Bittersweet escrita por Ana Paula Puridade, Lua


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Olá, galera. Sentiram nossa falta? Nossa falta vcs podem não ter sentido, mas e da fic? Kk
Mil obrigadas a lilama por ter recomendado. ♥
Esse capítulo é mais de seguimento do que essencial, mas é necessário do mesmo jeito, afinal, acontece nas melhores história... E nas piores tbm rs'
Se esse capítulo tivesse um nome, seria "Que burros! Dá zero pra eles". Vocês irão entender quando lerem.
Divirtam-se =)



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NARRAÇÃO DA BONNIE

Quando acordei, foi como despertar de um longo sono. Não estava mais me sentindo fraca, não havia mal-estar, cansaço ou dor de cabeça, apenas um pouco de sono que devia ser efeito dos remédios. Era como estar acordando num dia normal, exceto que eu ainda estava no quarto do hospital.

Pisquei um pouco até minha vista se acostumar com a iluminação e quando minha visão normalizou, pude ver nitidamente Caroline me observando de os olhos vermelhos e rosto inchado, parecia que tinha chorado recentemente.

— Como você está? — ela perguntou.

— Melhor. — respondi.

Ela assentiu e mordeu o lábio, aflita, como se quisesse dizer algo mais. Aquilo me deixou desconfiada e preocupada, alguma coisa estava acontecendo. Por que ela esteve chorando?

— O que houve? — perguntei.

Caroline apenas meneou a cabeça negativamente e desviou o olhar pro chão. Eu queria que os efeitos do remédio não me deixassem tão lenta, me fazendo pensar devagar.

— Por que você estava chorando?

Os lábios dela tremeram como se ela fosse voltar a chorar de novo.

— Está sentindo alguma dor? — perguntou, a voz dela falhando.

— Não, — falei.

Ela assentiu.

— Kai esteve aqui.

Isso foi como um despertador, o suficiente pra me deixar em alerta.

— Você não está melhor por causa dos remédios, — disse ela. — É por que te deu o sangue dele. Eu não entendi porque o dele funcionava, então ele disse que era pai do seu bebê. Isso não fazia sentido até eu ouvir o resto da história.

Minha vista escureceu quando a ouvi dizer isso, fiquei tonta, enjoada, desnorteada. Deve ser o que acontece quando um segredo que se guarda a sete chaves é revelado a outras pessoas. Uma lágrima rolou pelo rosto de minha amiga, depois outra e outra e outra, ela não as impediu.

[...]

Vesti a muda de roupa que Caroline me trouxe e sentei na maca novamente, bem no momento em que a loira entrou no quarto carregando um copo de café, entregando-o a mim e sentando numa poltrona em seguida.

— Obrigada. — falei. — Estou com fome, acho que comeria até as panquecas do Damon sem reclamar agora.

Ela deu um sorriso curto sem dizer nada e começou a torcer as mãos nervosamente no colo.

— O que foi?

— O doutor Edwards está aí fora, — disse ela.

— Diga que ele pode entrar.

— Eu pedi a ele pra nos dar um momento a sós.

Franzi o cenho, arrumando a postura.

— Aconteceu alguma coisa, Care?

— Bem, ele não veio te examinar nem nada disso e tem uma obstetra com ele. Eles estão aqui porque Damon os compeliu para...

— Tirar o bebê. — completei.

Ela assentiu.

Isso me deixou nervosa, fiquei tensa. Na verdade foi como se meu peito apertasse e todo meu corpo se tornasse mais pesado, incluindo minha respiração.

— Eu não vou tentar te fazer desistir, a escolha do que fazer é sua. — a vampira murmurou. — Eu só quero te... Você... Você se lembra de quando tínhamos 11 anos?

— Caroline, para.

— Nós estávamos na escolha, você se lembra?

Levantei da maca, indo em direção a porta, eu estava apertando as mãos com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos.

— Espera, Bonnie. — ela se pôs em minha frente.

— Eu não quero ouvir, Caroline.

— Mas você vai. — ela afirmou, me segurando firmemente pelos ombros. — Eu só quero que me ouça, não estou pedindo pra desistir, pra fazer o que eu quero ou concordar ou discordar, só estou pedindo me ouça e quando eu terminar você pode fazer o que quer que tenha decidido, eu vou aceitar, mas antes me escuta, por favor.

Apertei os olhos com a respiração presa na garganta, dizendo a mim mesma que não importava o que ela dissesse, minha decisão não mudaria, eu não carregaria aquela cicatriz por mais tempo, eu só queria me ver livre daquela marca.

— Tudo bem, — falei, com a voz consumida pela insistência de Caroline.

— Era dia das mães, tinha festa em homenagem a elas no colégio. — ela continuou, a voz mais branda dessa vez. — Mas a sua não estava lá, você lembra?

Eu lembrava. Não apenas desse ano, mas de todos os outros.

— Elena ficava triste por você, mas ela não entendia, ela tinha os dois pais vivendo juntos, cuidando e dando atenção a ela, por mais que ficasse mal por você, não sabia como era. Mas eu sim, eu sabia exatamente como você se sentia, conhecia a sensação de abandono porque meu pai também me deixou. Do mesmo jeito que você teve que conviver com a ausência de uma mãe, eu convivi com a ausência de um pai. É por isso que eu entendi quando você disse, naquele dia, que não seria capaz de fazer isso com um filho.

Os meus olhos arderam. Não por causa da situação e sim pela lembrança. Por que Caroline estava fazendo isso? Ela disse que não tentaria me fazer desistir, então porque trazer lembranças antigas justo agora como se isso fosse mudar algo?

— Quer me fazer mudar de idéia trazendo a tona uma lembrança sentimental pra mim? — minha voz falhou. — A situação agora é bem diferente, Caroline.

— Eu sei, — ela suspirou. — Sei que a situação aqui é... Horrível. Sei que você não pediu por nada disso, que esse bebê não foi planejado e que vai ser um lembrete do que Kai fez, mas ao contrário do que possa parecer, é em você que eu estou pensando. Sei que agora você só quer acabar com isso, então está fazendo isso sem pensar, estou certa?

Não respondi, então ela continuou.

— Eu não passei o que você passou com Kai, mas conheço você, agora está pensando no rancor e na raiva, mas o peso na consciência virá depois, junto com a angústia e o remorso. Você vai ver crianças por aí e irá se lembrar que negou vida a uma, vai se sentir culpada, talvez até... Talvez nunca se perdoe.

Meu corpo começou a tremer. Eu não queria me dar a chance de pensar porque tinha certeza que se fizesse isso, acabaria mudando de idéia. No fundo sabia que Caroline estava certa, eu queria que ela não estivesse, mas estava. Tenho tentado me fazer engolir todas as explicações cientificas que justificam aborto, mesmo nunca tendo acreditado nelas, tenho tentado me esconder atrás disso pra evitar o remorso, mas ele viria a mim, mais cedo ou mais tarde, exatamente como Caroline estava dizendo.

— Você quer me torturar, Caroline? Quer que eu faça o que? Que eu tenha esse bebê e o entregue ao Kai? O crie como se tivesse desejado ele a vida toda? Que eu espere ele nascer, o mande pra adoção e os pais adotivos que se virem com os efeitos de ter uma criança bruxa, vampira ou o seja lá o que isso for?

— Quero que você pense agora, antes que seja tarde, porque depois o remorso vai ser tão grande, Bonnie, que vai te esmagar e você não vai conseguir conviver com ele.

Mordi o lábio inferior, perturbada, estava difícil respirar e meu corpo parecia dormente. Queria ter forças pra me mover, mas estava imóvel, tentando bloquear pra longe os pensamentos que Caroline queria que eu tivesse.

— O que Sheila diria?

— Sheila não está aqui.

— Tem razão, ela não está e a culpa é do Damon. Mas você perdoou Damon pela morte dela, não foi? Também perdoou Elena pela transformação de Abby... É isso que vai tornar tudo pior depois, você vai lembrar que perdoou pessoas por coisas horríveis, mas que não perdoou uma criança que não tem culpa de ser filho de quem é.

Eu não tive tempo de responder, pois houve dois toques na porta e em seguida ela foi aberta. O médico estava lá junto com a obstetra que Caroline tinha mencionado.

— Bonnie Bennett? — perguntou a mulher. — Venha por aqui.

Caroline estava me fitando com os ombros caídos. Eu encarei o chão, seguindo a médica para fora da sala e ouvindo o suspirar pesado de minha amiga. A doutora começou a falar o nome dela, explicar algo sobre um procedimento cirúrgico e coisas que eu não estava prestando atenção porque estava angustiada, com os olhos ardendo, garganta fechada e sentimentalmente dividida. Queria que uma solução caísse dos céus, que não fosse eu quem tivesse que toma-la, mas foi como esperar um navio no meio do deserto. Em vez disso, só veio uma outra velha lembrança.

(***)

Eu era bem pequena, uns seis ou sete anos, talvez. Estava na casa de minha avó, enquanto ela tentava costurar pra mim uma fantasia pro Halloween.

"Grams?" chamei.

"Sim, querida." respondeu, sem tirar os olhos da maquina de costura. "Estou ouvindo."

"A minha mãe não me amava?"

Sheila parou tudo quando ouviu a pergunta e fixou o olhar apenas em mim.

"Por que você acha isso, querida?"

"Ela não me levou e nem ficou. Só foi embora. Ela nunca vem me ver."

"A sua mãe..." ela gaguejou. "Sua mãe amou você, mas... Aconteceram coisas..."

Minha avó se interrompeu e engoliu em seco. Ela sabia que na mente de uma criança não existem coisas que sejam suficientes pra explicar o motivo de uma mãe ir embora, o vazio que eu sentia, a ausência, nenhuma história que ela me contasse iria aplacar isso. Em algumas vezes cheguei a me perguntar se outras pessoas também me deixariam pra trás.

"Você ficou chateada quando minha mãe contou que estava gravida de mim?"

"Fiquei surpresa. Foi uma grande surpresa." ela riu. "Mas não fiquei chateada, como poderia? Quando você for mais velha, vai entender uma coisa, na nossa família nós conseguimos sentir a vida, basta querer. Quando você ainda era um grãozinho dentro da sua mãe, eu quis sentir você e eu te amei desde lá, desde que senti que você crescia dentro dela. E quando você nasceu era tão pequenina, tão linda, trazia tanta paz. Toda criança é especial, um dia você vai entender isso."

"Vai demorar?"

"Eu acho que sim."

"Então quando eu sentir, vou ser como você, porque você ama e cuida e nunca abandona."

(***)

Parei de andar abruptamente, firmando meus pés no chão. A minha respiração estava acelerada e eu já não conseguia mais conter as lágrimas em meus olhos.

— Caroline, — sussurrei.

— Estou aqui, — disse ela, parando ao meu lado.

Eu passei os dedos no rosto, enxugando as lagrimas rebeldes que tinham caído.

— Eu não quero mais fazer isso. Eu não... Eu quero sair daqui.

— Tudo bem, Bonnie.

— Eu não estou desistindo. — falei. — Não mudei de ideia. Eu só... Quero mais tempo pra pensar.

— Eu entendo, Bonnie. — ela me abraçou. — Está tudo bem, eu entendo. Você pode ter o tempo que precisar.

NARRAÇÃO DO DAMON

Alaric chegou, como havia me prometido. Veio para acabarmos de uma vez por todas com Kai, eu estava contando com a ajuda dele e de Stefan. Matt não quis se intrometer, pois, segundo ele, estava tendo problemas na polícia de Mystic Falls e não poderia se intrometer em meus problemas, mas quem precisa do Inútil do Donovan? Ele de um jeito ou de outro sempre acaba atrapalhando nossos planos.

Desde que soube o que Kai fez a Bonnie, Stefan foi s favor de matarmos Kai, na verdade eu me surpreendi quando Stefan o atacou no hospital e ao receber o primeiro soco, Kai usou um de seus truques e sumiu de nossa frente. Isso acendeu mais ainda a ira de Stefan, ele se aliou a mim e Ric para matar Kai.

Já fazia algum tempo que não via a chama do ódio nos olhos de Stefan, nunca mais havia visto desde que ele se dedicara a tentar destruir Klaus.

— Tudo pronto, Ric? — perguntou Stefan.

— Sim, tenho todas as armas necessárias, Kai nem saberá de onde veio o golpe. — Ric sorriu de forma sombria.

— Se esconda, a qualquer momento ele pode aparecer e temos que agir com o elemento surpresa ou não conseguiremos detê-lo.

Ric apenas assentiu e foi para o seu esconderijo. Chamei Kai para conversarmos sobre a situação em que Bonnie se encontrava, deixei a entender que seria como uma situação de trégua, por causa de Bonnie e do monstrinho, mas o que ele não sabia é que ele estaria vindo direto para o matadouro.

O Plano consistia em Stefan e eu distraí-lo o suficiente para que ele não prestasse atenção ao seu redor, como quando ele estava tão distraído vendo-me partir que não percebeu que eu ainda estava presente e aproveitei para mata-lo. Agora será a mesma coisa, Stefan e eu daremos os primeiros golpes, o distraindo, enquanto Ric surge para dar o golpe final, depois queimaremos seu corpo e jogaremos no mar, garantindo que ele jamais volte para atormentar nossas vidas.

— Está pronto, Damon? — perguntou Stefan.

— Pronto para acabar com o desgraçado, que arruinou a vida de Bonnie? Nunca estive mais pronto!

Stefan sorriu. Kai estava perto. O bom de morar no mesmo lugar por muito tempo é que você já conhece exatamente cada cheiro que tem no local, foi muito fácil sentir a presença de Kai por perto, o cheiro maligno dele se sentia a quilômetros.

— Bem-vindo, Kai! — disse Stefan cruzando os braços.

— Os irmãos Salvatore sendo educados comigo? Isso é raro por aqui. — Kai riu.

— Não estamos aqui por nós, estamos aqui pela Bonnie e por aquele monstrinho que o médico chama de bebê.

Vi que Kai se enfureceu quando chamei seu filho daquele jeito, ele mal sabia que uma hora dessas o monstrinho já deve estar morto e Bonnie livre dele de uma vez por todas.

— Está com raiva por que fui eu que engravidei Bonnie e não você, Damon? — Kai me provocou.

— Nãos seja estúpido. Bonnie deveria ter a chance de ser feliz mas você simplesmente destruiu a vida dela!

— Não seja tão pessimista Damon. Eu apenas dei à vida dela uma nova perspectiva, qual mulher não gostaria de ser mãe?

— Não de um monstro como você! — respondeu Stefan.

— Até você Stefan? O irmão que sempre vê o lado bom das pessoas? Qual é, você não vê nada de bom em mim?

— Repetindo o que Damon disse, não estamos aqui para falar de nós, apenas de Bonnie!

— O que você quer de Bonnie? — perguntei.

— Que ela tenha o meu filho, depois disso tenho alguns planos em mente que não contarei para vocês, é claro.

Minha vontade foi de ataca-lo, mas tinha que dar mais um tempo para que ele esteja distraído o suficiente, não posso arriscar a minha vida, a vida de Stefan e Alaric por uma burrice minha, tenho que me aguentar um pouco mais, logo Kai estará morto e tudo isso acabará.

— Vindo de você só espero o pior. — disse Stefan.

— Stefan, sabemos muito bem que ter colocado Elena para dormir foi um favor que fiz a você.

— O que você está falando?

— Seu sonho sempre foi tomar a cura com Elena, ter uma família com ela, casar, ter filhos, viver tudo que você nunca conseguiu viver até agora, mas teria que suportar ver Elena e Damon vivendo tudo isso, eles se casando, tendo filhos, sendo uma família enquanto você estaria com Caroline, mas nunca seria completo o suficiente, e sabemos muito bem que você e Elena são almas gêmeas e um amor como o de vocês nunca morre.

Vi Stefan vacilar um pouco, aquilo o desestabilizou, acredito que a mim também. Kai sempre tenta remexer em nosso psicológico levando à tona verdades obscuras. O que ele dizia era verdade, e o pior de tudo é que sempre preferimos que essas verdades continuem secretas.

— Não tente me manipular com seus joguinhos mentais, não me afetará. — por fim Stefan se pronunciou

— Vocês são mais fortes do que eu pensei, achei que depois que eu dissesse isso vocês começariam a discutir ou algo assim, mas isso não aconteceu, parabéns!

— Seus truques estão ficando ultrapassados.

Ele deu de ombros.

— Então, já que vocês estão dispostos a entrarmos em um acordo, quem vai me convidar para entrar?

— Ninguém.

— Vocês acham que eu sou estúpido o suficiente pra não querer ter acesso livre ao local onde está o meu filho?

— Em nossa casa você não entra. — Stefan zombou.

— Ou me convidam para entrar ou não tem acordo. — ele tentou nos intimidar.

— Desista, ninguém vai te convidar. — disse Stefan cruzando os braços, vi quando ele tocou na estaca que estava em sua jaqueta.

— Então sem acordo.

— Quem disse que queríamos um acordo? — perguntei, puxando a estaca de minha jaqueta e o atacando.

— Meus instintos diziam para não confiar em vocês. — o desgraçado desviou.

— Seus instintos estavam certos! — disse Stefan, acertando uma estaca em seu braço.

Kai grunhiu de dor.

— Dessa vez não irei fugir, chega de ser bonzinho em consideração a Bonnie, eu irei matar vocês.

— Não se te matarmos primeiro.

Stefan e eu o atacamos juntos, eu enfiei uma estaca em sua barriga e Stefan em suas costas. O plano havia começado, agora só faltava a cartada final, que nos livraria de Kai de uma vez por todas.

NARRAÇÃO DA CAROLINE

Levei Bonnie para a casa dela, não podíamos voltar para a casa dos Salvatore por que lá estava sendo executado o plano de eliminação de Kai, e além do mais, todos, especialmente Damon, estão achando que uma hora dessas o filho de Bonnie já está morto. Ele não está e quando isso for descoberto haverá reações muito drásticas, principalmente vindas de Damon.

A amizade dele com Bonnie estava cada vez mais forte, mas Damon não reagirá muito bem ao saber que o aborto não foi feito, não por que o médico não quis, e sim por que Bonnie teve suas duvidas se queria mesmo realiza-lo. Ele me odiará quando souber que tenho algo a ver com isso, já me odeia porque mesmo eu sabendo a verdade continuo apoiando que Bonnie tenha essa criança, mesmo nessas condições.

Não, eu não sou uma egoísta ou um monstro que quer o pior para sua melhor amiga, mas eu vi o quanto Bonnie sofreu com a ausência da mãe, eu lembro de todas as vezes que ela sentia falta da mãe e chorava, chorava por alguém que nunca tinha conhecido. Escondia a tristeza quando via Elena e eu preparando surpresas para nossas mães e ela não tinha a dela por perto.

Apesar de sempre tratar Sheila como mãe, Bonnie sentia falta da verdadeira e sempre achou que Abby não a amou o suficiente para ficar com ela. Me lembro das vezes que em que ela disse que quando fosse mãe, daria todo o amor que foi negado a ela, que amaria a criança com toda sua alma, e eu não posso permitir que ela tire esse bebê sem que seja confrontada sobre isso.

Sei que aquela Bonnie que sempre sonhou em ser mãe está em algum lugar nesta nova Bonnie cheia de dor e mágoa, eu não posso deixar que Bonnie faça algo que não vai se perdoar pelo resto da vida, todas as crianças são uma benção independente da forma que foi gerada.

— Em que está pensado, Care? — perguntou Bonnie.
Eu não notei que ela estava me observando.

— Em como nossas vidas tem tomada um rumo tão diferente do que imaginávamos.

— É, muito diferente do que sonhávamos. — ela disse com pesar olhando a barriga.

— Lembro quando entramos no ensino médio, — sorri com a lembrança. — Achávamos que encontraríamos o amor de nossas vidas, e começaríamos a construir uma vida juntas, depois iríamos para faculdade e moraríamos as três juntas, depois cada uma seguiria a carreira que escolhesse, mas sempre teríamos uma casa que seria pra nos reencontrarmos e nunca perdermos o contato.

— Tudo isso parece surreal demais agora, nada saiu como planejávamos. — disse Bonnie.

— Mas apesar de toda essa loucura que vivemos o tempo todo, sempre esperando que o pior aconteça, ou nos protegendo de alguma ameaça maluca, nossa vida é incrível também. — falei. — Temos altos, baixos, momentos felizes, tristes, mas sempre podemos contar uns com os outros, mesmo quando a situação é desesperadora. Sabemos que existem pessoas que se importam conosco, que fariam de tudo para nos proteger, que nos amam. Sabe Bon, eu acredito que a vida que temos agora é muito melhor do que a que planejávamos por que ela não é perfeita, mas sabemos aproveitar cada perfeito momento que temos.

— Care, você pode me deixar sozinha por um momento? — A voz de Bonnie estava embargada, lembrar de como éramos unidas deve ter mexido com o emocional dela.

— Claro, Bon. — assenti, levantando-me. Apesar de não querer deixa-la sozinha, eu queria respeitar o espaço dela.

— Ai. — ela gritou, eu estava quase fora do quarto, mas corri de volta para seu lado.

— O que foi, Bonnie? O que você está sentindo?

— Meu braço, Care. — disse ela, eu não via nada, mas de repente começou a sangrar.

Olhei a ferida e não estava machucado, não havia ferimento ali, aquilo não era normal, aquilo era magia. Bonnie gritou de novo e dessa vez sim surgiram ferimentos na barriga e nas costas de Bonnie, eu não entendia o que estava acontecendo.

— Bonnie, isso não parece ser uma coisa normal, isso parece... — ela me interrompeu.

— Magia!

— Eu não estou entendendo nada.

Ela gritou de novo e mais ferimentos estavam surgindo, desse jeito Bonnie morreria.

— Eu não sei o que fazer, — falei preocupada. — O bebê não aceita meu sangue, apenas o de Kai e agora ele já deve estar morto ou quase isso.

— É isso, Care. — Bonnie arfou de dor, enquanto eu a ajudava a sentar. — Isso faz sentido!

— O que faz sentindo Bonnie?

— Quando Katherine ligou a vida de Elena a ela, tudo que Damon e Stefan faziam a ela, Elena também sentia.

— Sim, mas você acha que... — ela me interrompeu.

— Tenho certeza, estou ligada ao Kai.

[...]

Usei minha velocidade vampiresca para chegar o mais rápido possível a casa dos Salvatore, e lá estavam Damon e Stefan segurando Kai, completamente ensanguentado, enquanto Alaric se preparava para enfiar uma estaca no coração dele. Tive que ser rápida para tirar a estaca das mão de Ric.

— O que você está fazendo Caroline? — perguntou Alaric com ódio.

— Vocês não podem mata-lo! — falei, mas Damon me ignorou, pegou a estaca de minhas mãos e iria crava-la no peito de Kai.

— Kai está ligado a Bonnie, — gritei para impedi-lo. — Tudo que fizer com ele, estará fazendo com ela, se mata-lo, irá mata-la também.

Damon parou.

— O que voce está dizendo? — perguntou Stefan.

— Eles estão ligados, vocês estavam machucando Bonnie também, se o matassem, ela também morreria.

Kai se levantou com um sorrisinho nos lábios.

— Vocês acharam mesmo que eu deixaria a minha vida e de meu filho em perigo? — Kai se levantou com um sorrisinho nos lábios. — Se um morrer, os três morrem. Sei a grande influencia que vocês tem sobre Bonnie e não permitiria que nada acontecesse ao meu filho.

— Seu desgraçado! — Damon iria atacar Kai novamente, mas Stefan o impediu.

— Damon, não! Não podemos arriscar a vida da Bonnie! —disse Stefan.

Kai deu um sorriso maldoso

— Eu venci de novo e vocês terão que me engolir!


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Notas finais do capítulo

Como eu disse, "Que burros, dá zero pra eles". Se Bonnie antes mesmo de saber que estava realmente grávida já considerava o bebê uma apólice de seguro, deveria ter imaginado que Kai iria tentar usar essa mesma apólice...
Porque ninguém da turminha pensou isso, eu não sei. Acho que estão subestimando a capacidade do Kai.
Mas né...
Até o próximo capítulo.
Beijos mil.