Foi estranho. De repente uma névoa anormal se formou ao nosso redor e nem com meu sharingan eu conseguia ver algo. Aconteceu tudo tão rápido, em minutos vi a névoa dissipar e ninjas surgirem ao nosso redor - provavelmente atrás de Hinata – e logo vi Sakura sendo levada no lugar da Hyuuga, tentei o que pude para impedi-lá e inconformado até chamei seu nome, mas ela havia desaparecido junto aos demais. Deixando-me frustrado e bravo como a muito tempo não estivera.

Um tempo depois, já estávamos de volta a mata onde seria mais seguro após tudo que acontecera. Shikamaru estava sentado num tronco ao lado de Hinata que estava deitada ainda desacordada. Minha cabeça estava a mil e eu não pensava direito, buscava uma explicação pra tudo aquilo e parece que ela era a única que poderia me esclarecer.

Eu esperava impaciente Hinata acordar. Quando finalmente o fez, acordou logo perguntando o que tinha acontecido e por que de Sakura não estar presente. Ao lhe contar todo ocorrido ela começou a chorar e vi suas mãos tremer drasticamente demonstrando seu grande nervosismo.

– Isso não pode ser! Mesmo prometendo me proteger ela jamais devia ter feito isso. – pronunciava entre os soluços de seu choro desesperado. Aquilo me deixava mais nervoso e impaciente.

– O que houve Uzumaki? Prometer te proteger? Por que isso? – questionei ao me aproximar dela com um olhar intenso e intimidador, eu precisava logo saber e sem dúvidas eu não sou conhecido por minha paciência.

– Porque eu estou grávida. – afirmou num sussurro que foi pairou no ar e nos deixou sem fala por um tempo.

– Grávida? – eu estava surpreso, mas logo me recompus.

– Sim. Sakura descobriu isso ao me examinar quando cai daquele galho, pedi que ela guardasse segredo para não prejudicar a missão. – argumentou aflita enquanto suas lágrimas ainda fluíam sem parar.

– E como acha que estamos agora? Eu sou o líder dessa missão e deveria ter sido informado. Eu poderia te proteger mantendo um clone meu te cercando com meu susano e então Sakura estaria conosco agora. Pela irresponsabilidade de ambas e em especial seu orgulho Hinata, ela está sequestrada e nossos problemas se agravaram consideravelmente. Precisamos encontra-la e rápido. – manifestei um pouco alterado, aquilo não deveria ter acontecido e eu permanecia inconformado.

Após meu desabafo fora do comum, Hinata se calou e consentiu com sua culpa. Nos minutos seguintes procurei me acalmar e buscar uma solução, não vendo outra opção comuniquei:

– Devido a situação teremos que chamar reforços de Konoha, não sabemos o que nos espera e Hinata não pode lutar em seu estado. Enviarei um recado a Konoha solicitando o reforço e destacando nossa localização, esperaremos o time chegar e então poderemos agir. – após terminar eles pareceram concordar e nada mais foi falado.

Fui para um canto isolado e comecei a escrever num pequeno pergaminho nossa situação e requeri um time de reforço, não mencionei a gravidez de Hinata, aliás não seria correto que eu contasse a Naruto uma notícia como essa e muito menos em um pergaminho. Solicitei que o time fosse formado por Ino, Shino e Kiba pois suas habilidades me seriam úteis para a situação. Após terminar, amarrei o pergaminho em meu falcão e o soltei para entregar a Konoha.

Notei que a noite logo nos envolveria e então retornei para onde Shikamaru e Hinata estavam, eles conversavam sobre algo mas ao me verem pararam e me olharam como se esperassem por algo.

– Se eu estiver certo o time deve chegar a nós amanhã perto do meio dia e enquanto isso ficaremos aqui esperando por eles. Nós estamos próximos de onde tudo aconteceu e sendo assim Hinata, quero que ative seu Byakugan e procure o máximo que conseguir de pistas sobre a direção de onde eles possam ter ido. Shikamaru, acompanhe Hinata até o local e a ajude com as pistas enquanto pense em um possível plano para nós até o time de amanhã chegar, solicitei que fosse Ino, Shino e Kiba. – exigi e eles acataram sem questionar, provavelmente por notar meu visível aborrecimento e mal humor.

Busquei alguns galhos e acendi uma fogueira com meu katon. A luz da fogueira iluminava boa parte do lugar e aproveitei para pegar alguns pergaminhos que trouxe comigo e analisa-los, eu precisava de algum indicio ou informação que me ajudasse. Após o que me pareceu meia hora, Shikamaru e Hinata retornaram e se sentaram num tronco próximo.

– Consegui ver partículas de chakra ainda suspensas no ar com meu Byakugan, que possivelmente possibilitaram o modo como desapareceram levando Sakura, o que explica a misteriosa neblina. Mas aquilo não poderia ter feito tantos outros ninjas sumirem juntos, então foi quando notei alguns selos marcados nas árvores e uma corrente de chakra percorrendo o chão á sudeste daqui, nós a percorremos mas não nos levou a muito longe, logo desapareceu. – narrou Hinata calmamente e um pouco vacilante, parecia estar com um certo receio em minha presença.

– Hn. Alguma pista finalmente. – comentei sério.

– Estou pensando em algo para localização, mas vou esperar amanhã quando o time chegar. – falou Shikamaru encostado numa árvore preguiçoso como sempre.

– Hn. Descansem então. Farei o primeiro turno de vigia. – pronunciei e eles logo se arrumaram para dormirem.

As horas se arrastaram madrugada adentro e eu permaneci analisando os pergaminhos buscando algo que fosse proveitoso. Um tempo depois ficou difícil me concentrar e os acontecimentos do dia inundaram minha mente.

Me perguntava onde estava Sakura e se estaria bem, eu precisava saber. Detestava quando as coisas fugiam de meu controle, ela foi tão irresponsável e eu me senti impotente por não conseguir detê-la. Mas entendia sua ação, fazia parte de sua personalidade colocar os outros antes de si mesma, o que tornava bem estranho seu interesse por alguém tão egoísta como eu. Mais uma vez me era imposto uma situação a qual eu poderia perder alguém especial novamente, isso me apavorava embora eu jamais fosse demonstrar. Precisava me acalmar e raciocinar para encontrá-la logo, só esperava que estivesse bem.

[...]

O dia raiava manso e uma luz fraca invadia os filetes entre as árvores esmorecendo a escuridão da noite. Eu me levantei incapaz de dormir mais, acordei Shikamaru e após o desjejum fomos esboçar e discutir um possível plano de rastreamento frisando os cuidados necessários.

Como eu havia previsto, próximo ao horário de almoço chegou o time que solicitei a Naruto. Chegaram ligeiramente agitados e perguntando o acontecia, logo os chamei para um canto onde eu e Shikamaru explicamos o que seria feito. Precisávamos que Shino usasse seus insetos e com a ajuda das habilidades de busca de Kiba e olfato de Akamaru nos indicassem a possível direção do esconderijo.

Após o entendimento de todos fomos até o lugar onde anteriormente Hinata viu o término da corrente de chakra. Shino e Kiba fizeram suas devidas tarefas demorando algumas horas para surtir resultados, aquilo me deixava estranhamente ansioso e realmente nervoso, tinha pressa em localizar logo esse esconderijo. Durante algum tempo seguimos Shino pelo suposto caminho que nos levaria ao tal esconderijo, até que ele parou de repente.

– É aqui. – anunciou.

Por um momento ficamos confusos, em nossa frente não havia nada além de um enorme gramado com árvores em volta, ri internamente, imaginei do que se tratava e tornei meus olhos a Shikamaru, pela sua expressão diria que pensava o mesmo. Ativei meu sharingan e inspecionei a área, minha suspeita estava certa. Um esconderijo subterrâneo. Não posso negar meu deslumbre por esse tipo de esconderijo já que é bem engenhoso e brilhante... você pode estar andando sob ele e não saber. Por ironia, esconderijos assim são minha especialidade.

Através de minha especialidade nesses esconderijos não foi difícil localizar a entrada do lugar, já era meio caminho andado, precisávamos agora de um plano para invadir. Chamei Shikamaru e os outros para discutirmos algo, esperamos o anoitecer e cada um já sabia o que deveria fazer.

Pela altura da lua e o vento gelado da noite eu diria que já passava das dez da noite quando resolvemos agir, Ino serviria de isca atraindo a atenção dos ninjas que estavam de vigia. Ao ocorrer isso, Shikamaru escondido entre as sombras da noite usava a luz da lua para usar seus jutsus e paralisar todos os ninjas, permitindo que Ino usasse umas de suas técnicas e invadisse a mente dos oponentes os paralisando por algum tempo, facilitando o aprisionamento de todos com a ajuda de Shino e sem levantar suspeitas.

Ao mesmo tempo eu, Hinata e Kiba aproveitaríamos o espaço para entrar e tentar encontrar Sakura. Hinata ia a frente indicando o caminho com seu Byakugan ativado enquanto eu usava meu Sharingan para registrar e prever qualquer imprevisto ou ataque. Assim, após alguns minutos correndo pelos enormes corredores escuros, vi ninjas a nossa frente e aquilo me intrigou, tomamos os devidos cuidados e a única explicação para a aparição repentina de tantos ninjas juntos seria algo que não esperávamos... monitoramento por câmeras. Tsc.

Ao nos aproximarmos notamos o grande número de ninjas enviados, provávelmente estavam foram do alcance do jutsu de Ino, Hinata não poderia lutar e eu teria que protege-la. Até que Shikamaru apareceu ao lado de Kiba tomando seu lugar ao pedir que o mesmo retornasse e ajudasse Ino e Shino com os capturados, e após isso procurasse pelos por aqueles que haviam sido sequestrados. Kiba acenou e retornou pelo túnel enquanto eu maquinava em minha cabeça um plano para deter tantos ninjas sem permitir que Hinata lutasse ou fosse machucada.

Fiz um clone colocando ao seu lado com o Sussanoo mostrando suas costelas, nenhum oponente era poderoso o usuficente para atravessar aquela barreira, pelo canto dos olhos vi Shikamaru se ajoelhar, fazendo uma rápida sequencia de selos, não precisei mais que isso para ler seu jutsu e entender o que ele pretendia, logo sombras saíram de baixo de seus pés, se conectando com a de cada homem parado no corredor, bastou alguns minutos para que todos estivessem caídos no chão por meus golpes.

Após o ocorrido com os ninjas pude jurar ouvir um barulho estranho não muito longe de nós, mas não conseguia dizer de onde vinha. Hinata permanecia com o Byakugan ativado e assim passou correndo por mim seguindo pelo túnel induzindo Shikamaru e eu a seguí-la. Ao fazer uma curva do corredor, ao final do mesmo vimos dois ninjas em frente a uma porta impedindo a entrada de qualquer pessoa. Só poderia ser ali. Minha mente chamou por Sakura instintivamente antes que eu sequer pudesse pensar em controlar. Minha ansiedade estimulou minhas pernas a correr pelo corredor em direção a tal porta onde os ninjas logo se preparavam para lutar, eu não tinha tempo para isso. Sentia-me impaciente e precisava achar Sakura nesse esconderijo infernal, eu mataria qualquer um que se colocasse no caminho entre Sakura e eu, não seriam esses ninjas patéticos que me deteriam. Portanto não perdi tempo e sem grandes dificuldades os ninjas foram derrotados por mim, em seguida me permiti arrombar a maldita porta que impedia meu avanço passando por ela seguido por Shikamaru e Hinata. Minha próxima visão deixou-me em um intenso choque interno e no primeiro momento com a mente em branco.

O que diabos havia acontecido? Minha mente me perguntava mas eu havia perdido a fala e o nó em meu estomago se apertou.

Sakura.... Eu pensava e sem sequer prever meus lábios transmitiram meus pensamentos numa voz mais falha do que desejava.

Há alguns metros de mim encontrava-se um sujeito alto de cabelos marrons ao lado de Sakura, a qual estava num estado que jamais imaginei que veria. Reparei seu débil corpo inclinado para frente sendo sustentado apenas por correntes que seguravam seus braços abertos e outras que prendiam seus tornozelos, passei meus olhos por todo seu corpo fragilizado e o que via me gelava até os ossos consequentemente aumentando meu desespero. Havia manchas secas de sangue que escorreram no decorrer de todo seu corpo e tantos machucados e hematomas que eu mal poderia contar. Ao que tudo indicava ela havia sido queimada, cortada e torturada da pior forma possível. Seu rosto estava tão ferido por golpes que se encontrava irreconhecível. Inconscientemente segurei firmemente em minha katana e cerrei os dentes.

– Porque não olha para seu namoradinho e mostra o resultado de toda nossa diversão, minha doce Sakura? – falou o sujeito e após alguns instantes o vi enfiar os dedos entre o cabelo de Sakura e o puxar, expondo seu belo rosto que agora estava roxo e deformado. Aquilo despertou em mim uma fúria imensa junto a uma dor aguda em meu peito. Como ele ousa? Eu não perderia mais alguém importante, muito menos a pessoa que sempre me aceitou como sou e que sempre demonstrou seu amor por mim da forma mais plena e sublime mesmo eu não merecendo sequer um olhar seu. Eu a protegeria com minha vida se preciso e juro que faria esse sujeito pagar, ainda mais quando vi escapar pelos lábios machucados de Sakura um pedido cuidadoso de desculpas.

– Eu o farei pagar por isso. – foi tudo o que consegui dizer e o homem sorriu, um sorriso arrogante muito parecido com o meu em meus momentos enlouquecido de ódio, aquilo só aumentava minha ira. Eu estava embebecido de raiva e fúria.

Olhei para Hinata e Shikamaru ao meu lado, estavam paralisados e demonstravam grande choque com a cena que viam.

– Distraiam-no enquanto eu a tiro de lá. Hinata não saia de dentro do Sussano, eu trarei Sakura até você após isso quero que encontre o melhor caminha e tire ela daqui. Eu cuidarei das coisas por aqui. – ordenei.

Esperei que eles agissem e aparentemente suas ações conjuntas estavam funcionando, Hinata correu junto de minha segunda versão para um lugar que facilitaria meu trabalho, Shikamaru mais uma vez usou de suas sombras para imobilizar os dois homens dentro da sala, me dando algum tempo para soltar Sakura. Em segundos eu estava na frente dela, segurei seu corpo frágil em meu braço esquerdo enquanto arrebentava as correntes com minha katana envolvida com chidori. Senti o peso de Sakura sob meu peito enquanto seus braços mórbidos caiam moles ao lado do seu corpo e seu rosto era pressionado na curva de meu pescoço, me fazendo sentir em minha pele sua respiração debilitada e ouvir ela chamar meu nome fracamente antes de apagar sobre meus braços.

– Sakura, acorda! Estou aqui. Aguenta mais um pouco. – pedi enquanto me agachava e a levava comigo repousando seu corpo sobre uma de minhas pernas e mantendo sua cabeça apoiada sob meu braço protético. – Sakura? – chamei. - Pode me ouvir? Acorda, por favor...

Acariciava sua bochecha esquerda com minha mão direita enquanto esperava que atendesse meu pedido. Foram instantes que mais pareceram horas numa agonia torturante esperando por uma resposta ou reação. Minha angústia se findou quando finalmente vi ela abrir e revelar-me aqueles belos olhos verdes que mexiam tanto comigo e que eu sempre admirei.

– Sasuke-kun? – chamou-me.

– Sim Sakura, sou eu! Tem que aguentar mais um pouco, logo tudo estará acabado, confie em mim. – respondi estranhando minha necessidade em acalmá-la. Nunca fui bom com palavras, mas precisava mantê-la comigo.

– Sasuke-kun. Mate-o! – pediu fracamente e apesar das circunstâncias seu pedido me surpreendeu, Sakura estava mesmo me pedindo para matar alguém? Justo ela que fora sempre tão doce e preservava tanto a vida das pessoas. Mas com tudo que vi eu seria o último a lhe negar isso, eu acabaria com aquele sujeito de qualquer jeito.