Orgulho escrita por Alice


Capítulo 1
Little Lion Men


Notas iniciais do capítulo

Eu vejo vaaaarios headcanons no Tumblr sobre o Hugo. Eu só fiquei com vontade de escrever sobre ele hahaha!
Enjoy (;



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Se tinha algo que caracterizava Hugo Rubeus Weasley, era sua família.

Ao contrário de seus primos e de sua irmã, ele não fugia da fama dos Weasley ou dos Potter: ele tinha tanto, tanto orgulho, que chegava a ser inexplicável. Toda a vez que via Luna, Neville, Ginny, Harry e seus pais juntos, rindo de alguma piada de Jorge, ele pensava em como eles haviam sobrevivido, em quantas provações o mundo não jogara em cima deles.

Quando finalmente foi mandado para Hogwarts com Lily, quase chorou. Toda a sua família fizera aqueles exatos passos – e isso fazia aquilo ser tão emocionante. Mas ele não chorara, porque ele não queria assustar ninguém e porque não conseguia.

Não chorava desde que lera um dos diários de seu pai, um dos diários que ele escrevera durante a guerra – Ronald não poderia ter apaixonado-se por Hermione sem ter algum tipo de amor pelas palavras –, que contava todo o pânico que tinha, o medo de ouvir o nome de um de seus irmãos ou de seus pais naquele rádio velho.

Aquilo era medo, era o horror. Se ele chorasse por qualquer coisa o que seria ele? O primeiro a morrer caso ocorresse outra guerra.

Era nisso que pensava quando caminhava pelos vagões do Expresso, quando atravessava o Lago Negro dentro de um barquinho, quando caminhava pela primeira vez pelos corredores colossais do castelo – quando tinha o Chapéu Seletor colocado em sua cabeça. Você não tem o direito de sentir medo por causa de tão pouco.

O Chapéu riu dele ao ouvir isto.

1, 2, 3…

– GRIFINÓRIA!

O orgulho foi como uma explosão dentro de si: tudo que estava no seu coração estava se tornando realidade. Ele era ruivo, um Weasley e um leão. Ele era bravo.

Não demorou até que isso tudo caísse por terra.

Weep for yourself, my man

You'll never be what is in your heart

Weep little lion man

You're not as brave as you were at the start

Na verdade, demorou sim.

Acho que todos passamos por aquela fase de ignorar o mundo – até que o mundo se irrita pra caralho e te esmaga como uma mosca.

Foram três anos perfeitos para Hugo Weasley. Ele estava no quarto ano e conseguira uma vaga no time de Quadribol, tivera notas altas em todas as matérias até então, e tinha uma namorada linda que seus pais adoravam.

Isso tudo mudou em uma estranha aula de Estudos Trouxas na quinta semana de aula. O professor estava falando sobre a teoria da evolução socioeconômica do mundo ocidental [como o pré-comunismo evoluiu pro escravismo, que evoluiu pro feudalismo, que mudou para o capitalismo e que, assim, teria que evoluir para o socialismo, e depois para o comunismo e por fim para o anarquismo] e passou um trabalho sobre qual seria o melhor tipo de governo.

Quando se deu por si, tinha prendido seu cachos ruivos em um pequeno rabo de cavalo e lido todos os livros sobre sociologia que encontrou na biblioteca. Mas aquilo não era o suficiente para ele. Ele precisava saber como eles chegaram naquilo, como os trouxas haviam conseguido chegar até aquele nível de intelecto.

Foi assim que Hugo encontrou uma matéria trouxa chamada História. Foi assim que ele entendeu um mundo que não era seu. Foi assim que ele sentiu a real dor que era tudo dar errado. E, durante o resto daquele ano, o que ele fez foi ler e tentar entender aonde tudo deu errado.

Ele não via, mas perdera peso e seus olhos estavam mais sábios. Se ele estivesse menos triste, talvez chorasse, mas era dor demais, emoção de mais, e isso prendeu as lágrimas dentro de si.

Talvez tenha sido isso que chamara a depressão.

Rate yourself and rake yourself

Take all the courage you have left

Wasted on fixing all the problems that you made in your own head

Naquele ano, depois de três meses de uma dor que ninguém entendia, Hugo se olhou no espelho na noite de Ano-Novo, em seu dormitório em Hogwarts: suas roupas estavam frouxas, havia algo errado. Ele retirou suas vestes para ver o que havia de errado e se analisou no espelho. Já estava passando por outra fase da puberdade – faria quinze em dois meses. Seu rosto estava ficando mais duro, conseguia ver seu maxilar mais forte, e crescera uns dez centímetros desde a ultima vez que se medira. Seu corpo era magro, pouco atlético, mas definido.

Ele não sorria fazia muito tempo.

Durante as festas, não haviam muitos alunos na escola, ao menos ninguém de sua família. Fazia algum tempo que deixara de namorar Alexis Wood, filha de um ex-colega de seus pais e de seu tio. Hugo não sentia falta dela, porém. Era estranho, na verdade, nunca se sentira excitado perto dela – ou de qualquer outra pessoa.

Foi assim que ele resolveu que era impossível entender o mundo lá fora, Mágico ou Trouxa, se não conseguisse entender a si mesmo. Foi assim que ele admitiu que vivera de faxada durante toda a sua vida, dizendo ser algo que não era.

Se você quer saber, o Chapéu Seletor não colocou Hugo na Grifinória por causa de seu cabelo ou de sua família, ele era realmente um leão, uma pessoa brava –– talvez não compreendas, mas admitir a si mesmo que, ao se olhar no espelho, não conhece quem te olha de volta, é algo realmente difícil.

Estava na hora de ele se encontrar, de concertar a merda dos problemas que ele conseguiu encontrar.

But it was not your fault but mine

And it was your heart on the line

I really fucked it up this time

Didn't I, my dear?

Quando o ruivo conheceu o namorado de sua irmã, ele estava pesquisando sobre assexualidade – algo que ele suspeitava ter por nunca ficar com desejo por qualquer pessoa. Era muito tarde da noite quando ele finalmente encontrara o livro que procurava, e ao dobrar uma esquina no meio das estantes, ele deu de cara com Scorpius Malfoy.

Scorpius tinha os olhos negros de sua mãe, os cabelos platinados do pai e um sorriso caloroso que ninguém sabia de onde vinha, mas que o diferenciava dos outros Sonserinos. No entanto, mesmo que ele fosse um pouco estranho, isso não preparou Hugo para encontrá-lo com vários livros sobre homossexualidade nos braços.

Se ele tivesse reparado melhor na situação, teria visto que aquilo era um sinal.

Demoraram cinco minutos para o loiro explicar a situação de maneira agitada, a fala totalmente embolada [ele estava lá para pegar livros para si e para Rose, que acabaram como melhores amigos porque não tinham tesão um pelo outro e estavam tentando encontrar uma saída para a situação], para depois pedir licença e praticamente sair correndo do local.

Hugo apenas sacudiu a cabeça e voltou para o seu dormitório, com sono e estupefato com o que havia acabado de acontecer. Apenas no outro dia ele tocou nos livros, tentando se encaixar em algumas das características de pessoas assexuadas. Foi um fracasso.

Se ele ao menos tivesse prestado um pouco de atenção.

A segunda vez que encontrou com o Malfoy, foi nos jardins, aonde ele estava resmungando frustado sobre a guerra do Vietnã. Hugo não conseguiu parar seu impulso de compartilhar conhecimento: ele cutucou o ombro do outro menino e perguntou se ele precisava de ajuda. Scorpius nunca pareceu tão agradecido quanto naquele momento, seus olhos negros brilhando em, hm, gratidão?!

Hugo era um paspalho como o pai, apesar de ser tão inteligente quanto a mãe.

Durante meses, o ruivo ajudou o Sonserino com Estudos Trouxas, a área que ele mais dominava. E embora ele não soubesse como, a serpente o fazia se sentir melhor – e a dor ia se afastando, a vontade de dormir ao invés de comer sumindo e logo ele sorria e tinha a pele rosada de novo.

A depressão ia indo embora, a compreensão e o medo chegando: Hugo começou a notar que se sentia diferente com Scorpius por perto, que queria abraçá-lo e acariciar seus cabelos. Aquilo nunca acontecera antes. O que era aquilo? E então, na metade de um livro sobre o Antigo Egito, ele acordou para o mundo [de novo].

– Eu sou gay. – ele repetiu para si uma vez, e depois disse para Rose, e depois para Lily, e então para Scorpius.

– Eu também – foi o que Rose disse, abraçando o irmão e sorrindo – Graças aos Céus não estou sozinha nessa!.

– Eu sempre quis um melhor amigo gay – respondeu Luna, rindo e dando pulinhos. Naquele momento ele ganhou uma melhor amiga.

– E eu gosto de você – Scorpius o beijou depois de dizer isso. – Faz muito tempo.

Hugo pensou em todas as vezes que conversara com Scorpius, em que dava risada com ele. As vezes ele percebia o loiro distante, as vezes o via com os olhos marejados antes de se encontrarem. Ele viu como havia machucado–o, diversas vezes, sem saber, repetidamente.

– Eu também gosto de você. – Hugo riu. – Eu sou gay e gosto de você. – Scorpius riu junto com ele. – Que bom que meu pai disse apenas para Rose ficar longe de você, se não estaríamos com problemas.

Foi com aquela frase que o loiro perdoou todas as vezes que Hugo havia ferido seus sentimentos.

Ele se preocupava com o que Ronald Weasley ia dizer sobre a pessoa que gostava.

Tremble for yourself, my man

You know that you have seen this all before

Tremble little lion man

You'll never settle any of your score

Your grace is wasted in your face

Your boldness stands alone among the wreck

Learn from your mother or else spend your days biting your own neck

Mas todos temos nossas recaídas.

Durante seu quinto ano, com a chegada dos N.O.M.s e com a informação que Scorpius estaria longe durante os próximos dois anos, Hugo voltou a passar noites em claro com a tensão que o tempo emanava, tudo estava acontecendo depressa de mais. Nos seus livros de História tudo acontecia com o decorrer de séculos, mas a vida passa em questão de dias.

O Weasley tinha medo de não conseguir alcançar tudo que queria, afinal, o tempo era curto, logo estaria morto – ele estaria velho em um piscar de olhos. Mais um milésimo e estaria morto. E sua memória não estaria em nenhum daqueles livros de História, toda a sua vida passaria em vão.

Ele estava surtando. Mas não demorou muito até que seu namorado viesse em seu socorro. Mesmo que fosse Hugo que explicasse a maioria das coisas sobre o mundo para Scorpius, o loiro sabia como se lidar com a vida – seu pai havia o ensinado. Ele explicou para Hugo o que relatividade significava, que tudo é diferente e depende de como você vai enxergar as coisas.

– Você pode enxergar o mundo e dizer que ele é horrível, porque nós fizemos merda ou você achar que ele é maravilhoso, porque ainda não foi completamente destruído. – foi como Scorpius conceituou a palavra. O Weasley nunca soubera o quanto Scorpius gostava de Física até aquele dia. – Eu gosto do espaço, de estrelas e de coisas quase impossíveis – ele respondeu quando o ruivo se acalmou e o perguntou sobre o assunto.

Graças as essas palavras, em seu aniversário de dezesseis anos, Hugo era a pessoa mais feliz do mundo.

Primeiro, ganhara uma câmera instantânea de seus pais, com a qual tirara fotos de sua irmã beijando Alice II quando a pedira em namoro, de Lily, quando esta capturou o pomo para a Corvinal e ganhou de seus dois irmãos no campeonato de Quadribol, e de Scorpius, enquanto este fumava um charuto na cama de Hugo, parecendo extremamente erótico depois de uma pós-foda.

Segundo, havia uma tempestade de neve vindo. Durante o domingo inteiro, ao invés de ir para Hogsmead, ele ficou caminhando pela neve na Floresta Proibida, tremendo de frio e se sentindo vivo – e pesquisando algumas pegadas para a aula de Trato de Criaturas Mágicas, para seu xará, Rubeus.

Terceiro, no café da manhã de segunda-feira, depois de um ótimo fim de semana, quando ele achava que as coisas voltariam ao normal, ele recebeu um berrado da mãe:

– HUGO E ROSE, ESTOU EMOCIONADA EM DIZER QUE EU CONSEGUI LEVAR O MEU PROJETO ATÉ O FIM, E QUE, COM ALGUMA AJUDA DA FAMÍLIA MALFOY, O MINISTÉRIO ABOLIU TODAS AS LEIS PRÓ SANGUE-PUROS. E –

Hugo não ouviu mais nada, ele apenas chorou pela primeira em sete anos, não por dor ou tristeza, por felicidade. Ele encontrou os braços da irmã, que também não se aguentava de orgulho. Quando se virou para sorrir para Scorpius, foi recebido com um beijo.

O orgulho por sua família batia forte em seu peito quando viu toda a família Weasley vibrar, separada pelas mesas do Salão Principal. Isto nunca mudou, o orgulho. E ao olhar para os cabelos platinados de seu namorado, ele sentiu orgulho de si mesmo também.

[Tenho o prazer de informar que o senhor Hugo Weasley,

filho de Hermione e Ronald Weasley,

teve sua petição aprovada para abrir uma nova matéria em Hogwarts sobre Ciências Humanas,

que estudará ambos mundo Mágico e Trouxa.

Att. Diretora Luna Scamander.

PS.: Parabéns pela exposição de fotos no Ministério, querido.

Mande lembranças a Scorpius e a Hazael por mim!]


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Notas finais do capítulo

Eu não sei se ficou boa... Acho que me perdi um pouco /:Mas o Hugo é tão lindo que eu tinha que escrever. Todos jogam tudo na Rose e eu fico tipo, HEI, ELA TEM UM IRMÃO LEMBRAM?! kkkkkkkEntão, qual a sua sexualidade?Charutos, cigarros ou baseados na pós-foda?Scorpius X Rose ou Scorpius X Hugo?