Duas horas. Estava deitada, sem poder dormir, há duas horas! Não conseguia parar de pensar no que tinha acontecido hoje. Passei um dia inteiro na casa de Christian, mas o problema não é esse. O problema é que eu gostei. Eu adoro passar tempo com meus filhos e foi basicamente isso que fiz hoje, mas ter Christian por perto deixou de ser um incomodo, eu me sentia confortável perto dele, me sentia segura... Talvez Kate estivesse certa, eu precisava dar uma chance pra ele e hoje eu comprovei que talvez não fosse tão difícil assim.

Outra coisa que me deixou surpresa foi a estranha conexão que se formou entre Sofia e eu. Ela era uma criança adorável e não tinha como não gostar dela. Fico pensando como a mãe dela e capaz de ficar longe dela e nem se importar, não cabe na minha cabeça. Deve ser porque eu não consigo imaginar minha vida sem meus filhos.

Christian era um pai incrível, pude comprovar isso hoje. Ele trata os três com tanto amor, que cheguei a pensar que o Christian que conheci, um dia, ainda está dentro dele. Mesmo assim, não consigo esquecer do Christian que partiu meu coração, essa lembrança ainda está muito presente na minha cabeça e ainda doe. Eu não sei se um dia vou conseguir perdoar o que ele me fez, mas eu prometo tentar. Ele tinha se provado merecedor do meu perdão.

Assim que entrei em casa tomei um banho, para ver se conseguia para de pensar nos recentes acontecimentos, mas não foi o suficiente. Deitei na minha cama, a pesar de ser cedo, na tentativa de dormi, mas foi impossível. Decidi levantar e fazer um lanche, talvez conseguisse dormir melhor de barriga cheia. Preparei um sanduiche, peguei um copo de suco e voltei para minha cama. Foi comendo meu lanche que lembrei que não tinha ligado para o Leo o dia inteiro, nem mesmo avisei que passaria o dia na casa do Christian. Estava me sentindo uma namorada horrível! Peguei meu celular e disquei seu número.

_Oi amor! – Disse parecendo animado.

_Boa noite, amor. Você está ocupado? – Perguntei, não querendo atrapalhar.

_Acabei de sair de uma reunião com o Richard, ele tinha uma proposta para me fazer. – Disse se referindo ao dono do restaurante onde trabalhávamos.

_Proposta? Parece interessante. – Disse sorrindo. Realmente esperava que fosse algo bom, Leo merecia.

_Sim, mais ainda não está nada decidido, são muitas coisas à considerar.

_Agora estou ficando curiosa. Que proposta é essa? – Perguntei ansiosa.

_Prefiro não falar sobre isso por enquanto. Tenho que pensar bem antes. – Disse um pouco misterioso.

_Bom, quando você quiser me contar vou estar aqui.

_Eu sei que vai! Como foi seu dia?

_Meu dia? Foi diferente... – Disse insegura. Não queria que ele pensasse besteiras.

_Algo me diz que Grey faz parte da história.

_Faz... – Disse em um suspiro. _Eu passei o dia com os meninos na casa dele.

_Achei que os meninos fossem ficar com ele no final de semana.

_Estão com ele, mas Emma acordou chorando e chamando por mim, então achei em ir dar uma olhada neles, mas acabei ficando por lá. Passamos o dia na piscina, os meninos adoraram.

_Fico feliz de que tenham se divertido. – Disse calmo, calmo demais.

_Você está bem? Não está chateado? – Perguntei.

_Não, amor eu já disse que não vou ficar criando ciúmes sem motivo. Eu confio em você e as crianças precisavam de você.

_Você é tão incrível que, as vezes, acho que não te mereço.

_Não diga besteiras! Você é maravilhosa, eu sou sortudo de ter você.

_Nesse caso, senhor sortudo. O que vai fazer depois do trabalho? – Perguntei.

_Bom, estava pensando em me encontrar como uma mulher linda e gostosa.

_Linda e gostosa? – Continuei a brincadeira.

_Você não faz ideia... – Disse provocando.

_E ela sabe que você tem namorada? – Perguntei.

_Tenho certeza que ela não vai se importar.

_Espero que você se divirta, então.

_Eu vou, e muito.

_Besta! – Disse rindo no final.

_Te vejo mais tarde, amor.

_Estarei esperando e não conte pra sua namorada, não quero apanhar. – Disse fazendo Leo rir.

_Pode deixar, te amo.

_Também te amo, até mais. – Disse desligando o telefone.

Voltei a deitar na cama disposta a espera por Leo, mas acabei dormindo. Acordei quando senti a cama afundando ao meu lado.

_Boa noite. – Disse me virando na cama e olhando para Leo.

_Boa noite, amor. Não queria te acordar, acho que eu demorei mais do esperado. – Eu balancei a cabeça negando.

_Acho que estava mais cansada do que imaginava. Como foi o trabalho?

_Agitado, mas deu tudo certo.

_Claro que deu, você é o melhor gerente do mundo.

_Teria sido melhor se a melhor e mais linda garçonete do mundo estivesse lá comigo. – Disse me beijando.

_Era meu dia livre, mas amanhã estarei com você, sem falta. – Disse beijando ele novamente.

_Assim espero, mas agora vamos dormir, porque você está cansada e temos que trabalhar amanhã cedo.

_Tudo bem. Boa noite amor.

_Boa noite, minha linda, te amo. – Disse me dando mais um beijo e eu só senti meus olhos se fechando e caí em um sono profundo.

O dia seguinte foi como um dia qualquer. Leo e eu acordamos cedo, nos arrumamos e fomos ao trabalho. Segunda costumava ser mais tranquilo, mas recebemos um almoço de negócios, cheio de empresários ricos e petulantes, que acham que são os donos do mundo e das pessoas que o habitam. Kate estava quase batendo em um eles, enquanto eu mantinha a calma, não queria causar problemas ao Leo, ele era o gerente e acabaria em problemas. Tentei me concentrar nos meus filhos, assim que saísse do trabalho os teria em casa de novo e isso me deixava de bom humor, o bastante para suportar o bando de babacas sentados na minha área.

Assim que o restaurante ficou vazio e terminamos de arrumar as coisas eu corri até o vestiário dos empregados e peguei as minhas coisas.

_Está com pressa? – Perguntou Leo entrando no vestiário. Eu levei um pequeno susto mas sorri pra ele.

_Sim, estou morrendo de vontade de ver os menino, estive com eles ontem, mas sinto que não os vejo há meses!

_Também estou com saudades, vai logo, eu vejo vocês mais tarde. – Se aproximou e me beijou.

_Até logo! – Disse e saí correndo.

Andei pela rua rapidamente, estava ansiosa para ver meus filhos e saber como tinha sido o resto do final de semana com o pai. Cheguei na creche e os dois já me esperavam na porta junto com a professora.

_Desculpe pela demora. – Disse percebendo que a professora parecia chateada. _O restaurante estava cheio. – Tentei me desculpar, mas ela não pareceu se importar com minha desculpa.

_Não tem problema, o senhor Grey disse para esperar com os meninos aqui. – Disse se sentindo incrível por ter falado com o senhor Grey. Ridícula, até parece que Christian olharia para uma mulherzinha sem noção como ela. Nossa, o que foi isso Ana? Pensei ao perceber que tinha acabado de ter um ataque de ciúmes pelo Christian, só podia estar ficando maluca.

_Bom, obrigada pelo seu grande sacrifício. Agora, se não se importa, eu preciso ir. – Peguei as mãos dos meninos e saí o mais rápido possível. Tinha vontade de bater na cara dela. _ Desculpem, meus amore. Mamãe está um pouco estressada. – Disse parando no meio da rua e me ajoelhando para ficar na altura dos meninos. _Agora vamos pra casa tomar um banho e para que possa aproveitar o resto da tarde com meus dois amores. Disse abraçando os logo e me levantando logo em seguida.

Pensei em pegar um taxi, mas estávamos tão perto, que achei que fosse preguiça demais. Emma e Noah falavam sobre as coisas que tinham feito no colégio e eu sorria com cada história. O sinal, na nossa frente, ficou ver, então comecei a andar levando os meninos comigo. Mas no momento que olhei para o lado vi uma carro vindo na nossa direção, ele não tinha parado no sinal, pelo contrário, estava vindo à toda velocidade na nossa direção. Eu não consegui pensar direito, só sabia que tinha que salvar meus filhos, então fiz o que achei certo na hora. Empurrei Emma e Noah em direção à calçada, esperando que não se machucassem muito. No segundo seguinte ouvi um barulho muito forte e logo em seguida, escuridão.