Eu preciso muito conversar com a Sarah, e tem que ser antes que eu fique presa na universidade por um tempo, até que possa sair no final de semana. Mas ela está no interior! Quem deixa sua melhor amiga ir para uma fase dessa sem se despedir?!

Escuto o toque da campainha, e apenas ouço minha mãe dizendo “Oi, querido!”, o resto da conversa com quem seja lá quem for é abafado pelo som da água caindo da torneira.

De repente, minha mãe entra na cozinha com... Ai, não!

—Olha Kylie quem veio se despedir – Diz ela empolgadíssima.

—O... oi Trey... o que você está fazendo aqui? – Digo quase engasgando com as minhas próprias palavras.

—Eu não podia deixar Kylie Galen ir para a universidade sem que eu me despedisse, não é mesmo? – Responde ele sorrindo.

—Ah... Claro – Murmuro.

Viro-me para a pia e faço questão de terminar de lavar o último prato. Não consigo inventar alguma palavra que expresse o que eu estou sentindo nesse momento.

—Eu vou deixar vocês sozinhos, licença. – Diz minha mãe não conseguindo evitar um sorriso no rosto.

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—Você está linda! – Diz Trey, olhando fixamente para mim

—Ah, com certeza. Esse avental é certamente divino – Digo apontando para meu avental com uma galinha estampado.

—Combina com você! –Diz ele sarcasticamente.

—Como é que é? –Respondo brava e indo a sua direção.

—É brincadeira! É brincadeira! Calminha - Diz ele rindo e me segurando pelos braços.

Ele me segura pelos braços e nossos rostos estão super pertos um do outro. Trey olha nos meus olhos e acaricia meu braço com seu polegar. Não sei por que, mas seus olhos olhando para mim me dão uma sensação de conforto, e seus dedos tocando meu braço passam a sensação de segurança.

Depois de segundos que mais pareciam minutos um olhando para o outro, com nossos corpos cada vez mais próximos, ele se aproxima do meu rosto e sussurra no meu ouvido:

—Sinto sua falta Kylie. Eu ainda amo você! –E me aproxima cada vez mais.

“Eu ainda amo você”, essa 4 palavras rodam na minha cabeça, e por um segundo não sei mais qual é o seu significado.

—Você tem certeza disso? –Pergunto olhando fixamente para ele.

—Absoluta! –Responde.

Chego perto do seu ouvido também e sussurro em tom calmo:

—Resposta errada –E logo em seguida me afasto.

Tento desamarrar meu avental de qualquer jeito, mas não obtenho sucesso. Olho em direção à Trey e percebo que ele ainda está me observando. Ele vem em minha direção e de um jeito calmo e carinhoso vai desamarrando meu avental.

Depois de um tempo sentindo sua suave respiração na minha nuca ele consegue finalmente desamarrar o laço.

—Obrigada –Sussurro.

Coloco o avental em seu lugar e caminho em direção da porta. Viro-me e olho para Trey, que continua a me seguir apenas com seu olhar.

—Venha! Não vai querer conversar sobre isso na cozinha, não é?! –Digo.

Ele balança a cabeça e dá um sorriso de lado.

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Passamos pela sala e meus pais nem notaram nossa presença, melhor assim, não quero que minha mãe crie aquele sorriso esperançoso no rosto.

Seguimos em silêncio. Enquanto caminhamos até a escada observo Trey, e lembro o quanto é bonito, ele tem ombros largos, olhos verdes que me hipnotizavam e os cabelos castanhos caídos sobre a testa. De repente, percebo que Trey está olhando para mim com seu sorriso de lado.

—A... Vam... Vamos logo. –Digo, tentando disfarçar meu constrangimento ando mais rápido e alcanço as escadas.

Abro a porta do quarto e abro passagem para que Trey entre, ele entra e senta no canto da minha cama.

Bom, vamos lá... Sento na cama também e olho para ele.

—Então... –Digo.

—Então... –Repete ele.

—Primeiramente, o que você veio fazer aqui? –Pergunto me fazendo de boba, porque sabia exatamente o que ele veio fazer aqui.

—Vim ver você! –Responde ele.

Ele leva sua mão em direção ao meu rosto.

—PEM! Resposta errada de novo! –Digo, tirando sua mão do meu rosto.

—Ah, qual é Kylie? Você sabe que eu gosto de você, e gosto muito mesmo. Eu vim aqui para tentar de novo, eu sinto muitas saudades de você! E queria me desped... –Nesse momento tapo sua boca.

Não consigo ouvir mais nenhuma palavra, meus olhos estão cheios de lágrimas.

—Para. Por favor! – Digo, levando minhas mãos aos olhos para que não chorasse.

Por um momento eu percebi o quanto ia sentir sua falta. Eu passei tantos momentos bons com Trey, e ele sempre esteve ali comigo, é estranho pensar que vou ficar longe dele por um tempo. Eu não queria me despedir dele.

Trey pega minhas mãos e as retira do meu rosto, olha para mim e me abraça. Eu desabei no seu peito, seu cheiro bom me embriagava e tudo o que eu queria naquele momento era ficar ali para sempre. Mas não. Não posso fazer isso de novo.

Fico abraçada com ele por alguns segundos e me afasto.

—Desculpa. Desculpa mesmo –Digo, mas por um momento não me arrependo nem um pouco por ter feito isso.

—Kylie...

—Minha vez de falar, ok? –Pergunto, secando as lágrimas que haviam escorregado pelo meu rosto.

—Tenho até medo do que vai ser –Diz ele em tom apreensivo.

—Eu gosto de você Trey, por mais que eu sinta sua falta também, não vou poder ficar com você agora, eu estou indo para a universidade amanhã e você vai ficar aqui na cidade. Não iria dar certo, você me entende? Se com nós dois juntos aqui já tem dado problemas... Com a distância vai ser pior.

Ele suspira e desvia o olhar para a janela.

—Trey! –Digo em tom alto.

Ele se vira para mim, e me olha com um olhar que eu nunca havia visto antes, ele estava com lágrimas nos olhos, ele realmente estava com lágrima nos olhos!

—Trey, não faz isso, por favor. Eu amo você, mas não posso fazer isso longe de você! –Olho para ele e pego suas mãos.

Um silêncio enorme invade o quarto, e por um momento pensei em sair correndo daquele quarto o mais rápido possível.

Trey se aproxima de mim.

—Kylie Galen, como eu amo você! –Ele diz isso e logo em seguida aproxima sua boca da minha –Como eu amo muito você!

Tudo bem, eu sei que vai ser totalmente errado eu beijar ele agora. Mas como disse minha mãe, é uma despedida, não é mesmo?

Inclinei-me e o beijei. Como eu queria fazer isso!

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No começo daquele dia estava totalmente determinada a começar uma vida nova e desapegar do passado, e isso incluía desapegar do meu ex. Mas acho que esse plano não foi realizado com sucesso, já que estava o beijando nesse exato momento.

De repente alguém bate na porta, e a abre tão rápido que nem tive tempo de me afastar totalmente de Trey.

—Kylie, o pai do Trey est... –Fala minha mãe, mas não consegue terminar a frase ao ver eu e Trey nos... Pois é.

—Pode deixar Sra. Galen, nos já estamos descendo. –Diz Trey sorrindo como se não tivesse acontecido nada.

—Ok –Diz minha mãe com aquele velho sorriso no rosto, e fecha a porta.

Olho pro Trey, ele olha para mim e caímos na risada. Foi uma situação bem constrangedora, confesso. Mas, a cara que minha mãe fez foi muito engraçada.

Depois de rirmos muito ele olha pra mim e me beija de novo, e se afasta.

—Você vale à pena, Kylie Galen. Vale muito à pena! –Diz ele.

—Caramba, não diz isso que vou ficar me achando, hein! –Digo sorrindo.

Trocamos sorrisos e depois de muitos suspiros me levanto da cama.

—Bom, vamos nessa? –Estendo minha mão em sua direção.

—Com certeza! –Responde ele e segura minha mão.

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Ao chegar à sala vejo o pai de Trey conversando com meus pais.

—Olá Sr. Thomas. –Digo estendendo minha mão em sua direção – Tudo bem?

—Olá Kylie. Estou bem, obrigado –Responde apertando minha mão – Fico feliz em saber que vai para a universidade amanhã.

—Obrigada, também fico extremamente feliz.

—É um grande passo na vida! –Continua ele.

—Pode ter certeza –Digo com um forçando algum tipo de sorriso.

—Bom, eu preciso ir. Vim para buscar Trey e lhe desejar sorte, pequena Kylie – Diz ele.

—Fique mais um pouco Sr. Thomas – Pede meu pai – Podemos tomar um café.

—Obrigado, mas preciso realmente ir. Foi um prazer revê-los –Diz se despedindo dos meus pais – Vamos Trey?

—Vamos –Responde ele.

Ele sai com seu jeito chato de ser, e meus pais vão o levar até o carro.

Trey se aproxima de mim e sussurra no meu ouvido:

—Estarei aqui Kylie Galen. Sempre. Você tem meu número, então, já sabe... Eu te amo, muito mesmo. –Logo em seguida pega na minha mão, mas a solta rapidamente e vai em direção à porta.

—Será mesmo, Trey? –Murmuro.

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Saio para ver meu ex indo embora por um bom tempo. Não sei se isso é bom ou ruim. Afinal, quem está indo embora? Ele ou eu?

Um calafrio percorre a minha espinha e a temperatura muda totalmente. Ai não, de novo não. Meu peso vira chumbo novamente e minha audição fica totalmente sensível.

De repente, logo na minha frente, bem na minha frente aparece uma mulher com um vestido azul, rasgado nas bordas e com... Ai meu Deus! Ela tem sangue escorrendo de seu vestido! É muito sangue!

—Kylie... Kylie... Por favor... Kylie... –Murmura a mulher com uma lágrima que acaba de cair em seu rosto.