Um novo trilhar escrita por Nyne


Capítulo 8
Capítulo 7 - Ferida aberta


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem com vocês?
Estou gostando muito de ver como estão se colocando no lugar do Carlos e da Suzana. É exatamente isso que tenho buscado.
Aí vai mais um capítulo pra vocês, espero que gostem.
Beijos e ótima leitura.



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Mais de um mês havia se passado desde o ocorrido. Suzana sofreu muito nos primeiros dias e descontava toda a dor e raiva em Carlos, que por muitas vezes chegou a se achar um monstro. Não podia mentir para si mesmo. Sofreu ao ver o estado em que a esposa ficara, mas não conseguia sentir pela perda do bebê, ao menos não como ela.
Na primeira semana ele permaneceu em casa ao lado da esposa, mas logo voltou para o trabalho. Precisava se distrair e nada melhor que trabalhar para isso. Suzana também precisava de um tempo pra si mesma e ficava quase que todo o dia trancada em seu ateliê.
Em uma tarde sem muita movimentação no escritório, Carlos ficou pensativo. Lembrou de quando conheceu Suzana, da primeira vez que a chamou pra sair, do primeiro beijo que trocaram. Viajava nas lembranças quando Lia bateu a porta.
– Doutor Carlos? Já estou indo.
Ele olha no relógio e vê que eram 16hs00. Parece não entender.
– Eu já havia pedido pro senhor me liberar mais cedo hoje lembra? Tenho prova na faculdade.
– Ah claro, verdade, me desculpe. Você cursa o que mesmo?
– Psicologia. Quinto semestre.
– É verdade... Estou precisando de um psicólogo. Algum pra me indicar?
Lia olha o chefe com um arquear de sobrancelha.
– O senhor diz isso pelos últimos acontecimentos não é?
– Sua faculdade é mesmo boa menina. - diz com um sorriso sem muita alegria.
A jovem dá uma olhada no celular a fim de conferir o horário.
– Posso dar meu ponto de vista, como futura psicóloga e como amiga, se o senhor não achar muito abuso da minha parte?
– Fique a vontade.
– As últimas semanas foram difíceis pro senhor e pra dona Suzana. Acho que vocês devem se afastar daqui por um tempo. Esquecer as lembranças ruins e criar lembranças boas para colocarem no lugar.
Carlos fica pensativo.
– Você sugere alguma coisa?
– Uma viagem, só vocês dois. Algum lugar que gostem muito ou queiram conhecer.
– Tipo uma segunda lua de mel?
– Se o senhor quiser chamar assim, porque não? - ela confere o celular mais uma vez - Espero ter ajudado doutor. Até amanhã.
Assim que Lia sai Carlos analisa o que ela havia dito. Gostou da ideia e achou que poderia adiantar, além do mais já havia um tempo considerável que não viajava com a esposa.
Entrou em um site de viagens e fez algumas cotações. Olhou a agenda e viu que não teria nenhum compromisso importante nas próximas semanas. Estava decidido: Passaria aqueles dias viajando com a esposa, inclusive já sabia para onde.

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Ao chegar a sua casa Carlos estranhou o ambiente. As luzes estavam apagadas, o que não era algo comum.
– Não é possível, tenho certeza que paguei a conta de luz. - dizia pra si mesmo enquanto entrava na casa afrouxando a gravata.
Dirigiu-se até a cozinha e viu um brilho vindo de lá.
– Suzana? A luz acabou? Amor?!
Ele chega à entrada da cozinha e para abruptamente. O brilho que ele vira eram de velas, mas não por falta de energia como havia pensado.
A mesa estava posta para um jantar a dois. Em seu centro um cachepô em vidro transparente com velas decorativas que flutuavam sobre água.
– Oi.
Carlos se vira e dá de cara com a esposa. Ela tinha um sorriso tímido, meio sem jeito.
Usava um vestido simples azul marinho feito em um modelo que deixava os ombros expostos. Usava o colar que Carlos lhe dera em suas bodas de cristal.
Ele levou a mão ao pingente e sorriu. Antes que dissesse algo Suzana tomou a frente.
– Nem sempre fica visível por causa da roupa... Mas nunca o tirei desde o dia que você me deu.
Ele permanece com a mão no pingente o olhando. Suzana segura seu braço. Ele ergue o olhar para ela.
– Porque tudo isso?
– É um pedido de perdão. Eu tenho sido muito rude e mesquinha com você nos últimos tempos. E você jamais mereceu que eu te tratasse assim.
Ele baixou o olhar.
– Doeu muito ouvir aquelas coisas de você.
– Eu sei... Quando dei por mim já tinha feito...
Ele leva a mão ao rosto dela e começa a acariciá-lo com o polegar.
– Tudo bem, já passou. Eu acabei fazendo por merecer. Não tiro a minha culpa.
– Você acha que consegue me perdoar?
– Já te perdoei Suzana. O amor que tenho por você é maior que isso.
Ele a beija como a muito tempo não beijava e ficou feliz ao perceber que ela retribuía da mesma maneira. Ele termina o beijo e une sua testa a dela.
– Senti tanto sua falta...
– Eu também.
Eles voltam a se beijar com mais intensidade do que da primeira vez, mas agora Suzana se afastava.
– Está com muita fome?
– Posso aguentar mais se for por um bom motivo...
Ela ri enquanto segura a gravata do marido e o guia pelas escadas rumo ao quarto do casal.

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Suzana estava debruçada sobre Carlos. Fazia desenhos abstratos sobre o peito nu do marido. Lembrou de alguma coisa e riu.
– Rindo de que?
– Lembrando de umas coisas bobas aqui. De muito tempo atrás.
– Como o que?
– Como a primeira vez que te vi pelado. - disse rindo mais uma vez.
Carlos deu uma gargalhada.
– Eu me lembro disso. Você duvidou que eu me jogasse dentro da piscina do prédio.
– Lógico! Além de estar frio era de madrugada, primeiro dia do ano novo se não me engano.
– Frio? Claro que não, a água estava até gostosinha. Falei pra você se jogar comigo, mas você não quis...
– Claro que não, você estava pelado! E se me pagassem com você? Eu ia morrer de vergonha.
Ele riu.
– Vergonha... Como se você fizesse a linha tímida.
– Com os outros eu sou sim, com você que não. Nunca precisei ser. Você sempre soube como me deixar à vontade, me sentir segura.
– É o meu trabalho. Fazer você se sentir bem. Feliz.
Suzana se curva sobre ele e o beija.
– Vamos jantar? Tenho certeza que você está com fome agora, porque eu também estou. - diz rindo.
– Qual o cardápio afinal? Você nem me deixou ver, já veio logo me agarrando...
– Espaguete à carbonara, e de sobremesa torta holandesa.
Carlos a olha com surpresa, o que a faz rir da expressão do marido.
– Amor... Se não tivesse perdoado você antes, com certeza faria isso agora.

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Após o jantar o casal conversava. Suzana estava mais sorridente que nos últimos dias, o que deixou Carlos feliz e mais decidido a fazer com que a esposa permanecesse assim.
– Tenho uma surpresa pra você.
– Surpresa pra mim?
– Sim. Mas você acabou surpreendendo a mim primeiro. - diz rindo.
– E o que é?
Carlos sinaliza pedindo um momento a ela. Ele sai da cozinha alguns instantes, na procura pelo terno que vestia. Quando o encontra, jogado próximo a escada, tira de um de seus bolsos duas passagens de avião. Retorna a cozinha e as entrega para Suzana.
– Passagens?!
– Sim. Não vai olhar pra onde?
Ela abre uma delas e se depara com o destino.
– Suíça.
– Uma vez você viu um programa na televisão que estava falando sobre as sete cidades para se visitar lá e disse que tinha vontade de conhecer.
Ela sorria, mas o sorriso parecia preocupado.
– Mas e o seu trabalho? Você já teve que ficar um tempo fora do escritório... Por minha causa.
– Não tenho nada que seja inadiável pelos próximos dias e de qualquer forma, você é muito mais importante que meu trabalho.
Suzana fica olhando as passagens em sua mão.
– Passamos por uma fase complicada amor. Acho que essa viagem vai ser boa pra nós dois, pro nosso casamento. Mas se você não quiser ir eu vou entender... Ou pelo menos tentar entender.
Suzana que até então estava sentada olha para o esposo. Ela se levanta e o olha nos olhos. Ele estava se esforçando pelo casamento deles, Suzana podia ver isso. Tocou-lhe o rosto e deu um riso triste.
– Eu não mereço você Carlos.
– Não diga isso...
– Mas é a verdade. Tenho tratado você tão mal... Porque você ainda assim continua tão bom comigo?
– Porque eu te amo.
Ele nota uma lágrima que não demora a cair se formar no canto do olho da esposa.
– Não quero ver você chorar. - diz secando-a com o polegar.
Ela não diz nada, apenas o abraça como se fosse algo essencial a sua sobrevivência.
– Vamos começar do zero, deixar pra trás tudo isso que machucou a gente.
– Não sei se consigo Carlos. Foi algo muito doloroso pra mim.
– Eu sei que não é algo fácil, mas estamos juntos. Vamos ajudar um ao outro. Deixa eu te ajudar a fechar essa ferida meu amor. Uma ferida que de certa forma eu ajudei a abrir também...
Ela aperta ainda mais os braços ao redor dele.
– Acha que podemos tentar Suzana?
– Sim. Vamos nos dar uma nova chance.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Serei bem cara de pau: COMENTEM, POR FAVOR!!!!
A opinião de vocês é muito importante pra mim, quem além de leitor também é escritor sabe disso.
Beijos e até o próximo!



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