Julieta é A escrita por caroline_03


Capítulo 1
Its all about us


Notas iniciais do capítulo

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Não tenho vocação para Julieta, para Rapunzel muito menos. Cinderela? Tem segurança em casa, o príncipe não passaria nem do portão. Branca de neve? Eca, detesto maçã e não me venha com essa de pêra, uva ou goiaba envenenada, por que sinceramente, isso já saiu de moda. A pequena sereia?  Me ensine a nadar e ganhe o premio Nobel. E, se o príncipe encantado aparecer na minha frente com o maldito cavalo branco eu digo: “da licença moço, você está me atrapalhando”. Sempre tive mais familiaridade com a bruxa do mar ou com a madrasta má. Belle Duck? Qual é?! Você acha mesmo que um vampiro bonitão ou um lobisomem gostoso iam mesmo gostar de mim? Nem em meu melhor sonho!

 

É, talvez eu seja apenas a irmã sem graça e esquecida da bela adormecida, ou, quem sabe, o Shrek errou o endereço...

 

 

Caro senhor Cheney,

 

É com muito pesar, que por meio dessa, venho lhe comunicar que seus serviços na Swan S.A não serão mais necessários. Peço para que compareça em meu escritório pontualmente as 15:30 para que assim possamos acertar seus honorários restantes.

 

Todos os benefícios citados em seu contrato, o Sr. Charlie Swan, sócio fundador da Swan S.A, concordará em pagá-los caso o senhor assine uma clausula prometendo não entrar com recursos na justiça.

 

Caso preferir, é com muito agrado que redigirei sua carta de recomendação, para assim facilitar seu ingresso em uma nova empresa.

 

 

Atenciosamente,

Isabella M. Swan

Advogada e Co-Administradora

Swan S.A

 

Nasci em um mundo que é desconhecido e sonhado por grande parte das pessoas. Eu e minha melhor amiga Alice crescemos juntas e vivemos no mesmo meio por causa da sociedade de nossos pais.

 

Tínhamos viagens, boas escolas, faculdade, professores particulares se fosse necessário, roupas, carros... Não conhecemos outra vida. Não tivemos outra perspectiva de mundo. Eu sabia que teria que crescer e ir trabalhar na empresa, e sabia desde que era uma pirralhinha brincando de fazer bolacha de água e pão. Eu sempre soube que essa seria a vida que eu levaria e nunca fiz nada para mudá-la.

 

O que eu poderia mudar? Todas as pessoas que eu conhecia viviam no mesmo meio. Todos diziam que eu era privilegiada de ter tudo o que eu quisesse e que eu deveria agradecer a Deus por isso. Minha mãe tentava fazer tudo o que podia para compensar a falta de meu pai o tempo todo. Ela me ensinava coisas como certo e errado, e palavras que eu provavelmente nunca teria ouvido se não fosse por ela.

 

O fato crucial é que a criança cresceu. O modelo perfeito de que meu pai se orgulhava. O espelho de sucesso que ele cantava e que, inutilmente, eu tentava manter a fachada. Como eu diria a ele: “Pai, sinto muito, mas eu quero defender pessoas que precisam de mim e não cutucar onças com a vara curta” (que é o meu atual trabalho, diga-se de passagem).

 

Não. Erros, obstáculos e imprevistos não podiam acontecer. Tudo tinha que ser milimetricamente contado e prepara do com antecedência, caso contrario? “sinto muito, querido, mas é melhor você pular fora”. E agora, com vinte cinco anos, solteira, trabalho seguro, formada, estabilidade financeira e o diabo a quatro que todos esperam para se casar, o que acontece comigo?! TÃNAM! Exatamente. O príncipe encantado se mandou, se é que algum dia ele já existiu.

 

Por longo e longo tempo fiquei focada em outras coisas e quando percebi já não estava na faculdade e todos aqueles meninos bonitos que moravam em meu bloco tinham simplesmente desaparecido.

 

Bem, Alice diz que eu sou perfeccionista de mais, que homem perfeito não existe, que isso tudo é apenas lenda. Quantas vezes eu não sonhei em apenas sair por ai olhando rostos desconhecidos no meio da multidão, escolher um aleatoriamente e ir papiar, apenas para saber que existem outros problemas no mundo que não sejam os meus? Mas, algumas vezes acho que Alice tem razão... Talvez o defeito esteja em meus olhos e não nas pessoas. Talvez o meu jeito de ver e pensar estivessem antiquados, mas... Sonhar não custa não é?!

 

Mais cartas para fazer e eu já estava ficando cansada. Sabia que o velho senhor Charlie não me deixaria em paz até que terminasse todas, mas, ainda assim diante de tudo aquilo, eu decido por sair do escritório e correr para o único lugar onde eu poderia ter paz por pelo menos cinco segundos. Levantei de minha mesa, joguei todos os papéis no chão e fui marchando para a cozinha, onde acenei para Angela e fui até o armário mais distante e esquecido que tinha na cozinha. Era logo abaixo da pia, então raramente alguém olhava lá. Tirei umas caixas de café que estavam em meu caminho e sentei lá no cantinho, fechando a porta para que todo o escuro tomasse conta de mim.

 

-lar, doce lar. –disse a mim mesma, sorrindo fraco e sentindo o cheiro de poeira que tinha ali.

 

Espirrei uma ou duas vezes e logo depois escutei o barulho da pia sendo aberta e imaginei quem estaria ali, mas do que importava? Eu era apenas a filha do dono da empresa, com vinte e cinco anos, escondida no armário da cozinha. Por que isso deveria ser tão incomum?

 

Mas, para a minha surpresa, a porta do armário foi aberta e eu vi o rosto de Alice ali. Ela era a filha de outro sócio de meu pai, e trabalhava como secretaria dele. Ela olhou em volta, como se não notasse minha presença, ou, se notasse, aquilo já era comum.

 

-onde está o café?! –ela murmurou. Engoli em seco e peguei uma caixinha, passando para ela. –Obrigada Bella.

 

Ela fechou a porta e eu respirei aliviada. Tudo bem, aquilo fora estranho, mas ela era apenas a Alice. A menina que tinha me visto passar mal inúmeras vezes em festinhas da escola e que tinha segurado meu cabelo para que não o melecasse. Suspirei mais uma vez e a porta do armário foi aberta outra vez.

 

-BELLA?! –ela berrou me olhando. –O QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO AÍ?

 

-SHIU! Estou tentando não morrer de dor de cabeça. –falei fazendo sinal para que ela se sentasse ao meu lado ali dentro.

 

-piro?! Se meu pai ver apenas uma dobrinha em minha roupa, eu vou ser servida na manteiga para o jantar. –ri um pouco.

 

-tudo bem. –relutante e com dificuldade sai do armário e me sentei em uma cadeira, como qualquer pessoa normal faria. –o que VOCÊ está fazendo aqui?

 

-vim buscar café. O senhor Brandon está mais estressado do que de costume. –ela falou pegando um copo e colocando o café da cafeteira nele.

 

-ah, novidade. Significa que Charlie vai me pedir alguma coisa. –suspirei.

 

-falando nele... Ele estava louco atrás de você agora mesmo. –ela avisou bebendo um gole.

 

-não faz cinco minutos que eu saí da minha sala. –olhei no relógio em meu pulso.

 

-é melhor ir atrás dele, sabe como é... –ela deu de ombros e eu assenti.

 

-nos falamos depois.

 

Assim que saí da cozinha, logo tive vontade de correr para lá outra vez e me esconder no armário até que desse o horário de ir para casa. Mas conhecendo bem meu pai, ele provavelmente me faria fazer hora extra, principalmente por que tinha algum problema em vista. Caso ao contrario não teria tantas secretarias correndo de um lado para o outro desesperadas.

 

Um suspiro e duas batidas na porta do meu pai. Logo ouvi um “entre” e, ainda receosa e com medo de perder a cabeça, entrei. Meu pai segurava a cabeça entre as duas mãos e mantinha os olhos fechados, tentando manter a paciência.

 

-tudo bem pa... Quer dizer, senhor Swan? –ele ergueu o olhar para mim.

 

-sente Bella, ainda bem que você chegou. –assenti.

 

Ele ia começar a dizer alguma coisa e me passar um monte de papeis, mas o telefone tocou e toda sua fúria foi dirigida para ele. “EU JÁ DISSE QUE NÃO TEM ACORDO COM OS CULLENS!” ele berrou e jogou o aparelho na parede.

 

Cullens. Eu deveria saber que tinha alguma coisa a ver com nossos maiores concorrentes. Tínhamos uma política diferente com relação a eles. Completamente pacifica e sensata: “PARA CADA CULLEN MORTO, 50% DE AUMENTO DE SALARIO PARA TODOS OS FUNCIONÁRIOS DA SWAN S.A”

 

É claro que infartos, acidentes, problemas de saúde eram vistos como uma coisa boa, pelo menos quando o caso eram para os funcionários da CHC (Cullen Hale Company), até onde eu sei, nenhum funcionário da Swan S.A tinha tentado um atentado contra a empresa rival... Até agora.

 

-Bella, preciso que você me represente em uma reunião na China semana que vem. –meu pai disse com tom categórico.

 

-na... China? –eu gaguejei. Ele nunca tinha me deixado representá-lo em reuniões. Nem nas de condomínio.

 

-Sim, você é a única que pode fazer isso e sem contar que eu estarei na Alemanha. –assenti.

 

-tudo bem.

 

-provavelmente Elton mandará Alice com você, mas acho que não terá problemas. –ele não me olhava mais, fitava os papeis em sua frente.

 

-claro.

 

-e também preciso que você resolva esse caso do Senhor... –ele mexeu nos papeis outra vez. – Damon Salvatore, o homem do acidente de trabalho que está nos processando. Vê se ele aceita um acordo e trate de achar um emprego para ele o mais rápido possível. Não quero mais problemas hoje. E também...

 

Ele ia me passando quilos e quilos de papeis sem nem ao menos se dar o trabalho de olhar para minha cara. Fui pegando as pastas e sem querer uma abriu na ficha do tal Damon... Eu me lembrava daquele homem. Acidente de trabalho o cacete, Felix achou que ele estava roubando e quebrou seu braço “acidentalmente”.

 

Bufei e peguei as fichas sem dizer mais nada. Odiava aquele trabalho, odiava aquele lugar, odiava a hipocrisia de meu pai e odiava minha vida naquele momento. Era pedir de mais que alguma coisa justa acontecesse ali? Ou pelo menos alguma coisa que pudesse fazer com que meu trabalho fosse compensado? Vi Alice sentada em um banquinho do lado de fora da sala de seu pai e logo soube: Não. Nunca existiria paz naquela fabrica tirana e perversa.

 

-o que aconteceu? –perguntei me sentando ao seu lado.

 

-preciso de um X-burguer duplo com queijo extra e Milk shake de chocolate tamanho família. –ela falou segurando os cabelos com as duas mãos. Ri um pouco.

 

-saiu da dieta? –ela me olhou de canto de olhos.

 

-Elton Brandon me tirou dela. –bufou outra vez. Olhei no relógio e sorri.

 

-você ganha hora extra?

 

-de que sonho nós estamos falando? –ela respondeu com humor. 

 

-ótimo, vamos sair daqui. –comecei a puxá-la para os elevadores.

 

-tá louca? Aonde vai me levar? –ela se debatia, mas eu tentava ignorar.

 

-estou te levando para comer sua bomba calórica e fugindo daqui. –ela pareceu entender e então começou a colaborar.

 

James, o porteiro, tentou dificultar nossa passagem, mas após um ataque de fúria de Alice, acredite, se você já viu Alice dando um ataque, não vai querer irritá-la.

 

-OLHA AQUI SUA AMEBA SUPER DESENVOLVIDA, SE VOCÊ NÃO ME DEIXAR PASSAR AGORA EU JURO QUE FAÇO PURE DE VOCÊ E AINDA USO SUA CABEÇA COMO ENFEITE DE BANHEIRO! –ela berrava enquanto o homem apenas mascava um chiclete a olhando com desdém.

 

-desculpa aí oh baixinha, mas não posso deixar que vocês saiam sem bater cartão. –ele falou novamente e eu suspirei.

 

-querido, nós não batemos cartão. –avisei sorrindo cínica e ele fez careta.

 

-AH, VÃO EMBORA DE UMA VEZ! –Alice bufou novamente e corremos para o carro.

 

Enquanto ia fuçando em meu porta-luvas Alice ia reclamando sobre o pobre porteiro que sempre encrencava, insistindo que deveríamos bater cartão quando na verdade, nós não batíamos.

 

-ah, agora sim tudo está perfeito. –Alice falou, suspirando e se acomodando sorridente no banco do carro.

 

-O que quer... AH NÃO ALICE! –berrei escutando enquanto o Ursinho pimpão começava a cantar. NINGUÉM MERECE!

 

-O QUE?! VEM MEU URSINHO QUERIDO, MEU COMPANHEIRINHO, MEU URSINHO PIMPÃO, PIMPÃO. VAMOS DANÇAR... –e ela continuava cantando enquanto eu ria alto.

 

Parei em uma lanchonete qualquer e nós descemos. Ela ficava em frente a um velho hospital que já tinha sido motivos de varias campanhas políticas, mas que na verdade, ninguém nunca fazia nada para ajudá-lo. O pior de tudo, é que se eu estivesse certa, aquele era o único hospital da região que atende crianças com doenças graves. Era uma pena, mas as pessoas não pareciam se importar muito agora.

 

-Bella, ALÔÔOÔÔÔ em que planeta você está? –Alice chamou minha atenção.

 

-ui, marcianos mandam lembranças. –Alice riu e quando percebi ela estava se acabando em um sanduíche.

 

-vamos à China, está sabendo? –ela perguntou pegando um pedaço de queijo e colocando na boca.

 

-é, Charlie disse hoje. Estou TÃO animada. –ela riu.

 

-sente falta da época do colégio? –ela perguntou me encarando por um segundo.

 

-sinto. Pelo menos não precisávamos fazer isso. –apontei para nós e ela assentiu.

 

-sinto falta de não ter tantas responsabilidades. De sair com meninos só por que eles eram legais e não por que é conveniente. –ela bufou.

 

-bem, pelo menos alguns ainda querem sair com você e eu? –ela riu alto.

 

-antes de casar, Jacob vivia te chamando para sair. –fiz careta e revirei os olhos.

 

-ele é como um irmão Alice. –sacudi a cabeça e ela deu de ombros.

 

-mas não são de verdade. –ela sorriu.

 

-do que adianta? Agora ele está casado com aquela menina, a comissária de bordo sabe? –ela assentiu.

 

-sempre quis ser aeromoça, mas papai nunca deixou. –ela suspirou chateada.

 

-Charlie me colocava no judô ao invés do balé. Segundo ele eu precisava aprender a me defender de meninos abusados no colegial. –nós rimos.

 

-bem, pelo menos serviu para alguma coisa... Lembra daquele bar em Nova Iorque? –ela falou rindo e eu bati a mão na testa.

 

-como eu poderia me esquecer? –nós rimos.

 

Continuamos conversando coisas banais e resolvemos andar por aí atrás de alguma coisa. Na verdade, naquele dia, na mesa daquela lanchonete qualquer que eu nem ao menos sabia o nome, eu e Alice fizemos um acordo. Todos os dias iríamos sair por aí sem rumo e direção, procurando por rostos anônimos e desconhecidos até que algum chamasse nossa atenção. Não importava idade, nome, nacionalidade ou qualquer outra coisa. Prometemos também que ainda iríamos pegar nossa velha van escolar e iríamos  desbravar o Estados Unidos.

 

Bem, era um plano legal, mas com a nossa sorte acho que iríamos sair em viagem apenas daqui uns setenta anos.

 

Quando estávamos saindo do restaurante alguma coisa nos atropelou, bem, correção: Alguma coisa atropelou Alice, e também não era ALGUMA COISA, era um homem. Não vi seu rosto imediatamente, quando vi Alice estirada no chão e inconsciente (ou fingindo estar pelo menos), logo me atirei ao seu lado e comecei a chamá-la.

 

-Alice, ALICE?! –eu gritava a sacudindo.

 

-ah, meu deus. De novo não. – o homem sussurrou e se ajoelhou ao meu lado.

 

-ah ela não está acordando. –eu disse batendo em seu rosto de leve.

 

-vamos levá-la para o hospital, minha irmã é médica. –ele disse e pegou Alice no colo.

 

Ele era muito alto e magro, sua pele era branca como cera e os cabelos em um tom claro, rebeldes e encaracolados. Seus olhos eram de um verde vivo, quase lápis de cor, mas não pude ver muito mais. Tinha certeza que o conhecia, mas conseguia me lembrar de onde.

 

-desculpa, qual é o seu nome? –perguntei indo em direção ao velho hospital enquanto ele corria.

 

-não se lembra de mim Bella? –ele perguntou divertido e eu estaquei.

 

Se ele sabia o meu nome e seu rosto me era familiar, então... É CLARO QUE EU O CONHECIA, mas de onde?

 

-na verdade...

 

-Jasper, eu fui da sua turma na faculdade. –ele sorriu esperando que eu abrisse as portas para ele.

 

-Jasper? –pensei por um segundo. –JASPER HALE? –praticamente berrei me lembrando de todos os processos que nos encontramos da Swan x Cullen. Era típico, mas há muito não acontecia nenhum confronto cara a cara.

 

-exato, mas isso não importa agora, não é? –ele sorriu e um enfermeiro logo correu trazendo uma maca.

 

Olhei mais uma vez para o menino e fui invadida por lembranças quase agradáveis. Agora conseguia me lembrar de Jasper na faculdade. Ele sempre fora muito tímido e quieto, mas apesar de tudo sempre fora gentil. Ele me passou cola uma vez e nunca me cobrou ou ameaçou como muitos teriam feito. Eu não conseguia ver os Cullen como o demônio que meu pai pintava.

 

Uma moça loira toda de branco veio em nossa direção. Olhou para Alice ainda desmaiada na maca e me olhou. Ela era muito bonita, com os olhos castanhos esverdeados e os cabelos claros contrastando.

 

-você é parente? –ela me perguntou.

 

-sim, Alice é minha prima. –disse olhando para a menina. –ela vai ficar bem? –a médica sorriu confortável.

 

-é claro que sim, ela só deve ter batido a cabeça por culpa desse mamute aqui. –ela deu um tapa em Jasper rindo.

 

-me desculpe. –ele murmurou fazendo careta.

 

-Peça desculpa a ela, não a mim. –ela apontou para Alice com a cabeça e sorriu para mim, levando minha prima para dentro de uma sala.

 

Sentei em um sofá branco e ali fiquei impaciente. Sabia que Alice deveria estar em boas mãos, afinal de contas a médica me pareceu bem legal, mas ainda não conseguia me perdoar por estar pensando apenas em minha má sorte amorosa, e deixado que ela fosse atropelada por um desconhecido.

 

-Ela vai ficar bem. Rosalie é uma grande médica. –Jasper disse se sentando ao meu lado.

 

-não sabia que tinha irmã. –disse sorrindo.

 

-não é surpresa, descobriu que eu era um Hale no último ano de faculdade. –fiz careta e ele riu.

 

-desculpa. –sacudi a cabeça.

 

-pelo que? –ele perguntou descansado.

 

-por tudo isso. Deveria ir para o trabalho, eu ficarei com Alice já que não... –sacudi a cabeça. Ninguém precisava saber do drama familiar de ninguém.

 

-está tudo bem, não tenho muito que fazer mesmo. –ele deu de ombros e se ajeitou melhor no sofá.

 

Enquanto esperava voltei a pensar em todas as minhas desastrosas tentativas de namorados. Tudo começou com Tyler no primeiro ano de faculdade...

 

Um ano de namoro e tudo era absolutamente lindo. Rosas, chocolates, jantares românticos, presentes, surpresinhas, beijinhos, abracinhos... Até que chego em casa e vejo ele vestido com meu vestido preferido e com minha sandália preta que eu custei anos para aprender a andar com ela... E, pasme, ele andava nelas melhor do que eu.

 

Segundo ano de faculdade, tentativa de namoro de numero dois. Vitima da vez: Mike Newton.

 

Segundo mês de namoro. Ainda estávamos na insegurança de como seria e se daria certo. Eu perambulava pelos corredores e escadarias da faculdade quando escuto um gemido baixo de alguém atrás de uma porta. A principio, deixo passar, mas escuto um “Mike” logo em seguida e quando percebi a porta já estava aberta, Mike só de cueca e Jessica (ou Vassica, como eu comecei a chamá-la) com o batom todo borrado... A partir daí você pode imaginar a confusão.

 

-Bella meu amor, não é isso que você está pensando. Caiu uma moeda dentro de minha cueca e Jessica estava me ajudando a... –uma sapatada na cara não faz mal a ninguém, não é?!

 

Suspirei frustrada e olhei em volta. Jasper parecia estar lendo minha mente, por que ele estava reprimindo a risada. Fechei a cara e olhei para o outro lado, me lembrando de outra situação...

 

Tentativa de número três, vítima: Jacob Black. (Que Alice nunca saiba disso...)

 

Finalmente depois de meses me enchendo o saco, decidi sair apenas uma vez com Jake para que talvez ele visse que não tinha graça nenhuma e então me deixasse em paz. O jantar ia bem, Jacob era carinhoso, estava até revendo minha lei de “apenas um encontro com Jacob Black” (sem contar que ele era quase meu irmão, já que fomos criados juntos praticamente), quando uma menina loira de cabelos enrolados entra enfurecida no restaurante. Não entendi por que Jake colocou o cardápio no rosto, só depois, quando o prato de macarrão já estava em minha cabeça, que eu percebi que EU era a OUTRA.

 

Depois de eu me abaixar no chão e ir engatinhando para fora, eu apenas apareci para a anunciação de noivado deles e dei apenas um beijinho em Billy e não deixei que nenhum dos dois me vissem, vai saber o que a menina faria. Apesar de não tirar a razão dela, não pretendia ficar com enfeites de comida pelo cabelo outra vez.

 

Bem... Aí acabam minhas desventuras amorosas.

 

Levantei e comecei a olhar por um vidro para a Ala das crianças. Elas estavam todas reunidas no meio da salinha, vestindo chapéus de balões e com cachorrinhos nas mãos (também de balões) e um homem bem ao meio deles, aparentemente lendo um livro.

 

MINHA NOSSA! Existe mais um príncipe nas terras da Dinamarca?! E por favor, me lembrem de queimar Hamlet quando chegar em casa para nunca mais ler aquela coisa.

 

Ele era parecido de certa forma com Jasper, a estrutura do corpo e a pele branca. Seus olhos eram tão verdes quando de Jasper, mas seus cabelos eram avermelhados. Seu rosto parecia ter sido esculpido a mão por um profissional e então meu coração parou de vez, mas dessa vez foi por reconhecer o menino. Edward Cullen. Filho do arquiinimigo de meu pai.

 

-se eu sou a bruxa do mar, ele é o cavalheiro sem cabeça. –sussurrei frustrada. Desde quando ele é tão lindo?

 

-falou alguma coisa? –Jasper sussurrou ao meu lado e eu pulei de susto.

 

-ah, claro que não. –ri nervoso e voltei a atenção para as crianças.

 

-Edward adora essas crianças. Na verdade ele passa mais tempo aqui do que em qualquer outro lugar, segundo ele, aqui ele se sente bem e útil. –deu de ombros e o homem dentro da sala olhou para nós e sorriu.

 

-não sabia que as pessoas ainda faziam trabalho voluntario aqui. –disse surpresa e sentindo uma estranha admiração pelo quase estranho menino.

 

-é mais cômodo esquecer ou deixar para lá. –ele falou sorrindo e as crianças acenaram para nós.

 

Quanto eu ia perguntar mais alguma coisa, a loira, Rosalie, veio e chamou Jasper. Fiquei sozinha olhando a cena, até que o homem me chamou com um dedo, para que eu entrasse. Sorri e ergui os ombros em um obvio pedido de desculpa. Ele balançou a mão e se levantou vindo em minha direção.

 

-as crianças querem te conhecer, é... –ele disse pegando minha mão e me puxando.

 

-hm... Bella. –ele sorriu.

 

-eu sei. –ele entrou na sala me guinchando. -essa é Isabella crianças, como dizemos para pessoas novas?

 

-OLÁ ISABELLA. –eles disseram juntos.

 

-hm... Oi. –sorri tímida e me acomodei no chão ao lado de Edward.

 

-ela está tímida gente... –e quanto achei que todos iam rir da minha cara, todas aquelas crianças se levantaram e vieram me abraçar.

 

Comecei a rir e abri os braços e no fim estávamos todos deitados no chão rindo. Edward as tirou de cima de mim antes que eu morresse sufocada e me ajudou a me levantar, me levando para fora da salinha.

 

-hm... Desculpa, mas não costuma vir aqui. –ele ergueu uma sobrancelha.

 

-minha prima foi, hm, atropelada e eu estou aqui com ela. –ele arregalou os olhos e sorriu.

 

-Jasper? –arregalei os olhos.

 

-como sabe? –ele riu alto.

 

-acontece toda semana. Não se preocupe. O pior foi quando ele passou por cima de um homem que poderia ser um tanque de guerra... Ele veio parar aqui. –ri um pouco também.

 

-é legal o que faz aqui. –apontei para as crianças.

 

-ah, não é nada. –ele pensou por um segundo. –preciso pegar umas coisas para trazer aqui, você poderia me ajudar? –arregalei os olhos surpresa.

 

-hm... Claro.

 

Antes que pudéssemos sair, Jasper me puxou até onde estava Alice. Ele tinha uma expressão preocupada, quase aterrorizada. Edward me seguiu com um sorriso torto, enquanto eu via Rosalie parecendo abismada com a mão em frente a boca.

 

-achamos que ela bateu a cabeça. –a mulher loira disse e eu olhei para Alice, que estava com os olhos fechados.

 

-A GALINHA MAGRICELA, E BOTA UM E BOTA DOIS E BOTA TRÊS, A GALINHA MAGRICELHA... –Jasper me lançou um olhar torto e percebi que Edward segurava o riso.

 

-não, ela ta normal. Acredite em mim. –Rosalie arregalou os olhos e Jasper os revirou.

 

-BELLA?-Alice berrou arregalando os olhos de uma vez.

 

-hey. –disse sorrindo.

 

-BELLA. –ela pulou da maca e ficou bem em minha frente. –estamos no covil dos leões, em campo inimigo, seremos torturados.

 

-Alice volte para a maca, ainda está sob observação. –Rosalie disse a puxando.

 

-Alice, eles não vão fazer sushi com seu fígado, fica calma. –ela suspirou magoada.

 

-mas...

 

-eu tenho que fazer umas coisas. Fique ai, que eu já volto. -ela assentiu chateada.

 

Era a coisa mais estranha que eu já tinha feito em toda a minha vida. Eu iria sair por ai sem saber para onde, com aquele que me pregaram ser meu pior inimigo por toda a vida. E agora ele estava sendo gentil comigo, mesmo sabendo de quem eu era filha, e ainda fazia caridade e brincava com crianças? NÃO BELLA. FOCO! Você não é a Julieta.

 

Saímos do hospital e fomos direto para meu carro, mas Edward apenas pegou minha mão e me guinchou novamente, dessa vez indo para um carro prata estacionado logo atrás.

 

-mas eu achei que... –apontei e ele sorriu.

 

-pensou errado, vem vamos. –ele sorriu novamente e se alguém não tivesse buzinado naquele momento eu teria ficado ali, apenas olhando para aquele rosto lindo.

 

Entrei no carro e coloquei o cinto, ele logo deu partida e quando percebi estávamos não muito longe do hospital, parando em uma sorveteria. Apenas agora prestava atenção nas roupas que ele usava. Terno, gravata, sapato social, serviço completo. Suspirei. Provavelmente ele deveria ter saído do trabalho na CHC e ido para o hospital.

 

-você não vem? –ele piscou e sorriu, abrindo a porta.

 

-vamos onde? –perguntei fechando a porta e olhando em volta.

 

-bem, minha missão hoje é fazer você feliz. –ele sorriu, seu rosto contra o sol deixando os olhos mais verdes ainda.

 

-ah é?! E como chegou a conclusão de que eu não sou feliz? –perguntei indo para seu lado.

 

-se é, eu não sei. Mas hoje será. –ele puxou uma cadeira de repente e então percebi que estávamos em uma sorveteria.

 

-obrigada. –me sentei e ele logo me acompanhou. -como funciona isso? Tem uma missão por dia? –ele ainda sorria, mas agora fitava alguma coisa longe.

 

-na verdade, eu apenas faço aquilo que acho certo. –deu de ombros.

 

-faz todos os dias depois que sai da empresa? –ele fez careta.

 

-na verdade a empresa é quase segundo plano. Meu pai não precisa de mim lá, então não tem motivos para eu ocupar espaço. Meu avô, Carlisle, quando abriu a empresa não queria criar um império. Ele queria levar energia e alegria onde não tinha. Usar o que temos, ao invés de explorar mais e mais. –ele deu de ombros.

 

-não esperava ouvir isso. –sua risada era sonora e despreocupada.

 

-mas agora me diga... Vocês ainda têm a política de aumento de salário para cada Cullen morto? –agora fui eu que ri.

 

-temos. Mas agora o aumento é de cinqüenta por cento, para aumentar as expectativas. –nós rimos outra vez.

 

-parece uma coisa que meu pai faria também. –ele pensou um pouco e eu parei de rir olhando minhas mãos.

 

-é, acho que sim...

 

Ficamos ali por mais algum tempo. Era incrível como era fácil rir com aquele homem que aparentemente não tinha preocupação nenhuma a não ser sua nova missão ou coisas do tipo. Ele tinha um sorriso fácil e encantador, os olhos calmos e calorosos que quase faziam com que eu esquecesse que eu tinha um mundo para carregar mais tarde.

 

Acabamos dividindo um sorvete de morango e quando eu achei que nunca mais teria comida em minha cara novamente, Edward me suja de chantili. Por um segundo me vi com uma cereja no topo da cabeça, mas não chegou a tanto. Ri um pouco e limpei passando nele também. Era despreocupado e tranqüilo. Era bom para mim, estar ali.

 

-vem comigo. –ele se levantou e novamente começou a me puxar.

 

-aonde vamos? –perguntei curiosa, tinha a impressão de nunca ter ido para aquele lado de Phoenix.

 

-você vai ver.

 

(...)

 

-aposto que você nunca fez isso. –ele disse rindo e pedalando.

 

-pedalinho me meio do lago municipal? Isso é mesmo novo para mim. –olhei para a água e torci para que não caísse. Eu realmente não sabia nadar.

 

-até onde sei não é nova na cidade, então como explica isso? –ele disse virando um pouco o volante do cisne gigante.

 

-para começo de conversa, acabei de descobrir que a cidade tem um lago. –ri um pouco, mas percebi que Edward me olhava como se eu fosse uma louca. –o que foi?

 

-essa é a primeira vez que você sai de casa por acaso? –ele perguntou com uma voz engraçada, como se realmente acreditasse naquilo. Eu ri alto.

 

-é claro que não. É que... Bem, esse não é um lado que eu venho muito. –ele sorriu e parou de pedalar, nos deixando bem no meio de toda aquela água, o que me deixou um pouco desesperada. –ahn... Edward? Podemos voltar para terra firme?

 

-por quê? –ele quis saber colocando os braços atrás da cabeça.

 

-é que, hm... –como eu poderia dizer isso sem parecer uma idiota completa? Bem, não tem como... –é que eu detesto água.

 

-ah ta, vai me dizer que é irmã gêmea do cascão? –ele riu divertido e eu engoli seco.

 

-não, é sério mesmo. –ele se endireitou e me olhou nos olhos. Vi um brilho malicioso ali, mas ignorei. Eu deveria estar vendo coisas.

 

-Bella? –ele chamou.

 

-sim? –ele se aproximou de mim sorrindo torto.

 

-BU! –e então ele se jogou em cima de mim, fazendo com que nós dois caíssemos no lago.

 

Comecei a me debater procurando por ar. Não conseguia ver nada por causa das bolhas que eu mesma fazia ao me mexer ou soltar o ar. A água estava fria, completamente ao contrario do clima lá fora, e eu... Bem, já estava achando que ia morrer mesmo.

 

Fiquei quieta por um segundo e olhei em volta. Tudo era de um azul escuro e eu até podia ver um peixinho ou outro passando por mim e depois correndo com medo. Sabia que estava longe do fundo, já que meus pés estavam em ponta e ainda assim nem um sinal de sequer uma pedra, mas também não podia ver a superfície. Comecei a agitar os braços, pelo menos eu iria tentar chegar a uma margem. Não ia virar comida de peixe, não faria bem a saúde deles.

 

Não deu muito tempo para fazer nada, porque logo tinha alguma coisa me puxando. Olhei em volta assustada. Será que a bruxa do mar tinha escutado meus murmúrios e resolveu deixar que eu me juntasse a ela? Muito pouco provável. Provavelmente eu viraria ração para suas enguias.

 

Logo acima de mim vi um clarão, que aumentava a cada pouco, como se eu estivesse me aproximando dele. Percebi que o que me segurava eram mãos grandes e só então percebi que Edward deveria ter visto que eu estava me afogando. Mas ainda era estranho ser salva, ao invés de assistida por ele.

 

-por que não me disse que não sabia nadar? –ele falou me empurrando para dentro do barco de cisne.

 

-eu disse que não gostava de água... –ele bufou sacudindo os cabelos.

 

-eu podia ter te matado. –ele falou me encarando com aqueles imensos olhos verdes... A minha mãe... Ele deve ser o pecado em forma de gente.

 

-você me salvou. –eu disse vendo enquanto ele subia no barquinho.

 

Estava ensopada, com os cabelos colados no rosto e agora que um vento frio soprava, tremia de frio. Provavelmente pegaria uma pneumonia ou no mínimo dos mínimos, pegaria uma gripe daquelas. Para minha sorte Edward já estava indo para a margem.

 

Sentamos em um banquinho ao sol, para que nossas roupas secassem um pouco ou pelo menos não sentíssemos mais frio. Não duvidava que fosse rápido, estava um dia muito quente. Ainda tremia um pouco, mas estava ficando melhor com a agradável sensação do sol batendo na pele.

 

-desculpe. –ele falou me olhando de relance.

 

-pelo que? -franzi a testa.

 

-por ter quase te matado, é claro. –ele revirou os olhos e depois fitou suas mãos.

 

-bem, se não fosse por você eu teria morrido afogada e com a minha sorte um peixe teria pulado, acertado a minha cara e feito com que eu caísse na água do mesmo jeito. É sério, não é sua culpa. –ele sorriu para mim.

 

-quer dizer que você tem azar mesmo, não é? –ele concluiu rindo.

 

-você não tem idéia. No último ano de escola, me apaixonei por um garoto e quando ele finalmente me chamou para o baile eu quebrei a perna e não pude ir. Acho que isso não pode ser chamado de sorte, não é?-agora eu também ria. Não podia existir alguém mais azarada do que eu nesse mundo.

 

-depende apenas dos olhos em que se vê. –ele refletiu, me olhando de canto de olhos e sorrindo torto. Pensei por um segundo e pela forma como me olhava estava esperando que eu perguntasse.

 

-tudo bem, desisto. Do que está falando? –ele riu e se jogou para trás.

 

-bailes de formatura são conhecidos por sempre darem errado. Você iria, alguém derrubaria ponche em você, ou talvez um cigarro em sua roupa. E quem sabe, não quebrava a perna com os pavorosos saltos altos? –ele fingiu pavor enquanto eu ria.

 

-não tão ruins quando você sabe usar. –eu disse rindo e dando um tapa em seu ombro.

 

-qual é? Aqueles palitinhos? Nada me tira da cabeça que vocês deveriam usar aqueles pauzinhos de equilíbrio. –sacudi a cabeça ainda rindo.

 

Já me sentia seca, apesar do meu cabelo estar com um cheiro esquisito, e não estava mais com frio. Edward parecia se sentir do mesmo jeito, por que se levantou em um salto e estalou as costas.

 

-quer saber? Vamos...

 

(...)

 

Começamos a andar por ai o que parecia sem rumo para mim, mas ele parecia saber exatamente para onde estava indo. Minha neurose começou a apitar...

 

“mas e ele se for um seqüestrador? Fuja enquanto há tempo!” um lado de mim berrou, mas minha parte consciente logo tratou de responder:

 

“cala a boca, e me deixe em paz. Não percebe que ele é o Romeu que estava faltando na história?!”

 

Fiquei grata por Edward não ler minha mente naquele momento e não perceber a discussão entre meu cérebro e provavelmente... Bem, eu sei lá... Meu estomago? Por que era ele que estava pulando agora.

 

-aposto o que quiser que nunca veio aqui. –ele disse fechando meus lhos com as mãos.

 

-aposta aceita. –sorri um pouco enquanto ele me guiava com cuidado. Não podia existir outro lugar na cidade em que eu nunca tivesse ido, podia?

 

“FUDEU!” meu outro lado berrou.

 

“CORRE, CORRE!” o lado que deveria ser o racional concordou. Meu estomago e cérebro estão concordando? Não é uma coisa que acontece todos os dias.

 

Quando meu coração começou a querer dar sinais de vida, ele abriu meus olhos e só então percebi que estávamos longe da cidade. Não muito longe, já que tínhamos ido a pé, mas o suficiente para que eu pudesse ver a cidade inteira de cima de um rochedo que tinha em volta da cidade.

 

-hm... Perdi a aposta. –murmurei completamente tranqüila agora.

 

-e agora vou cobrar. –ele falou perto do meu ouvido e meu coração deu um salto.

 

Ele podia ouvir meu coração bater? Porque parecia alto de mais até para mim.

 

E agora? Ele ia fazer eu me jogar?Ou ele iria fazer as honras? Para todos os casos, to morta... Pelo homem mais bonito que eu já vi na vida.

 

-Bella, respira. –ele falou segurando minha mão.

 

-hm, obrigada por lembrar. Isso aqui é tão lindo que perdi o ar. –tentei disfarçar, mas acho que não funcionou.

 

-é... Tem razão. –ele sorriu. –eu consegui? –ele perguntou de repente parando em minha frente e fitando meus olhos.

 

-o que? –sorri um pouco olhando bem seu rosto para poder deixar na memória para sempre.

 

-fazer você feliz hoje? –ele se aproximou colocando uma mecha de cabelo atrás de minha orelha. Ri um pouco e olhei para a cidade mais uma vez.

 

-fazia tempo que ninguém me levava para tomar um sorvete só por que não tem nada para fazer. E com toda a certeza ninguém nunca me traria aqui. –não precisei completar que talvez essa tenha sido a primeira vez que eu passeio pela cidade sem nada para fazer de verdade.

 

-bem, já é alguma coisa. –ele sorriu mais ainda.

 

-é uma pena que às vezes tenhamos que voltar para a vida real. –ele franziu a testa e eu sorri fraco.

 

-mundo real é chato, qual é?! –ri um pouco, mas ele ainda estava sério.

 

-por que você escolheu me fazer feliz? Entre tantas pessoas, por que eu, que deveria ser a pessoa que você mais odeia no mundo? –ele sorriu abertamente e se sentou em uma pedra que tinha ali, batendo a mão em outra para que eu o acompanhasse.

 

-nunca me importei com a empresa ou com os negócios da família. Sou o pior administrador que você já viu na vida. –ele riu. –sabia que aquilo não era para mim, e logo meu pai percebeu também. Emmett, namorado de Rosalie, agora faz meu trabalho lá e ele gosta, apesar de dar umas fugidinhas para se juntar a nós. Eu gosto de fazer as pessoas felizes. Não importa o que aconteça, é difícil achar alguém sorrindo só por sorrir.

 

-isso não explica nada. –eu disse rindo e ele me acompanhou.

 

-é verdade, desculpe. Nunca te odiei e nem teria motivos para isso. Sempre quis dar um chute na CHC. –ri um pouco. Era exatamente a minha vontade com a Swan S.A – e hoje, quando vi você entrando no hospital, acompanhando sua prima, parecendo desesperada e parecendo extremamente cansada, sabia que você era o alvo do dia. –ele sorriu se apoiando sobre o joelho para me olhar.

 

-quando viu Alice, hm... Você sabe, cantando a galinha magricela, não pensou que talvez eu tivesse a alegria diária suficiente? –ele riu alto quando falei da galinha.

 

-ela tem imaginação, devo ressaltar. Mas não, se me permite dizer, você tem cara daquelas meninas que entram no armário para pensar. –fiz careta.

 

-não sabe o quanto está certo. –ele riu.

 

Por que aquele menino que nunca falara antes comigo, parecia me conhecer melhor do que eu mesma? E por que eu me sentia bem e feliz apenas por estar ali ao lado dele. Não importava trabalho, empresa, herdeira ou o diabo a quatro. Naquele momento desejei que tudo fosse para a China e... PUTA MERTA, A CHINA!

 

-você está bem? –Edward perguntou notando minha careta.

 

-é, só o peso da realidade. –ri sem humor e ele continuou olhando meu rosto.

 

-o que foi? –ele sorriu.

 

-acabei de perceber uma coisa. –ele disse com todos os dentes amostra.

 

-o que? –ergui uma sobrancelha desconfiava.

 

(http://www.youtube.com/watch?v=rc2jsjnt-HY  por favor, por favor, por favor... EU imploro que escutem essa música... )

 

-Senhora Capuleto, se importa de me fazer mais feliz hoje? –CAPULETO NÃO, EU JÁ DISSE QUE NÃO SOU COMO A JULIETA! Mas já que é assim, apenas inclinei a cabeça para o lado e sorri.

 

-e como eu poderia fazer isso? –ele suspirou.

 

-feche os olhos. –obedeci prontamente e esperei pelo que iria fazer.

 

Demorou o que me pareceu a eternidade. Pensei em abrir os olhos um pouquinho apenas para ver se ele ainda estava ali ou tinha saído correndo, mas resolvi pela surpresa. Senti uma respiração acelerada em meu rosto e meu coração automaticamente deu um salto e minhas mãos começaram a suar.

 

E, quanto menos esperei, Edward tinha colocado seus lábios nos meus. Confesso que minha primeira reação foi dar um salto, mas depois, pouco a pouco, aquela sensação de segurança que tinha tido durante todo o tempo em que passei com Edward tomou conta de mim. Dei abertura para o beijo e deixei que meus braços fossem sozinhos para seu pescoço, enquanto sentia seus braços fortes me abraçando.

 

Por um segundo me senti mais emocionada por ele estar me abraçando do que me beijando. A única pessoa que me abraçava era Alice e ainda assim ela era tão pequena e acabava sempre me derrubando, o que significava mais micos e hematomas para minha coleção. Senti alguma coisa molhar meu rosto, mas não liguei nem um pouco. Edward era carinhoso e fazia com que eu sentisse que meus ossos fossem feitos de manteiga. Ele se separou de mim de mim por um segundo e colou sua testa na minha. Sorrindo, percebi que sua respiração estava tão acelerada como a minha.

 

Ele colocou a mão em meu rosto e enxugou onde estava molhado, e só então percebi que era uma lágrima. E que tinha vindo de mim. Ele sorriu e beijou meu rosto novamente, murmurando “obrigada” em meu ouvido.

 

(...)

 

Pequim, China, Alice... E o escambal. 

 

Estávamos já na sala de reuniões esperando para que a porcaria acabasse ou para que pelo menos todos ali falassem inglês, por que se estivesse esperando que eu ou Alice falasse... Bem, iríamos nos comunicar em marcianês, mas acho que não ia funcionar.

 

Alice ao meu lado parecia nervosa, mas ao mesmo tempo distante. Ela pensava no menino que a atropelou na semana passada. Até onde eu sei, agora eles se encontravam escondido todos os dias, já que o velho senhor Elton não podia saber que eles estavam juntos. Essa sim, era uma história digna de livros. Afinal... AH, esquece toda aquela coisa de morte, veneno e punhal. Estamos no século vinte e um, HELLOOOOO!

 

A reunião começou e eu comecei a apresentar a proposta de meu pai. Alice ia colocando a apresentação de Slides e ia pegando ganchos do que eu estava dizendo, começando a explicar ela mesma. O senhor Chang parecia entretido no que estávamos dizendo, de vez em quando falava alguma coisa para o homem ao seu lado, o que me deixava mais nervosa. Lancei um olhar para Alice e essa trocou a apresentação e quando olhei para trás para ver a imagem, soltei um alto e nítido “não acredito!”. Era uma foto tirada no hospital, naquele mesmo que Alice ficou e eu conheci... Bem eu conheci de verdade Edward Cullen.

 

Eram imagens das crianças, o que fez com que meu coração se apertasse. Usar crianças doentes para fazer propaganda era golpe baixo. Trinquei os dentes e percebi que Alice estava tão perplexa como eu. Por um segundo me lembrei de uma frase que Jasper tinha me dito...

 

“Na verdade ele passa mais tempo aqui do que em qualquer outro lugar, segundo ele, aqui ele se sente bem e útil.”

 

Alice me olhou por um segundo e foi o necessário para que pensássemos exatamente na mesma coisa. Sorri para todos aqueles homens em nossa frente, eles pareciam confusos com nossa reação.

 

-sinto informar senhores, mas a reunião foi cancelada. Charlie Swan virá pessoalmente conversar com vocês. –Sorri para Alice, que já pegava todas as coisas em cima da mesa e ia guardando.

 

-mas como? –um deles indagou com um sotaque engraçado.

 

 -bem, isso é fácil... Nós não vamos apresentar porra nenhuma. –eles entenderam cada uma de minhas palavras. Estava com os olhos arregalados e inclinados para trás. –tenham uma boa tarde. –sorri simpática e saímos correndo daquela sala.

 

-sabe, nunca me senti tão bem em toda a minha vida. –Alice falou enquanto entravamos em um taxi qualquer.

 

-para o aeroporto moço. Sabe de uma coisa? NEM EU! –nós rimos enquanto a cidade passava por nós rapidamente.

 

(...)

 

Quase um dia de viagem para chegar a Nova Iorque e depois, mais algumas horas para chegar até Phoenix, mas por mais surreal que pareça, nem eu e nem Alice estávamos cansadas. A cidade ia ganhando forma lá em baixo e eu tinha apenas uma coisa em mente naquele momento.

 

“você sabe onde eu vou estar, para todas as hipóteses.” Edward disse ainda sorrindo e agora o cabelo refletia a luz da lua. No momento achei aquilo a maior maluquísse que alguém pudesse dizer, afinal... Bem, parecia que ele não sabia como as coisas eram. Mas agora, só agora, eu pude perceber que era mais lógico do que dois mais dois ser quatro. Ele me deixava estranhamente confortável quando estava perto de mim, apenas me lembrar de seu sorriso já era o suficiente para que meu coração começasse a pensar que era maratonista. E eu queria vê-lo novamente.

 

Alice olhava para o relógio em seu pulso, enquanto entravamos em um taxi. Dizia que era o horário que Jasper normalmente ia para o hospital. Ou seja... Precisávamos correr antes que ele atropelasse alguém e Alice ficasse furiosa. Eu apenas rezava para que Edward não tivesse resolvido trocar de lugar de trabalho ou quem sabe apenas resolver ficar em casa curtindo o calor. Afinal, era o obvio a se fazer em um dia como hoje.

 

Avistamos o hospital e ambas pularam do carro, correndo para a porta. Jasper estava distraído olhando para o céu, a pouco mais de um metro de um senhor de bengala. Alice começou a correr com seus sapatos de salto alto tão rápido que eu sinceramente fiquei com inveja. Nem se eu quisesse conseguiria correr daquele jeito usando um Scarpin.

 

-JASPER! –ela berrou e se jogou em cima dele, o jogando no chão e impedindo que ele passasse por cima do velhinho.

 

-ei... Você é rápida. –ele disse sorrindo.

 

-certas coisas não mudam, então... Aprendi que é melhor nos adaptarmos. –eles riram ainda no chão.

 

Passei por eles correndo e entrei no hospital. Rosalie estava no balcão da recepção conversando com um homem alto e encorpado. Parecia um armário, se me permite dizer. Lancei um olhar interrogativo para a médica que ergueu os ombros.

 

-droga. –murmurei e virei para a ala de crianças. Não tinha ninguém lá.

 

-Hey, você é Isabella Swan. –o homem alto falou, me virei para ele e sorri educada.

 

-bingo.

 

-gostei disso! –ele comentou dando risada. –Edward está na cozinha ajudando...

 

-obrigada.

 

-você vai adorar ele usando aquela toquinha. –e ele gargalhou. Eu daria risada, mas estava correndo e tentando deduzir onde era a maldita cozinha.

 

Passei por um corredor e lá tinha uma plaquinha indicando o caminho. Ótimo, pensei, eram apenas mais alguns metros e só mais uns passinhos. Trombei com a porta e suspirei, sem saber o que eu ia dizer na verdade. “eu sou uma idiota?” YES, eu sou uma idiota. Mas fazer o que?!

 

Abri a porta com tudo e lá estava ele, segurando uma faca de carne e explicando para uma senhora como cortar cenouras sem machucar os dedos. Sorri o olhando e tentei não rir me lembrando do grandalhão e seu comentário da toquinha. Passou apenas alguns segundos para que ele me visse e arregalasse os olhos. Deixando a boca cair.

 

-Bella?

 

-Edward... Eu sou uma idiota. Desculpa, eu estava em uma reunião, mas então me lembrei de tudo o que você faz e me disse e... E eu percebi que não me importo com quem eu sou, ou deveria ser, e você e seu sobre nome, sua família e o que existe entre elas. Eu descobri que... Que... Ai meu deus, eu não acredito que vou dizer isso... Eu descobri que você é o certo para mim. Como, eca, Romeu e Julieta. –ele sorriu soltando a faca e vindo em minha direção.

 

-“o que há, pois, num nome? Aquilo a que chamamos rosa, mesmo com outro nome, cheiraria igualmente bem.” – ele sussurrou um verso de Romeu e Julieta parado ali, exatamente em minha frente. E depois me abraçou, procurando por minha boca.

 

Eu nem de longe era Julieta e de Romeu, Edward passava longe. O que era uma boa coisa. Éramos apenas Bella e Edward em nossos próprios problemas, ou aqueles que teríamos pelo menos. Não precisávamos ter uma história como outra. Não era necessário repetir atos de outras pessoas. Tínhamos nosso próprio cargo de responsabilidades, escolhas, vitorias e derrotas. E cada um que fiquei com o seu, e Edward... Bem, esse já é meu.

 

(...)

 

-cinco minutos, ok?! –disse dando um beijo nele e pulando do carro.

 

-Bella? –Edward chamou e eu me apoiei na janela, apenas para que ele me desse outro beijo. –boa sorte. –ri um pouco.

 

-obrigada, desconfio que vou precisar. –ele sorriu e vi que Alice já tinha saído do carro também.

 

-vamos prima?! –Alice disse.

 

-que a festa comece. –pisquei e cada uma foi para um lado, em seus respectivos pais.

 

Entrei na sala de meu pai e me impressionei ao perceber que ele estava sozinho, terminando de arrumar algumas coisas. Ao me ver, ele lançou um olhar duro e se levantou e eu sabia que ia escutar tudo o que podia. Deixei com que ele falasse. Não estava nem ai para as pessoas que estava na porta olhando e escutando. Quando terminou ele colocou uma mão no peito e se sentou.

 

-EU ME DEMITO! –gritei colocando as mãos na cintura.

 

-meu bem, você é minha filha, não pode se demitir! –ele falou embasbacado com o susto.

 

-Ah, não posso? Veja só isso. –fui até a janela, segurando todos os papeis que ele tinha acabado de me dar, e joguei todos por ela. Eles dançavam com o vento, enquanto meu pai assistia de olhos arregalados. –E tem mais...

 

-o que vai fazer? –ele perguntou me estudando. Joguei tudo o que estava sobre a mesa no chão, salvando apenas um porta-retratos.

 

-eu sei o que vai dizer... –o interrompi quando começava a abrir a boca para gritar outra vez. –sei que dirá que eu poderia esperar até que Anne terminasse a faculdade e assumisse, mas o fato é que NÃO POSSO. E sinceramente espero que Anne vire advogada criminal, que é o que eu deveria ter feito. –disse me livrando do peso da “futura prima certinha advogada”.

 

Ele me olhava com os olhos arregalados e só agora percebia quantas pessoas nos assistiam.

 

-eu tenho que ir, meu namorado está esperando. –peguei minha bolsa e fui para a porta.

 

-namorado? –ele ecoou confuso.

 

-Sim, Edward Cullen, filho do senhor Cullen da CHC. Ficará surpreso que ele não ficou louco como o senhor gostava de dizer. –fui para a porta e voltei mais uma vez. –e diga para o senhor Chang “Saiunara” por mim, obrigada.

 

-isso é japonês. –ele avisou embasbacado.

 

-bem, então diga alguma coisa equivalente em chinês. –ri e sai, vendo Alice fazendo o mesmo.

 

Alice finalmente deu um soco em James, que novamente quis encrencar com agente, e nós corremos para a van que nos esperava. Alice entrou nos bancos de trás enquanto eu ia para a frente com Edward, que dirigia.

 

Alice e Jasper se divertiam lá atrás, tirando fotos. Alice até berrou para mim “veja, meu sapato é rosa” e depois gargalhou. Sacudi a cabeça e tombei a cabeça no ombro de Edward, que parecia feliz, cantando e dirigindo.

 

-por que decidiu vir? –perguntei de repente, me lembrando de seu trabalho no hospital.

 

-encontrei uma nova missão. –ele riu, dando um beijo no topo de minha cabeça. –resolvi que quero te fazer feliz todos os dias. –sorri e me levantei para beijá-lo.

 

-ao infinito e além? –Alice perguntou aparecendo ao meu lado.

 

-ao infinito e além. –concordei rindo.

 

-então vamos desbravar a América usando rosa! –ela berrou feliz da vida. Mas também, quem não estaria ali?!

 

“Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar”

William Shakespeare.

 

                                          FIM!**

 

 

N/A: Ok, vocês devem estar se perguntando: POR QUE DIABOS ESSA LOUCA RESOLVEU FAZER UMA NOVA ONESHOT? Mas assim gente, esses dias eu estava pensando e essa idéia veio em minha cabeça e eu simplesmente não consegui jogar ela para “escanteio” como outras.

Confesso que não sei se vocês vão gostar! :S espero que tenham gostado da música por ela é meu xodozinho! HDUSAHUASDASHIUHDUASHASISHDISAHIADUSAHIUDAIUHUI

Miiiil beijos e por favor, não esqueçam de dizer o que acharam, certo?! ++

 

Beeeeeeeeeeeeeijinhos! :D


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Notas finais do capítulo

Gente, espero que tenham gostado!!!! Adorei escrever essa Oneshot! HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
 
bem, por favor comentem! ++