Os olhos teus, tão meus - HIATUS/REESCRITA escrita por Lady Ink


Capítulo 18
Things will be just fine.


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem renasceu das cinzas!
Oooooi meus amores que saudade de vocês. Começo me desculpando pela demora, juro que nao foi intencional, tava cheia de provas e projetos, nao conseguia escrever direito, me perdoem.
Tenho duas coisas pra fazer antes de deixar vocês lerem o capitulo. Primeiro: MEU ODIN DE ASGARD EU AMO VOCÊS! Serio gente, vocês são os leitores mais sensacionais do mundo, obrigado por acompanharem e acreditarem na fic.
Segundo: Dedico esse capitulo a Perfeita da Só mais uma leitora que deixou minha primeira recomendação, eu perdi a conta de quantas vezes li e reli ela, muito obrigado mesmo, não tem ideia de como me deixou feliz, então esse capitulo (bem grande como pedido de desculpa pela demora) é pra você!



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Nesse momento duas figuras cruzaram a porta. Uma eu conhecia muito bem, era Seth. Já a outra, um velho em uma cadeira de rodas, mesmo sendo estranhamente familiar eu não fazia ideia de quem era.

– Olá Clementine, como se sente? – O velho sorriu se aproximando da beirada da maca.

– Quem é você? E onde eu estou? – Perguntei rude e o sorriso dele aumentou.

– Meu nome é Charles Xavier e eu vou lhe contar uma historia. – Assim que o velho disse seu nome eu ouvi um “Click” em minha mente. Uma chave abrindo um cadeado.

Charles Xavier.

O nome ressoou diversas vezes na minha cabeça e então fui tomada por uma torrente de imagens:

“Eu tinha cerca de cinco anos e corria por um imenso jardim. Corria na direção de um homem numa cadeira de rodas.

– Professor, professor! – Minha voz infantil invadiu o espaço, fazendo com que o homem se virasse – Olha só o que eu consigo fazer – Sorri docemente parando em sua frente.

Abri minhas pequenas mãos juntas com as palmas para cima e me concentrei o Maximo possível nelas. Uma faísca brilhou no meio delas e uma pequena chama de fogo se formou. Sorri vitoriosa diante disso e olhei para o senhor que me olhava com orgulho.

– Isso é só uma das muitas coisas que você será capaz de fazer minha pequenina.”

Arfei diante daquilo. Havia sido algo tão nítido. Olhei para o velho a minha frente assustada, porem meus olhos foram cegados por outra visão.

“ Estava na minha antiga casa no Alabama, estava sentada frente ao senhor na cadeira de rodas. Tinha 14 anos.

– Agora, Vou criar barreiras ao redor da minha mente, tente passar por elas e acessar meus pensamentos.

– Não sei se sou capaz de fazer isso Professor – Disse a ele um pouco receosa.

– Claro que é. Apenas se concentre.

Fechei os olhos e pendi a cabeça para traz. Não conseguia localizar nada da mente dele. Era como se eu estivesse sozinha ali. Conforme forçava os muros para que caíssem minha cabeça latejava.

– Não posso fazer isso Xavier, dói de mais. – Disse com dificuldade massageando minhas têmporas.

– Confie em você mesma Clem. Deixe-se guiar pelos seus dons. – A voz dele era carregada de convicção.

Me concentrei novamente e forcei suas barreiras até o meu limite e consegui captar algumas ondulações de sua mente, nenhum pensamento concreto, apenas a menção de que a mente dele estava ali. Levei minha cabeça a uma dor extrema forçando ainda mais as barreiras após alguns segundos os muros caíram e sua mente se abriu.

“disse que conseguiria pequenina” Era o pensamento dele.”

Meus olhos focalizaram na figura a minha frente novamente.

“- Meu nome é Charles Xavier” Ele havia dito.

O nome soou novamente em minha mente.

Xavier.

Professor Xavier.

Aquelas coisas não haviam sido visões. Eram lembranças. Senti meu coração palpitar mais forte e então um amor que sempre esteve ali, mas que parecia estar abafado por paredes espessas se fez presente. Um amor quase paternal. Eu não só conhecia aquele homem, mas como o amava e sabia que era recíproco.

Olhei confusa para o velho e ele tinha um sorriso fraco nos lábios. Um sorriso que parecia esperar por aquele momento a anos.

– Professor? Professor X? – Perguntei receosa incerta se aquelas coisas eram alucinações ou eu realmente conhecia aquele homem.

– Bem vinda de volta – Ele sorriu e seus olhos brilharam – Pequenina.

E então eu tinha certeza que o conhecia. Como pude me esquecer dele? Ele tinha praticamente me criado. Agora podia ver nitidamente imagens minhas crescendo ao lado daquele velho senhor.

– Eu não entendo... Por que não me lembrava de você professor?

– Como disse, há uma historia para lhe contar minha querida – Ele disse se aproximando mais e segurando minhas mãos – Tudo começou bem antes de você nascer.

Charles me contou todo: sobre meus avós, meus pais e principalmente: sobre mim. A mutação, a evolução e a perca de controle. Eu era mesmo a garota das visões. A cada palavra que ele dizia eu era tomada por uma nova lembrança. Em algum momento do relato as lagrimas começaram a rolar silenciosas sobre a minha face. Assim que ele terminou sua historia eu sentia minha cabeça latejar.

– Consegue se lembrar dessas coisas? – Ele perguntou após alguns segundos.

– Sim, mas não é nítido... é como se... houvesse uma nevoa sobre tudo.

– Bom, quando você me viu não me reconheceu, mas quando ouviu meu nome seu subconsciente se lembrou de mim. Minha teoria é suas memórias são “ativadas” por nomes.

Acenei com a cabeça diante de tudo aquilo.

– Preciso ficar sozinha – Dito isso sai correndo do cômodo. Corri por alguns corredores. Era tudo estranhamente familiar.

Ao passar correndo por um dos cômodos vi o vulto de Tony e após alguns metros pude ouvir sua voz me chamando, assim como ouvi a de Charles dizendo a eles que me dessem um tempo.

Atravessei algumas portas e cheguei a um jardim nos fundos do edifício.

Era o mesmo jardim da lembrança que tinha tido de Xavier. Eu sentia que tinha uma certa ligação com aquele lugar. Sentei em um dos bancos e coloquei a cabeça entre os joelhos.

Eu podia sentir o chão se abrir sobre meus pés mais uma vez. Podia sentir as mentiras das quais estava cercada me engolirem. Aquela altura eu já não fazia ideia de quem eu era. Segundo consta, talvez eu fosse uma assassina.

Pov. Narrador.

Os ânimos de todos estavam inquietos enquanto esperavam Charles conversar com Clem. Tony estava a ponto de fazer uma buraco no chão da sala de tanto andar de um lado para o outro. Pepper estava sentada ao lado de Natasha. Steve e Loki estavam a uma distancia segura um do outro, assim como Jannet e Tony.

O silencio da sala foi quebrado por passos vindos do corredor. O vulto de Clem passou correndo pela porta.

– Clem! – Tony gritou e correu para alcança-la, mas foi impedido por Xavier e Bruce.

– Ela precisa de um tempo sozinha. Tenham paciência – Ele pediu e então um celular tocou.

Foi Natasha quem atendeu.

– Ligação on:

– Nat cadê todo mundo? – A voz de Clint soou do outro lado da linha.

– Estamos em Salem Center...

– Que diabos estão fazendo ai? Temos uma missão!- Natasha amaldiçoou o mundo, as missões sempre vinham em hora errada.

– Clint você tem que vir pra cá agora – A ruiva falou. Era a primeira vez que colocava algo a frente de uma missão – A missão vai ter que esperar.

– Natasha essa missão não pode... – Ele começou a retalhar mais foi cortado por ela.

– Clint, aconteceu algo com a Clem. Você precisa vir pra cá. Agora. – Então a linha ficou muda do outro lado.

Ligação Off.

– Clint? – Bruce se aproximou sentando-se ao lado de Natasha. Nunca admitira, mas guardava a 7 chaves um gigantesco ciúme de Barton. Ela suspirou e gesticulou que sim.

– Parece que tem uma missão. Mas ele está vindo pra cá. – A ruiva afundou a cabeça no peito do moreno.

Tony continuava disposto a abrir o buraco sobre seus pés.

– Tony, senta e se acalma por favor... – Pepper pediu.

– Me acalmar? – Ele olhou incrédulo para a namorada – Eu acabo de descobrir que minha filha é mutante e você quer que eu me acalme? Me poupe Pepper – Ele disse entre dentes. Estava atônito com aquela situação e como acontece toda vez que raiva/confusão/preocupação se fundem em seu interior ele age rudemente com quem ama.

...

Do lado de fora da mansão Clem continuava na mesma posição. Não era capaz de assimilar tudo o que estava acontecendo. Ouviu alguns paços atrás de si e quando se virou viu um rosto conhecido se sentar a seu lado.

– Oi – O ruivo disse após alguns minutos.

– Oi – Ela analisou suas feições. Extremamente conhecidas, mas ela não fazia ideia de quem ele era.

– Se lembra de mim? – Ele perguntou com a voz rouca mas um tanto infantil. Ela negou com a cabeça – Benjamin Howlett. – Ele sorriu docemente e então uma luz se ascendeu na mente de Clem. Ela viu imagens de um garotinho brincando com um boneco do Capitão America.

– Benjamin? Ben? – Ela perguntou incrédula e o sorriso dele cresceu ainda mais – Como você... Como cresceu tanto? – A ultima vez que o vira a quase 3 anos ele não tinha mais do que 9 anos e agora estava com aparência de 19 ou 20.

– Bem, a situação pede... Maturidade – Ele sorriu de canto esperando que ela se lembrasse. E assim aconteceu.

A mente de Clem foi tomada por outra lembrança.

“Ela brincava com Ben no quintal de sua casa no Alabama. Os dois tinham 7 anos na época. Corriam e pulavam um atrás do outro quando Clem tropeçou na raiz aparente de uma arvore e caiu batendo a cabeça no chão. Ben correu para ajuda-la mas quando chegou até ela já não era mais uma criança de 7 anos era um homem de 23. Segurou a menina nos braços e correu com ela para dentro da casa. Não havia mais ninguém em casa, ele colocou-a na cama e cuidou dela. Jannet e Logan chegaram após alguns minutos. Assim que avistou-os começou a chorar e contar o acontecido voltando a ser a criança. Ainda demoraria algum tempo para que conseguisse controlar seu dom”

Clem arfou diante da recordação.

– Meu deus, você... – Ela o abraçou fortemente.

– Senti sua falta – O garoto murmurou no meio do abraço.

– E eu a sua... Pirralho.

Ben quebrou o abraço após alguns minutos.

– O quanto se lembra? – Ele perguntou.

– Não muito – Admitiu a garota – Parece que tudo em meu passado é coberto por uma nevoa. Eu ao menos faço ideia de quem sou. – Ela suspirou frustrada recolocando a cabeça entre os joelhos.

– Se ajuda eu sei quem você é – Ben deu de ombros passando um braço ao redor dos ombros dela.

– E quem eu sou? – Ela levantou a cabeça e esboçou um pequeno sorriso.

– Bom, você é Clementine Finn – Ele começou sorrindo largo – Na verdade, Clementine Finn Stark, pelo que soube. Você é a garota mais chata que eu conheço, é uma mutante muito talentosa, mas isso é só um detalhe. E o mais importante... É minha irmã mais velha. – Ele sorriu de canto para ela e as lagrimas voltaram aos olhos da menina enquanto ela se fundia ao ruivo em um abraço.

– É surreal acreditar no que o Professor disse – Ela se soltou do abraço – Não a parte de que eu sou uma mutante, eu posso... posso sentir isso. Mas a parte em que eu me tornei... um monstro... Isso é... Eu... – A voz dela foi engolida por um soluço.

– Cala essa boca – Ele a puxou para si e a aninhou em seu peito – Aquela não era você Clem. E você sabe disso. Você não teve culpa de nada do que aconteceu.

– Eu quase matei o Logan – Ela disse entre lagrimas se afastando dele.

– Não era você. Você não tinha controle do seu próprio corpo. Consegue entender isso? – Ele segurou o queixo dela obrigando-a a olhar para ele – Seus poderes tomaram conta de você. Você não tinha como reagir. Nada daquilo foi sua culpa. Entenda isso.

– Isso não anula o fato de que eu fiz coisas horríveis. E que... Eu sou um risco Benjamin. – Ela engoliu em seco as próprias palavras.

– Então nós vamos ter que achar uma forma de anular esse risco – Ele sorriu para ela. Um pequeno fato sobre Benjamin Howlett: Ele tinha a incrível capacidade de ver o lado bom das coisas e fazer piadas disso – Tipo o Hulk, se ele fica irritado vira um monstro verde que quebra tudo, então ele não pode ficar irritado. – Deu de ombros arrancando um sorriso de canto de Clem.

– Você nunca cresce né? – Ela ironizou limpando o rosto.

– Eu só não suportaria te perder de novo. – Ele a olhou sincero e sorriu.

– E você não vai – Ela sorriu e o abraçou – Eu prometo.

– Então... Filha do Homem de Ferro né? – O garoto disse após alguns minutos em silencio.

– Pois é. Louco né? – Ela riu balançando a cabeça.

– Pra caramba. E você convive com os Vingadores? – A voz dele se tornava cada vez mais infantil.

– Sim, convivo com todos eles. – Clem riu ainda mais já sabendo onde ele queria chegar.

– Com o Capitão América também? – Aquele ponto da conversa Benjamin tinha a aparência de criança.

– Sim... Quer conhecer ele? – Ela perguntou para o menino a sua frente.

– Sério? Isso vai ser de mais! – Ele levantou num pulo

– Calma ai pirralho, agora não, mais tarde – Ela passou o braço pelos ombros do garotinho – E só pra constar, prefiro você assim.

– Eu também.

Continuaram sentados conversando por mais algum tempo. Falaram da vida, escola, faculdade, Super Heróis... Tudo exceto mutantes.

...

Dentro da mansão o clima tenso ainda pairava sobre todos.

– Professor? – Jean Gray entrou na sala – Ela esta conversando com Ben, esta bem mais calma.

– Maravilhoso! Obrigado Jean. – Respondeu o homem, enquanto os ânimos se acalmavam um pouco na sala.

– Ok. Agora eu vou falar com ela – Tony começou a se dirigir para fora da sala.

– Anthony, ainda não é o momento. Tenho certeza que ela virá aqui quando estiver pronta.

Tony abriu a boca para retalhar mas foi interrompido pelo barulho de uma freada estrondosa vinda do lado de fora. Antes que qualquer um tivesse alguma reação Clint entrou na sala.

– O quanto eu perdi? – O loiro perguntou assim que cruzou a soleira da porta.

– Senta que a historia é longa Legolas – Tony disse apontando para um grande sofá, assim que ele sentou o moreno começou a contar tudo o que havia ocorrido.

– Mutante? – Ele perguntou incrédulo após alguns segundos.

– Uma das mais poderosas que existe – Jannet se pronunciou com orgulho.

– Onde ela esta? – ele perguntou mais direcionado a Natasha

– Lá fora, ela precisa ficar sozinha um pouco Clint – A ruiva disse seria, já imaginando que Clint fosse ir atrás de Clem.

– Ok. - Ele assentiu com a cabeça – Vamos esperar.

...

– Ok. Acho que eu preciso encarar a realidade agora – Clem suspirou se levantando juntamente com o Ben criança.

– Vou estar do seu lado – Ele sorriu infantil para ela.

– Valeu pirralho – Ela o abraçou enquanto se dirigiam para dentro da mansão.

Pov Clem.

Caminhei ao lado de Ben até dentro da mansão, paramos em frente a uma porta e eu pude ouvir as vozes de Tony e Xavier. Respirei fundo e olhei pro garoto ao meu lado que sorria encorajador. Abri a porta e entrei.

– Clem! – Tony correu em minha direção me abraçando e eu retribui.

– Pai – O abracei com força e senti as lagrimas se formarem nos meus olhos. Em meio a tanta mentira e ocultação minha relação com Tony parecia a única coisa verdadeira.

– Como você esta? – Ele perguntou aflito segurando meu rosto nas mãos.

– Bem... eu acho...

– Clem querida... – Pepper me abraçou – Quase nos matou de susto.

– Desculpa Pepp – disse sincera retribuindo o abraço.

Natasha e Bruce me abraçaram assim como Steve e Clint e por fim Loki.

Jannet estava parada me fitando no fundo do cômodo ao lado de um moreno que eu conzhecia muito bem, mas dadas as novas informações sobre minha vida, talvez não me lembrasse de tudo sobre ele.

– Como esta se sentindo minha querida? – Charles se aproximou de nos.

–Confusa professor, mas bem. – Fui sincera.

– Logo toda a confusão se dissipara – Ele sorriu.

Fitei o fundo da sala e então Logan me lançou um sorriso de canto. Quase corri de encontro a ele mas fui interrompida por minha... mãe.

– Clem... – Jannet se aproximou de mim e dei um paço pra traz por reflexo – Será que podemos conversar?

Assenti com a cabeça ainda mantendo distancia.

– Vamos deixar vocês a sós – Xavier disse guiando os outros para fora da sala.

– Vamos embora assim que quiser – Tony me disse com um olhar desesperado. Assenti e dei-lhe um beijo no rosto e então ele as afastou. Jannet fechou as portas enquanto eu me sentava em um grande sofá.

– Como se sente? – Ela perguntou sentando-se ao meu lado.

– Bom minha vida foi construída em torno de mentiras, eu possivelmente sou uma assassina e não lembro de nada sobre meu passado. Estou bem. – Sorri irônica para ela.

– Clem por favor, não aja assim – Ela me olhou magoada.

– Gostaria que eu fizesse o que? Pulasse em seu colo e dissesse que senti saudades? – A raiva que sentia por ela ter escondido quem era meu pai durante todos esses anos não havia passado.

– Ao menos me deixe explicar. Contar a minha versão da historia – Ela pediu e assenti de leve com a cabeça. Ela tinha coisas para falar e haviam coisas que eu merecia saber e bom, outras que ela mereceria ouvir depois – Bom, acho que já lhe contaram toda a historia, sobre seus avos, sobre mim, sobre Tony e sobre você. Mas, creio que devia saber das coisas por mim, querendo você ou não ainda sou sua mãe.

– Sério? – Bufei rindo – Depois de tanto me esconder as coisas agora quer que eu saiba delas por você?

– Clementine por favor, não me trate dessa forma. Eu fiz o que fiz e tenho motivos pra ter feito. É claro que me arrependo de não ter lhe contado a verdade, mas eu não posso mudar isso. – Ela disse com o rosto carregado de magoa – Quando eu conheci seu pai eu era muito nova. Tinha 17 anos, era jovem, cheia de planos e sonhos. Nos tivemos um romance perfeito e eu engravidei – Ela parecia estar em outra era – Apesar de amar Tony eu sabia que ele era o tipo galinha e que não suportava responsabilidades. Então quando descobri a gravidez fiquei com muito medo. Seu avo, bom, ele detestava Tony e ficou furioso quando descobriu, quis nos obrigar a casar... Então eu disse a seu pai que tinha perdido o bebe, e fugi. Clem por favor não me julgue por isso. Eu era jovem e estava assustada, aquela era de longe a minha melhor opção. Fugi para Columbus e fiquei la até antes de você nascer, quando seus avós me encontraram, junto com Xavier. Eles me contaram toda a verdade sobre a família, as mutações, o instituto. E quando você nasceu, soubemos que era especial. Charles me ofereceu ajuda e eu aceitei, enquanto seus avós cortaram relações comigo por optar em te criar no mundo mutante. O mundo que você pertence. – A essa altura haviam lagrimas nos olhos de Jannet – Você sempre foi muito parecida com seu pai, desde cedo... O sorriso, o jeito mandão e prepotente. Toda vez que eu olhava para você me sentia culpada por esconder a verdade. Decidi que contaria quando estivesse maior. No tempo que passamos no instituto... – Forçava meu cérebro a se lembrar das coisas enquanto ela falava mas tudo o que conseguia eram memórias embaçadas, como um filme que vi a muito tempo a traz e tento lembrar as cenas – Bom, me aproximei de Logan. Você e ele tinham uma ótima relação, ele te tratava como filha e também tinha o Ben... Mas ouve um dia dos pais, você estava pra fazer 7 anos e tinha assistido um comercial na TV e chorou durante horas me pedindo por que só você não tinha um pai. – Agora meus olhos estavam úmidos também, podia me lembrar daquilo, não via nada com clareza, mas lembrava perfeitamente a sensação, o sentimento de vazio, de abandono - Naquele dia eu decidi que a hora de contar a verdade tinha chegado, mas então houve a tentativa de sequestro por parte de Magneto. Eu adiei a verdade mais uma vez.

Ela parou a historia para me fitar durante alguns segundos, podia ver o arrependimento latente em seu olhar. Naquele momento eu não sentia raiva dela, sentia pena. Naquele momento eu descobri que me machucava vê-la chorar.

– Bom, após isso eu e Logan começamos a namorar e então eu, você, Ben e ele fomos pro Alabama. Cada dia que se passava vocês dois ficavam mais próximos. Eram quase pai e filha... – Ela limpou o rosto e sorriu com a lembrança – Nos éramos uma família feliz. Você e Ben cresceram juntos, mas depois de um tempo ele descobriu que preferia a forma de criança, mas sempre tinha a idade que você precisava que ele tivesse. Sempre esteve la por você. Eu sei que você pensa que tudo na sua vida foi uma mentira, mas não foi. Eu errei em não te contar a verdade a respeito de Tony, em te privar disso. Mas em momento algum quis o seu mal. Quando você perdeu o controle... – Ela engoliu um soluço, as lagrimas corriam livremente sobre nossas faces agora – Foi terrível. A probabilidade de perder você... Eu não queria que as barreiras fossem colocadas, não queria te privar de sua vida, suas lembranças. Mas aquele era o único jeito de te manter segura. Entao eu consenti. No dia em que as barreiras foram colocadas nos afastamos de tudo o que era mutante...

Assim que ela disse isso algo me ocorreu, algo que não me dei conta quando ouvi Xavier contar. Nas minhas falsas memórias Logan se afastava por que ela o havia traído, mas na verdade não foi assim.

– Por que eu lembro do Logan indo embora após você o trair? – Perguntei. Ela ficou em silencio alguns segundos e então sorriu entre lagrimas.

–Eu não queria que você lembrasse dele com raiva ou como o cara que nos abandonou. Então pensei em um jeito onde ele teria um motivo para ir.

Ela tinha sacrificado o relacionamento dela por mim?

– E por que você deixou que ele fosse?

– Bom, ele não podia ficar em nossas vidas, era perigoso. – Ela limpo o rosto outra vez – E eu tive que escolher entre vocês dois...

– E você me...

– Claro que sim. Posso não ter sido a melhor mãe do mundo, Clem. Errei muito com você. Mas não a nada no mundo que eu ame mais, que eu necessite mais do que você. Você é a coisa mais importante pra mim, mesmo que me odeie – A voz dela sumiu em um choro silencioso.

Busquei pelas palavras em minha mente. Não sabia o que falar. Ela tinha sacrificado a vida, a família, um namorado, tudo... Por minha causa. Ela era minha mãe, apesar de qualquer coisa, eu a amava.

– Eu não... Eu não odeio você. Eu só estava... Magoada. – Tendo dito isso a abracei - E não sabia da historia na integra – sorri de canto.

– Sempre consegue achar graça na situação – Ela riu limpando as lagrimas.

– Acho que agora sei de quem herdei isso...

– Você é muito parecida com ele, mais do que pensa – Ela alisou meu rosto – Como estão convivendo.

– É estranho... E maravilhoso... Tony é ótimo – Disse sincera e me senti um orgulho estrondoso de Stark crescer em mim – Ele é sensacional.

– Que bom, lamento ter te privado dele.

– Eu sei.

Ficamos ali alguns minutos apenas falando sobre a vida. Ela se desculpava a cada duas palavras mas no fim tudo estava bem outra vez.

– Acho que Tony deve estar preocupado – Falei me levantando.

– Vai falar com ele – Ela sorriu de incentivo e eu sai da sala.

Caminhei pelo corredor não sabendo muito bem para onde ir e acabei na porta que dava para o jardim dos fundos outra vez onde uma figura conhecida estava parada em pé. Sai do edifício e meu olhar se prendeu no par de olhos castanhos que me encaravam a distancia.

– Oi Logan – Disse receosa ao me aproximar parando ao seu lado e baixando a cabeça.

– Você não me vê a mais de dois anos e tudo o que me diz é “oi Logan” – Ele bufou – Francamente.

Olhei incrédula para ele, mas ele tinha um sorriso enorme no rosto emoldurado pelas costeletas. Por um milésimo de segundo me senti eu mesma, me senti em casa.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? A historia ta muito maçante? O que acham que falta? Tão gostando dos rumos que ela ta tomando? comentem!



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