P.O.V. Emma

Depois daquele dia, eu não voltei a ver tia Katherine. Eu tentava dizer a mim mesma que ela era apenas uma velha maluca, e que nada do que dizia fazia sentido, mas inevitavelmente, suas palavras não deixavam minha mente. “Você TEM que destruí-lo, Swan. Salve nossos mundos. Destrua o Senhor das Trevas, Salvadora”. Aquilo me fez perder várias noites, mergulhada numa insônia sem fim. Porém, para a minha felicidade, coisas boas também vierem. A melhor delas, de longe, foi a minha amizade com Killian. Depois daquele dia, viramos grandes amigos, e sabíamos tudo sobre o outro. Dávamos voltas pelo jardim, ou procurávamos coisas interessantes na biblioteca. Estávamos sempre juntos. Ruby até dizia que estávamos apaixonados. Ela sempre usava mais o coração que o cérebro… Eu e Killian? Quando ela cogitou a possibilidade, eu lhe respondi que ela estava passando tempo demais com Tia Katherine. Ela riu, e disse que eu que estava cega demais. Aquilo era ridículo, mas eu não podia negar que, de uma forma ou outra, ele ocupava uma parte importante do meu coração.

Hoje, porém, meu dia estava tedioso. Killian havia viajado ontem para um lugar do qual eu não fora informada, a motivos de trabalho. Isso me fez refletir. Eu nunca tinha pensado qual seria o trabalho de Killian. Duvidava seriamente que fosse apenas administrar a propriedade, já que haviam vários empregados no cargo. E algo me dizia que ele não era alguém com um trabalho… comum.

No dia anterior, assim que ele se despedira e fora em direção às docas que ficavam no fundo da propriedade, eu me dediquei a vasculhar a biblioteca em busca de algo que indicasse para onde Killian se dirigia. Não que eu não confiasse nele, ele não parecia ser do tipo que viajava para trair a esposa ou algo do tipo (não que fossemos realmente casados e ele não pudesse fazê-lo, mas…). Mas algo dentro de mim dizia que aquela viajem tinha muito a ver com a minha vida. De uma maneira que nem eu entendia. Comecei por uma pasta de couro com cartas, mas nenhuma me interessou. A maioria era de coisas ligadas à propriedade (alimentos, pagamentos, empregados…). Havia uma ou duas cartas de Ruby endereçadas a sua avó e as respostas de cada. Além disso, um bilhete amassado no fundo da pasta, assinado por Katherine Gold Jones. Então esse era o nome completo de Tia Katherine… Supus que Gold era seu sobrenome de solteira. Não era comum, mas eu tinha certeza de que já o tinha visto em algum lugar… Onde? Decidi ignorar o fato por uns instantes, e desamassei o bilhete, tentando entender a letra apressada e minúscula um pouco borrada sobre o papel. “Sabe que não pode fazer isso Killian. Não vai conseguir antes do prazo. E ela vai descobrir. Eu e você sabemos disso. Não deveria ter aceitado esse trato. Nunca acaba bem. Quando você não conseguir, ele vai destruí-lo, destruir a sua felicidade. Nem que seja a última coisa que ele faça. Bem, eu avisei. Mas você nunca me escuta. Mas, se serve de ajuda, pare de procurar só em Neverland. Talvez ela esteja mais perto do que você imagina. E, mais uma vez, não confie em”. O nome estava manchado, tornando impossível a leitura.

O bilhete rondou pela minha cabeça durante vários dias. Eu inclusive o peguei e escondi dentro do meu exemplar de Once Upon A Time, com a esperança de que ninguém notasse. Agora, várias perguntas me rondavam, e quanto mais eu pensava, mais longe eu parecia estar das respostas.

Cansada de tudo, eu lembrei que Killian havia dito que podia chamar Neal e August para me fazerem companhia, então lhes enviei uma carta. A resposta chegou rapidamente, e eles garantiram que estavam a caminho. Uma pena que eles não conheceriam o pequeno Bae, já que ele tinha ido para a cidade ficar com Tia Katherine… eu tinha certeza de que ele e Neal se identificariam muito um com o outro. Ficaria para uma próxima.

Resolvi passear pelos jardins enquanto aguardava a chegada de meus amigos, e naquele momento, uma certeza passava pela minha cabeça. Eu não sabia onde era, nem o que significava aquele lugar, nem o porque de procurar alguém lá, mas Killian estava em Neverland.