presentes, abraços e felicitações. Todos os antigos colegas de Hogwarts estavam ali, sua família, os amigos da família, seus amigos de trabalho, os amigos de trabalho de Harry, realmente mais de cinquenta pessoas. Ela podia ouvir a voz da mãe e de Fleur comandando a mesa de buffet. Todos muito felizes e contentes, menos ela. Por dentro ela pensava em assassinato. Apenas agradecia a deus por ter tido a ideia maravilhosa de ficar meia hora debaixo da ducha depois do treinamento das harpias, ou ela estaria suja e fedida para receber todas aquelas pessoas.

Ginny se desvencilhou de todos e foi guardar a mochila com seu equipamento no closet do quarto. Quando se virou para descer de volta à sala, sentiu aquela fisgada na cabeça que andou sentindo a semana toda. Segurando nos moveis, se sentou um pouco na cama para esperar a tontura passar. Ela teria de arrumar uma consulta em breve, ou cairia da vassoura em algum momento importante no meio de um jogo.

– Você não vai se esconder aqui vai? – Harry perguntou colocando a cabeça em uma fresta na porta. Ela sorriu para ele. Era impossível ficar brava por muito tempo, ainda mais com aquela cara de cachorro abandonado e culpado que ele fazia.

– Não, só vim guardar minha bolsa de treino.

– Você está realmente chateada comigo?

– Não Harry, só estou realmente cansada. Sinto que conseguiria dormir por um mês inteiro, você sabe.

– É, conheço a sensação. – Harry falou baixo enquanto a fitava culpado.

–Vamos, vamos descer e fazer um social para as pessoas lá em baixo. Agora que você já se deu a todo esse trabalho, também não vai fugir do meu aniversario como fugiu do seu.

Harry lhe deu um sorriso brilhante e isso quase já lhe valia a noite.

***

As pessoas conversaram , se divertiram, implicaram umas com as outras e colocaram toda a conversa em dia. Ela sequer podia culpar Harry, era sempre em uma dessas comemorações que todos podiam se ver ao menos uma vez no ano. E mesmo com todo o cansaço que sentia, ela pôde relaxar a aproveitar da alegria que transbordava naquele dia do seu aniversario.