Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 128
Capítulo 128. A merda sempre nos alcança


Notas iniciais do capítulo

Não sei se a legenda vai ajudar, acho que dá para entender sem, mas lá vai:

Tony: sublinhado
Albus e Lily: negrito
Rebeca e Scorp: sublinhado e itálico
Aidan: negrito e itálico
Enrique: negrito e sublinhado
Cesc, Louise e Fred: negrito, itálico e sublinhado
John: referência



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Capítulo 128. A merda sempre nos alcança

Vejam a que ponto eu cheguei, estava com minha melhor cara de jogo, cenho franzido e mão no queixo, esperando Samuel Aizemberg raciocinar seu movimento em uma asquerosa partida de xadrez depois da hora do jantar e antes da reunião do Ocaso.

A fuinha fez menção de falar, depois fechou a boca, quase articulou uma ordem de novo, depois fechou outra vez. Quando eu estava prestes a dar um soco nele, ele fez o movimento.

— Peão na F5. - Uma das peças brancas dele se colocou na linha da minha linda e poderosa rainha negra, então eu dei a ordem para ela comer a peça dele e ele simplesmente foi lá e mandou outro peão esfaquear a minha preciosa pelas costas! Chiei irritado.

— Isso não vale, seu trapaceiro!

— Como não vale? Você colocou sua rainha na minha zona de ataque, caiu direitinho na armadilha. - Aizemberg falou debochado e eu catei as peças quebradas do que antes era uma orgulhosa governante comandando o seu povo.

— Ela é a rainha! Um mero peão não tem o poder de assassina-la! Segundo a lógica, ela ia chamar a guarda real e esse filho da mãe seria atirado numa cela fedida pelo crime de traição! - Falei bravo e Aizemberg só levantou uma sobrancelha cética. — Você disse que o xadrez reproduzia o mundo aqui fora, isso está muito longe de ser realista!

— O xadrez representa a guerra, Fábregas! Na guerra a rainha pode fazer coisas que os outros não podem, ela vai para lugares que os outros não vão, mas se vossa majestade ficar do lado errado de uma espada, ela sangra e morre como qualquer outro.

Ele concluiu divertido e eu maneei a cabeça indignado.

— Isso é um absurdo! Esse traidor tem que ir para as masmorras! Cortem a cabeça! - Sei que estou desperdiçando minha referência da Rainha de Copas com uma fuinha como essa, mas a ordem funciona perfeitamente.

— Você pode tentar, o movimento é seu. - Ele disse debochado e eu analisei o meu jogo rapidamente.

As coisas não estavam boas para o respeitável e pudico reino de Cabaré.

— Preciso de um tempo para reorganizar o meu povo, estamos de luto. - Falei contrito e Samuel revirou os olhos. — O rei está inconsolável, a rainha era muito amada por todos, precisamos de tempo para pensar o nosso próximo passo.

— Ou o rei podia usar todo esse sentimento para vingar sua amada nesse exato minuto, que tal? - Aizemberg tentou, mas eu cruzei os braços com desprezo.

— Meu reino não é bagunça, os conselheiros não deixariam um rei enlutado arruinar as nossas chances de vencer a guerra! O golpe foi duro, mas temos que ser sensatos agora. - Disse isso arrumando as pecinhas da rainha na tentativa de lhe dar um fim digno, mas aparentemente terá que ser caixão fechado...

Pobre rainha.

— Fábregas, esquece essa palhaçada de luto, se concentra no jogo, por favor. - Samuel falou insensível e eu o olhei enojado. — Ok, tá... Digamos que a rainha era uma vadia e secretamente todo mundo a odiava, pronto, o luto passou, viva! Diga sua jogada.

— Ela não era uma vadia. - Falei sério, tirando o rei do tabuleiro para prestar sua última homenagem a sua adorada consorte brutalmente assassinada.

— Você não pode fazer isso...

Você não pode fazer isso, porque sua rainha é uma vadia odiada secretamente pelo povo. - Touché, colega! Adoro quando uso o veneno contra a própria cobra. Aizemberg respirou fundo diante dessa bela derrota.

O torturei por mais alguns segundos enquanto pensava em um jeito de acabar com aquele peão específico que tinha matado a minha adorada rainha de Cabaré. Pelos meus cálculos, teria que sacrificar pelo menos dois peões para conseguir minha vingança, mas fazer o que?

Aizemberg tem razão, meu rei está cego pela dor!

— Ok, já pensei, peão na... Espera, meu telefone está tocando, hum... É Enrique, vou atender. - Aceitei a vídeo chamada e Enrique apareceu na tela de óculos, caminhando pelo que eu sabia ser o jardim da casa dele. — E aí, criatura, o que manda? Porque está andando pelo jardim?

— Fábregas, o jogo. - Aizemberg apontou para o tabuleiro e eu fiz o sinal de um momento para ele.

Estou tomando conta de Mirela e sua fada de estimação, elas estão soltas aqui no jardim e você? Quem está aí com você?— Ele tentou olhar atrás de mim, como se o celular de alguma forma permitisse uma visão melhor do lado de cá se ele se esforçasse muito.

Alguém ainda não entendeu muito bem como as câmeras funcionam.

— Estou jogando com Aizemberg, dá um oi para Enrique, Aizemberg! - Virei a câmera para a fuinha, que estava com uma cara mais feia do que o normal. Ele devia cultivar o bom humor, porque o mau humor o deixa horroroso.

— Oi, Dussel.

Oi, Aizemberg, como vai sua avó? Recuperada do acidente?— Enrique perguntou todo simpático, então eu voltei a câmera para o meu rosto curioso.

— Desde quando você conhece a avó de Aizemberg? - Perguntei assustado, porque Enrique não é o tipo de cara que olha para o lado feio da força.

Ela é tia avó de, sei lá, quadragésimo grau de minha mãe, você sabe, todos os puros-sangues são aparentados de alguma forma.— Ele disse simplista e eu franzi o cenho para a declaração. — Os Dussel e os Aizemberg não são muito tradicionalistas, mas os Rowle e os Lestrange, família de nossas mães, são aparentadas com todo mundo do Sagrado 28: Abbot, Nott, Burke... Diga um sobrenome e provavelmente algum ancestral nosso já teve.

— Diga um sobrenome do Sagrado 28 e provavelmente um comensal da morte já teve. - Falei divertido e Enrique deu de ombros concordando, mas Aizemberg se ofendeu.

— Isso foi preconceituoso, Fábregas.

— Não vou me desculpar, porque é a verdade. - Falei sincero, do mesmo jeito que fui quando disse que os óculos azuis de John eram esquisitos, não deixaram de ser só porque ele usa por obrigação.

E tem mais, no caso de John foi doença, aqui foi por escrotidão real e oficial!

Nas vésperas do lançamento do livro de Rita Skeeter sobre o Sagrado 28 - falta uma semana para eu pôr minhas mãos nisso - ela escreveu um artigo na última edição do Profeta que mostrava que pelo menos um integrante de cada uma dessas famílias lutou no lado que era contra pessoas como eu na última guerra, então eu não vou me desculpar mesmo!

Foda-se o Sagrado 28!

O que você disse é verdade, mas não deixa de ser... Hum...— Enrique maneou a cabeça procurando uma palavra adequada. — Deselegante.

— E preconceito de sangue meio que é crime agora, então... - Aizemberg levantou as mãos como se dissesse “eu não fiz as regras, só as sigo”, olhei para ele com minha melhor cara de desprezo.

— Desculpe te informar, mas a lei não vale para purismo reverso, porque essa merda não existe! - Fui categórico e ele revirou os olhos. — Nem “Trouxismo”, ou seja lá o nome que vocês dão, porque dizer que seu ancestral sangue-puro fez merda não é preconceito, é um fato, muito diferente de você dizer na aula que todo trouxa é ignorante e selvagem!

— Opa, essas palavras nunca saíram da minha boca! Que dia foi isso? - Aizemberg se fez de sonso e eu pus os olhos em fendas.

— Sua memória é muito seletiva, não é? Você disse na aula de Debate, sua criatura infeliz! - Esbravejei e ele continuou fingindo que não lembrava, que filho de uma traga manca sem caráter! — Ok, para mim já deu, jogo encerrado.

Dei um peteleco no rei dele e ele me olhou bravo, antes de colocar sua peça de volta no lugar.

— Hey! Você não pode fazer isso!

— Já fiz. - Levantei com minha melhor cara de “boss” e dei as costas a Aizemberg.

— A gente continua a partida amanhã às 17 horas. - Ele falou divertido, enfeitiçando o tabuleiro para gravar as peças no lugar e Enrique riu da minha cara, claro, porque não era ele que tinha que lidar com essa criatura ridícula e peçonhenta todos os dias!

— Nos seus sonhos, seu fodido! - Falei com sentimento ao sair da sala de recreação do Dépayser, mas dei de cara com Roussos, a monitora do nosso dormitório.

E espiã dos Ferrz nas horas vagas, não vamos esquecer.

Ela respirou fundo antes de me passar a punição por essa leve infração, como se realmente sentisse muito por ter que fazer isso comigo. Sorriu simpática, puxando seu bloquinho de monitora da bolsa para fazer a “ata” do crime.

— Vai conferir e desentupir os ralos das pias e banheiras de todo o dormitório sem varinha, hoje à noite, Fábregas. - Ela disse simpática, me dando tapinhas de consolo no ombro. Fiz cara de nojo  — Não me deixa feliz fazer isso, mas você sabe que não pode xingar, mocinho, está no nosso estatuto.

Não disse nada para ela, apenas segui meu caminho com Enrique rindo feito uma hiena do outro lado da tela do celular.

Essa garota não perde por esperar.

— Não ria da minha desgraça, seu escroto! Que tipo de namorado é você? - Levantei o celular até minha cara furiosa e Enrique apontou fazendo graça.

— Escroto também é palavrão, você vai acabar tendo que limpar os vitrais do palácio com a língua!— Que palhaçada! Enrique é outro que não perde por esperar, estava prestes a manda-lo ir a merda, quando dei de cara com a outra monitora espiã do meu ódio.

— Beaumont. - Cumprimentei cortesmente com um aceno de cabeça, fingindo que nunca xinguei um nada em toda minha vida e ela já ia passando por mim, quando resolveu voltar.

Que inferno galopante!

— Ok, Fábregas, acho que... Precisamos esclarecer alguns pontos. - Ela falou séria e determinada e eu involuntariamente fiz uma cara de impaciência, porque eu não preciso de um sermão sobre minhas maneiras ruins. — Alguns pontos sobre aquela nossa conversa sobre Leiris, digo.

— Eu não acho que tenhamos algum ponto obscurecido. - Falei e ela me olhou em dúvida. — Ponto obscurecido para esclarecer, digo.

— Olha... A verdade é que sinto que você está pintando uma imagem equivocada de mim e... Eu e Sebastian costumávamos ser namorados, é isso. - Ela falou como se estivesse confessando um crime e eu continuei esperando para ver onde isso ia dar, tipo, quê? — E deixamos de ser depois que ele assumiu a capitania, por isso meu interesse no que ele estava fazendo no outro dia.

— Eu não consigo ver a ligação entre uma coisa e outra, mas ok, tudo bem, estamos devidamente iluminados agora, posso ir? - Perguntei falsamente simpático e ela fez que não com a cabeça.

— A ligação está no fato de que era para eu ser a capitã, mas Sebastian foi escolhido por ser um excelente atleta e ganhou isso como um prêmio de consolação por ter sacrificado seu ano no campeonato de Quadribol de vocês.  - Opa, essa parte é interessante. Beaumont deve ter visto alguma mudança de postura no meu rosto, porque ficou subitamente mais animada. — Eu fiquei conformada, mas era para ele me dar ao menos a vice-capitania, ao invés de dar a Gomes!

— Ok, volta a parte do prêmio... - Segurei no ombro dela, porque agora ela estava um pouco agitada. — Por que Leiris precisava de um prêmio de consolação?

Ela fez uma careta como se não entendesse o sentido da nossa conversa - havia algum? - mas se esforçou para me responder mesmo assim, aqui, bem no meio de um dos corredores de Beauxbatons.

Tudo muito secreto.

— Os jogadores de Quadribol se recusaram a jogar, então a escola pediu para escolhermos entre nós, esgrimistas, aqueles que poderiam substituí-los. - Anne Beaumont falou simplista, gesticulando de um jeitinho elegante. — A decisão foi do nosso capitão anterior, ele pegou os que tinham certa experiência de voo, sabe? O melhor que podíamos oferecer as pressas.

— Por que tinham que oferecer alguma coisa? Se os jogadores não queriam jogar, pronto, Beauxbatons ficava sem uma equipe no campeonato! - Conclui irritado, porque essa atitude deles enfraqueceu o movimento da equipe de Quadribol.

— Não tínhamos muita opção, a escola tem contratos e nós temos compromissos acertados, o nosso arranjo nem sequer foi o ideal para os patrocinadores. - Ela falou calmamente, daquele jeito que as vítimas fazem quando defendem os agressores. — O patrocinador queria uma equipe, a escola que veio com essa solução sem nem consultar eles.

Muito conveniente para uma espiã colocar uma auréola angelical sobre a cabeça da corporação FerrZ, não?

— Então eles não ameaçaram tirar os privilégios e mimos que vocês têm, caso vocês não jogassem? - Perguntei irônico, porque foi isso que Sebastian Leiris deu a entender

— Sebastian te disse isso? Ele é um... Um... Argh! Que garoto impossível! - Ela falou irritada, ficando com as bochechas vermelhas. — Os FerrZ são a principal fonte de renda de Beauxbatons, temos outros colaboradores, mas descumprir um compromisso com eles teria sido ruim para a escola toda, não só para a gente, foi isso que a equipe de Quadribol não entendeu!

— Talvez eles tenham entendido e pela primeira eles viram uma oportunidade de serem ouvidos, porque estavam mexendo onde dói mais, mas os esgrimistas foram lá e estragaram tudo. - Meu Deus, o quadro é pior do que eu imaginava! Beaumont passou a mão na testa, como se estivesse com dor de cabeça com a minha conclusão.

— Você entendeu tudo errado, Fábregas, deixa eu...

— Eu acho que entendi tudo certo: a vilã é a escola, que podia ter distribuído melhor o patrocínio para as duas equipes e quando o Quadribol teve a possibilidade de reivindicar direitos iguais, ao invés de vocês ajuda-los, vocês foram lá e ajudaram o sistema a deixar as coisas do mesmo jeito!

— Não! Pelo contrário, os jogadores perderam a oportunidade de mostrar que em Beauxbatons tem Quadribol! Se eles tivessem ido lá jogado o que sabem, justificaria um futuro gasto com eles, porque é a velha história do ovo e do basilísco: nós não ganhamos patrocínio e depois os campeonatos, primeiro a nossa equipe trouxe os troféus para casa, mostrou resultados e só depois os patrocinadores se interessaram.

A garota tem razão, Cesc, por mais que eu odeie te contrariar.— Enrique falou do celular e eu já tinha esquecido que ele estava aí ouvindo tudo.

— Se não fosse a FerrZ, seria qualquer outro. Digamos que você patrocine uma escola, ela tem duas equipes, uma dá retorno, a outra não. Você vai lá e acha uma forma dessa parte finalmente dar retorno, mas ela vai lá e estraga tudo! - Beaumont falou exasperada, daquele jeitinho de ninfa dela. — Se nós não tivéssemos ido, os FerrZ provavelmente teriam mantido o patrocínio para gente, mas eles teriam acabado com a equipe de Quadribol!

Oucht, isso faz sentido.— Enrique falou com uma careta e eu o ignorei de novo.

— Nada impede eles de acabarem com isso agora, porque eles sabem que o time não correspondeu as expectativas e pelo que eu entendi, ainda prejudicou o desempenho da galinha dos ovos de ouro. - Falei meio alarmado, porque seria péssimo se o Quadribol acabasse em Beauxbatons!

— Não nos prejudicou tanto assim, quero dizer, modéstia a parte, mesmo sem Sebastian, que é nosso melhor esgrimista, tivemos um bom desempenho. Eu tive um bom desempenho e isso por si só já me garantiria a capitania. - Ela falou meio arrogante. — Mas eu compreendi quando o nosso capitão escolheu Sebastian, o problema foi quando ele...

— Quando ele deu a vice-capitania para Gomes, já sei, já sei! Voltemos para o que importa: você acha que agora a equipe de Quadribol está correndo risco de ser extinta? - Perguntei preocupado, mas ela sorriu gentilmente.

— Claro que não! O campeonato foi um sucesso, o que significa dizer que haverão outros, com bastante jogos, anúncios e publicidade... Teria sido ruim para o espetáculo uma equipe a menos, mas graças ao nosso sacrifício, tudo deu certo. - Anne falou confiante e eu franzi o cenho, porque até onde eu sei só deu certo para os patrocinadores e para nós, campeões. — Olha, eu entendo sobre a reivindicação dos jogadores, mas você não destrói um ogro espetando uma farpa no pé dele, o máximo que vai conseguir é deixa-lo irritado...

— Uma farpa pode infeccionar e causar uma sepse ou no pior cenário incomodar para caramba, muito diferente do que fazer nada, que só leva a mais... Nada. - Falei cínico e Beaumont concordou com a cabeça.

— Faz sentido, mas de qualquer forma, estamos esclarecidos? Eu não estou com interesses escusos, eu só queria saber o que Sebastian estava fazendo. Ele é novo no cargo e nem esperava exercê-lo, só quero ter certeza que ele não está fazendo nenhuma besteira. - Ela disse seriamente e eu avaliei aquela fala.

— Acha que ele não tem competência para comandar a equipe?

— Sebastian não gosta de lidar com as pessoas e com os problemas delas, eu só quero ter certeza que ele continue esgrimando bem e que a equipe continue no rumo certo, só isso. - Anne explicou novamente e eu fiz que sim com a cabeça. — Pretendo assumir a capitania em breve e fiquei com medo dele ter arrumado um aliado um pouco... Não convencional.

— Eu não estava mentindo quando disse que nós não falamos sobre isso especificamente, mas se quer saber, vocês podem contar comigo como aliado, adoraria que você usasse sua influência na equipe para marcarmos um encontro, inclusive. - Falei com meu senso de oportunidade infalível, ela me olhou sem entender.

— Como assim um encontro?

— Entre os esgrimistas e os jogadores de Quadribol. Acho que se vocês conversarem, no futuro não vão repetir outra confusão como essa. Creio que juntos vocês possam reivindicar mais coisas do que separados.

— Eu vou ver o que eu posso fazer, mas não sei se Sebastian vai querer conversar civilizadamente com Lo Presti... Eles não se dão muito bem. - Beaumont falou com uma careta e eu ri para isso.

— Bem, deixe a mediação da conversa comigo, você apenas tem que convencer a sua equipe que conversar é uma boa, Leiris vai seguir o fluxo, tenho certeza. - Falei mais otimista do que estava na verdade, Anne fez que sim com a cabeça.

— Vou ver o que pode ser feito. - Ela sorriu e depois me deu um breve adeus com a mão. — Até mais, Fábregas, foi bom falar com você.

— Até. - Esperei ela se afastar mais um pouco para falar diretamente com Enrique dessa vez. — E então, o que acha?

É um começo, suponho, mas não vai ser fácil mediar essa coisa, você tem certeza que quer fazer isso?— Ele perguntou, enquanto eu me encaminhava para o jardim antes da estufa de Herbologia, meu encontro com Fred e Louise estava marcado lá.

— Bem, se não posso ajudar os jogadores com o Ocaso, vou ajudar sendo Cesc, sei lá, pode dar certo. - Falei dando de ombros. — Se der merda depois, eu vou estar bem longe mesmo...

Enrique riu e eu fiz minha melhor cara de “sou inocente” para ele.

— Esse é meu garotinho...

Continuamos conversando até eu chegar no jardim, então Lela entrou na conversa e eu mostrei a ela como as flores de Beauxbatons eram lindas, perfeitas para um borboletário, mas infelizmente ali tinha algumas plantas venenosas, que podiam ser perigosas para suas borboletinhas.

Louise chegou acompanhada de Fred e aí sim a sobrinha de Enrique ficou animada - até Fred entrou na brincadeira e fez uma coroa de flores para Louise representar seu papel de rainha das fadas - mas quando John mandou a primeira mensagem, meu namorado despachou a garotinha para dentro de casa.

Acho que alguém perdeu o posto de tio favorito.

— Ok, vamos ver o que John tem de tão urgente... - Falei naquele tom de “uhhhh, mistério” e meus outros três companheiros de crime me olharam com diferentes níveis de diversão.

Segundo terminou os feitiços abafadores ao nosso redor e se sentou do meu outro lado para ler as mensagens no pergaminho, aguardamos até John falar algo depois do “olá” sem graça, mas quem iniciou a conversa foi Sev apresentado Pottinha ao grupo.

Espero que melhorem o linguajar, porque Lily é uma garota inocente e pura, entenderam?

Revirei os olhos e Louise deu uma risadinha, porque conhecia muito bem aquela cobrinha mirim, mas Fred nos olhou como se dissesse “Ela é inocente mesmo”, perdendo todo o sarcasmo de seu primo.

Seja muito bem-vinda, Lily, fico feliz que finalmente tenhamos uma estagiária oficial (aquele lance no trem não contou), a igualdade das decisões aqui estava me dando alergia, agora tenho em que mandar.

Não vai mandar na minha irmã, seja lá quem for, acho que é Tony. É Tony, não é?

Desde que nasci.

Palhaço. Mas na verdade ele meio que tem razão, Lily não pode entrar no Ocaso com os mesmos direitos dos outros, ela é muito nova para isso, tem muito o que aprender! Scorp continuou os cumprimentos.

Seja bem-vinda, Pottinha, eu e Rebeca estamos muito felizes em ver que a nova geração do Ocaso será verde e prata também.

Aqui é Aidan falando, só queria dizer que fui muito a favor de sua entrada, sinta-se abraçada.

Mas que afronta, Aidan é muito cara de pau mesmo, tendo coragem de aparecer depois de ignorar todas as minhas mensagens nesses últimos dias, rum!

Melhor pessoa esse tal de Aidan, nem parece que está ignorando as mensagens dos outros, enfim... Lily, aqui é Cesc, já estou providenciando sua pena oficial e por providenciar, quero dizer que acabei de pensar no assunto e pretendo fazer algo a respeito em breve, seja bem-vinda! Louise e Fred estão aqui e pediram para eu colocar o nome deles no presente também, mas eles não fizeram nada, viu? Eles não gostam de você tanto quanto eu.

Todo mundo tão educado, acho que é minha vez de falar agora: infelizmente não vou poder te colar na lareira como recepção, mas sinta-se devidamente colada. Assinado: E. Dussel.

Não acredito que você escreveu mesmo isso, seu TRASGO!

Escrevi sim, que bom que sabe ler.

Certo, seja bem-vinda, Potter. Suas contribuições com as questões estruturais de Hogwarts foram muito pertinentes antes, creio que você será uma ótima adição ao Ocaso, John Westhampton falando.

Obrigada, sir John (Albus que disse que é assim que te chamam, mas não sei se acredito muito nele).

Não acredite. Mas bem, vamos direto ao ponto. Convoquei essa reunião extraordinária em virtude de um acontecimento recente aqui em Uagadou. Como alguns de vocês sabem, após os eventos de Cesc com o djinn e todas as implicações disso, passei a me interessar no assunto linhas temporais, um grande campo explorado em Uganda.

Tá, vamos fingir que você não foi aí só para ficar com Sharam. Pula a parte chata e vai direto ao ponto, sir John.

Ele ficou um pouco bravinho, tenho certeza, mas não demorou para voltar a escrever. Louise me fez jurar que eu não iria mais interromper a reunião com besteira, essa coisa de reunir todo mundo pelo pergaminho já era muito complicada sem eu piorando tudo.

Garota chata, insuportável.

Como eu ia dizendo, as linhas temporais são de extrema importância na minha vida agora, então iniciei um grupo de pesquisa coordenado pela professora Collete Aurier, com a colaboração da preceptora Thiollent, ex-colega de Casa dos sonserinos presentes. Bem, em uma de nossas reuniões estávamos discutindo sobre Profecias e como elas são proferidas e ouvidas, estávamos falando sobre a importância do ouvinte em alguns casos e

John, por mais que sua biografia seja interessante, será que você PODE IR AO PONTO?

Louise me olhou feio, o que posso fazer? John tem essa mania de ficar explicando tudo que é uma verdadeira idiotice! Não sei como Sharam aguenta, deve gostar muito das historinhas dele... Eu hein, tem gosto para tudo!

Certo, Cesc, acho que chegaria ao ponto mais rápido, se você não me interrompesse toda hora, mas vamos lá. Um dos meus colegas fez uma profecia: “O trocador de vidas destrói tudo que toca, somente aquele com igual poder será capaz de subjugá-lo, pois sua alma será aquilo que ele mais desejará tocar.” Alguém tem alguma ideia do que isso possa significar? Porque eu acho que o fato de eu ter ouvido tudo em primeira mão significa que tem a ver com o Ocaso, já que nada mais na minha vida tem tanto potencial para problema como esse grupo. Alguma ideia?

Olhei para Enrique no celular e ele ainda encarava o pergaminho do mesmo jeito que antes, Louise estava com a boca meio entreaberta, olhando para o nosso pergaminho como se a resposta da pergunta de John fosse surgir do nada e eu também estava um pouco chocado, uma profecia, era só o que me...

Fred arrancou a pena da minha mão - cadê a dele? - e começou a escrever furiosamente no pergaminho, mas a mensagem dele não foi a primeira.

A gente precisa investigar isso de perto! Troca de corpos? Irado! O que isso significa em termos práticos? Estamos falando de um metamorfomago? Um animago? Ou algo ainda mais das trevas?

Talvez seja sobre Erick, eu adoro o cara, mas ele é uma bagunça e a gente até hoje não sabe a merda que ele fez no passado e às vezes ele soa tão foda, que eu e meus irmãos nos perguntamos a merda que ele pode fazer no futuro e ele meio que trocou de corpos, né?

Eu acho que posso dar uma olhada aqui no Japão, tem uns livros bem sinistros na biblioteca do meu avô, quem sabe a gente não tropeça em alguma coisa útil? Fora que destruição pode não significar exatamente destruição, talvez seja apenas uma metáfora.

Uma metáfora? Que tipo de metáfora pode ser tirada da destruição, Aidan? Seja lógico, garoto!

O Ocaso é uma metáfora para destruição e nós não somos algo ruim, não é ruim se o que tem que ser destruído é algo que não era tão bom!

Não soou como isso, quero dizer

Pessoal, parem de falar besteira, a gente não sabe nem sequer de quem essa profecia se trata ou se ela é algo que vale a pena ser levado em consideração. Foi registrada e verificada por um profissional? Essa pessoa que fez a profecia é de confiança? Esse não é o tipo de coisa que nos propomos a investigar, pode ser muito perigoso, então não podemos de forma alguma nos precipitar, vimos o quão boas as coisas correram com Cesc, e seu gênio da lâmpada, além do mais

Por que os grifinórios são sempre os mais assustadinhos, hein, Weasley?

Nós somos os mais lógicos, aparentemente o cérebro de algumas pessoas ficaram na infância, não é, Dussel?

Gente, não vamos perder o foco: eu quero ser um herói do mundo bruxo e vocês não podem estragar isso para mim! Ok, não se preocupem, eu posso bolar um plano e sim, meus fãs, ele vai ter três partes e será infalível!

Roubei o pergaminho de volta da mão de Fred, porque obviamente um adulto responsável precisava interferir nessa zona de letras apressadas que só sabiam falar um monte de besteira sem noção! O assunto é sério, gente!

Cala boca todo mundo! Seu bando de vermes muquentas, que só sabem falar um monte de besteira e correr atrás do rabo como cães sarnentos! Olhem aqui, eu enfrentei trapaceiros, corruptos, gênios e lobisomens e não sobrevivi a tudo isso para ser morto e enterrado por um fodido que quer dar uma de dementador para tocar as nossas almas! Estou desligando a conversa nesse exato minuto, para que todos reflitam suas merdas por um momento.

Conclui meu discurso tocando fogo no pergaminho com aquele feitiço que destrói o pergaminho de todo mundo que lê o Ocaso e cruzei o braço satisfeito. Levaria alguns minutos para alguém refazer o feitiço que conectaria as penas e tal, então olhei para os meus companheiros de Beauxbatons.

E Enrique no celular apoiado na minha mochila.

Isso foi um pouco dramático, garotinho. - Meu namorado falou com pouco humor, espanando as cinzas de sua jaqueta.

— Não estávamos chegando a lugar algum, quero dizer, onde John estava com a cabeça ao jogar uma bomba dessas na nossa cara sem nem nos preparar? - Perguntei exasperado e Fred me olhou sem paciência e Louise fez aquela careta meio pedante dela.

— Ele estava contextualizado a história, mas alguém ficou interrompendo ele a todo momento, quem foi mesmo? - Ela continuou com um tom desdenhoso e eu peguei um dos cascalhos do jardim para atirar nela, Fred me impediu.

— Hey! Vamos focar aqui, pessoal! Ainda acho que estou certo, essa profecia precisa ser... Evitada. - Fred engoliu em seco, como se realmente estivesse muito preocupado com isso.

Louise tirou seu diário da bolsa - aquele que foi o antecessor do Prime e das penas depois dele - para poder ver o que estavam escrevendo agora.

Havia mensagens de Sev e uma resposta sucinta de John dizendo que as outras pessoas que ouviram a profecia eram irrelevantes. Fred finalmente pegou sua própria pena e se propôs a escrever calmamente - Louise o fez prometer que não escreveria forte demais, para não marcar as páginas do diário - mas eu me sentei mais afastado, pegando o celular cim Enrique me olhando com sua cara de pau de sempre.

A gente tem que admitir... Tava demorando.— Ele falou divertido, porque não tem juízo nenhum!

Mas eu tenho que concordar... Estava demorando mesmo para a merda nos alcançar de novo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham conseguido entender a conversa toda e para quem não sabe da profecia lá de Ugadou, hey! Isso significa que você não está lendo Além do Castelo, como pôde?

Bjuxxx