Amandil - Sombras da Guerra escrita por Elvish Song


Capítulo 21
Palavras


Notas iniciais do capítulo

Meus amores, eu sei que estou demorando para postar! Perdoem-me por isso, mas tive um bloqueio. Bom, trago um capítulo curtinho, só para não deixar mais tempo sem atualizar. Espero que gostem, e prometo que, assim que chegarem as férias, volto a atualizar com frequência decente, ok?



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– Amandil! – Legolas alcançou sua noiva, que derrubara uma besta de guerra contra uma torre, esmagando dezenas de inimigos. A jovem escapava dos escombros, coberta de pó, e o príncipe a abraçou – você está bem?

– estou ótima! – respondeu a guerreira, limpando com as costas das mãos um filete de sangue que lhe escorria da sobrancelha, antes de puxar o príncipe contra si e usar a própria espada para golpear um orc atrás dele – onde está Tauriel?

– Acabei de vê-la se despedir do seu amante anão, perto dos muros; estava seguindo para...

– Estou bem aqui, irmão! – a voz da capitã interrompeu o príncipe, enquanto ela saltava de sobre a muralha rachada para se juntar aos outros dois elfos; parecia a mesma Tauriel de sempre, mas havia em seu olhar uma enorme angústia. – Esses pescadores não vão conseguir manter resistência por muito mais tempo! A cidade está tomada! Nosso rei tem de mover a infantaria para o vão principal de Dale, ou vão todos morrer nesta ratoeira!

– Temos problemas maiores – declarou Amandil, tão agoniada quanto a capitã, enquanto derrubava inimigo atrás de inimigo – nenhum destes orcs é de Gundabad!

– O quê?! – Legolas e Tauriel perguntaram em uníssono, sabendo o que aquilo significava; se não haviam se defrontado contra os orcs de Gundabad, era porque estes não estavam na batalha. A armada colossal contra a qual se batiam era apenas UMA das DUAS forças inimigas!

– Quando os reforços chegarem, estaremos aniquilados, a menos que escolhamos a posição de combate! Dale não é ponto para oferecer resistência! – insistiu a princesa – Onde, raios, está Thranduil?!

– Na praça do mercado, a sudeste! – respondeu Tauriel – temos de convencê-lo a levar nossas forças para os desfiladeiros a norte, onde poderemos conter o avanço das tropas adversárias.

Ouvindo as palavras de Tauriel, Amandil disparou pelas ruelas destruídas de Dale, matando o que se pusesse em seu caminho; com agilidade impensável, atirava-se por sob adversários muito altos, decepando-lhes as pernas, girava para um lado e para outro, evitando lâminas inimigas enquanto retribuía o golpe, cortando cabeças e braços com golpes rápidos e limpos. Legolas e Tauriel tentaram segui-la, mas foram obrigados a tomar outro caminho por um numeroso grupo de orcs mercenários que ocupou uma viela. Mesmo vendo-se separada do noivo e da amiga, a princesa de Lothlorien prosseguiu. Precisava encontrar Thranduil!

Alcançar a praça do mercado pareceu levar uma eternidade: nunca havia visto tantos orcs assim, e isso porque já estivera dentro de uma cidade de orcs! Não ser morta exigia cada gota de força e habilidade que a moça possuía, forçando-a ao seu limite enquanto quase voava por entre as hostes do Inimigo. Foi só ao chegar a praça, esta controlada pela armada élfica, que sua espada pôde ser baixada por alguns instantes; ali, no meio do mercado, exibindo toda a sua letal habilidade como espadachim, estava o rei da Floresta Sombria. Sem hesitar, a princesa seguiu até ele, matando alguns orcs pelo caminho:

– Thranduil! – chamou ela, conseguindo a atenção do monarca – Meu rei!

– Amandil! – havia um misto de zanga e alívio no rosto dele – Pensei que a houvéssemos perdido!

– meu rei, não há tempo! Um segundo exército se aproxima pelo norte! Precisamos deslocar nossas forças para os desfiladeiros, onde podemos oferecer resistência! Se continuarmos em Dale, seremos massacrados! Todos serão massacrados!

Pela primeira vez em muito tempo, o medo se espalhou nos olhos de Thranduil: medo não por si, mas por seu povo. Tanto sangue élfico já fora derramado, ali! Cada um de seus soldados, homens e mulheres que haviam jurado segui-lo mesmo até a morte, encontrava-se em risco, naquele momento! Cada um dos presentes estava fadado a perecer, se não encontrassem um modo de deter a onda de inimigos!

– Meu rei? – perguntou a jovem, percebendo o conflito na alma de seu sogro.

– Traga todos de volta – ordenou o soberano, enfim, ao porta-estandarte – reúna nosso exército. – Amandil pensou que ele ordenaria o bloqueio dos desfiladeiros, mas sentiu o chão lhe fugir ao ouvir as palavras seguintes – vamos recuar. Que os anões lidem com sua terra amaldiçoada. Não vou derramar mais sangue élfico em defesa deste lugar.

– Não pode fazer isso! – exclamou Amandil, atônita; NUNCA vira seu rei recuar, por pior que fosse a situação! – Vai abandoná-los para serem massacrados?

– Se é o preço para salvar nosso povo, sim, eu vou. – respondeu ele, frio e seco – e você deveria compreender isso, Amandil, uma vez que será a rainha, um dia.

Dando ordem de retirada, o soberano tomou ele próprio o caminho que conduzia para fora da cidade infestada por orcs; nunca teria esperado, contudo, que seu caminho fosse barrado por Tauriel. A moça se postava bem no meio da rua estreita, com expressão de quem não cederia um único centímetro. Furioso com a filha, Thranduil declarou:

– Se tem alguma esperança de não ser castigada, Tauriel, saia agora do caminho.

– Você não vai dar as costas a eles outra vez, Ada! – não era a primeira vez que a capitã enfrentava seu rei, mas ela jamais havia estado tão decidida, nem usara de tanta autoridade na própria voz – Se partir agora, os humanos e anões morrerão!

– Sim, eles morrerão – respondeu Thranduil, com voz sombria e ameaçadora – Hoje, amanhã, daqui a um ano, daqui a cem anos! Que diferença faz? Eles são mortais. Nada além de um breve suspiro sobre a terra, antes que sejam apagados como a chama de uma vela.

Mal reconhecendo o homem a quem por toda uma vida chamara de pai, amando-o e admirando-o, Tauriel não sentia nada além da mais profunda decepção – talvez acompanhada de um pouco de mágoa e raiva – quando, determinada, apontou o arco para o rei:

– Você acha que sua vida vale mais do que a deles, quando não existe amor nela? Você se esqueceu do que é o amor, Ada!

– Tauriel! – exclamou Amandil, tentando evitar que a situação piorasse – Pelos Valar, irmã, abaixe o arco!

Thranduil, porém, sentia que a filha havia ultrapassado todos os limites; uma raiva que ele não conhecia nublava sua mente quando, com um golpe certeiro, partiu em dois o arco da capitã da guarda. Ele fora afrontado e ameaçado pela própria filha, diante de metade da nobreza guerreira de seu reino! Como ela ousava desafiá-lo daquele modo, depois de tudo o que fizera por ela?! Como ela se atrevia a ameaça-lo? Perigoso, ele encostou a própria lâmina à garganta da filha adotiva:

– O que você sabe sobre amor? Nada! O que pensa sentir por aquele anão não é real! – desesperada, vendo seu rei totalmente transfigurado, Amandil interveio:

– Thranduil, pare! Ela é sua filha! Você não quer machuca-la!

– Cale-se, Amandil! Eu já me cansei de você me desafiar o tempo todo! – nunca a voz do rei soara tão ríspida com a princesa de Lothlorien. Compreendendo que também seu amado rei sofria com o Mal do Ouro, a guerreira via-se de mãos atadas enquanto o monarca voltava a falar com a filha – Você acha que é amor? Mataria seu povo por ele? – e mais perigoso ainda – você morreria por ele?

Contudo, uma segunda espada pousou sobre a de Thranduil, forçando-o a baixa-la: Legolas encarava o pai com um olhar de decepção e mágoa ao dizer:

– Terá de me matar, para fazer mal a ela. – e guardando a espada – leve nosso exército, se quiser, pai. Eu ficarei e lutarei, como é esperado de um príncipe. – então voltou-se para uma agradecida Amandil, e para Tauriel, e gesticulou com a cabeça em direção ao norte – vamos.

Sem olhar uma segunda vez para o rei, que parecia atordoado e confuso, o trio desapareceu pelas ruelas da cidade, seguindo para o norte. Tinham de avisar Thorin e os demais, antes que o segundo exército chegasse! E, se fosse possível, bloqueariam os desfiladeiros por algum tempo, com desmoronamentos e avalanches provocadas, para que humanos e anões pudessem se reorganizar. Mas a ideia parecia muito longe de obter sucesso: o único modo de vencer a batalha, realmente, seria matando Azog e Bolg. E essa era, em última instância, a missão que iriam cumprir.

Enquanto avançavam pelo caminho já coberto de neve, Amandil olhou discretamente para a própria mão, onde brilhava uma grande gema branca: Thranduil não percebera quando ela surrupiara a jóia, mas, longe do efeito pernicioso da pedra Arken, o rei élfico deveria voltar a ser ele mesmo. Ela esperava.

Guardando a gema dentro de suas vestes, a elfa alcançou seu noivo e a capitã: mais uma vez, o trio se arriscava para fazer o que achava certo. Era como se o tempo nunca tivesse passado, e ainda fossem jovens adolescentes tentando lutar contra a sombra, quando ainda sequer compreendiam sua natureza.


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Notas finais do capítulo

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Beijos!



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