A Babá escrita por Bloom


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Oi amorzinhos! Eu tinha essa historia excluida, mas decidi colocar ela ao vivo de novo. Espero que apreciem e se divirtam!



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Bella Swan

Isso só pode ser algum tipo de macumba jogada pra cima de mim sem a menor piedade. Não é possível viver um mês inteiro no puro tedio. Até os velhinhos da casa de enfrente se divertem mais (dá pra escutar eles em suas noites animadas. Totalmente horripilante).

Faz um mês que estou morando com meus pais na pacata e minúscula cidade Forks. Não que eu não goste de passar tempo com eles, só que ficar assistindo TV a tarde toda diluindo substancias que não conheço em meu chá não é um dia muito interessante de se passar ao lado deles. Prefiro mil vezes me trancar no meu antigo quarto e chorar pelas dores humanas. Tudo bem, tudo bem. Estou sendo dramática demais. Mas numa situação semelhante a minha a maioria já teria cortado os pulsos na primeira oportunidade.

Eu sou uma pessoa legal! Só que minha querida mãezinha Renée deixou de achar isso quando gastei dois mil dólares para fazer uma festa no meu apezinho lindo e tudo de bom. Na minha legitima defensa aquela festa iria despencar minha popularidade naquela faculdade de merda em Nova Iorque. Eu não tenho culpa se ela e meu querido paizinho Charlie começaram a me mimar desde que tenho memória. Tudo bem, a gente não é lá essas coisas de se diga de: “— Puta que pariu, que gente rica!”. Mas essa coisa de viver bem (bem mesmo) é conosco mesmo.

Não é por nada que minha pensão mensal era de quatro mil dólares todo mês e eu nem precisava trabalhar. Tudo bem, eu sou uma preguiçosa, a metade disso era pra pagar a faculdade e o resto nos alimentos, mas quem precisa de comida quando se mora em Nova Iorque?

Foi aí que minha adorada mãezinha Renée surtou e me mandou voltar pra esse fim de mundo com o rabo entre as pernas.

Nos primeiros 15 dias ela estava toda irritadinha comigo e queria por que queria me arranjar um emprego. Claro que as aguas acalmaram quando ela viu que nem uma mosca com virose queria me contratar para trabalhar nem para vender uma balinha de doce. Todos nessa cidade sabem da minha fama de ser desastrada e eu daria mais prejuízo do que benefício.

Minha mãe esfriou o rabo e eu ainda sou uma vagabunda sem emprego. Tenho só 21 anos, e não quer dizer que eu seja uma abusada em agir dessa forma com meus pais, mas eu não tenho culpa deles terem me mimado tanto e malcriado com esse negócio de “ganhar as coisas pelo próprio suor”. Nem gosto de suar, ficar parecendo uma porca molhada não é comigo não.

Ok. Ok. Pra não deixar as coisas tão feias pra mim eu já tentei trabalhar uma vez. Foi anos atrás, quando eu ainda era uma moça inocente e virgem de só 16 anos (talvez nem tanto) e tinha apostado com duas “amigas” (digo amigas entre aspas por que todo mundo sabe que quando se é popular no ensino médio sempre tem aquelas “amiguinhas do coração” mais falsas que Chanel escrito “Channel” que só querem ver você se fuder e morrer atropelada para ocupar seu posto) que eu conseguiria passar dois dias trabalhando na única lanchonete decente da cidade.

Fui demitida no primeiro dia depois de jogar uma sopa de repolho em uma velha rabugenta, mas consegui ficar até o segundo dia por que transei com o filho da dona na dispensa. E essa é a história de como perdi a virgindade ao lado de um saco de batatas.

Ok, mentira. Não sou tão puta.

Minha primeira vez foi com um cara chamado Mike que nunca mais vi na minha vida. Acho que ele casou com uma tal de Jessica e têm uma filha chamada Nina ou Rita, sei lá. Do que o Facebook não nos informa, né?

— ACORDA PRA VIDA, BARANGA! — quase cai pra trás ao ver a cara cheia de rugas e feia de um monstro horripilante a centímetros da minha. Ah não, é só a minha mãe.

Crê em Deus pai, é como ver o filho do capeta depois de ter recebido uma hora de patadas na cara e passado uma tarde inteira no sol escaldante de Las Vegas cheirando um pozinho de tão feia que ela é. Eu sou adotada, só pode, por que convenhamos né, meu paizinho não é lá essas coisas de bonito e minha mãe... Bem, ela é feia pra caralho. Assusta até o capeta.

— Não grita perto de mim, velha acabada! — berrei também. Não é possível ser tão irritante. Charlie fingia que não nos conhecíamos enquanto comia seu sanduiche de frango tranquilo, ignorando-nos.

— Acabada é você, toda cheia de celulite de tão gorda — Renée (sempre adorável e carinhosa) retrucou.

— Pelo menos o bronzeado da minha pele é natural — mostrei a língua.

— E quem disse que o meu não é?! — minha amada mãezinha bateu as mãos na mesa, chamando a atenção de um casal de sonsos ao nosso lado.

— Vanessa, lá da loja de camas de bronzeado! — sorri esnobe.

— E como você conhece a Vanessa, bronzeado natural? — ela cruzou os braços, vitoriosa.

Droga. Fiquei calada e ela quase estava se cagando na gargalhada. Renée 1 X Bella 0.

Depois da minha triste derrota contra a drogada da minha mãe, chegamos à caverna horrorosa no meio do mato, onde meus queridos pais vivem sem internet, cafeteira, micro-ondas, lava louça automática ou algum indicio de que chegamos ao século XXI. Patético.

Subi para meu quarto e tomei um curto e relaxante banho de uma hora e meia. O que? Quando se têm uma bosta de vida que nem a minha os banhos curtos viram largos e os banhos largos viram curtos. Deu de e entender? Se não, desculpa. Acho que Renée está fumando alguma coisa forte lá embaixo e o odor chegou até aqui.

Fiquei mais algum tempo deitada (ou melhor, esparramada) na minha cama velha escutando música. Escutando Tell Me Baby de Red Hot Chili Peppers, para ser mais exata. Uma e outra e outra e outra vez, que nem uma viciada. Droga, nessa casa só tem viciados. Meu papito com a TV a cabo, minha adorável mãe com suas ervas e seus pós e eu com essa música. Por isso que ninguém vai pra frente.

Minhas necessidades naturais chamaram (e não, não estou falando de ir ao banheiro soltar um belo de um troço) e sim do que mais o ser humano sente: Fome.

Desci as escadas e quando dei por mim todo estava em fumaça, neblina, ou seja lá o que essa coisa branca e não-solida seja. Ai meu pai do céu, minha mãe exagerou na dose. G-zuís, cadê essa mulher?!

Sai procurando por ela que nem maluca pela sala toda: Nada. Depois pela cozinha toda: Nada. Por toda a minha extensão que eu chamo bunda: NADA!

AQUELA MALUCA CHAPADA QUE EU CHAMO MÃE NÃO PODE MORRER!

Ela tem seus defeitos? SIM!

Ela me trocaria por um saco de mais pó sem pensar duas vezes? SIM!

Eu quero ela me enchendo o saco por muitos anos ainda? NÃO!... Quero dizer SIM!

— MÃE, PELO AMOR DE JEOVÁ. Cof. Cof. APARECE! CADÊ VOCÊ, VEIA?! Cof. Cof. MÃEE! — choramingava jogando as almofadas do sofá no chão enquanto tossia. Essa velha estava usando um baseado bem forte dessa vez, hein.

Eu ia seguir procurando se um vulto preto não tivesse me pegado e me puxado para fora da casa.

Eu chutei, resmunguei, gritei coisas improprias, xinguei até a avó da bisavó dele, mas o vulto não me soltou. Eu chorava desesperada pensando que a chapada da minha mãe estava mortinha da Silva na própria fumaça que ela fumou.

— Bella.

Até posso escutar a voz dela me chamando. Tão doce.

— Bella!

Ok, não tão doce. Doce que nem um maracujá com sal. Mas assim era minha mãe, doce que nem um maracujá bem podre com sal grosso.

— BELLA ACORDA CARALHO!

Ok, essa pareceu mais um limão. Depois senti um tapa bem no meio da minha fuça e abri meus olhos dando de cara com uma Renée mais vermelha que o normal. Ergui o olhar e vi que o cara que eu tinha jogado uma boa macumba até na avó da sua bisavó era nada mais e nada menos que meu lindo papito. E ele também estava mais vermelho do que o normal. Era até engraçado ver ele assim, parecia um tomate com bigode e todo zoiudo.

Detrás de nós tinha umas vinte pessoas tumultuadas com as maiores caras de gente sem o que fazer. Estranhei e comecei a perceber as coisas. Gente tumultuada, fumaça saindo da cozinha da minha casa e um corpo de bombeiros muito gatos que eu ainda não tinha notado. Como que eu fui a última a perceber esses lindos funcionários que o governo mandou para nos salvar? Obrigada, Obama!

Pera um pouco, me deixa ignorar o fogo no meio das pernas e usar a cabeça.

Fogo. Fumaça. Gente tumultuada.

— Ahh — exclamei entendendo a situação de tudo. — Estão fazendo remake do Homem-Aranha? Cadê o Duende Verde? Cadê o Spider e porque ninguém me avisou?! Eu sou fã de histórias em quadrinhos!

Meu pai me soltou no chão sem o mínimo de delicadeza (como sempre).

— Não acredito que essa criatura saiu do meu útero — minha mãe bateu a mãe na sua cabeça e saiu resmungando algumas coisas na direção ao corpo de bombeiros. Uma jogada muito astuta em minha opinião, conhecendo aquela velha (que é da mesma laia que eu) vai dar uma de desesperada e “desmaiar” nos braços de um daqueles caras pra lá de gostosos.

▪▪▪

Depois de aqueles gostosos terem acalmado tudo por aqui e aquele bando de idiotas terem voltado às suas casas tudo voltou à antiga calmaria e eu pude finalmente gritar na cara da minha mãe que ela é uma vaca sem noção. Afinal todo aquele rolo foi culpa dela e da sua panela de feijão esquecida.

É, não foi um remake da cena do Homem-Aranha e o Duende Verde, ela só tinha deixado a panela de pressão ligada e explodiu o fogão.

— Olha o que você fez na nossa cozinha! O que você tinha na cabeça quando esqueceu aquela panela ligada no fogão? Bosta de vaca? Estava chapada de novo?!

— Não grita comigo mocinha, que eu ainda sou sua mãe e posso te dar umas boas chineladas no cú! — Renée ameaçou tirar a sua chinela no mesmo instante. Foi o suficiente pra eu acalmar meu rabo. — E sim, eu vi a merda que ficou a cozinha! Eu não sou cega.

— Mas ao parecer é burra...

Ela ameaçou tirar a sua chinela de novo e eu me sentei no sofá sorrindo amarelo.

— Quietinha você fica mais bonitinha — ela falou sarcástica e eu só revirei os olhos. Ela se sentou no colo do meu papito (que até agora só assistia TV e comia algumas batatinhas fritas) e falou calmamente. — E sobre a cozinha, já estava na hora de comprar um fogão novo e enquanto você invernava naquele quarto seu pai e eu fomos à loja de domésticos...

— Cullen’s Industries — ela me olhou feio por interrompê-la.

— Isso... E parece que o dono de lá é um velho amigo do teu pai e ficou sabendo do acidente aqui na cozinha...

— Que você causou... — interrompi de novo.

— ME DEIXA TERMINAR, PORRA! — gritou e logo voltou a sua postura anterior. — Lálálá acidente na cozinha e decidiu fazer um desconto em dois domésticos que a gente for comprar com uma condição.

— Meu Deus, ele quer teu corpo nu! — berrei incrédula ao pensar em que minha mãe tenha aceitado aquela oferta. Se bem que aquele homem é um pedaço de mau caminho, e olha que ele já está bem maduro.

— Epa! — papito falou enraivecido.

— Claro que não, sua burra. Ele falou que um dos seus filhos está precisando de uma babá pra cuidar de uma pirralha e eu falei que você seria “aquela” babá — ela soltou de uma vez só pra ver se eu enfiava na minha cabeça logo.

Eu ri. Minha mãe é tão piadista às vezes. Eu cuidar de uma criança? (Risos eternos). Mato até um gato se me botar pra cuidar ele por 2 minutos, quem dirá uma pessoa de verdade.

— Tá rindo de que, criança? — meu papito perguntou me olhando como se eu fosse maluca.

— Da minha mãe, ela é tão comediante às vezes. Boa piada, mãe.

— Comediante? Piada? Quem fuma maconha aqui sou eu, não você Bella. Para de viajar, você vai ser babá — ela falou calmamente.

— O QUE?!


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