Amandil - Sombras da Guerra escrita por Elvish Song


Capítulo 19
Paz ou Guerra?


Notas iniciais do capítulo

Imagino que vocês estejam muito fulos com Thorin, após o último capítulo! Então aproveitem, porque agora ar armadas vão se encontrar. O que pode acontecer? o que vai acontecer? Leiam e descubram!



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– Amandil fez O QUÊ?! – a voz de Thranduil soava com uma raiva que nunca manifestara antes: seus filhos haviam seguido a filha de Galadriel sem sua permissão, caçado um grupo de orcs, Tauriel retornara SEM SEU COLAR, e Amandil não estava com a dupla! Então chegava-lhe a notícia de que a nora estava em Erebor! Seu dia não poderia ficar pior!

– Ela está prisioneira em Erebor, Aran nin (meu rei) – repetiu Legolas – mas, pela mensagem que nos enviou, está sendo bem tratada. – ele pediu mentalmente aos Valar para que sua amada continuasse a ser bem tratada. Vira os olhares de Thorin para ela, na floresta, e temia o que podia acontecer. Não poder fazer nada irritava e angustiava o príncipe.

– Mas essa mulher não tem nenhum bom-senso?! Como foi cair prisioneira dos anões? Por que se deixou capturar?!

– Isso, terá de perguntar a ela, meu pai. – Legolas estava tão frio quanto Thranduil costumava se mostrar, embora seu interior borbulhasse de emoções. Principalmente raiva do maldito Escudo-de-Carvalho!

O rei bateu com os punhos na mesa de madeira, fazendo-a tremer; os poucos membros do Conselho de Guerra ali presentes estavam estupefatos: raramente haviam presenciado a raiva do rei, e este parecia tomado pela fúria, naquele momento. Virando-se para os comandantes ali presentes, ele ordenou:

– Deixem-me a sós com meus filhos. – uma vez sozinho com Legolas e Tauriel, voltou-se para eles – Deviam ter seguido com ela!

– Meu senhor, foi a própria Amandil que insistiu em ir sozinha. Legolas e eu fomos atrás dos orcs de Gundabad.

– E foi um orc que lhe tirou seu colar, Tauriel? – Thranduil disse aquilo de modo perigoso. Encarando os olhos da filha, soube exatamente o que acontecera; sua mão foi mais rápida que sua mente, ao acertar o rosto da capitã. Ele se arrependeu de imediato do que fizera, mas procurou não demonstrar, enquanto ela se mantinha firme e fria, retendo as lágrimas: Thranduil NUNCA batera nela! – Você me envergonha com seu comportamento, Tauriel. Nunca pensei que traria tamanha desonra a seu povo!

A jovem não respondeu, sentindo as palavras do pai como uma faca a resgar seu coração; mantendo-se firme e suportando o olhar do rei sem baixar a cabeça, deixou que Legolas falasse:

– Nada disso importa, agora, meu pai. Orcs marcham sobre a Montanha Solitária; logo avançarão contra os humanos, e então, contra nós. Não se tratam apenas das forças de Dol Guldur, como pensávamos, mas também de Gundabad – ele viu como o nome do lugar afetou seu pai, até mais do que afetara a ele próprio – os exércitos de cada raça, sozinhos, não têm como resistir, mas se nos aliarmos aos humanos e... Anões...

– Você sugere que eu me alie às mesmas pessoas que mantêm SUA noiva prisioneira, Legolas Greenleaf?! – o rei falou aquilo com lâminas de gelo saindo de sua voz.

– Sim, meu rei. Porque, se os anões forem derrotados, e Erebor for tomada, Amandil estará entre os mortos.

Thranduil já pensara nisso, e sabia exatamente o que fazer: não ajudaria os anões, mas iria buscar a filha de Galadriel. É claro, isso implicaria em matar a comitiva de Thorin, o que lhe trazia grande satisfação. Especialmente quando visse tombar aquele maldito anão mais jovem, o arqueiro de cabelos negros, por quem sua filha pensava estar apaixonada. Faria isso antes da primeira nevasca, e então deixaria que Dain Pé-de-Ferro se entendesse com os orcs. Quanto aos humanos... Mesmo sendo mortais, havia um longo histórico de amizade entre o reino da floresta e Esgaroth... Ofereceria ajuda aos refugiados, e abrigo até que os orcs fossem derrotas. Depois, eles poderiam usar o tesouro para reconstruir sua Dale. Ao rei, interessavam apenas dois tesouros: Amandil e, se possível, as gemas de Doriath... E ambos seriam recuperados com a morte de Thorin e seus amigos.

Voltando-se para os filhos com frieza, ele se manifestou, mais uma vez completamente controlado:

– O exército está pronto. Alertem os capitães de que marcharemos ainda hoje para o leste. Mandem enviar suprimentos a mais, para os refugiados em Dale, e estejam prontos antes do meio-dia. – antes que os filhos saíssem, deu-lhes uma última reprimenda – não me decepcionem outra vez.

Os jovens saíram, e logo em seguida Amálië entrou na Sala do Conselho, avisando:

– Está tudo preparado, meu rei.

– Pelo menos alguém que não me desaponta, neste dia. – devolveu o soberano, o que, em seu mau-humor daquela manhã, era o melhor elogio que podia fazer – esteja pronta para partir quando o sol estiver à pino, Guardiã.

– Sim, meu rei. – ela viu o quão perturbado o soberano ficara com a notícia da captura de Amandil, e aquilo a corroía como ácido em seu peito; sem suportar mais tal angústia, perguntou, sem poder se conter – o senhor a ama?

Thranduil teria simplesmente dispensado a guardiã, ante tão descabida pergunta, se ele mesmo não houvesse feito tal pergunta a si mesmo. Amava Amandil como aos próprios filhos, mas só com ela conseguia se abrir, sentir-se relaxado... Só com ela tinha confiança para ser ele mesmo, sem se ocultar atrás da máscara real. Até porque, Amandil tinha o dom de arrancar suas máscaras e fingimentos com uma simples palavra, e ele não compreendia por que.

– Amo. – respondeu, afinal – Como se fosse minha própria filha. – e então dispensou a capitã, que deixou a sala com lágrimas de ódio aflorando nos olhos. Como uma filha? Então por que tanto tempo para responder? Ah, aquela maldita feiticeira, que enredava a todos com seus encantos! Os homens se derretiam por ela, e as mulheres a veneravam! Mas não ela. Não Amálië, que nutria pela ex-aluna o mais puro ódio. Amandil haveria de experimentar na pele o ódio da Guardiã das Fronteiras, sem dúvida alguma! Nas profundezas da mente da guerreira, aquela mesma voz sombria continuava a sussurrar, aumentando gradativamente seus mais obscuros sentimentos.

*

– Amandil! – Kili entrou como um tufão na cela da moça, com uma chavinha nas mãos – venha, vou tirar você daqui. Ele abriu a corrente, o que fez a princesa se sentir muito aliviada, mas quando tentou puxá-la para fora, ela resistiu. – O que há? Não quer sair daqui?

– Não posso, Kili. – respondeu a elfa. – meu povo está vindo, e eu sou tudo o que está entre elfos e anões, para impedir que guerreiem entre si. Se eu partir, podem acontecer duas coisas: ou nossos povos se enfrentarão, ou Thranduil deixará seu povo para morrer nas mãos dos orcs. E não posso permitir qualquer uma dessas coisas.

– Amandil, você está louca? Thorin está totalmente obcecado, transtornado... Ele vai acabar por mata-la! – protestou o anão – Precisa sair daqui, enquanto é tempo.

Sorrindo para o moço, ela o abraçou com força, agradecida. Em seguida afastou-se dele – vendo o colar de Tauriel no peio do guerreiro, o que não a agradou muito – e falou:

– Sou-lhe grata por isso, mas, se quiser me ajudar, devolva minhas armas, dê-me roupas para combater, e uma armadura para o meu tamanho. Precisarei disso, quando os orcs chegarem.

Meneando a cabeça, confuso, o anão respondeu:

– Temos algumas armaduras élficas, aqui... Devem lhe servir bem. Mas por que arriscar sua vida deste jeito? Se fugisse, estaria a salvo com seu povo, e poderia fazer com que não tivessem de enfrentar os orcs!

– Não hoje, nem amanhã, nem em um ano... Mas acabaria acontecendo, e não teríamos ninguém para vir em nosso socorro – declarou a dama – além disso, eu não abandono os amigos à morte. – e piscou um olho para Kili, que se surpreendeu com a força da amiga. Como ela podia suportar aquelas provações (já soubera do que Thorin tentara fazer à garota) e, ainda assim, estar sorrindo e tão confiante? Vencido pelas palavras dela, concordou:

– Farei o que me pede. Até porque, não acho que vá conseguir demovê-la, não é?

– Não. Não vai. – ela beijou a testa do anão, e então segurou o colar que ele usava, a joia dada a ele por Tauriel – isto é um presente muito valioso, Kili. Cuide bem dela. – e com essas palavras, o anão soube que a princesa se referia não só à gema, mas também à mulher que lha dera.

– Por minha vida, eu o farei. – e assim dizendo, o guerreiro deixou a cela. Sozinha, a princesa se apoiou na parede e suspirou: agora, estava muito perto de acontecer. Muito em breve, acontecimentos terríveis teriam lugar. Rezava apenas para que seu plano funcionasse. Pelo menos um deles tinha de dar certo!

Enquanto isso, Bilbo fitava a pedra preciosa em sua mão... Estava chegando o momento de executar seu plano.

*

Thorin entrou na cela como um tornado – ele mal percebeu que Amandil estava vestida com armadura de couro e aço – e agarrou a mulher pelos cabelos trançados. Sem ligar para os gemidos de dor dela, arrastou-a porta afora e pelos corredores, até chegarem às ameias sobre a barricada de pedras, construída pelos anões no lugar do portão destruído por Smaug.

– Olhe, elfa! – rosnou ele para a moça, torcendo a trança longa em sua mão e empurrando a dama contra a pedra – seu povo veio atrás de nós. Andou usando sua bruxaria para chama-los aqui, foi isso?

– Você é um tolo, se pensou que meu povo permitiria meu aprisionamento sem consequência alguma, Thorin. – respondeu ela, sentindo a pedra fria pressionar seu estômago. La embaixo, diante da Montanha, humanos e elfos se haviam aliado para atacar os anões; Thranduil vinha à frente de sua armada, montado em seu cervo branco, enquanto Legolas e Tauriel o ladeavam, montados em cavalos da mesma cor; ao ver sua amada, o príncipe a chamou:

– Amandil!

– Legolas! – ela não pôde conter a exclamação de alegria por vê-lo. Não havia conseguido vê-lo em suas Visões, e temera que o jovem estivesse morto. Mas estava mais preocupada com a expressão de ameaça no rosto de seu sogro - Thranduil, não dispare! Não comece esta guerra! - Aquilo apenas fez Thorin segurá-la pela garganta, e gritar para Thranduil:

– Se tentar nos atacar, a dama morre. Eu só preciso apertar sua linda garganta!

– Não viemos em guerra – disse o líder dos humanos, um homem alto, de cabelos negros e barba curta, que admirou Amandil com seu porte e com a autoridade em sua voz – mas propor uma troca.

– Que troca poderiam querer? Vocês não têm nada que me sirva!

Em resposta, Bard tirou de dentro do colete uma enorme pedra brilhante, que portava em si todas as cores do arco-íris... A Pedra Arken! Aquilo empalideceu Thorin, mas foi Kili quem se manifestou:

– Ladrões! Esta joia pertence ao rei!

– Podem ficar com ela – tornou o humano – de boa vontade. É só libertar a dama, e nos dar o que foi prometido. Uma parte do tesouro, e as gemas brancas de Doriath.

– Isso é uma fraude! – gritou Thorin, afinal – A Pedra Arken está nestes salões!

– Não está – foi a voz de Bilbo que se manifestou, fazendo o rei anão afrouxar o aperto no pescoço da elfa e olhar para o halfling – Eu a dei para eles. É o meu 1/14 do tesouro.

Furioso, o rei anão tentou atacar o halfling, mas os demais o puseram detrás de si. Sem soltar a elfa, que ainda tinha fortemente segura pela garganta, bradou:

– Seu ladrão miserável! Rato traiçoeiro! – e para os demais – joguem-no da barricada! – quando ninguém se moveu, ele se voltou para Amandil – isso foi ideia sua, não foi, bruxa? Enfeitiçou meus homens, voltou meus amigos contra mim! Já estou farto de elfos, e de ratos do Condado! – ele ergueu a espada, pronto para golpear Amandil, que resolveu se manifestar, enfim, antes que a situação saísse ao seu controle:

– Desculpe, Thorin, mas minha paciência com você acabou. – em um golpe rápido demais para ver, ela agarrou o pulso da mão que lhe apertava a garganta e golpeou o cotovelo do mesmo braço, torcendo o punho do anão às costas deste. Bateu com o cotovelo na lateral da cabeça do rei, ouvindo o estalo que isso causou, e agarrou o pulso da mão que portava a espada; uma pressão forte no ponto certo, e a mão do guerreiro se abriu, dormente e inutilizada. Com Escudo-de-Carvalho atordoado, os outros anões lançaram uma corda pela beira da barricada, enquanto Kili jogava para a elfa um longo embrulho: as armas da moça, que as segurou com o braço esquerdo enquanto, com o direito, descia pela corda, logo atrás de Bilbo.

Os arcos que os elfos haviam empunhado foram guardados à ordem do rei, enquanto Legolas não esperou qualquer palavra ou sinal para cavalgar até a beira da barricada, indo ao encontro de sua noiva, seguido de perto por uma aflita Tauriel.

– Nunca mais me mate de susto dessa forma! – repreendeu ele, puxando sua amada para cima do cavalo, enquanto Tauriel punha Bilbo à sua frente.

– Eu só estava lá porque queria estar, meu amor. Achei que poderia impedir o confronto. – ela beijou o rosto do príncipe enquanto cavalgavam de volta para junto das tropas de Thranduil. Achou que sua libertação encerraria o conflito, mas estava enganada; a cobiça era o verdadeiro mal que assolava aquelas terras, afinal... Percebeu isso quando Bard se anunciou:

– E então, Rei Sob A Montanha? Vai honrar seu acordo, e ceder o que nos é cabido do tesouro? - é certo que haviam perdido tudo por causa dos anões, mas uma guerra por causa de ouro? Thranduil certamente os ajudara, uma vez que os humanos estavam bem vestidos, alimentados e armados. Será que a ganância dos seres não tinha fim?! - Você quer paz, ou guerra?

Neste instante um corvo pousou sobre as ameias... Um corvo que só podia significar uma coisa; Dain Pé-de-Ferro havia chegado. Agora, a elfa precisaria de toda a sua astúcia para impedir o confronto entre seus povos. Estavam num ponto a partir do qual não havia retorno, e de suas palavras dependeria a ocorrência – ou não – de uma carnificina. Chegara, enfim, o momento inevitável.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Thorin pirou de vez, mas parece que a ganância não afeta só os anões. E Tauriel e Kili, separados um do outro, em exércitos opostos! Como resolverão isso?
Já Amandil... Mostrou que as coisas não estavam tão fora de seu controle quanto pareciam, não é? A espertinha se fez de vítima até acreditarem que ela era, apenas para se livrar mais facilmente, quando desejasse!
E Thranduil... #lovekingthranduil.
Alguém aí achando que Amálië vai aprontar nesta guerra? Podem apostar que sim.
então é isso...
kisses, minhas flores!



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