Um novo trilhar escrita por Nyne


Capítulo 17
Capítulo 16 - Lei acima de tudo


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Sentiram minha falta?
Bem, aí vai mais um capítulo.
Antes de escreve-lo, conversei com uma amiga advogada para ter mais clareza em alguns pontos.
Espero que gostem.
Ótima leitura.



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Carlos e Suzana estavam bem dedicados à causa a qual se propuseram.

Enfim chega o dia da exposição. Suzana estava eufórica, como se aquela fosse a primeira exposição a qual realizava.

Carlos estava feliz ao ver como a esposa estava. Estava sentindo falta daquela alegria vinda dela.

– Meu amor, você viu? Quase todos os quadros já foram vendidos. Acho que vamos arrecadar além do que esperávamos.

– Isso é ótimo.

Enquanto conversavam, a diretora de um dos orfanatos dos quais visitaram se aproximou acompanhada de outra mulher.

– Olá senhora e senhor Castiel. Mais uma vez quero agradecer pelo gesto de vocês. Isso vai ajudar e muito na reforma. Obrigada mesmo.

– Não tem o que agradecer senhora De la Rosa.

– Também quero aproveitar a ocasião para apresentar uma amiga, Estela Gutierrez.

Suzana e Carlos cumprimentam a mulher enquanto a senhora De la Rosa continua com a apresentação.

– Ela também é diretora de uma instituição, mas com algumas características diferentes das nossas.

– Como assim? - pergunta Carlos.

– Primeiramente quero dizer que fiquei realmente encantada com suas obras senhora Castiel. São lindas.

– Obrigada. - agradece Suzana.

– Agora respondendo a pergunta do senhor, eu também dirijo um orfanato, mas ele é um pouco diferente porque no meu eu dou toda a assistência às crianças desde o ventre das mães.

Suzana e Carlos se olham com expressão de confusão.

– Vou explicar melhor. Jovens que não teriam condições de ter os filhos ou até mesmo não os desejam. Trocando em miúdos, o meu orfanato é de mães.

– A Estela dá abrigo a jovens que engravidaram, mas não tem condições de ter as crianças. Para que elas não venham a abandoná-las no futuro, maltratá-las ou até mesmo realizarem abortos, elas ficam no orfanato, recebendo toda a assistência necessária para que a gravidez seja saudável. Assim que as crianças nascem elas assinam um documento onde abrem mão dos filhos, assim as crianças podem ser encaminhadas para adoção.

– E isso é legal? - pergunta Suzana.

– Qualquer mãe pode abrir mão de seu filho, porém para que tudo seja feito dentro da lei, tem um procedimento a ser seguido.

– Que tipo de procedimento?

– A mãe precisa ir ao Conselho Tutelar de seu município, de posse da Declaração de Nascido Vivo, o DNV, registro obtido no hospital quando o bebê nasce. Não é o registro oficial da criança, mas apenas um documento do Ministério da Saúde que reconhece o estado de saúde do bebê. O Conselho Tutelar, depois de ouvir a mãe, decide o futuro da criança. É importante ressaltar que depois de entregar a criança à adoção, os pais biológicos não tem mais nenhum direito sobre ela, e também não podem se arrepender ou exigi-la de volta.

Suzana olha para o esposo, pois sabia que como advogado ele entendia de leis, já ela não entendia quase nada sobre o assunto.

– Ela está certa amor. Esse tipo de procedimento torna a adoção legal.

– E o que seria uma adoção não legal no caso?

– Qualquer caso diferente, como por exemplo, de entregar a criança para alguém ou deixar na porta de igreja ou de algum desconhecido. Isso são maneiras ilegais de adoção.

Enquanto Suzana absorvia todas aquelas informações, Estela faz um convite ao casal.

– Gostaria que os senhores visitassem a minha instituição. Quem sabe vendo mais de perto qualquer dúvida que tenha surgido agora possa desaparecer.

Carlos olha para a esposa que faz um gesto positivo com a cabeça.

– Aceitamos o convite. Que dia podemos ir?

– Quando acharem melhor para vocês. Ficarei muito feliz com a visita.

****************************************

A exposição já havia acabado e Carlos e Suzana a pouco haviam chegado em casa. Enquanto se trocavam para dormir conversavam.

– Nós vamos à instituição da senhora Gutierrez? - pergunta Suzana.

– Vamos. Se você quiser, vamos.

Ela faz um maneio de cabeça e continua a se despir, colocando uma camisola em seguida. Carlos a observa enquanto faz isso. Não deixa de notar a cicatriz em sua barriga. Aquilo o machucava, mas tinha certeza que Suzana devia se sentir muito pior cada vez que a via.

Ela deita na cama e fica olhando Carlos enquanto ele terminava de trocar de roupa. Ele conhecia aquele olhar.

– Quer me dizer alguma coisa?

– Nada. Quer dizer... Estive pensando aqui. Essa instituição tem várias mulheres grávidas que não vão querer ficar com os filhos, certo?

– Sim. Ao menos foi o que entendi da explicação da senhora Gutierrez.

– E você havia dito sobre ter reconsiderado sobre uma adoção não foi?

– Foi. - diz Carlos sentando ao lado da esposa, encarando-a. - Aonde quer chegar Suzana?

– Você disse que as explicações da senhora Gutierrez estão todas dentro da lei, ou seja, podemos adotar uma dessas crianças assim que nascerem não é?

– Judicialmente falando, sim, podemos.

– O que quer dizer?

Carlos segura a mão dela.

– Da forma que está falando, dá a entender que você já quer adotar uma dessas crianças sem sequer ela ter nascido ainda.

– Mas tecnicamente podemos fazer isso não podemos? Elas já foram rejeitadas pela mãe desde o começo.

– Sim meu amor, mas essas crianças só estarão legalmente disponíveis para adoção assim que a mãe assinar um documento declarando isso.

– Eu sei. O que tem a ver?

– Não passou pela sua cabeça que uma dessas mães pode se arrepender no momento do nascimento e não entregar mais a criança?

– Mas elas podem fazer isso?

– Enquanto não tiverem assinado o papel, podem.

Suzana baixou o olhar, visivelmente decepcionada. Carlos a abraça pelos ombros e lhe dá um beijo.

– Vamos visitar a tal instituição, ver de perto como as coisas funcionam por lá. Depois disso decidimos o que fazer, está bem?

Ela faz que sim com a cabeça.

– Mas você não mudou de ideia não é? Sobre adotarmos uma criança...

– Não Suzana, não mudei e nem vou mudar. Mas temos que ser prudentes. Um passo de cada vez e tudo dentro da lei.

– Eu sei. Você está certo. É que essa minha ânsia de ser mãe não me deixa.

– Está tudo bem - diz beijando sua testa. - Logo essa vontade vai passar, porque você será mãe. A melhor mãe do mundo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e entendido um pouco mais sobre adoção.
Postarei o próximo em breve, não percam e não deixem de comentar ok?
Beijos!



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