As coisas não poderiam ser melhores. Eu estava em Vegas na companhia de meu mais novo amante, bem não tão novo assim, mas era rico e fazia todos os meus desejos. Ra’s Al Ghul não hesitou quando eu pedi que me levasse para longe, mesmo que por pouco tempo de minha tediosa família, eu precisava me afastar urgentemente de meu tolo marido e dos filhos chatos e chorões que ele tinha, não aguentava mais ouvir as lamúrias de minha sogra alcoólatra, nem escutar as provocações de uma cunhada hostil, eu precisava me afastar o quanto antes daquela mansão enfadonha. Não precisei de muito para convencer Oliver de que precisava de mais uma de minhas viagens, ele sempre estava tão ansioso para me agradar que fazia todos os meus desejos quase sem questionar, claro, tive que fingir que morreria de saudades dos pequenos moleques e prometi um novo estoque de bebidas para minha adorada sogra. Quanto a minha cunhada tudo que fiz foi me despedir com um sorriso frio, embora o beijo que eu tenha dado no marido dela fosse totalmente oposto.

Sim eu não prestava, e não eu não me importava com qualquer um daquela casa, tudo que eu precisava dos Queen era o sobrenome, dinheiro e prestígio. Qualquer coisa além disso, era classificado como desnecessário ou que eu era forçada a fingir para mantê-los na palma de minha mão. Para ser sincera eu adorava fazê-los de bobos, afinal era isso que eram.

Quando cheguei a Vegas curti cada prazer que a cidade do pecado podia me fornecer, junto a Ra’s eu fiz questão de esquecer que era uma Queen, eu nunca lamentei nenhuma das vezes que traí meu marido, na verdade a única coisa que eu lamentava era que os dias de luxúria e decadência estavam chegando ao fim, infelizmente eu teria que voltar para Star City, teria que atuar como esposa apaixonada e mãe carinhosa, teria que fingir que se importava com a pobre e coitada Moira Queen, que havia perdido seu marido em um trágico acidente de carro. Deus! Eu bocejava só em imaginar isso.

— Está entediada minha querida? – Ra’s perguntou notando o quanto meus pensamentos eram desanimadores.

— Um pouco. – Confessei o encarando com certa dose de drama. – Mas apenas por que me lembrei de que logo teria que voltar para casa.

— Não vá. – Sugeriu. – Partirei amanhã para minha ilha na Grécia, venha comigo. Era claro que ele me chamaria. Ra’s como qualquer outro homem com quem eu havia me envolvido, o que eu posso afirmar sem um pingo de modéstia ou vergonha: Eram muitos, estava louco por mim, e deseja levar o que tínhamos adiante o quanto eu quisesse.

— Eu adoraria. – O que não era uma mentira, sorri só em imaginar acordar e dar de cara com as águas cristalinas da Grécia. Estar em volta do calor do sol em vez de estar na nublada Star City. Eu nunca tive um amante grego, não seria ótimo mudar isso? Claro que Ra’s não precisava saber em detalhes, o que eu considerava uma diversão na Grécia. Porém meu sorriso logo desmanchou. – Mas infelizmente preciso voltar. Oliver não é tão bobo quanto eu gostaria que fosse. – Ou talvez fosse, mas não era tão bom arriscar.

— Então sugiro curtimos nossa última noite aqui. – Ra’s falou percebendo que minha negativa não era apenas um charme. Pegou a minha mão na sua e depositou nela. – Pronta para ir?

— Sim. – Concordei ainda desanimada com a volta iminente.  – Mas antes preciso ir ao toalete. – Falei já me erguendo e soltando sua mão.

— Estarei aguardando ansioso. – Retribuí com um sorriso provocante por cima do ombro em quanto me afastava. É claro que estava. Homens! Sempre ansiosos por uma noite de sexo. Essa era maneira que eu conseguia tirar tudo o que queria de Oliver, e de qualquer outro com quem eu resolvesse passar um pouco do meu tempo. Meu marido sempre estava disposto a atender meus caprichos depois de satisfeito, eu me perguntava por quanto tempo precisaria ficar para poder partir em mais uma viagem, quem eu acompanharia dessa vez?

Olhei para meu celular ao perceber que nesse exato momento eu recebia mais uma chamada de Oliver. Ele vinha cada vez mais impaciente por minha volta, com um sorriso ignorei sua chamada. Depois eu irei dizer que estava dormindo, que tive mais uma de minhas enxaquecas.  Sorri só em imaginar sua cara encarando a chamada ignorada.  Eu adorava a sensação que era ter tanto poder em um homem como aquele. Quando ergui meu rosto, encarei os olhos, meus olhos no espelho. Pisquei atordoada, por um momento pensei que era a resposta do meu cérebro confuso as margaritas que tomei. Eu estava incrédula, e ligeiramente atordoada, mas quando os olhos piscaram atônitos e confirmei que eu não estava sonhando e que realmente havia outro rosto ao lado do meu, semelhante ao meu, mais do que isso... Igual ao meu, foi a minha vez de piscar atônita novamente.

Era a mesma face.

Cada traço era idêntico.

Ela quem quer que fosse podia facilmente se passar por mim e ninguém sequer questionaria.  Tão logo o pensamento atingiu minha mente, saí do meu estado de inércia e um sorriso escorregou nos meus lábios vermelhos, a confusão foi deixada de lado. Agora só havia certezas e planos.

Ela seria perfeita.

Ela seria a solução para todos os meus problemas.

Melhor do que isso...

Ela seria eu.