Apaixonado Por Um Poste! escrita por bubbigless


Capítulo 20
A diretora




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Foi uma noite bem... Divertida.

Fiquei conhecendo Charlie naquela quadra mais reservada até o auto falante do lugar anunciar o início do jogo feminino de vôlei. Admito que foi um pouco constrangedor quando saímos do nosso esconderijo, por que, juro, todas as pessoas nos olharam como se soubessem que estávamos fazendo algo errado. Quando contei isso para o moreno ele apenas riu de mim, dizendo que eu era muito fofo. E não, eu não gostei desta parte.

Apesar do time da Camily ter jogado muito bem, tanto na defesa quanto no ataque, e feito muitos pontos, elas acabaram perdendo. Mas o engraçado foi que a baixinha não se deixou abalar com a derrota, disse que na próxima vez, detonaria o time adversário. Ethan, que chegou depois, apenas disse que ela tinha razão, os adversários seriam sim detonados, mas com a beleza dela. Carl revirou os olhos e murmurou um “héteros gays”, que me fez gargalhar. Charlie apenas esboçou um sorriso.

O único problema da noite foi que cheguei muito tarde, acabei acordando atrasado, perdi a carona dos Ducan, ou seja, obviamente também cheguei atrasado na escola. E acabei na diretoria. Ou pelo menos, na sala de espera da diretoria.

— A diretora está lhe espera, senhor Sebastian — eu me lembro da secretária que desperta-me de meus pensamentos, é a mesma que no primeiro dia de aula me orientou. Só que desta vez ela não me olha como se eu fosse um vândalo em treinamento.

— Sim senhora.

Suspiro exalando nervosismo, e acho que ela percebe, pois quando passo perto de sua mesa, ela toca levemente meu braço.

— Relaxa, rapazinho — sorri para mim. — A velha ali não é má — sussurra com uma delicada piscadinha.

Forço um sorriso amarelo, tentando não deixar claro que aquilo não ajudou nada, e abro a porta onde tem uma placa, que com letras douradas e grandes, deixa claro que era ali que tinha que entrar.

A diretora não é tão velha quanto imaginei; não há rastro de rugas no moreno, e o cabelo, apesar de ser tingido, era bem cuidado e sem quaisquer fio esbranquiçado, pelo que notei. Posso dizer que era bem... bonita.

Não tive tempo de olhar pela sala, pois logo ela me mandou sentar, sem olhar para mim, apenas para alguns papéis em suas mãos.

— Então... Sebastian.

— Desculpe, senhora... — eu não tenho a mínima ideia do nome ou sobrenome dela. — Eu juro que não me atrasarei novamente — gaguejei. — Não sabia que o colégio era rígido no quesito horário, mas prometo que não acontecerá no...

— Não te chamei aqui por causa do atraso, Sebastian — ela me interrompe com um sorriso solidário. — Quero dizer, não chegamos a ser rígidos com horários, mas, já que tocou no assunto, realmente não quero que se repita. Mais pelo seu bem, tudo bem? Alguns professores são bem chatos quando alunos chegam depois deles na sala...

— Sim senhora — digo, um tanto confuso, porém, aliviado. Nunca fui para diretoria antes, a ideia sempre me pareceu assustadora.

— Então, como eu disse te chamei aqui por outro assunto...

— E qual seria? — pergunto calmamente.

— Eu não sei se o senhor está lembrado, mas no seu primeiro dia de aula, pedi que viesse aqui durante o intervalo — ah, droga. Eu não acredito que esqueci. — Mas nunca apareceu — soltou uma risada. — Eu esperei durante toda a semana passada, mas...

— Desculpe-me! Eu... Eu me esqueci totalmente — senti meu rosto esquentar de vergonha.

— Tudo bem, querido! Eu sei como é difícil ser aluno novo, em uma cidade completamente nova — me acalma. — Além do mais, o assunto que eu tinha que tratar com você era mais pessoal do que escolar.

Ahn?

— Não pensei besteira, por favor — se apressou em acrescentar, e eu acabei achando graça do seu nervosismo.

— Claro que não — sorri. — Mas, do que se trata?

— Seu nome é Sebastian Johnson, estou correta? — indagou educadamente.

— Sim, senhora.

— E... Por acaso sua mãe se chama Annelise? Annelise Johnson?

— Ahn... — comecei a achar estranho, será que minha diretora está perseguindo a mamãe? — ...Sim...

A senhora colocou a mão na boca, como se não estivesse acreditando no que acabara de ouvir.

Querido — gaguejou. — Me diga apenas mais uma coisa, sua mãe já morou aqui antes?

— Na adolescência — digo, estranhando ainda mais. — Antes de se casar com meu pai.

Não acredito — balbucia, desviando o olhar de mim para a mesa. — Ô, Deus.

— Diretora? — chamo sua atenção. — A senhora está bem?

Ela esboça um sorriso amarelo, visivelmente forçado, e passa os dedos no cabelo escuro.

— Estou sim, mas tenho que lhe pedir um pequeno favor.

— Ern... Claro.

A mais velha sorriu novamente, desta vez mais relaxada, e tira um envelope amarronzado de dentro da gaveta. Observo-a me estender o fino objeto.

— Entregue para sua mãe o mais rápido possível. É importante. Muito importante.

— Se trata da escola? — indago me fingindo de inocente.

— Não necessariamente — nega um pouco nervosa.

— Mas... — fui interrompido.

— Hum... Apenas entregue, sim? — sorri delicada. — Promete?

— Sim senhora — assinto com a cabeça.

— Acho melhor você ir para sua sala — muda de assunto. — Desculpe atrapalhar sua aula.

— Não tem problema — digo cem por cento sincero me levantando; afinal, era aula do Joshua, e seria ótimo perdê-la por completo. Pena que não aconteceu.

— Obrigada, Sebastian — ela se levanta e caminha apressada até a porta, abrindo-a para mim.

— Até mais, diretora — me despeço. — Não irei esquecer-me de entregar o envelope.

— Ótimo — sussurra um tanto nervosa.

Saio da secretaria sem nem olhar para secretária, e acho que ela abriu a boca para falar alguma coisa, mas já era tarde demais.

Sei que devia ir para sala, pelo menos acho que é o correto á fazer, mas eu não vou aguentar o dia inteiro me corroendo por dentro para saber o que tem nesse envelope. Não teria problema ler, teria? Afinal, é para minha mãe. Eu sei de tudo a seu respeito, e ela quase sobre mim. Ela me contaria de qualquer maneira, certo? Eu só estou adiantando o processo.

Apressei o passo em direção ao banheiro, tentando não parecer suspeito, e, ao chegar lá, fui direto para uma das cabines, trancando-a. Após me sentar de forma confortável na tampa do vaso sanitário, abro com delicadeza o papel, para não rasgar.

Acho que era uma carta... Ou um texto escrito á mão.

Querida Anne,

Sei que jurei que nunca voltaria a falar contigo, querida, mas, quando soube que seu filho - oh, Deus, você tem um filho– estava estudando na "minha" escola, sabia que não iria aguentar vê-lo todo dia e me lembrar de você. Sim, Sebastian, que descobri ser seu nome, é bem parecido com você pelo que notei. Não sei quem é seu marido, mas pelo visto, não doou muita genética para o filho.

Por falar em marido, desculpe-me, se de alguma forma, estou incomodando você e seu relacionamento. Mas... Esses anos que você esteve fora foram os mais tristes da minha vida. Não aguentei comer direito - perdi cinco quilos, mesmo com acompanhamento médio - nem dormir, minha mente tem se ocupado apenas com a escola. Tirando isso, você ainda toma meus pensamentos dia e noite. Não sabe o quanto eu me arrependo de não ter aceitado manter segredo do nosso relacionamento, Anne meu amor. Mas, estava tudo tão confuso...

Aquela época, que você estava no colegial, e eu na faculdade, foram as melhores. Seus beijos roubados, as carícias no seu quarto quando seus pais e irmão saiam (ou não, você sempre gostou de viver o perigo, não é?), as juras de amor, as trocas de cartas (sem dúvidas, meu passatempo preferido; você sempre teve um dom na escrita; suas palavras sempre foram belíssimas)... Não acredito que deixei você ir embora com aquele homem. Aquele ser repugnante, metido a besta, que conseguiu seduzir-lhe na minha frente. Na minha frente! Como eu permiti tal ato?!

Eu devia ter lutado por você, Anne, mas não o fiz, e me arrependo até hoje. Eu era uma adolescente ignorante, mas o amor era real, eu juro. Sei que não sou digna de lhe pedir mais uma chance, mas quero apenas vê-la, minha querida, poder ver o quanto cresceu, o quanto eu perdi.

Por favor. Pode levar seu marido e seu filho, se quiseres, não quero que seu esposo se sinta ameaçado por mim... A qualquer lugar, qualquer hora, qualquer dia. Quero apenas te ver uma última vez, só isso.

Estou enviando meu cartão, que possui meus contatos. Pode me enviar um e-mail. Estarei esperando, nem que seja um "me deixe em paz", ficarei imensamente feliz...

Pense com carinho a respeito. Sei que também sente minha falta, pois sentia seu amor naquela época, assim como eu sentia o seu.

Por favor!

Da que sempre te amou e sempre te amará,

Katarina K.


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