Amandil - Sombras da Guerra escrita por Elvish Song


Capítulo 28
Despedidas


Notas iniciais do capítulo

Olá! Finalmente consegui atualizar esta fic! Aqui, as despedidas de nossos personagens, enquanto cada um toma seu rumo. Espero que gostem!



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Tauriel se sentou ao lado do homem a quem amava, acariciando seu rosto delicadamente. Ela escolhera seu destino, e deixara isso claro na reunião; Thranduil tentara dissuadi-la, e ela ainda se lembrava da conversa tida...

Flashback

— Isso é ridículo! – disse o rei – você perdeu todo o bom-senso, Tauriel! Uma elfa e um anão? Isso é... É uma abominação!

— Isso se chama amor! Por que enaltecem o amor de Lúthien por Beren, e meu amor por Kili é visto como vergonha?

— Ele é um anão. Nunca poderá compreender a mais ínfima fração de seu ser, pois você está acima dele como as estrelas dançam acima da rocha bruta. E por mais que se erga, a montanha nunca tocará o céu.

— Então, prefiro ser uma estrela cadente. – respondera ela, dura – já tomei minha decisão, Ada. A escolha de ir embora já havia sido feita há anos por mim, e Kili simplesmente veio para me mostrar que chegou a hora.

Thranduil se esforçara para conter a raiva, a frustração e a decepção: tomara o rosto da filha nas mãos e praticamente implorara:

— Tauriel, recupere o bom senso. Volte para a Floresta, venha para casa, que é seu lugar. Tudo será perdoado, tudo será esquecido. Só precisa deixar seu orgulho descabido de lado, e voltar para casa comigo. Eu a perdoarei.

— Mas eu não me perdoarei, pai. Se fizer o que me pede, estarei sendo desleal não apenas para com o amor que, você pode acreditar, é bastante real, mas para com os valores em que sempre acreditei e que guiaram minha honra. Não se trata somente de Kili. Trata-se de fazer o que é certo. E esconder-me na Floresta, enquanto o mundo rui à minha volta... Isto não é o certo. Não para mim.

Thranduil endurecera o semblante, contendo a tristeza e a dor inominável que invadiam seu coração ao ver que sua filha estava, de fato, perdida. Escondendo-se atrás da máscara do rei frio e inflexível, disse então:

— Muito bem. A escolha foi sua. Já não é capitã do Reino da Floresta, nem tampouco sua princesa. – ele se virou de costas para Tauriel, para que ela não visse a lágrima que tentava escapar de seus olhos – Está livre de todos os seus votos e juramentos. Que a sorte lhe seja favorável. Rezo aos Valar para que eu esteja errado, e que você seja, de fato, feliz com a escolha que faz.

— Agradeço, Aran nín – respondeu a moça, não menos ferida com as palavras do pai, que a deserdava em alto e bom som e praticamente a bania de seu país e família – Agora me retiro. Que os dias lhe sejam leves.

“Dificilmente, depois que você partir, minha amada filha”— pensou o soberano, mas apenas quando ela já tinha alcançado a porta da sala em que se encontravam foi que, enfim, declarou:

— Se algum dia retomar a razão, e se lembrar quem é seu povo e sua família, as portas da Floresta estarão abertas a você. Que a graça dos Valar a proteja, Tauriel.

— Ao senhor também, meu pai. – devolveu a jovem, saindo com lágrimas contidas na garganta, sem se virar para ver a lágrima que escorreu, solitária e silenciosa, pelo rosto do rei.

Fim do flashback

Agora, tendo tomado o caminho sem retorno, a dama estava ao lado de seu amado, que tentava consolá-la, vendo a tristeza em seus olhos. Ele podia imaginar o quão difícil seria, para ela, deixar toda a vida que conhecera, toda a sua família, reino, amigos... Tudo o que tivera. Para ele próprio – um viajante, praticamente um nômade – já não seria fácil... Para Tauriel, devia consistir num grande tormento.

— Eu estou com você, Tauriel – sussurrou ele, segurando a mão da mulher e beijando-a – sei o sacrifício que está fazendo, e quero que saiba que não está sozinha. Nunca estará sozinha.

— Eu sei – respondeu ela, curvando-se e beijando suavemente os lábios do anão. – Nunca mais estaremos sozinhos.

Os beijos que trocavam começaram a se intensificar; toques de mãos se seguiram, mais ousados, mais intensos, enquanto os beijos se tornavam mais fogosos. Estavam sozinhos, agora... Apenas eles dois, num vasto mundo, e essa ideia, contudo, não os desesperava. Tinham um ao outro, e isso haveria de bastar.

Os beijos se interromperam brevemente quando as mãos de Kili começaram a abrir as vestes de Tauriel, expondo seu colo; a moça ruborizou e hesitou por alguns instantes, baixando os olhos quando ele abriu sua camisa completamente, deixando-a apenas de sutiã. O anão deu um breve sorriso, compreensivo, e perguntou:

— Nunca esteve com um homem, antes?

— Não – sussurrou ela, de repente abandonada de toda a postura feroz, mostrando-se como era: uma jovem recém-saída da adolescência, inocente quanto aos assuntos do amor e do prazer. Kili sorriu e, fitando sua amada nos olhos, soltou lentamente os cabelos dela, acariciando-a, beijando seus lábios, descendo lentamente pelo pescoço, deleitando-se ao senti-la estremecer em seus braços. Com cuidado, tanto devido à perna, quanto para não estragar o momento, ele a deitou devagar na cama, colocando seu corpo sobre o dela. A elfa começou a perder a timidez, puxando a camisa do anão e tirando-a pela cabeça dele; arfante, curiosa e admirada com o corpo de seu amado, acariciou demoradamente os pelos negros do peito forte, antes que ele colasse seus corpos para beijá-la outra vez. Sem parar de beijá-la, ele tateou o criado-mudo, sobre o qual pegou uma faca. Olhando para a elfa, pediu:

— Seja minha esposa, Tauriel. Una-se a mim em sangue e alma. – ele cortou a própria palma, e ofereceu a faca, sem esperar que ela aceitasse. A guerreira, porém, pegou o objeto e cortou a própria mão, unindo seu sangue ao de Kili e lançando longe o objeto cortante, enquanto suas bocas mais uma vez se encontravam, e seus corpos se aventuravam nas trilhas dos desejos mais incandescentes.

*

Kili estava bem melhor: é claro que sentia fortes dores na perna, a qual estava rija e dificilmente recuperaria o movimento, mas já conseguia andar sem as muletas, e havia se preparado para partir com Tauriel.

— Tem certeza de que quer fazer isso, irmão? – perguntou Fili, enquanto o outro se preparava para a viagem – sabe que nosso povo nunca vai aceita-la, e o povo dela não aceitará você!

— Não posso mais ficar longe de Tauriel, Fili. – disse o mais moço.

— Por quê? Desde quando um anão se apaixona de tal modo por uma elfa?

— Eu não sei explicar: não sei como, nem por que, mas eu a amo desesperadamente. – ele mirou a porta, para garantir que ninguém vinha pelo corredor, e revelou, sério – eu a tomei como esposa, esta noite. Unimos nossos sangues e nossos corpos, e ninguém mais pode reverter o que foi feito. Eu fiz um juramento, assim como ela. Estamos ligados para sempre.

Fili arregalou os olhos ante a confissão do irmão: uma coisa era saber que ela se apaixonara pela elfa, mas aquilo?!

— Ficou louco, Kili? – ele segurou o caçula pelos ombros – Ela será banida! Você será banido. Eu poderia aceita-lo nas Colinas de Ferro, mas ela seria alvo de todo tipo de crueldade, malícia e chacota... Seria acusada e culpada por tudo o que acontecesse de errado! Onde irão viver? E com uma perna aleijada, como irá protegê-la? Ou acha que ela poderá manter ambos a salvo, num mundo onde a escuridão cresce a cada dia?

— Sei exatamente o que estou fazendo – rosnou Kili, livrando-se das mãos do irmão – Mesmo com uma perna aleijada, ainda sou um guerreiro, e Tauriel é tão frágil quanto Smaug. Nós daremos um jeito.

— Ela tem uma missão em Gondor...

— Irei acompanha-la. Depois disso, ficaremos em Gondor, Rohan, ou talvez sigamos para Rivendell. Amandil me disse que Lorde Elrond nos daria sua proteção, se pedíssemos. Encontrarei trabalho como ferreiro, aonde quer que vá, e Tauriel é excelente guerreira.

— Está disposto a abrir mão de tudo? Sua família, sua herança, seu clã?!

—Você não entende, Fili... Eu já abri mão. Pensei nisso tudo antes de toma-la como esposa, e a resposta foi sim: ela vale à pena.

— E nossa mãe?

— Quando a vir, dê isto a ela – Kili entregou um medalhão a Fili, com escritas rúnicas, similar à runa que ela lhe dera – Diga a ela que sempre terá meu amor, e que eu estarei bem, onde quer que esteja. Que sempre pensarei nela, e que, um dia, cumprirei minha promessa de retornar. Mas agora, eu preciso partir. – ele se aproximou do irmão e o abraçou com força – sempre será meu irmão.

— Sempre será meu pequeno Kili. – disse o mais velho – Não importa o que você escolha, nem onde esteja. Chame por mim, e eu irei.

O guerreiro moreno sorriu e deu um último abraço naquele que fora seu amigo e companheiro inseparável desde a mais remota infância, antes de lançar às costas a mochila com seus pertences e desaparecer pelo escuro túnel que conduzia em segredo para fora da montanha.

*

Amandil se aninhou nos braços de Legolas: uma última noite de amor, uma última despedida antes que cada um tomasse seu rumo, pelo menos por hora. A princesa de Lothlorien tinha de retornar a seu reino, e o jovem príncipe da Floresta Sombria lideraria seus caçadores numa perseguição a Gollum. Quanto tempo ficariam separados? Só o destino poderia dizer.

Foi com pesar que viram o Sol nascer por trás das montanhas, entrando pela estreita janela no quarto da dama. Nunca um amanhecer fora tão indesejado, pois significava que o momento de partir, enfim, chegara. Após beijos, carícias e juras eternas de amor, o jovem casal tinha de, enfim, partir.

— Está amanhecendo... – murmurou Amandil, sentindo Legolas abraça-la pelas costas, as mãos acariciando seu ventre e rosto.

— Sim, meu amor. – ele a virou para si, e seus olhos carregavam enorme tristeza, mas também esperança – sabe que não é um adeus, mas apenas um até logo.

— Queria saber o quão logo será. – ela o abraçou, receosa do que o futuro reservava para ambos. Para ela, decerto, não seria nada agradável, e sofria duplamente por saber que não contaria com a força e o amor de seu noivo para lhe dar apoio, nas provações diante de si – sentirei sua falta.

— Não mais do que eu. Mas temos ambos missões a cumprir. – ele a beijou profundamente, antes de comentar – você está brilhando, de novo.

— Sim, eu não sei o que há... Antes, só acontecia quando eu fazia algum encanto... Mas está se tornando constante! – concordou ela, com certo desconforto. O que estava acontecendo consigo? O que era aquela força que se revirava em seu âmago, como a lava dentro de um vulcão? Seria a força da qual Gandalf lhe dissera? Mas que força era esta, e o que significava tudo aquilo?

A elfa foi a primeira a se erguer, esquivando-se delicadamente aos braços de seu amor; não podia contar a ele sobre as coisas que fizera, nem tampouco sobre as punições que acarretariam. Foi com semblante impassível que ela se vestiu, no que ele a imitou. Foi só quando já estavam vestidos e prontos que, enfim, voltaram a se falar:

— Já devem nos esperar na celebração de despedida – comentou o príncipe, o que fez a dama franzir o cenho, irritada:

— Odeio essas formalidades. - ela preferia muito mais gastar aqueles últimos minutos fazendo amor com Legolas, do que em uma celebração formal.

— Que bom que estaremos juntos, então. Podemos distrair um ao outro.

Ela sorriu e aceitou o braço que ele lhe oferecia. Pelo menos o teria junto a si, por mais umas frações de hora, antes de partir.

*

Tauriel e Kili já iam longe de Dale, cada um em um cavalo, quando um terceiro corcel – um garanhão cinzento – se delineou contra o horizonte. Não tardou para alcança-los, e ambos sabiam quem era o cavaleiro de capuz negro: Amandil.

A elfa morena revelou o rosto, e perguntou:

— Acharam que iam embora sem se despedir?

— Não fazia sentido participarmos destas formalidades. Não fazemos mais parte de povo algum, e temos uma missão a cumprir.

— Sei bem disso... – A mais moça suspirou, antes de erguer os olhos e perguntar – o que farão, depois de Gondor?

— Ainda não sabemos. – respondeu Kili – provavelmente iremos para junto dos humanos. Elfos ou anões não nos aceitarão.

A princesa ficou pensativa durante algum tempo, antes de retirar um pergaminho enrolado de dentro das vestes e estendê-lo a Tauriel:

— Existe um lugar onde todos com boas intenções são bem-vindos. Vão para Rivendell, e peçam a proteção do senhor Elrond. Ele os acolherá, sem hesitar. Lá, você, Kili, poderá ser útil como ferreiro, e você, Tauriel, poderá vigiar as terras do norte, e ser útil como desejava. Lorde Elrond é um bom rei, e tem apreço por você, irmã. Terá, também, por seu marido.

O casal se entreolhou, surpreso: como Amandil sabia de seu casamento clandestino?! Certamente com seus incompreensíveis dons de magia...

— Só peço para entregarem isto a ele, e dizerem que não pude lhe dizer tais palavras pessoalmente, mas pretendo revê-lo tão logo seja possível.

Elfa e anão anuíram, e Tauriel desceu do cavalo, trocando um abraço apertado com Amandil:

— Sentirei sua falta.

— Eu também, irmã. – ela beijou a fronte da outra, numa bênção – seja forte. Seja feliz. – e para o anão – sejam ambos felizes.

— O mesmo desejamos a você, minha amiga. – respondeu o guerreiro, beijando a mão da princesa, sem poder descer do cavalo com facilidade.- Que possamos nos ver em breve.

A Filha das Estrelas sorriu e anuiu, subindo no cavalo. Com um aceno, despediu-se uma última vez, antes de dirigir Nevoeiro rumo à comitiva que acompanhava seus pais, Galadriel e Celebörn, de volta a Lothlorien. Teria muito a explicar...


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Notas finais do capítulo

E então? mereço reviews?
beijos, minhas flores