Sombras do Passado escrita por Zusaky


Capítulo 13
XlIl


Notas iniciais do capítulo

Sim, voltei ainda mais rápido dessa vez, gente. Estou com algumas dúvidas na mente, sem saber se deixo todos os acontecimentos para o capítulo 14 ou se faço um 15, então quis postar logo esse, já que o mês está acabando (junto com o meu tempo para terminar a história).
E o número de acompanhamentos aumentou! Fico feliz que mais gente esteja acompanhando a história. :3

Boa leitura.



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Ethan estava incrédulo com tudo o que estava acontecendo ao seu redor. Cerca de uma hora atrás, ele procurava por Aaron, ainda com um fio de esperança aparecendo vez ou outra, tentando se convencer de que aquilo não passava de uma simples coincidência. Mas não podia mais negar o que estava diante de seus olhos.

Ver um cadáver na sua frente não o deixava abalado como as outras pessoas, mas tudo mudava de figura quando a vítima era alguém que conhecia. Aquela cena fazia com que ele se lembrasse da morte dos próprios pais, mortos por um assassino que a polícia sequer conseguiu pegar. Mesmo sendo criança, ele pensara que polícia conseguiria resolver o caso facilmente, julgando que seu pai, Sean, era o oficial da mais alta patente, além de dono de várias terras na cidade. Todo aquele status de nada tinha adiantado.

Ele piscou repetidas vezes, como se estivesse tentando voltar para o mundo real. O cheiro de sangue logo invadiu suas narinas. Ao seu lado, Eileen parecia mais confusa do que surpresa.

Anslee havia sido apunhalada pelo próprio irmão.

Eileen não estava surpresa em ver alguém morto, mas a atitude da Aaron fazia com que nada mais se encaixasse em sua mente. Ela pensava que ambos os gêmeos iriam dar um jeito de matá-los, para dar um fim em toda aquela história. “Tudo já estará terminado”, ela lembrou-se da carta. Não sabia o que ele queria dizer, mas sabia que coisa boa não era.

Ela notou que a jovem loira parecia tão confusa quanto ela quando recebeu o golpe. Anslee foi de imediato ao chão, com os braços do irmão envoltos no pequenino corpo.

— Mas foi... foi tudo por você — ela sussurrou fracamente.

— Eu sei — respondeu o irmão, com a voz calma. — O seu objetivo foi cumprido aqui, minha doce irmã, e agora é sua hora de descansar. Prometo que nos juntaremos novamente um dia.

Ao ouvir tais palavras, Eileen não soube se ele pretendia se matar ou se aquilo era alguma conversa doentia que somente os dois entendiam. Qualquer que fosse a resposta, ela ansiava terminar logo com aquilo. Quando ameaçou se aproximar deles, Aaron levantou-se rapidamente e pegou a adaga outrora segurada pela irmã. Antes que qualquer um deles pudesse fazer alguma coisa, ele a jogou com firmeza.

A arma raspou no ombro de Joshua, que estava somente com a parte debaixo do corpo atrás da pilastra. No momento em que sentiu a dor alucinante no corpo, ele arrependeu-se de ter curioso o suficiente para querer espiar o desfecho das coisas.

Ethan ainda estava paralisado com a situação. Ele viu Aaron sair correndo na direção oposto a deles. Ele quis sair correndo atrás dele, mas logo ouviu a voz de Eileen ressoar ali.

— Fique com o cientista! — Eileen gritou, já indo em direção ao rapaz e sem olhar para trás, mas sabia que não iria ser seguida. Ethan não era alguém irresponsável para abandonar Joshua.

Subitamente, ela sentiu-se aliviada por deixar as conversas de lado e distanciar-se de Ethan. Não aceitava a ideia de ele saber de suas origens ou de saber sobre suas matanças. Se fosse necessário acabar com Aaron, que ao menos fosse longe dos olhos dele, depois ela poderia pensar em alguma desculpa.

Enquanto passava por um labirinto de corredores atrás do rapaz, Eileen se pegou surpresa por tais pensamentos.

Pensar em uma desculpa?

Nunca havia sido o tipo de pessoa que dava satisfações do que fazia ou deixava de fazer. Com Ethan, porém, ela sentia essa necessidade de compartilhar as coisas. Sequer conseguia ficar calada perto dele, sempre arranjando um motivo para ouvi-lo falar ou ao menos olhá-la.

Ela perdeu o ritmo dos pensamentos ao sentir-se perder o equilíbrio e escorregar, mas sendo ágil o suficiente para se segurar em uma das mesas bem ornamentadas que havia ali. Furiosa com aquele imprevisto, Eileen tirou os sapatos, jogando-os longe, e em seguida fez um rasgo, que ia até o meio dos joelhos, na parte da frente e na de trás de seu vestido. Ela esteve esperando por aquele momento há tempos.

Ainda conseguiu ver os fios dourados de Aaron mais para frente, virando no corredor à esquerda e, em seguida, o som de uma porta batendo pôde ser ouvido. Ela sorriu internamente com aquilo; ele mesmo havia se encurralado. Momentos depois ela já estava na frente do lugar, já com a lâmina na mão.

Eileen girou a maçaneta e empurrou a porta, mas afastou-se, prevenindo-se para uma possível armadilha. Tudo o que ouviu foi o barulho de panos e um ar gelado. Ela arregalou os olhos e correu para dentro do recinto, sem sequer olhar para os lados. Na sua frente, no outro canto da sala, as janelas encontravam-se abertas, as cortinas insistiam em balançar com a ventania.

Maldição! Ele pulou?, ela pensou, segurando na borda da janela e vasculhando todo o lado de fora. Não teria como ele sobreviver...

Antes de sequer completar o pensamento, Eileen sentiu algo bater em sua cabeça com força, deixando-a atordoada imediatamente. A tontura imediatamente acometeu seu corpo inteiro, de maneira que teve que apoiar-se na parede, logo raciocinando quem tinha sido o autor daquilo. Ao olhar para o chão, viu pedaços de vidro do que parecia ter sido um jarro. Ela sentiu algo escorrendo pelas têmporas, mas não preocupou-se com aquilo.

— Você parece mesmo ser cabeça dura, não é?

Ao ouvir a voz de Aaron, Eileen olhou para um outro canto da sala. Parecia ter estado o momento todo escondido atrás de uma das várias armaduras que havia ali. Ele segurava uma espada fina e pontuda em uma das mãos e tinha um sorriso vitorioso no rosto. A assassina não sentiu-se intimidade, apesar de ter uma arma bem menor e menos perigosa que a dele.

— Onde está a bateria que você roubou? — ela rugiu para ele, andando para o lado. Aaron fez o mesmo, mas para o lado oposto, como se estivessem fazendo um círculo.

— Bateria? — A voz dele era irônica ao falar. — E eu pensando que você teria a decência de perguntar sobre o Sr. Warllow.

Eileen franziu o cenho, mas logo lembrou-se de que Sebastian Warllow também tinha sumido naquela manhã. Estava tão preocupada com a chave que a levaria de volta para casa, que simplesmente tinha esquecido daquele homem tão abalado e que chorava em demasia. Ela realmente não se importava com aquilo, mas talvez Ethan quisesse saber que fim tinha levado o pobre homem.

— Certo, vamos fingir que eu não sei que você provavelmente o matou — ela disse, agora já limpando o sangue de sua testa; aquilo começava a incomodá-la.

— Como pode ter tanta certeza?

Eileen revirou os olhos. Tudo o que sentia era raiva daquele homem. Se fosse mais rápida que ele, talvez pudesse desarmá-lo antes de ele sequer atingi-la, mas não sabia absolutamente nada sobre aquela pessoa. Ele tinha o corpo magro e não parecia ter nenhum músculo definido.

— Olha, eu realmente não quero saber o que aconteceu com esse homem. — Eileen não se importava em falar a verdade para alguém que ela pretendia matar. — Aliás, por que justo aquela bateria? Como você poderia saber disso?

Aaron soltou um sorriso, enfim parando de andar em círculo; Eileen fez o mesmo. Ele agora encontrava-se perigosamente perto da janela. A assassina temia que ele tentasse fugir, embora não soubesse como exatamente, mas o pensamento a assombrava. Estava tão perto de seu objetivo.

— Quando Ethan marcou de se encontrar comigo, eu te notei. Eu vi seus olhos e enxerguei neles a mesma fúria que há nos meus. Você já sabia quem eu era, não é? — Aaron agora estava mais sério e Eileen agradeceu por aquilo; não restava-lhe mais paciência alguma para lidar com aquele homem. — Não sei bem o que houve, mas durante toda aquela bagunça, eu consegui escapar.

A assassina lembrava-se perfeitamente das sensações que sentiu no dia anterior, quando encontrou o cientista e simplesmente esqueceu-se de Aaron. Ela permaneceu olhando-o fixamente, o encorajando a continuar.

— Eu segui vocês naquela noite. — Eileen estreitou os olhos ao ouvir aquela declaração, temendo o que viria depois. — Demorei um pouco para encontrar um ponto certo para saber de seus planos, então acabei por ver que a única solução seria subir na árvore ao lado de um dos quartos.

Eileen forçou-se a falar de maneira calma.

— E o que isso tudo tem a ver com a bateria?

— Eu consegui ouvir uma parte da conversa. — Aaron levou a mão que segurava a espada até o queixo, olhando para o teto da sala. — O velho que estava com vocês estava falando sobre algo bem curioso. — Ele fez uma pausa dramática, como se estivesse atuando. — Viagem no tempo.

Eileen sentiu seus músculos se contraírem ao ouvir as palavras finais. Não era sequer para Ethan estar sabendo daquele assunto, embora fosse algo aceitável, mas Aaron? A assassina não aceitava aquilo. De início, ainda achava que ele estava blefando, mas agora sabia que ele não era o tipo de pessoa que brincava com as palavras.

Ele continuava sério, como se estivesse esperando por alguma resposta plausível, mas como esta não veio, ele voltou a falar.

— Quando você falou sobre criar uma energia com velocidade menor que a da luz, eu tentei me aproximar mais para escutar melhor — dizia ele, mas à medida que falava sua feição mudava para uma mais rancorosa. — Mas o maldito velho se aproximou da janela nessa hora e eu quase caí. Maldição, como eu o odeio por isso! As folhas da árvore se mexeram e algumas ainda caíram, mas, por sorte, ele nada notou.

Eileen se xingou internamente. Podia ela mesma ter ido até a janela naquele momento, pois sabia que notaria alguma coisa de estranho.

Não, o vento estava forte demais ontem. O cientista realmente não teria como notar.

— Quando eu ouvi você pedir para ser levada à cabana do Ethan, lembrei imediatamente da casinha onde ele ficava enfurnado o dia inteiro. — Ele ainda mantinha uma expressão amargurada. — Obviamente não perdi tempo e, veja só, consegui o que queria.

Ele colocou a mão no bolso da calça e de lá tirou um objeto que cabia na palma da mão. Era algo metálico e tinha um formato vertical.

Instintivamente, Eileen deu dois passos para perto de Aaron, mas ele logo recuou e balançou o dedo indicador, desaprovando a ação dela.

— Você só poderá tocar nisso, minha querida, após me falar como funciona — ele disse, guardando novamente o objeto no bolso. — Vamos ver se essa história de viajar no tempo é ou não real.

Ela bufou, tamanha era sua impaciência. Uma ideia logo surgiu em sua mente e ela não demorou a agir. Aquilo tudo estava demorando mais do que o esperado.

— Agora, Ethan! — ela gritou, olhando para um ponto atrás dele, para a janela.

Aaron mais que imediatamente olhou para trás, com os olhos assustados. Eileen jogou sua lâmina na direção dele, tendo certeza de que havia acertado ao ouvir um grito de dor. Não havia tempo para olhar para trás. Ela correu em direção à armadura que estava mais perto e retirou uma espada igual a que Aaron segurava.

Quando enfim olhou para o rapaz, ele a fitava com o olhar mais furioso que ela já tinha visto. Uma das mãos segurava a perna, embora houvesse apenas um corte superficial ali. Com uma arma mais decente, Eileen não perdeu tempo, foi em direção a ele assim como um leão avança sobre a presa.

Aaron desviou-se do ataque da assassina e tentou revidar, mas ela foi mais rápida e desferiu um outro ataque, e mais um, sem parar por nada, de maneira que tudo o que ele podia fazer era defender-se.

Ambos seguiram nesse ritmo por certo tempo, até que Aaron sentiu a perna doer ainda mais com o esforço que ele fazia. Teria de fazer alguma coisa para distrai-la, assim como ela havia feito com ele.

— Por que raios o Ethan se interessou por você? — ele perguntando, arfando. O suor já escorria pela sua testa e ele tentava se conter para não secá-lo. Um movimento perdido e ele estaria morto. — Ele estava destinado à minha irmã.

Eileen não pôde deixar de sorrir.

— Qual? Aquela que está morta? — ela zombou, finalmente conseguindo desarmá-lo.

— Ela merecia um lugar melhor. Eu não queria que ela vivesse nesse mundo sujo! — Aaron exasperou, agora com menos força para se defender. — Mas você nunca entenderia isso, não é? Provavelmente sua família te abandonou quando ainda era uma criança. Você é tão merecedora da morte como eu. E sabe por quê?

O sorriso de Eileen sumiu de imediato e ela só sentiu sua raiva aumentar. Não se preocupava mais com ter que dar desculpas para Ethan ou para quem quer que fosse. Ela avançou contra Aaron e colou a ponta da espada no peito dele, enquanto segurava a gola da camisa com a outra mão. A cabeça dele já estava praticamente do lado de fora da janela e o corpo só não estava prestes a cair porque Eileen estava segurando-o.

— Porque você é uma assassina — ele sibilou, com a voz tremendo.

Eileen não esperou por nem mais um segundo. Ela perfurou com gosto o peito do homem, sentindo um enorme prazer ao fazê-lo. Ele arregalou os olhos ao receber o golpe, fazendo a assassina pensar que ele talvez não estivesse esperando por aquilo. Ela rapidamente enfiou a mão no bolso dele e pegou o objeto que tanto almejava: a bateria. Antes que o brilho deixasse os olhos verdes do homem, ela se aproximou dele, sussurrando as últimas palavras que ele ouviria:

— Morto não fala. — E só então ela o empurrou.


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Notas finais do capítulo

Capítulo super importante e que eu gostei bastante de escrever. Foi bem mais focado na Eileen em si do que no Ethan, mas ok, espero que tenham gostado mesmo assim. Acho que vocês adoraram esse finalzinho, né? Ou não, talvez alguém goste do Aaron, não sei, hahah.

Vejo vocês nos comentários.



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