Três semanas para o casamento. Hayley já havia ido umas três vezes experimentar o vestido, pois queria ter a certeza que não havia engordado e não precisaria ajustar a roupa. Fez com que as mulheres também fossem para fazer a última prova, mas outro dia. Foi apenas com Elena, já que era a única disponível no dia.

– Vamos precisar ajustar um pouco. Para mais.
– Eu engordei? - ela falou horrizada
– São menos de dois centímetros, quase nada.

Ela concordou, afinal era o seu vestido de casamento. Ficou irada ao descobrir que havia engordado.

– Está grávida e não contou? - Elena não foi nada discreta
– Claro que não, usamos camisinha! E Elijah não seria tão imprudente assim, a família deles não é desse jeito.
– Hay, engravidar antes do casamento não é problema. Até porque vão estar casados quando a criança nascer.
– Não estou grávida, já disse! Quer tirar a prova?!

Foram até a farmácia mais próxima. Hayley queria comprar todos os testes possíveis, mas como só tinha uma marca na prateleira comprou apenas um. Foi no banheiro do estabelecimento e o fez.

Elena esperava ansiosa no carro, até não aguentar mais e ir até o banheiro. Esperou a amiga na porta do banheiro indagando a cada segundo o que havia dado na fita.

– Satisfeita? - Hayley mostrou o conteúdo que marcava um risco, dando negativo.
– Esses exames são quase 100% confiáveis para positivo. Como não deu positivo? E se for um falso negativo?
– Len, não estou grávida. - riu - Se eu estivesse, saberia.

Seguiram para a casa dos Mikaelson, onde Klaus e Elijah jogavam vídeo game na sala de televisão e gritavam alguns palavrões enquanto apertavam vários botões ao mesmo tempo.

– Boa tarde. - Elena disse, mas não obteve retorno
– Corre, porra! - Klaus esbravejou quase quebrando o controle - Corre, Messi!

Elas prenderam o riso quando ele levou as mãos à cabeça e jogando o controle no sofá, lamentando o gol perdido. Elijah deu um salto de onde estava ao ver que o jogo tinha acabado, cantando vitória.

– Era para ter dez no seu time, dez! - abriu as duas mãos, sinalizando o número.
– Ainda acha que é melhor do que eu? - riu - Se me der licença, tenho uma mulher para cuidar e preparar a lista de presentes do casamento.
– E eu tenho que ir para o restaurante.

Elijah recepcionou Hayley com um beijo e Elena com um abraço. Klaus, aparentando pressa, deu um "olá" rápido e correu em direção à porta principal. Estava atrasado para seu turno. Deu partida no carro e rapidamente chegou ao seu destino.

Em sua sala, apenas revia o cardápio e algumas contas que teria de pagar na semana seguinte. Mexia tranquilamente em algumas pastas vendo o gasto do mês e se poderia reduzir com alguma das novas tecnologias do momento, mas um som vindo de seu celular o tirou a concentração.

"Niklaus Mikaelson... Não sei ao certo o que dizer, só queria responder para não te deixar pensar que a noite de ontem não valeu a pena. Desculpe a demora, o trabalho me chama. Xxx"

Sorriu ao ler o simples texto. Desejava poder tê-la em sua frente ali e naquele momento, mas sabia das circunstâncias e o quão difícil seria de se encontrarem. Ficou com o aparelho ligado na mensagem, pensando em como ela estaria e como se sentiu ao escrever aquilo. Foi surpreendido com duas batidas na porta, que o fez bloquear o celular.

– Atrapalho? - uma voz conhecida perguntou. Sorriu ao reconhecer a voz de Caroline.
– O que está fazendo aqui? - ele foi até a porta, passando a chave.
– Esperava ser recepcionada com um "Olá, Forbes. Como foi sua primeira metade do dia?", e não com...

Caroline definitivamente falava demais. Klaus tomou sua boca com a dele vorazmente, não deixando-a terminar a frase. Precisava sentir novamente aqueles lábios e o toque que só ela sabia, deixando o corpo dele frágil e propenso a qualquer coisa.

– Senti falta disso... - mordiscou a orelha dela - E disso... - beijou seu pescoço.
– Klaus, para. - bateu de leve em seu rosto, fazendo um suave barulho. Ele esboçou uma reclamação, mas calou-se assim que ela deu prosseguimento - Estamos nos arriscando demais, sabe disso. Se alguém desconfiar que isso está acontecendo, estamos fodidos.
– Se lembra de quando eu disse que não íamos dar certo depois dese tempo todo? Eu estava completamente errado! Não quero que me supere nunca, não quero te fazer sofrer... Só quero que seja minha.

Ela sorriu ao escutar aquilo. A vontade de jogá-lo no sofá e fazer aquele sonho se tornar realidade estava morando em sua mente desde o momento em que botou os pés naquela sala, mas algo a impedia. Diferentemente do sonho, ela estaria traindo o namorado. Aquilo pesou em sua cabeça, eliminando a ideia de usar a sala como um local de prazer.

– Eu sou sua. - colou sua testa na dele.
– É bom ouvir isso.
– Agora eu preciso ir. - beijou seu rosto - Tenho que passar no mercado e terminar a matéria da semana que vem.
– Quando a gente se vê? - não deixava ela se afastar, prendendo sua cintura com as mãos.
– Amanhã vou até o apartamento do Enzo e depois vou resolver umas coisas com a Hayley sobre a despedida de solteira dela.
– As duas coisas são incrivelmente chatas e não precisam ser feitas. - sorriu - Eu te entendo.
– Se eu conseguir fazer tudo e ficar livre, te mando mensagem.
Ele assentiu. Beijaram-se mais uma vez e Caroline partiu com um sorriso no rosto.

*

– Qual foi Elijah! - Damon abriu os braços - Só ir pra uma balada beber e se divertir. Ninguém vai trair ninguém!
– Eu queria fazer isso, mas Hayley vai ficar puta.
– É tradição! Já tenho um lugar e só preciso da sua confirmação.
– As meninas vão fazer uma também. - Klaus chegou em casa jogando as chaves do carro na mesa
– Como sabe? - Elijah ficou surpreso
– Tenho minhas fontes, irmão. - sorriu contando vantagem - E ai, vamos ou não?

O dia seguinte estava cheio para Caroline. Passou a manhã com as meninas decidindo aonde seria a despedida de solteira, optando por uma festa na casa da loira. Lá, elas chamariam algumas amigas da noiva e fariam brincadeiras e comprariam bebidas.

Passou a tarde com Enzo. Estar com ele era bom, não havia motivos para reclamar da sua companhia. Ele passava toda a tranquilidade que ela precisava, fazendo-a se sentir leve. Pensava toda hora em Klaus, punindo-se logo em seguida por estar do lado de seu namorado que nem sonhava que estava sendo traído.

– O que acha de irmos até Washington? - ele soltou de repente - Minha mãe está me cobrando uma visita há dias.
– O quê?! - assustou-se - Enzo, tenho meus compromissos aqui.
– Consigo que tire alguns dias na empresa, isso é fácil. - tentou convencê-la - São só quatro dias, nem vai sentir falta daqui.
– E sua mãe sabe que está me convidando?
– Ela quer te conhecer, já falei tudo que ela tinha que saber.
– Sendo assim, acho que não tenho como recusar. - sorriu, dando um beijo nele - Agora preciso ir... Nos vemos amanhã na empresa.

Despediram-se com alguns beijos que pareciam sem fim.
"Chego em meu apartamento em dez minutos."

Ao ler aquilo, Klaus levantou-se rapidamente do sofá. Saiu de casa às pressas, ansioso para o encontro que teria com ela. A saudade apertava a cada minuto, era impossível não pensar nela depois de tudo que vinha acontecendo.

– Como você é rápido... - abriu a porta, sendo recepcionada com um beijo - Entra.
– Pensei que não fosse te encontrar hoje.
– Preciso me trocar, cheguei ainda agora também. Já volto.

Ele ficou na sala, observando cada detalhe do ambiente que ela montou. Parou em frente ao móvel que continha diversos porta retratos com momentos da vida de Caroline. Pegou um em que ela estava de beca, provavelmente no ano em que se formou no colegial. Ficou a observar a foto por alguns minutos, até ela ficar ao seu lado.

– Um dia antes do baile? - perguntou
– Um dia antes do baile. - ela afirmou com um largo sorriso - Acho que depois desse dia nunca mais dancei.
– Não seja por isso... - ele a puxou para o centro da sala - Dance comigo.
– Está louco?! Não tem nem música!
– Não importa.

Começaram a se movimentar pela sala dançando lentamente, explorando cada canto como se fossem duas crianças. Ela repousou sua cabeça no ombro de Klaus, fazendo seu nariz se aproximar demais do pescoço dele, exalando um cheiro tão bom e inesquecível do mesmo perfume que ele sempre usava. Com os olhos fechados, um turbilhão de memórias foram invadindo sua mente. Por outro lado, o britânico mantinha os olhos abertos, como se estivesse vigiando-a e vendo cada memória em sua frente, como se estivesse ao seu alcance. Afastou seu corpo do dela com dois giros, colando-a novamente em seu corpo quente.

– Aquele dia, aquela música... - ela sussurrou.
– Eu sabia que tinha pensado em nós... - respondeu no mesmo tom - Eu sabia.

Ficaram nesse clima até o telefone fixo de Caroline tocar em um volume tão alto que fez com que os dois pulassem. Era Liz, que alugou a filha durante uns dez minutos com as preocupações de mãe.

Klaus foi até a cozinha preparar algo para comerem. Estava caçando uma frigideira para poder cozinhar a omelete que havia semi-preparado. A cozinha estava definitivamente bem arrumada e ele estava fazendo uma completa bagunça.

– Não acredito que está cozinhando e sujando a minha cozinha inteira.
– Imprevistos acontecem. E eu estava com fome.

Caroline tomou conta da cozinha, pedindo que ele apenas colocasse os pratos, copos e talheres na mesa. Em menos de quinze minutos já estavam sentados, comendo e bebendo.

Após a refeição, seguiram para o sofá onde cada um deitou para um lado e ficaram conversando sobre vários assuntos aleatórios. Ter um diálogo como o que acontecia era algo que nunca havia tido após o retorno dela. Usaram aquele momento só para jogar conversa fora, como um recomeço.

Ao falar de viagens, Caroline se lembrou do que tinha combinado com Enzo, mas não quis tocar no assunto com Klaus para evitar que outras pautas entrassem em jogo. Omitir aquilo dele seria um desafio e quando ele descobrir vai ficar uma fera, é claro.

– Preciso ir. - ele se levantou.
– Vai encontrar com a Ingrid?
– Não... - ele riu - Está com ciúmes?
– Não tenho esse direito, tenho?

Ele deu de ombros e a beijou. Explicou que tinha que organizar umas coisas em casa e teria que administrar o restaurante. Despediram-se com um beijo.

Caroline deitou-se na cama, precisando colocar sua mente no lugar. Passara a tarde com Enzo e a noite com Klaus e sabia que isso era errado. Esses pensamentos sempre perturbavam suas idéias de vez em sempre. Lembrou-se da dança no meio da sala, esboçando um sorriso. Nunca tivera nada disso com Enzo, mas talvez nunca tivesse dado uma chance para isso acontecer. Perdeu-se em pensamentos e o sono tomou conta de seu corpo.