Burn Bright escrita por fire wasnt made to be held


Capítulo 4
O sono dos justos e mal amados.


Notas iniciais do capítulo

DEU TUDO CERTO PRA POSTAR HOJE (╯ ・ ᗜ ・ )╯ AMÉM (╯ ・ ᗜ ・ )╯

Primeiramente eu queria agradecer à Dana de novo, porque sem essa moça eu estaria na fossa ♥ e então à direção do meu colégio, porque passar mais 6 horas lá todos os dias me dá tempo o suficiente dentro de uma sala pra organizar as ideias bonitinho e de forma coerente o QUEM DIRIA QUE A PROCRASTINAÇÃO VIRARIA ALGO
♪(゚▽^*)ノ⌒☆

e a vocês, pessoinhas ♥ especialmente a Joke, que é um amorzinho de pudim ♥ e a Ireth Tinúviel *u* mil abracinhos para as duas do fundo do meu coraçãozinho shipper sofredor (づ ̄ ³ ̄)づ

Então, eu acho que é só isso o3o
se tudo der certo, a gente se vê de novo em 15 dias! ⊂((・▽・))⊃
Beijo, beijo, boa leitura! ♥



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Dick está confuso. Isso se estampa em seu rosto enquanto ele observa os outros moradores da mansão à mesa. Jason está com os braços apoiados onde deveria estar seu prato, a cabeça entre eles, balbuciando incoerências. Damian tem os olhos inchados de sono, a expressão de alguém que poderia matar um homem. E Tim está todo enrolado na cadeira, embrulhado num moletom grande demais para ele, e boceja de minuto em minuto. Se não soubesse que é uma ideia insana demais até mesmo para suas esperanças mais loucas, o moreno seria capaz de jurar de pés juntos que os três passaram a madrugada em claro numa competição de videogame. O pensamento o dá vontade de rir, mas Grayson se impede de fazê-lo, mordendo a parte interna da boca até sentir o gosto ferroso de sangue. Quando consegue controlar o riso, Dick relaxa, voltando sua atenção para o próprio café.

Um minuto. Dois minutos. Nem três minutos inteiros depois e o confortável quase silêncio da mesa é interrompido por Jason. O ruivo resmunga um pouco mais alto, quase bufando, e então arruma sua postura para sentar de maneira mais correta. Grayson o vê esfregando a nuca e lançando um olhar carrancudo para sua xícara vazia. É como se ela o tivesse ofendido profundamente, as nuvens de mau humor pairando sobre sua cabeça. Todd tem a expressão de quem apanhou da cafeína por tempo o suficiente para saber que deve tomar cuidado com a quantia de café que coloca em seu organismo ― mas Damian, que compartilha de sua expressão nada satisfeita, não parece se importar tanto assim; já está na terceira ou quarta xícara só da última meia hora. E Tim está ocupado demais tentando não cair nas torradas em seu prato para dar atenção à bebida. Dick acha graça de ter sido o único a conseguir dormir direito essa noite.

“Vocês estão péssimos.” Três pares de olhos sonolentos se voltam para o mais velho quase ao mesmo tempo, e o moreno arqueia uma sobrancelha. “Houve uma festa do videogame e eu não fiquei sabendo, por acaso?”

Funciona. Os outros se entreolham e só agora parecem se dar conta de que estão praticamente no mesmo barco. E Dick observa enquanto Jason revira os olhos e cruza os braços, Damian parecendo ainda mais irritado enquanto Tim meneia a cabeça em negação. Grayson quase acredita que é só coisa de sua mente ― não seria a primeira vez que ele imagina coisas ―, mas, de qualquer forma, não tem tempo para pensar sobre o assunto. Quando abre a boca para fazer mais algum comentário a respeito da aparência de mortos-vivos dos outros três, Bruce aparece.

De imediato, o clima na mesa muda. Dick engole em seco, ajeitando-se na cadeira. Damian tensiona os ombros, os nós dos dedos brancos de apertar a xícara de café em suas mãos. Tim arregala os olhos, aprumando os ombros. Jason escorrega na cadeira até poder apoiar os cotovelos no assento. E silêncio. Cada um deles está suficientemente perdido em seus próprios pensamentos para interagirem entre si.

“Bom dia.” Aparentemente alheio ao que acontece ao seu redor, Bruce quase consegue esboçar um sorriso.

Dick crava os olhos nas torradas em seu prato, repentinamente interessado nas bordinhas queimadas do alimento. E ele quer fazer algo a respeito do fato de que nenhum deles está plenamente à vontade para tentar conversar ou sequer acabar com a tensão que paira entre eles. As palavras, porém, dançam em sua boca e escorregam para sua garganta, formando um nó em seu estômago. Dick relanceia os olhos pelos outros garotos, considerando as possibilidades do que pode estar se passando pela cabeça de cada um. Mesmo Tim exala desconforto, e isso é estranho. Damian parece desgostoso, as mãos rechaçando pequenas migalhas em seu prato. Jason é o único que aparenta estar prestes a dormir na cadeira. E Grayson decide que já teve o suficiente de estranheza por um dia.

“Me passa a geleia?”

Quatro pares de olhos se voltam para o moreno quase ao mesmo tempo. Dick se sente desconfortável, vergonha lhe escalando a nuca e subindo para as bochechas. Por um momento, ele considera sair da mesa e fingir que isso nunca aconteceu ― mas a possibilidade é quase tão ruim quanto ficar, então Dick engole o desconforto e lança a Jason um sorriso amarelo.

“A geleia.” Os lábios de Grayson tremem nos cantos, e é por isso ― e somente por isso ― que Todd parece resistir ao desejo de caçoar dele. Não importa, na verdade. Dick está agradecido por isso. Jason não é bem um cara que deixaria uma situação dessas, já ruim o suficiente, passar sem ao menos um comentário debochado, e Grayson é a única pessoa aparentemente nada incomodada com o fato de isso não ter acontecido.

Bruce não se incomoda em deixar claro que os está avaliando com interesse. Damian tem as sobrancelhas arqueadas em confusão e descrença. Tim parece estranhar o momento, e Todd se ocupa rindo de algo que Dick não entende o que é ― e prefere também não saber, a julgar pela forma como os lábios do outro se torcem de maneira um tanto irônica. De qualquer forma, Jason realmente pega o pote de geleia, lançando-o em sua direção como um projétil. Grayson o agarra a meio caminho para a queda, olhando um tanto confuso para Todd, mas decide que não vai abusar da sorte, e guarda as perguntas para si mesmo, balançando a cabeça para afastar tais pensamentos.

Bruce continua a olhá-los, como que curioso a respeito dessa aparente atitude amigável entre os dois.

Dick não pode realmente culpá-lo por isso ― mesmo agora, ele não tem certeza de que conseguirá desenvolver algo com os outros três; Tim é o mais propício a uma tentativa que pode dar certo, e é o motivo pelo qual a esperança de Grayson não se foi.

No fim, ela é tudo em que Dick pode se agarrar

I

Damian se sente num filme ruim de comédia pastelão. Sua cabeça dói, os olhos pesam pela noite mal dormida, e ele tem certeza de que, se permanecer dentro do carro por mais alguns minutos, acabará dormindo. Felizmente ― ou não ― o herdeiro Wayne não tem tempo o suficiente para isso. Bruce estaciona o carro perto dos portões do Arkham, e, por um momento, Damian acha que está num segundo café da manhã. O silêncio pesa sobre seus ombros, e ele sabe que não é o único desconfortável com a situação; Dick deixou isso bem claro logo no começo da manhã, e Tim mal abriu a boca desde que Bruce apareceu. Jason é o único aparentemente nada afetado pela presença do mais velho, mas o herdeiro acha que isso é apenas pelo sono. Bruce com certeza sabe que escolher levá-los para o colégio foi uma ideia pra lá de horrenda ― não é preciso ser nenhum gênio para isso ―, mas o garoto acha que essa despedida pode ser ainda mais traumatizante que todo o resto.

A verdade é que o herdeiro Wayne não tem ideia de como deve se sentir. Parte dele se incomoda com o fato de que é quase a primeira vez em que os dois se encontram desde o dia em que Damian chegou em Gotham e Bruce foi buscá-lo, e o mais velho mal o lançou um segundo olhar desde então. Não é que o menino esperasse qualquer tipo de tratamento especial ― sendo sincero consigo mesmo, Damian admite que foi engraçado ver os outros três garotos se empurrando e apertando no banco de trás para deixá-lo ir no lado do passageiro, mas ele nunca esperou uma atitude semelhante vinda do pai ―, porém, o fato o deixa profundamente incomodado. O herdeiro Wayne sabe que o pai não estava preparado para tê-lo em casa; mesmo que o mais velho já tenha criado outros dois garotos e cuidado de um terceiro, é diferente. Bruce nunca teve interesse em visitá-lo quando Damian era menor, nunca teve interesse em entrar em contato; com certeza foi uma desagradável surpresa saber que teria mais um habitante na mansão.

E Damian quer ir embora. Ele não quer ser obrigado a ficar em Gotham; ele quer de volta a mãe, o avô, ele quer de volta a Liga. Mas isso não é uma opção ― nunca foi, nunca será.

“Damian?”

O chamado quebra sua linha de pensamento. O garoto levanta os olhos, e percebe que é o único dos quatro ainda no carro. Bruce o encara com algo que parece preocupação; lançando um olhar para fora, o mais novo percebe que os outros o esperam nos portões ― Dick com uma expressão um tanto exasperada, Jason de braços cruzados, Tim esfregando os olhos pelo sono. Um sentimento parecido com culpa escala suas entranhas, e o herdeiro Wayne faz questão de sufocá-lo sem pensar duas vezes.

“Está tudo bem?” Bruce insiste, e Damian volta os olhos para o pai. “Você e os meninos estão ok?”

Um sonoro não é tudo o que o mais novo quer deixar escapar. Ele demora alguns instantes para encontrar sua voz, e outros tantos para ter alguma ideia do que dizer.

“Eles são...” idiotas. Irritantes. Dick acha que tem que agir como uma babá, Tim está ocupado explodindo coisas e Jason é um babaca. Podemos mandá-los embora? “Legais.” Damian se remexe, desconfortável. “Eu acho.”

Por um momento, Bruce parece pronto para questioná-lo a repeito da sentença duvidosa ― secretamente, Damian deseja que ele o faça, mesmo que seja para ter outra mentira como resposta ―, mas então, ao invés de fazer algo a respeito, o mais velho simplesmente meneia positivamente a cabeça. Uma mistura de decepção e amargura sobe para os lábios do menino, e ele tem vontade de voltar para casa, para a biblioteca, para seus animais. Mas não vai. Damian balbucia uma desculpa qualquer e sai do carro sem esperar uma palavra em resposta.

Do lado de fora, os outros três ainda o estão esperando.

II

“Você não me disse que ele era tão bonito.” É a terceira ou quarta vez que Roy repete a mesma frase desde que o viu chegando com os outros garotos. Jason sabe que Harper só se refere a Dick dessa forma, em parte, para irritá-lo ― mas isso não o impede de sentir um estranho embrulho no estômago. “Tipo, cara, isso é gay, gay pra caralho, mas eu pegaria teu irmão. Ele...”

Não é meu irmão.

Todd recebe um olhar divertido, e se sente ainda mais desconfortável com a situação. Ele sempre soube que Roy já beijou muito mais que apenas algumas garotas bonitas pela cidade, os dois nunca precisaram falar sobre isso para se acertarem a respeito do assunto. Não é sobre Harper mostrar interesse num cara e fazer comentários sobre o dito cujo, não, longe disso. É sobre ele estar interessado em Dick. Dick. E não é como se Jason fosse se sentir melhor caso Roy estivesse falando sobre Damian ou Tim, mas ainda é muito esquisito ouvir as observações do rapaz sobre Grayson.

“Qual é, Jaybird.” Apesar do tom divertido e a voz arrastada, Harper tem um quê de malícia em seus olhos que dá ao ruivo a certeza de que ele sabe o que está fazendo. “Você parece um velhinho reclamão, sabia disso? É um saco.”

“É, é, que seja.” Todd enfia as mãos nos bolsos, carrancudo demais para notar que o outro está rindo de sua reação um tantinho exagerada. “Para com isso, Roy. Eu não preciso e eu realmente não quero imaginar você e o Grayson juntos. Já tenho sonhos ruins o suficiente sem isso.”

Jason não tem ideia do que acaba de dizer até perceber que o outro ficou quieto. Isso desperta seu interesse, e ele espia o amigo. Harper o está encarando com uma expressão séria, os olhos vasculhando suas feições em busca de algo que Todd não sabe o que é, e isso o incomoda.

“Sonhos ruins?” a voz de Roy perdeu totalmente a entonação de diversão. Jason quase pode jurar que é preocupação, e isso o deixa tenso. “Aconteceu alguma coisa?”

Durante um ou dois segundos, ele considera contar ao amigo sobre a insônia e as memórias recorrentes ― mas isso implicaria explicar todo o restante, de Bruce à adoção, e esse é um assunto sobre o qual Todd não quer falar. Ele prende a respiração por alguns instantes, considerando a possibilidade de contar apenas uma meia verdade, mas isso exigiria mil e outras questões com as quais Jason realmente não quer lidar.

“Nah.” Balança a cabeça de forma negativa. “Não é nada importante.”

Roy não acredita nele, o ruivo sabe disso. Harper comprime os lábios, as feições tomadas por irritação. Todd baixa os olhos, esperando uma reclamação ou uma briga, mas silêncio é tudo o que há. Um minuto. Dois minutos. Três. Quatro minutos inteiros se passam antes que ele olhe novamente para Roy, surpreso por não ouvir nenhuma reclamação. O outro parece um tanto perturbado, mas não diz nada por mais um tempo. Quando Jason começa a se sentir desconfortável e considera pedir desculpas ― embora não saiba ao certo o que fez de errado ―, Roy encolhe um pouco os ombros e o lança um sorriso tentativamente amigável.

“Tudo bem, então.” E hesita, como que repensando sobre o que está prestes a falar. “Mas, se quiser conversar, você sabe que pode me chamar, não é?”

Todd se sente culpado. Roy o conhece desde que os dois eram pirralhos. Nunca deixou de ajudá-lo, mesmo quando não eram amigos. Jason sabe que pode confiar nele, mas isso não o impede de sentir como se tudo não passasse de uma grande besteira. Talvez ele esteja só fazendo drama por algo bobo e preocupando Roy à toa. Com um pesado suspiro, Todd meneia positivamente a cabeça, engolindo suas próprias explicações e se permitindo empurrar tais preocupações para o fundo de sua mente. Ele está pronto para tentar um comentário a respeito da primeira coisa que lhe vier em mente.

Mas são planos frustrados. No exato momento em que se volta para Roy, Jason nota o brilho suspeito em seus olhos e o torcer maquiavélico em sua boca. Imediatamente, ele vasculha o corredor apinhado de alunos, procurando pelo que quer que tenha chamado a atenção do melhor amigo. Não precisa de muito esforço para tal: a poucos metros se encontram Dick e Tim, aparentemente entretidos numa conversa abafada pelo restante dos alunos do Arkham. Um som de horror e protesto lhe escapa pela boca, mas Roy já está longe demais para ouvi-lo.

A Jason só resta segui-lo ― e ele não sabe se deve sorrir ou começar a se desesperar.

III

Tim já sabia que Dick é algo como uma das melhores pessoas do mundo, mas isso não o impede de se sentir agradavelmente encantado com o fato de que Grayson não se incomoda em passar o intervalo conversando consigo; diferente de Damian, que agora mesmo deve estar acomodado num canto solitário, colocando em dia seu sono dos justos e mal amados. Drake quase se sente confiante o suficiente para pedir ajuda com os explosivos de Jason, mas esse fiapo de quase confiança desaparece no exato instante em que o dito cujo aparece, acompanhando um cara igualmente ruivo que Tim nunca viu na vida.

“Harper!” há na voz de Todd uma confusão de emoções que o menino não consegue identificar com clareza.

Jason parece inquieto, talvez um pouco perturbado, e Drake tem total certeza de que a vermelhidão em suas bochechas não é consequência da corrida. Por um ou dois segundos, Tim considera sorrir para os ruivos, mas não tem a menor ideia de como será interpretado, então prefere não fazê-lo. Dick, por outro lado, parece não se dar conta da estranheza que permeia a situação. Tem um sorriso brilhante, a expressão de uma criança para quem o Natal chegou mais cedo. Tim tem a perfeita imagem mental do mais velho apertando as bochechas dos dois ruivos, e precisa afastá-la para não rir; duvida muito da possibilidade de Jason não reagir negativamente a uma atitude desse nível.

“Hey, passarinho!” Grayson não está ciente do desconforto que se estampa nas feições de Todd ao ser chamado dessa forma, pois está ocupado demais fazendo parecer que tenta esticar os lábios até as orelhas. “Quem é esse?”

Drake percebe a maneira como Jason parece pronto para agarrar o outro ruivo pelo colarinho e arrastá-lo para bem longe dos dois, e não se incomoda tanto com isso quanto achou que se incomodaria. Na verdade, Tim pode até mesmo se esforçar um pouquinho para entendê-lo ― Todd não faz o tipo que gosta de estar constantemente rodeado por pessoas, não é sociável, então não é surpresa que seus olhos os avaliem como se ele fosse um animal acuado, pronto para fugir a qualquer instante. O ruivo ao seu lado, diferente dele, tem uma postura tranquila, quase relaxada; não fosse pela diversão em seus olhos, Drake o declararia inocente com relação ao que está acontecendo ao seu redor. Mas é claro que ele não é.

“Roy.” O ruivo oferece a mão em cumprimento, e Dick a aceita sem hesitar. “Roy Harper. Eu ouvi falar bastante sobre você.”

“Sério?” Mesmo Tim está curioso, um tanto surpreso porque não faz nem duas semanas que as aulas retornaram. A expressão de Grayson é a de alguém perdido.

Mas Roy não tem tempo de responder; nenhum deles tem, porque Jason imediatamente dispara, sem sequer parar para pensar a respeito:

“Claro que ouve! Ele passa quase todo o dia espiando as líderes de torcida, e elas só sabem falar de você!”

Dick olha de um para outro. Tim sente que está prestes a presenciar uma discussão. Roy se volta para Jason com um sorriso imenso, sem dar nenhum sinal de estar sequer minimamente ciente da fúria assassina nos olhos do amigo. Drake observa que, apesar disso, Todd não parece verdadeiramente disposto a iniciar uma briga; e o fato é uma surpresa positiva para seu dia já suficientemente estranho. É a primeira vez que Tim o nota tão exposto, tão... Próximo.

Jason não está nem um pouco confortável com a vulnerabilidade que isso traz ― e o garoto não pode culpá-lo por se sentir dessa forma.

“Não é como se elas tivessem dito alguma mentira.” E Harper volta os olhos para Dick, tão avaliativo e cheio de segundas intenções que mesmo Tim pode sentir seu estômago se revirando em vergonha. O ruivo tem um sorriso galanteador, mas sua expressão é, num todo, bem calorosa, amigável. “Nós podíamos combinar qualquer coisa um dia desses.”

Ao mesmo tempo em que Grayson solta um “Sim?” deveras duvidoso, Jason praticamente rosna um “Não!” por entre os dentes cerrados. Tim olha de um para outro, perdido com a repentina tensão nos ombros de Todd. Roy, por outro lado, não lança um segundo olhar ao ruivo; o que provoca um xingamento e Jason saindo de perto dos três como o Diabo fugindo da cruz.

Dick o observa se afastar, confuso e um tanto chateado com o comportamento. Tim sabe que, no fundo, o mais velho quer ter um relacionamento amigável com os outros três habitantes da Mansão Wayne, especialmente Damian, mas ninguém além do próprio Tim está se esforçando para que isso dê certo. O pensamento de que a conduta errante de Jason acaba jogando por terra todas as esperanças de Grayson faz com que o garoto se sinta mal.

Roy, porém, consegue afastar tais pensamentos quando balança a cabeça e ri, toda a malícia esquecida quando seus lábios se desdobram num sorriso gentil e amigável, a postura relaxada.

“Daqui a pouco ele esquece isso, o Jaybird me ama demais pra ficar com raiva por muito tempo.” Ele coloca as mãos nos bolsos. “Mas eu falei sério, tudo bem? A gente devia combinar algo, tipo, eu, ele, você e os garotos. Seria legal conhecer um pouco a família do Jay, já que ele não fala muito sobre vocês.” No momento em que Dick balança a cabeça em confirmação muda, o sorriso de Roy se torna travesso novamente; sem esperar por qualquer outra resposta, ele dá uma piscadela e se vira, meio que correndo na mesma direção que Todd seguiu, praticamente gritando para ser ouvido pelo amigo: “Jason, espera! Você ainda é o grande amor da minha vida, volta pra mim!”

Tim ri quando nota que o outro ruivo congela por um momento, e os observa enquanto os dois se juntam e desaparecem entre os demais alunos do colégio. Dick ainda parece um tanto atordoado pelo encontro que começou tão rápido quanto terminou; se é por descobrir que é assunto entre as líderes de torcida ou por que Jason aparentemente não fala com os amigos sobre a “família”, Drake não sabe e prefere não perguntar.

Então, decidindo que talvez seja a hora de começar a tentar, empurra o cotovelo contra o braço de Grayson, chamando sua atenção, e dirige a ele um sorriso. Num primeiro momento, o mais velho parece ter sido tirado de um turbilhão de pensamentos, voltando-se para ele com uma expressão confusa.

“Eu tenho, tipo, 98% de certeza de que ele deu em cima de você.”

Dick está ocupado demais se engasgando com o ar para encontrar uma resposta ― mas Tim não se incomoda com isso.

Ele sabe que, com o tempo, tudo será colocado em seu devido lugar.


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Notas finais do capítulo

Só queria deixar declarado que::::::: eU AMO O ROY.
#iamnotevenashamed #sorrynotsorry



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